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domingo, 22 de março de 2009

Republicanos de Torres Vedras - 4

Comissão promotora dos festejos realizados por ocasião da visita a Torres Vedras de D. Manuel II em Agosto de 1908. Ilustração Portuguesa de 31 de Agosto de 1908 (foto de Benoliel)


Por último, parece-nos igualmente interessante referir o papel das tradicionais elites monárquicas durante a República .
Se mais de 40% da antiga elite partidária monárquica nunca teve qualquer participação conhecida no regime Republicano, situação mais característica entre ex-"progressistas" e ex-"franquistas" do que entre ex-"regeneradores" , mais de metade dessa elite não teve pejo em desenvolver actividade política durante o novo regime, e é aqui que surgem diferenças assinaláveis de atitude, conforme a sua origem partidária.
Quase metade dos antigos militantes do Partido Regenerador, demonstraram, de várias maneiras, a sua adesão ao novo regime, enquanto os ex-"progressistas" preferiram participar em associações independentes, principalmente as defensoras dos interesses agrários. Já a maior parte dos ex-"franquistas" preferiram participar em situações conjunturais de confronto directo contra o regime republicano.
Vemos assim que essas velhas elites, em termos gerais assumiram quatro atitudes face ao novo regime:
1- integraram-se nos partidos republicanos;
2-oposeram-se abertamente ao novo regime;
3-procuraram manter influência política controlando organizações não partidárias, como aconteceu no Sindicato Agrícola;
4-alhearam-se da vida política no novo regime.
Encarando agora a atitude geral dos monárquicos, não exclusivamente a dos antigos militantes dos partidos monárquicos, podemos detectar duas posições: - a "revolucionária" - demonstrada pela sua participação nos levantamentos locais monárquicas de 1911, 1912, 1913 e 1914 ; - a "legalista" , demonstrada na colaboração de muitos com os partidos do regime, na sua participação no Sindicato Agrícola, nos actos eleitorais, chegando mesmo a encabeçar "Listas do Concelho" que obtiveram êxitos importantes em 1917 e em 1922, apoderando-se do município neste último ano, nas eleições para o parlamento, legalmente ligados ao Partido Monárquico a partir de 1921, obtendo a partir de então bons resultados neste concelho.
Por outro lado, a visibilidade dos monárquicos durante a primeira república manifestou-se cronologicamente de forma distinta ao longo da Primeira República:
- Até à derrota da "Monarquia do Norte" nunca se assumiam abertamente como monárquicos, sendo o período áureo do "adesivismo", e os que se assumiam sofreram as consequências políticas das incursões monárquicas, que tiveram muito impacto na região até 1914, quer tenham ou não participado nelas .
- A partir de 1919 organizaram-se abertamente, conseguindo neste concelho resultados significativos nas eleições parlamentares e administrativas, antecipando aqui a derrota do regime republicano, ganhando a câmara em 1922, na qual se mantiveram até ao golpe do 28 de Maio, sendo então afastados, facto que pode explicar a facilidade com que os republicanos locais aceitaram, ou pelo menos não hostilizaram inicialmente, a ditadura militar, pois esta contribuiu para afastar os monárquicos da câmara de Torres Vedras.
Dado as limitações temporais à sua elaboração, sobrando por isso pouco tempo para o enquadrar teoricamente este trabalho, esmagadoramente de base empírica, estas são algumas das conclusões possíveis acerca das características das elites políticas republicanas torrienses ao longo do período estudado.

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