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segunda-feira, 16 de março de 2009

ORDENS DO DIA DE BERESFORD

Há alguns anos consegui adquirir, num alfarrabista de Lisboa, dois volumes das famosas “Ordens do Dia” de Beresford, relativos aos anos que mais me interessavam, 1809, 1810 e 1811, por causa das Linhas de Torres.[1]
A publicação das “Ordens do Dia” foi introduzida, de forma regular, por aquele marechal do exército português, nomeado para esse cargo por decreto de 7 de Março de 1809, assumindo o comando em 15 de Março.
O hábito de editar “ordens do dia” já tinha sido tentada no tempo do conde de Lippe. A novidade, com Beresford, é que a sua publicação se tornou regular a partir de então.
O objectivo da sua publicação era “obrigar as unidades a coleccionar nos seus livros as ordens diárias de modo que não houvesse desculpa (…) dizer-se que se extraviou ou que não fora publicada” em determinado dia[2].
Cada dia tinha a sua “Ordem do Dia”, mesmo que não houvesse nada a registar. Neste caso, à data da ordem, escrevia-se apenas, por exemplo, uma breve frase do género: “Nada de novo”.
Essas medidas foram importantes para disciplinar um exército nacional desorganizado e instável, tendo aquele marechal esbarrado com enormes dificuldades em reorganizá-lo.
Beresford confrontou-se com hábitos enraizados que ele não se cansava de denunciar nas suas “ordens do dia”. Através destas podemos ficar com uma ideia dos usos e costumes dos soldados portugueses dessa época, bem como da indisciplina que existia no seu seio.
As “Ordens do Dia”, mais do que um documento de história militar, revela-se, assim, uma importante fonte para reconstruir a história social e cultural dessa época
Comemorando-se agora o bicentenário da publicação de tão importante documento, vamos tentar, mensalmente, publicar um pequeno resumo das principais informações nele contidas.
Assim, damos hoje início a uma breve análise daquilo que nelas se publicou em Março de 1809.

[1] Colecção das Ordens do Dia do illustrissimo e excellentissimo senhor Guilherme Carr Beresford (…) por António Nunes dos Santos, impressor do Quartel General.
[2] CENTENO, João, O Exército Português na Guerra Peninsular, vol. 1, ed. Prefácio, LX., 2008, pág.153.

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