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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

O RESPIGO DA SEMANA - Manuel António Pina


"A RECEITA DO COSTUME

"O Governador do Banco de Portugal é um homem surpreendente. Como Portas diz (onde isto chegou, eu de acordo com Portas!), "fica surpreendido com o BPP, fica surpreendido com o BCP, fica surpreendido com o BPN, fica surpreendido com o valor do défice, fica surpreendido com o valor do endividamento (...)". Constâncio cobra por mês 17 mil euros dos nossos impostos para vir regularmente a público manifestar-se surpreendido com o que se passa sob o seu nariz e, no entanto, é incapaz de surpreender seja quem for. Lebre do Governo sempre que há que preparar terreno para más notícias, chegou a vez de vir opinar que, depois do congelamento dos salários, é preciso aumentar o IVA, alegremente libertando o Governo (é para isso que serve um governador do Banco de Portugal) do compromisso eleitoral de não o fazer. De uma só e inventiva cajadada, o socialista Constâncio faz-se assim, de novo sem surpresa, núncio do FMI, que ontem deu instruções ao Governo para que vá buscar aos salários os milhões gastos em "ajudas" aos bancos. É a receita do costume, os do costume (quem havia de ser?) que paguem a crise".

Manuel António Pina

In Jornal de Notícias

quarta-feira, 11 de março de 2009

o respigo da semana - 2


"Coca-Cola ou Pepsi?
"A degradação da vida política portuguesa não resulta apenas da falta de qualidade intelectual, quando não moral, das elites partidárias. Nem da frivolidade ideológica de alguns dirigentes e do filoneísmo, ou deslumbramento pelo novo e o "moderno", de que fala Hannah Arendt, que os faz navegar à vista de terceiras, quartas e quintas "vias" e de políticas económicas neoliberais quando o neoliberalismo "está a dar" e, logo de seguida, com igual convicção, do intervencionismo e da crítica antiliberal.
"Nem sequer da generalização do unanimismo e do acriticismo (os que entronizaram Sócrates no recente congresso do PS são os mesmos que, em 2004, o fizeram com Santana no PSD, e farão com qualquer líder no poder). O principal factor dessa degradação é a indiferenciação pantanosa dos dois ditos "partidos de governo". Na Oposição, o seu discurso pode às vezes divergir, mas as suas práticas são inteiramente convergentes, e nem a do PS tem sombra de socialismo nem a do PSD de social-democracia. Aos portugueses que ainda votam PS ou PSD, a maioria, resta hoje a chilra escolha entre a Coca-Cola e a Pepsi."
Manual António Pina
Jornal de Notícia de 9 de Março de 2009