Pesquisar neste blogue

Mostrar mensagens com a etiqueta Guerra Colonial. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Guerra Colonial. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Marcelino da Mata - nem "herói" nem "criminoso", talvez ...apenas Homem!!??

Não, não vou alinhar no histerismo pró e contra Marcelino da Mata.

A "onda" de Marcelino da Mata, uma espécie de Rambo à portuguesa, não é a minha.

Se cometeu "crimes de Guerra" foi porque participou numa Guerra criminosa, onde se cometeram crimes de ambos os lados (alguns, muito mais graves, até depois da Guerra terminar, como se pode ler na reportagem AQUI, publicada pela revista Sábado).

Marcelino da Mata foi apanhado pela História e acabou do "lado errado da História" (aconteceu-me o mesmo muitas vezes).

Goste-se ou não, a vida de Marcelino da Mata dava um filme, como se pode ler AQUI, num dos seus raros depoimento pessoais, onde relata a sua actividade militar.

Para além do relato das acções em que participou, algumas que resultaram em verdadeiros crimes de guerra, mas pelas quais ele não foi o principal responsável nem mandante, até porque a sua ingenuidade o levou a assumir esses crimes, para além das sevícias e da tortura a que foi sujeito, depois do 25 de Abril, por militares ligados em MRPP, há ma história menos conhecida que ele conta neste texto, o facto de ter trabalhado para o MPLA, muito depois da independência, para preparar militares desse movimento na Guerra Civil contra a UNITA e só saindo de Angola, a bem, e com as contas em dia, como o próprio confirmou, depois de terem surgido em Portugal notícias sobre essa actividade.

Marcelino da Mata foi, na Guiné independente, aquilo que Miguel de Vasconcelos foi para os portugueses de 1640, e maltratado como tal. Outros colegas seus tiveram menos sorte.

Para os comandos e outros militares que nunca resolveram os traumas da Guerra Colonial, ele era um herói.

Marcelino da Mata gabava-se, entre amigos, dos crimes que cometeu, como aconteceu no relato feito a um militar português sobre uma operação em que participou : "entrámos na tabanca, deitamos granadas incendiárias para as palhotas, as pessoas fugiam para o centro da tabanca, matámos todos, homens, mulheres, crianças" (ver AQUI) .

Um amigo meu, Joaquim Carlos Matos, ex-combatente na Guiné, a propósito de um texto perecido com este, que publiquei no facebook,  interrogava-se :"pergunto: só ele é que participou em massacres? Quantos militares, alguns deles dos Comandos, que participaram igualmente em centenas de operações repressivas, tiveram posteriormente um papel importante no MFA e foram glorificados por isso?. E o mesmo não se aplica a tantos "democratas do pós-25 de Abril" ? 

Numa Guerra, principalmente numa Guerra como foi a Colonial,  a fronteira ente os actos de cobardia, de heroicidade, ou criminosos é bastante ténue, muitas vezes, no mesmo combate, uma mesma pessoa consegue comete-los em simultâneo.

Os grandes criminosos, geralmente, nunca sujaram as mãos com os seus crimes, mandam os outros executá-los.

O "debate" sobre Marcelino da Mata acentua as características do mundo em que vivemos, um mundo a preto e branco, com bons e maus, sem possibilidade de diálogo civilizado, sem respeito pelas ideias dos adversários, sem tolerância pelas opiniões contrárias, e baseado na gritaria. 

Mamadou Ba e André Ventura revelam-se, neste tema, as duas faces da mesma moeda da intolerância (leia-se, a propósito, esta interessante opinião de Alberto Magalhães).

Como qualquer pessoa que se cruzou com uma História de violência, tragédia e de guerra, Marcelino da Mata foi, tanto "besta", como "herói", ou, parafraseando o conhecido filosofo espanhol José Ortega y Gassset, " homem (Marcelino da Mata) foi o homem e a sua circunstância".

Ou, como diria Charlie Chaplin, pela voz do seu personagem Sr. Verdoux, "quem mata uma pessoa é um criminoso, quem mata um milhão é um herói".

quarta-feira, 2 de abril de 2014

TAL PAI TAL FILHO : Pai de Passos Coelho diz não se rever neste Portugal (...pois...revia-se melhor no Estado Novo que tão bem serviu...)

Passos pai foi um diligente funcionário do Estado Novo, homem de confiança do regime na área da saúde.

Na Angola colonial nunca se apercebeu de nada de errado que se passasse.

Regressando ao continente no pós-25 de Abril, admirou-se com o estado miserável em que o Estado Novo tinha deixado o país.

Não se revê neste país "mal-educado" para como os poderosos, criticando a "falta de educação" com que são tratados os ministros...

A opinião de um velho ressabiado não faz mal ao mundo...mas dá para perceber a ideologia do filho.

Mesmo assim prefiro o pai ao filho...pelo menos o pai trabalhou e foi bom na sua profissão, terá salvo vidas, e até se dedicou à literatura, com obra publicada.

Pelo contrário o filho "fez-se" no carreirismo político e as únicas actividades conhecidas foram umas negociatas com o seu amigo Miguel Relvas, que deram para o torto e repousam nos corredores dos tribunais à espera da conveniente prescrição...

Ao contrário do pai, o filho é especializado em lixar a vida dos portugueses que não sejam banqueiros ou amigos políticos..

Em baixo transcrevemos as declarações do "ilustre" velhote, e a reacção de um "leitor" (Carlos Esperança), transcritas no faceboock...

Pai de Passos Coelho diz não se rever neste Portugal - Politica - DN(clicar para ler)


"O pai de Passos Coelho, o fascismo e a intolerância

por Carlos Esperança

"O pai de Passos Coelho não é um analfabeto embrutecido na paróquia, um salazarista a quem castraram o raciocínio e intoxicaram a mente, um fascista impedido de ler jornais e dedicado a conversas de tasca e a atoardas das alfurjas da reação.

"É um reacionário com habilitações, o médico que regressou à Pátria ressentido e que foi o presidente da Comissão Politica Distrital do PSD, de Vila Real. É um político cuja ignorância e ressentimento disputa com o filho, um indivíduo que não deu conta da má independência de toda a África colonial e que bolça alarvidades contra quem não podia já fazer uma descolonização.

"Para se conhecer a minha posição republico um texto que escrevi há tempos:

"Carta sobre a descolonização a velhos fascistas empedernidos

"Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que não houve descolonizações pacíficas depois das guerras de libertação e do sangue vertido.

"Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que não há um único exemplo de sucesso, que não tenha apanhado pacíficos colonos no vendaval das convulsões e dos ataques, às vezes tribais e bárbaros, que deram início à luta pelo direito inalienável à autodeterminação dos povos.

"Vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem que a obstinação fascista de Salazar, e seus cúmplices, esteve na origem da tragédia anunciada e da inevitabilidade do desastre.

"Eu estive lá, nessa guerra absurda e criminosa, enquanto a guerrilha se estendeu a outras regiões de Moçambique. Cheguei com a guerra em Cabo Delgado e Niassa e voltei com ela estendida à Zambézia e a saber que alastraria como mancha de óleo, do Rovuma a Lourenço Marques.

"Vocês julgam que não me comovi com o regresso e o drama das famílias sobreviventes, com a chegada de quem tudo perdera, o habitat, os haveres, a segurança e as ilusões? E que não pensei nos que combateram do lado errado e lá ficaram entregues à vindicta dos que, tal como eles, queriam sobreviver num ambiente onde escasseavam a comida e as oportunidades?

"Ignoro o motivo por que insistem em responsabilizar quem não foi criminoso e teimam ainda em branquear a ditadura opressora do povo português e dos povos coloniais. Um país com escassos recursos conseguiu integrar sem discriminações centenas de milhares de retornados numa epopeia de generosidade e inexcedível solidariedade, num momento grandioso da sua História.

"Mas há sempre quem olhe sem ver, quem fale sem pensar e dirija o ódio às vítimas em vez de visar os algozes. Há fascistas que não vergam e ódios que não cansam.

"Caros fascistas, vocês sabem que toda a gente sabe que vocês sabem como circulam as ideias de quem não compreende a História e ambiciona aventuras totalitárias na ânsia de uma desforra que transmitem de geração em geração e que parece estar a acontecer sob os auspícios de muitos que nunca viram África.

"A vossa rede capilar venosa transporta sangue salazarista até à veia cava, que o deposita na aurícula direita (só podia ser a direita). A oxigenação não se conclui como devia. Na circulação pulmonar não liberta o anidrido carbónico do ressentimento e mingua-lhe o oxigénio da democracia, em doses suficientes, antes de chegar ao ventrículo esquerdo (exatamente por ser esquerdo). É por isso que esse sangue bombeado para a aorta ainda leva produtos finais do metabolismo reacionário quando bombeado para as ramificações arteriais que atingem todas as partes do corpo, cego e surdo aos ventos da História.

"Há um veneno que vos intoxica enquanto não se libertarem dos resquícios fascistas que empeçonham o país que é de todos".


Carlos Esperança (através do facebook) 

quinta-feira, 17 de março de 2011

ESTAMOS FEITOS! : Apelo de Cavaco aos jovens dividiu os portugueses


Público - Apelo de Cavaco aos jovens dividiu os portugueses (clicar para ler a notícia).

Estamos feitos!

Este País está entregue aos bichos! Ou antes, conhecendo os bichos e os homens que nos governam, antes estivesse entregues àqueles…

Então não é que a mais alta figura do Estado (…alta na hierarquia, esclareça-se…), disse, na passada terça-feira, perante uma plateia de antigos combatentes:"Importa que os jovens deste tempo se empenhem em missões e causas essenciais ao futuro do país com a mesma coragem, o mesmo desprendimento e a mesma determinação com que os jovens de há 50 anos assumiram a sua participação na guerra do Ultramar."

…Repita lá para eu ouvir melhor!??...

Ouve de facto alguns jovens de então que “assumiram” com “determinação” a sua “participação” na “guerra do Ultramar”, principalmente se a “assumiram” por detrás de uma secretária no sossego da então Lourenço Marques, como foi o caso do autor daquelas palavras.

A maior parte dos jovens desse tempo, será justo recordar, foram para a guerra obrigados, e a sua participação na guerra não foi “assumida” na “defesa” do Ultramar, nem com “desprendimento”, embora não se negue a coragem de muitos deles em cenário de guerra.

Aliás, o melhor exemplo de “coragem”, de “desprendimento” , de “determinação” e de “participação” dos jovens militares dessa geração foi o seu empenhamento e adesão ao 25 de Abril que tinha como primeiro objectivo acabar com aquela guerra absurda e injusta.

Há também que recordar muitos dos jovens inconformados dessa altura que, por via da sua oposição ao regime de então e à guerra do “Ultramar” (…ou colonial?), foram mobilizados à força e enviados para os piores cenários daquela guerra (uma história que ainda está por contar…).

E houve ainda outros que, aos milhares, abandonaram o país para procurarem melhor futuro noutras paragens, com grandes sacrifícios pessoais e emocionais.

Com um primeiro-ministro em delírio, uma oposição à direita “tomada” pelo bando do “compromisso Portugal” e uma oposição de esquerda a viver na década de 70, só nos faltava um presidente a branquear a história….estamos feitos!