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quarta-feira, 23 de março de 2016

E Depois de Bruxelas?


Os ataques terroristas em Bruxelas vão desde já ter algumas repercussões:

- Abrem caminho à Frente Nacional em França e à extrema-direita nas Europa do leste e do Norte;

- Criam as condições para vitória do Não à União Europeia na Grã-Bretanha;

- Reforçam a posição eleitoral de Donald Trump.

Se não se combaterem as fontes de financiamento e de fornecimento de armamento ao Estado Islâmico e aos terroristas , se não se encostar à parede a atitude política da Arábia Saudita e da Turquia sobre a situação na Síria e no Iraque, se não se proteger os milhões de refugiados que fogem ao Estado Islâmico, então podemos prever o pior cenário e aguardar pelo próximo acto bárbaro de terrorismo em solo europeu…

...e pelo fim do sonho de uma Europa solidária, livre e democrática…


Bruxelas - Um cartoon vale mais que mil palavras.....

sexta-feira, 18 de março de 2016

No Brasil “a coisa está preta”…


Para quem acha que os juízes, os políticos e a comunicação social em Portugal não se recomendam ( e eu estou entre esses), devia olhar primeiro para o que se passa no Brasil.

No “país irmão”, os juízes fazem politica abertamente, divulgam escutas ilegais, enviam à descarada e cirurgicamente partes de processos a decorrer em tribunal e fazem campanha politica no facebook e nas ruas.

A única vantagem, em relação ao que se passa em Portugal, é que, pelo menos dão a cara e assumem as suas opções políticas…

Por sua vez os políticos procuram lançar o máximo de” lama” política sobre os adversários, para desviarem a atenção da “lama” que os próprios levam nas botas, sem se preocuparem com o respeito pelo funcionamento da democracia e, pelo meio, acabam a dar tiros nos pés, como foi o caso da nomeação de Lula para ministro para se safar de responder perante a lei, uma lei que levanta muitas suspeitas de imparcialidade, mas que não deixa de ser lei.

A comunicação social brasileira, mais intolerante, mais irresponsável, mais socialmente preconceituosa, mais  tablóide e mais “lambe botas” em relação ao poder financeiro  que a portuguesa , contribui para acicatar os ânimos, numa perigosa deriva anti-democrática, manipulando ao sabor das necessidade do “dono”.

Por sua vez as  manifestações de rua têm uma estranha imagem: não se vê gente de cor, é tudo gente bem engravatada e “bonita”, nada comparável às grandes  manifestações populares que tiveram lugar há dois ano, e são descaradamente dominadas pela extrema-direita golpista.

Para o Brasil só há dois caminhos a prazo: ou Dilma se impõe e convoca urgentemente eleições para a presidência, para o senado e para o parlamento, ou o “golpismo” da direita radical toma conta do Brasil.

Pobres brasileiros que, depois de duas décadas de progresso, liberdade e esperança, se vêm sujeitos a tão lamentável processo político…

terça-feira, 15 de março de 2016

Recordando um grande actor de cinema, Nicolau Breyner

Nicolau Breyner é uma daquelas figuras que fazem parte do nosso imaginário colectivo, goste-se mais ou menos do seu trabalho, e por isso serão imortais para toda uma geração como a minha.

Pessoalmente não o apreciava muito como comediante, embora seja por isso que ele é mais conhecido.

Claro que era uma actor competente e convincente, mas nunca foi inovador ou muito criativo na comédia.

Teve contudo um papel importante no lançamento de grandes actores e contribui muito para o desenvolvimento da produção nacional na televisão e no cinema.

Foi como director de actores e como actor dramático que mais evidenciou as suas qualidades humanas e artísticas.

Foi um dos principais responsáveis pela primeira telenovela portuguesa, "Vila Faia", estreada em 1982.

Embora tenha sido a televisão a contribuir para sua fama, foi no cinema que mais se destacaram as suas qualidades.

Foi actor de quase todos os realizadores portugueses dos últimos 50 anos.

Ao todo entrou em 49 filmes, tendo-se iniciado no cinema em 1961 no filme"Raça" de Augusto Fraga.

No ano seguinte fez parte do elenco de um dos mais importantes filmes portugueses, "Dom Roberto" de José Ernesto de Sousa.

Entre os filmes mais importantes onde participou destacam-se "O Rei das Berlengas"(1978) de Artur Semedo, "A Vida é Bela" (1982) de Luís Galvão Teles, "Crónica dos Bons Malandros"(1984) de Fernando Lopes, "Inferno"(1999) de Joaquim Leitão, "Os Imortais" (2003) de António Pedro de Vasconcelos ou "Comboio Nocturno para Lisboa" de Bell August.

Em 2013 realizou o filme "7 Pecados Mortais", um êxito de bilheteira. 

O último filme em que participou foi "Virado do Avesso" de Edgar Pêra, em 2014.

Era primo da poetisa Sophia de Mello Breyner Andersen.

Nicolau Breyner será sempre recordado como um dos grandes actores portugueses do palco e da tela.

Em baixo reproduzimos uma das suas últimas entrevistas dadas ao programa "Alta Definção" da Sic, no final do ano passado.

FOI HÁ 40 ANOS . Quando a população de uma pequena aldeia do Oeste, Ferrel, impediu o maior desastre ecológico em Portugal

Foi no dia 15 de Março de 1976 que a população de Ferrel, uma pequena aldeia do concelho de Peniche,veio para a rua manifestar-se para impedir aquele que teria sido o maior desastre ecológico para a região e para o país, a construção de uma Central Nuclear.

O jornal Público,num artigo de Carlos Cipriano recorda AQUI essa luta e as suas consequências.

Acidentes posteriores, como o de Chernobil dez anos depois ou, mais recentemente, o de Fukushima, no Japão, há cinco anos atrás, demostraram a justeza daquela luta.

Infelizmente Portugal está rodeado por centrais nucleares espanholas,uma delas, a de Almaraz, junto ao Tejo, está a entrar numa situação, no mínimo, preocupante, já tendo esgotado o seu tempo útil de vida e sendo motivo crescente de preocupação, como recordava  recentemente um dos pioneiros da luta ecológica em Portugal, António Eloy ("Nuclear, evocação e futuro").

Hoje muitos sentem na pele que os ecologistas,que durante muito tempo, e, infelizmente ainda hoje, foram encarados por certos políticos e comentadores como uns" chatos lunáticos", têm cada vez mais razão e a sua luta é cada vez mais urgente para a salvação do planeta e da humanidade .

Bem haja o povo do Ferral que nos livrou do "mal".

segunda-feira, 14 de março de 2016

Recordando a Historiadora Maria de Fátima Patriarca

Maria de Fátima Patriarca faleceu a semana passada.

Era uma das mais importantes e inovadoras historiadoras portuguesas, muito ligada ao estudo dos movimentos operários em Portugal, devendo-se a ela o mais importante trabalho de investigação sobre a chamada revolta da Marinha Grande de 18 de Janeiro de 1834.

Uma sua excelente evocação feita pelo jornal Público  pode ser lida AQUI.

Conhecida pelo seu rigor no tratamento das fontes documentais, apenas publicou dois livros, apesar do seu vasto trabalho de investigação, cujos resultados se encontram espalhados em artigos publicados em revistas da especialidade, principalmente na revista “Análise Social”.




Em baixo transcrevemos o texto que, em sua homenagem, foi publicada no site “Portal Anarquista".

“FÁTIMA PATRIARCA: MORREU A AUTORA DE UM DOS LIVROS MAIS COMPLETOS SOBRE O 18 DE JANEIRO DE 1934

“Morreu a historiadora Fátima Patriarca, um nome incontornável na história do movimento sindical durante a 1ª República e o Estado Novo. É da sua autoria um dos livros mais completos e rigorosos sobre o 18 de Janeiro de 1934 “Sindicatos contra Salazar – A revolta do 18 de Janeiro de 1934”, onde a autora desmistifica o chamado soviete da Marinha Grande (que nunca aconteceu) e integra os vários levantamentos e greves que aconteceram nesse dia num movimento mais geral, separando o trigo do joio e a propaganda dos factos reais. A sua morte representa uma perda grande para a historiografia do movimento operário.

“Historiadora e socióloga, autora de referência na análise social do país sob o Estado Novo e do movimento operário e sindical em Portugal, Maria de Fátima Patriarca (Couço, 1944-Lisboa, 2016) morreu na madrugada desta sexta-feira devido a complicações cardíacas. Investigadora do Instituto de Ciências Sociais desde 1992, publicou alguns dos estudos fundamentais acerca do século XX português tal como o salazarismo e a resistência ao salazarismo o configuraram. Os dois volumes de A Questão Social no Salazarismo(Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1995), e Sindicatos contra Salazar. A revolta do 18 de Janeiro de 1934 (Imprensa de Ciências Sociais, 2000) são disso exemplo.

“Diplomada pelo Instituto Superior de Serviço Social de Lisboa em 1967, licenciou-se em Sociologia no Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa em 1990 e fez as suas provas de investigadora no ICS sob a orientação de Sedas Nunes, com a dissertação Processo de implantação e lógica e dinâmica de funcionamento do Corporativismo em Portugal – os primeiros anos do Salazarismo e com a prova complementar Sindicatos e luta social no regime corporativo – dos anos 50 a 1974.

“Também no ICS, criou em 1979, com Maria Filomena Mónica, o Arquivo Histórico das Classes Trabalhadoras, do qual foi responsável científica entre 1999 e 2005. Foi ainda membro do Conselho de Redacção da revista Análise Social e da Imprensa de Ciências Sociais sob a direcção de António Barreto.

“Actualmente, informa a página do ICS, prosseguia o seu projecto pessoal sobre Sindicatos e lutas sociais nos últimos anos do Regime Corporativo e participava no projecto de Manuel de Lucena sobre a descolonização e também no de António Matos Ferreira e Maria Lúcia de Brito Moura sobre as relações entre o Estado e a Igreja em Portugal”.

quinta-feira, 10 de março de 2016

O Primeiro Dia sem Cavaco


Este é o primeiro dia sem Cavaco, motivo de regozijo para quem, como eu, acha que, primeiro como governante, depois como presidente, Cavaco Silva contribuiu para conduzir o país ao beco sem saída em que nos encontramos.

Como Primeiro-Ministro muito contribui para destruir a produção nacional, a agricultura, a industria e as pescas, em troca de uma ilusória abastança à custa de fundos estruturais europeus, usados nas negociatas financeiras do próprio e dos amigos e na construção de uma idéia de desenvolvimento alicerçada num vago “capitalismo popular”, em obras faraônicas e num consumo desenfreado.

Depois, como Presidente, quando nos apresentaram a conta do desvario, portou-se como um autêntico líder de quadrilha, apoiando o governo anterior no assalto aos direitos e ao bolso dos portugueses para salvar ao amigos da finanças e das negociatas.


O cavaquismo e os seus estragos vão perdurar ainda por muito tempo, até porque deixou muitos fiéis seguidores, na politica, na comunicação social e no mundo das negociatas, mas ontem foi um dia de esperança.

Pelo menos temos a garantia que Cavaco Silva já não vai voltar a fazer estragos.

Em sua “homenagem” aqui deixamos uma “quadra popular”, baseada numa “música” dos santos populares:

O CAVACO JÁ SE ACABOU.
O COELHO ESTÁ-SE A ACABAR
PAULO PORTAS, PAULO PORTAS, PAULO PORTAS
ENTRA NO SUBMARINO

P’RA NÂO MAIS VOLTARES…

segunda-feira, 7 de março de 2016

Porque é que o novo emprego de Maria Luís Albuquerque é eticamente repugnante.


A comunicação social designa o novo emprego de Maria Luis Albuquerque como “polémico”.

Se houvesse coragem e independência nessa mesma comunicação social para designar as coisas pelos nomes, devia intitular a atitude da ex-ministra como “eticamente repugnante”.

A atitude da ex-ministra das finanças é eticamente repugnante porque ela é uma ex-ministra das finanças, cargo que ocupava até há três meses atrás, que passou cerca de três anos a lidar com a alta finança, a banca e a dívida e agora aceita um emprego numa empresa financeira que está ligada à alta finança, à banca e à dívida e que teve actividade relacionada com decisões tomadas pela ex-ministra enquanto exerceu o cargo.

A atitude da ex-ministra é eticamente repugnante porque, a mesma, agora como deputada, e exercendo este cargo em exclusividade (foi esta a notícia que ouvi), aceita agora um cargo fora do parlamento, onde vai receber quase o dobro daquilo que recebe como deputada, acumulando os dois vencimentos .

A atitude da ex-ministra de Passos Coelho é eticamente repugnante por tratar-se de alguém que, junto de instituições europeias e na execução das políticas que praticou enquanto ministra das finanças, sempre defendeu e praticou a austeridade fundada nos cortes salariais e nas pensões, na critica ao aumento do salário mínimo, na defesa do aumento das horas de trabalho, com o argumento de os portugueses andarem  a viver “acima das suas possibilidades”, e que agora vai receber um ordenado de cerca de cinco mil euros mensais, para trabalhar apenas 2 a 4 dias por mês, trabalho que vai ser mais passeio pago a Londres que trabalho.

Tudo isto cheira a pagamento de favores, tendo em conta a forma mafiosa como funciona a maior parte das agências e instituições financeiras europeias, pelo que se exige uma rigorosa investigação sobre a ligação entre  as decisões que tomou enquanto ministra das finanças e a actividade da empresa para onde ela agora vai “trabalhar”.

Maria Luís Albuquerque vai receber cinco mil euros por mês na Arrow Global - Economia - TSF Rádio Notícias (clicar para ler).

Morreu o maestro austriaco Nikolaus Harnoncourt


Morreu no passado sábado, aos 86 anos,  o maestro  austríaco Nokolaus Harnoncourt, um dos mais importantes chefes de orquestra da  actualidade.

O maestro austríaco tinha anunciado em dezembro a retirada profissional devido a problemas de saúde.

Segundo revelam as agências internacionais, Thomas Angyan, diretor da famosa sala de concertos Musikverein de Viena, da qual o maestro Harnoncourt era membro de honra, expressão a consternação do mundo da música.

"Uma era chegou ao fim", lamentou. "Nunca esperei que entre a sua retirada do mundo dos concertos e a sua morte houvesse um período tão curto", disse à APA. "Ele era o original do seu original (...) Devemos continuar o legado musical que nos deixa", adiantou.

Segundo a notícia publicada no Jornal de Notícias on-line,“O conde Nikolaus de la Fontaine und d'Harnoncourt-Unverzagt nasceu em Berlim em 1929, mas passou a sua infância na cidade austríaca de Graz, onde muito anos depois criou o festival Styriate, que se realiza anualmente.
“Foi violoncelista da Sinfónica de Viena e professor de Interpretação na Universidade Mozarteum de Salzburgo.

“O Concentus Musicus Wien, criado por Harnoncourt quando tocava violoncelo naquela orquestra, dedicou-se à interpretação de música barroca europeia em instrumentos de época e a partir de numerosos projetos de investigação, ajudando a revolucionar a interpretação desta música.

“Como maestro trabalhou com os principais solistas e orquestras europeias e o seu trabalho discográfico abarca óperas, oratórios e obras sinfónicas dos séculos XVIII e XIX”.

Em baixo reproduzimos uma sessão dedicada a jovens músicos dirigida por Harnoncourt:




sexta-feira, 4 de março de 2016

O "Alentejo" disparatado de Raposo e o direito ao disparate

Por aquilo que ouvi e li sobre o polémico livro de Henrique Raposo dedicado ao "Alentejo",até encontrei algum conteúdo com interesse para reflexão, sendo uma visão interessante sobre a história de vida da sua família de origem.

Contudo, ao querer generalizar a sua má e triste experiência familiar a todo o Alentejo e ao sul do país, Raposo resvala para o mais ignorante preconceito e para a ofensa mais abjecta a todo uma população.

Como amigo e familiar  de alentejanos, tendo visitado várias vezes e várias zonas do Alentejo, nunca encontrei a caricaturada figura de alentejano descrita por Raposo.

Quanto muito, aquilo que Raposo descreve como tipico dos alentejanos pode ser tipico de meios rurais mais "atrasados" ou marginalizados, económica, cultural e socialmente, de norte a sul do país, ou mesmo noutros países (nem o interior mais "atrasado" dos Estados Unidos fugiria a esse retrato forçado).

A questão do tratamento dado às mulheres, das violações silenciosas, dos suicídios, dos silêncios e das desconfianças, podemos encontrá-la em qualquer meio mais "ruralizado" ou economica, cultural e socialmente decadente ( a cinematografia e a literatura estão cheios desses retratos).

Por isso, como é tipico de Raposo e da generalidade dos cronistas feitos à pressa que pululam na imprensa dita de referência, ele usa e abusa de boas idéias para generalizar o seu preconceito social, politico e cultural.

Raposo, com cujos escritos não perco muito do meu precioso tempo a ler, tem todo o direito de exibir os seus preconceitos e as suas atoardas  e beneficiar da atenção mediática, e por isso repudio as ameças que têm sido feitas contra a sua "obra".

Vivemos num país livre, mesmo livre para se  exibir todo o tipo de disparates que se quiser.

A NOTÍCIA QUE NÃO ABRIU OS NOTICIÁRIOS DE ONTEM...MAS DEVIA TER ABERTO, SE TIVESSEMOS UM JORNALISMO TELEVISIVO DECENTE!!! : Inês levou a gota de luz, uma garrafa que ilumina, para aldeias na Guiné

Inês Rodrigues venceu o Prémio Terre De Femmes, com um projecto que levou para África a melhoria das condições de vida das suas populações.

Além disso, sendo um projecto que melhora as condições de vida dos mais pobres de entre os pobres do mundo, é barato, simples e ecológico.

No meio do lixo informtivo, político e financeiro, que domina a nossa informação, para além do lixo do futebol e do lixo das agências de rating, é sempre reconfortável e esperançoso ler notícias destas.

Pena é que a informação televisiva, aquela que mais impacto tem junto das pessoas, se tenha "esquecido" desta notícia...é que agora só lhes  interessam as más notícias...

quinta-feira, 3 de março de 2016

Morreu Noémia Delgado, a cineasta de Máscaras

Noémia Delgado foi uma das mais importantes realizadoras portuguesas e uma das pioneiras do cinema documental.

"Máscaras" de 1976 é talvez a sua obra mais conhecida e pode ser vista integralmente em baixo, graças à sua edição na net por iniciativa da Cinemateca Nacional:


Morreu Noémia Delgado, a cineasta de Máscaras(clicar para ler).

Vasco Pulido Valente Versus Rui Ramos - o "mestre" desanca no "discípulo" ..

Vasco Pulido Valente, um dos mais inteligente e informados cronistas da má língua e da boçalidade nacional, endeusado por uma miríade de seguidores, a maior parte destes ao nível da mais abjecta mediocridade e/ou desonestidade intelectual, escolheu a sua última cronica no Público, que pode ser lida AQUI , para desancar num dos seus mais fiéis e competentes discípulos, o historiador Rui Ramos.

Como dizia uma professora minha no ISCTE, que o conhecia bem, Vasco Pulido Valente, "às vezes" consegue ser brilhante e esta crónica é um desses casos raros, no meio do lixo bem escrito a que nos tem habituado nos últimos tempos.

Vasco Pulido Valente é , aliás, um caso estranho de popularidade entre jornalistas, comentadores e historiadores que têm como único objectivo imitá-lo o melhor possível.Por mim, sempre preferi o original ao imitador...

Como historiador, Vasco Pulido Valente vive da reciclagem daquilo que escreveu pelas décadas de 60 e 70, em artigos de jornais e revistas, estudos que para a época eram de facto inovadores, mas hoje estão muito datados e ultrapassados, artigos transformados, décadas depois, aumentando o tamanho da letra e acrescentando uma ou outra nota,  em êxitos de livraria, como se fosse algo de novo, aproveitando a sua fama mediática, só possível em países onde "quem tem um olho  é rei".

Como professor, não conheço ninguém que tenha sido seu aluno, nem se existiu alguma cadeira dirigida por si. Durante dois anos cruzei-me diárimente, várias vezes ao dia,com o gabinete que ele tinha no ICS e, ao contrário de outros professores/investigadores desse Instituto, nem uma vez me cruzei com ele ou sequer vi afixada uma pauta ou anunciada uma disciplina por si leccionada. Posso estar a ser injusto, mas foi com esta realidade que me confrontei nesses dois anos.

Para além de uma obscura e rápida passagem por uma secretaria da àrea da cultura, resta então a áurea  crida à volta das suas crónicas de mal-dizer, roçando muitas vezes a mais reles boçalidade do ataque pessoal, embora, ao contrário de outros que lhe procuram imitar o estilo, o faça com um estilo e uma elegância de escrita muito peculiar e original.

Rui Ramos, um dos mais bem informados historiadores da nossa história contemporânea, segue o estilo de Pulido Valente, na forma cirúrgica como utiliza os factos e as fontes para lhes retirar o efeito ideologicamente desejado (veja-se a forma brilhante como, numa sua síntese sobre a história portuguesa do século XX, transformou o Estado Novo num quase oásis de "liberalismo", em contraste como o "terrorismo" da Primeira República e do PREC pós 25 de Abril).

Tal como Pulido Valente, só Rui Ramos se aproxima, com habilidade e brilhantismo, daquele, no modo educado como tortura as fontes, que conhece muito bem e de forma rigorosa, para delas lhes retirar a verdade dos factos que mais lhe interessa ideologicamente.

Rui Ramos é assim um dos raros imitadores de Pulido Valente, que dele se consegue aproximar no brilhantismo da escrita, na qualidade da documentação utilizada e  na vastidão cultural que emana da sua escrita.

Talvez por isso se explique o facto de Vasco Pulido Valente tentar "travar" a ascensão do "díscípulo", não vá ele ofuscar-lhe o lugar...

terça-feira, 1 de março de 2016

Passos Coelho, estaria a bombar contra a crise...(é pena que o ridículo não pague imposto...tínhamos a crise resolvida!!!)

Passos Coelho continua a passear-se pelo país, em inaugurações e colóquios, acompanhado por uma comitiva de jornalistas, como se ainda fosse primeiro-ministro ou, pior ainda, como se ainda fosse possível voltar a sê-lo.

De cada vez que abre a boca, procurando-se adaptar, de forma estereotipada, á audiência que tem pela frente, aumenta o ridículo da sua postura.

Será que não tem alguém à sua volta que tenha a coragem de o avisar?

A situação faz-me lembra,  com Passos Coelho,agora como comédia, a situação que se viveu entre as figuras do regime salazarista em 1968, quando todos fingiam à volta do ditador doente que este ainda governava, quando já tinha sido substituído por Marcelo Caetano.

Quanto à forma como andou a "bombar" contra a crise, já sabemos o que ele quer dizer pelo que (des)fez nos último quatro anos em que nos governou...e já nos chegou.

Vá "bombar" para outro lado...