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quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Compromisso à esquerda

Embora duvide do êxito desta iniciativa, pois a direita "socrática" do Partido Socialista  não vai aceitar pôr em causa a sua política neo-liberal ou aquilo que fez na educação,  os stalinistas do PC não aceitam negociar a não ser em posição de domínio, e os "modernaços" do BE não abdicam dos seus "temas fracturantes", aderi ao apelo do movimento Compromisso à Esquerda, uma tentativa sincera de unir a esquerda.
Infelizmente este país "não é para ingénuos" como eu.
Mesmo assim apelo para que subscrevam AQUI o "manifesto", que reproduzo em baixo. É mais uma forma de continuarmos a resistir a este triste situacionismo:


"Apelo à estabilidade governativa


"O resultado das eleições legislativas permite afirmar com clareza que os portugueses recusaram a hegemonia neo-liberal, dando o seu voto maioritariamente à esquerda. É por isso legítimo esperar que o futuro governo do país acolha novas políticas solidárias, relançando a prosperidade e a esperança no futuro.
"A 27 de Setembro os eleitores revelaram uma inquestionável vontade de entendimento entre os partidos de esquerda. As votações alcançadas pelo Partido Socialista, pelo Bloco de Esquerda e pela Coligação Democrática Unitária são o resultado das fortes movimentações sociais ocorridas na legislatura passada, tendo contribuído decisivamente para gerar uma nova solução pluripartidária susceptível de encontrar respostas aos factores de crise e desigualdade social.
"Os entendimentos entre as diversas forças de esquerda para uma solução de governo (coligação ou acordo de incidência parlamentar) são muito comuns na Europa Ocidental (por exemplo, no Chipre, em Espanha, em França, na Itália, na Suécia, na Dinamarca, na Noruega, na Finlândia, etc...).
"Em Portugal, pelo contrário, há mais de 30 anos que as esquerdas continuam incapazes de se entender para gerarem soluções de governo. Contudo, vários estudos têm revelado que este elemento resulta de um crescente desfasamento entre os eleitores destes partidos (que desejam um entendimento) e os seus eleitos (que persistem na incomunicabilidade).
"Os resultados de 27 de Setembro exigem que as esquerdas se encontrem e sejam capazes de explicitar o contributo que cada um destes partidos está disposto a dar para se encontrar uma solução estável de governo. Pelo menos essa tentativa de entendimento é devida ao povo português pela forma como demonstrou a sua vontade eleitoral.
"Os subscritores do presente Apelo agem no sentido de que seja traduzido num programa de governo as lutas e anseios de amplas camadas da população que justificam celeridade na construção de respostas urgentes e adequadas para os problemas do seu quotidiano. Para servir este objectivo, deverão ser estudadas as bases para um Compromisso à Esquerda que reforce as conquistas democráticas, vinculando a acção governativa a um elenco programático.


"Contamos consigo para assinar e divulgar este Apelo!"
(30 de Setembro de 2009)

terça-feira, 29 de setembro de 2009

A Verdade da Mentira ou a Mentira da Verdade ou...!!!!

Alguém percebeu o que disse o presidente?
Ou melhor ainda, em vez de esclarecer, lança mais confusão e dúvidas na vida política portuguesa, num momento em que era necessário alguma serenidade.
Se suspeita de alguma coisa tome decisões em conformidade. A polícia e os tribunais existem para isso.
Se está "às aranhas", então devia continuar calado, como é timbre de um Presidente que passa a vida  com a palavra "serenidade" na ponta da língua.
Com um "actual futuro" primeiro-ministro que ainda não percebeu o que perdeu com estas eleições e um presidente que gosta de alimentar tábus, nos quais tropeça constantemente, é caso para dizer que "isto é que está  um país bem entregue"!

No 45º Aniversário da Mafalda


Foi no dia 29 de Setembro de 1964 que uma tira da Mafalda foi publicada pela primeira vez, no semanário argentino “Primera Plana”. A personagem tinha sido criada dois anos antes como um cartoon de propaganda a publicar no “Calrin”, mas um conflito contratual impediu então a sua publicação.

Em 25 de Junho de 1973 Quino, o pseudónimo do Joaquín Salvador Lavado, nascido em 1932 , decidiu terminar com a série, embora a personagem ainda tenha aparecido para promover campanhas em defesa dos Direitos Humanos.

Desde então Quino dedica-se exclusivamente ao cartoon humorístico.

Pessoalmente tive o privilégio de conhecer, por mero acaso, o criador da Mafalda, uma das minhas séries preferidas do mundo das tiras humorísticas, ao lado dos “Peanuts” e do Calvin & Hobbes”.

Um dia, 30 de Maio de 2003, visitava a Feira do Livro de Lisboa, deparei com um anúncio, no stand da Teorema, de que, daí a meia hora, Quino estaria presente para dar autógrafos. Esperei algum tempo e fui a terceira ou quarta pessoa com quem ele falou.

Quando lhe revelei a minha admiração e entusiasmo pela Mafalda, leitura da minha juventude, Quino revelou-se surpreendido pelo interesse que em Portugal ainda existe por essa personagem, referindo o facto de já não desenhar a Mafalda há muito tempo.

Às pessoas que pediam o seu autógrafo, ele desenhou alguns dos seus bonecos mais recentes. Para mim, perante o meu entusiasmo, condescendeu, e resolveu desenhar-me uma Mafalda, provavelmente um dos raros originais deste personagem desenhado depois de 1973.

É esse original que reproduzo acima, recordando este dia de aniversário de Mafalda e esse feliz encontro com Quino.

O Respigo da Semana - Onde se vai encostar Sócrates? (Teresa Villaverde)

Ontem os jornais encheram-se de dezenas de comentários de politólogos, comentadores, jornalistas, sociólogos, economistas… Mas eis que , no meio da espuma de comentários mais ou menos óbvios, politicamente correctos e baseados mais em convicções políticas pessoais do que na verdadeira realidade, surge uma lufada de ar fresco no comentário de alguém pouco habituado a estas lides, a cineasta Teresa Villaverde.
Num comentário lúcido e límpido, aponta o rei nu que mais ninguém vê.
Foi a sua crónica que escolhemos para “respigar”.


ONDE SE VAI ENCOSTAR SÓCRATES?

Comentário de  Teresa Villaverde, cineasta (Público, 28 de Setembro de 2009).





Quase tudo o que é absoluto mete medo.

O que aconteceu nestas eleições, eu acho, é positivo para o país. Só já numa democracia muito evoluída, ou [com] partidos muitíssimo educados, é que uma maioria absoluta seria tolerável, desejável acho que não o seria nunca.

A abstenção foi enorme, as pessoas participam muito pouco, e as maiorias afastam as pessoas. E as maiorias geram corrupção, a norte, sul, este, oeste. É triste, mas é assim.

Não sei o que vai acontecer agora. Espero que estes resultados encostem o partido socialista mais à esquerda e não mais à direita. Penso que com a actual direcção do PS ninguém pode saber neste momento onde se vai encostar José Sócrates.

Fazem-me confusão estes partidos tão dependentes de um líder.

Eu elegeria como primeira coisa a fazer o debate, a luta imediata contra a corrupção. Importantíssimo o exemplo do Estado, os gestores das grandes empresas têm que ter as mãos limpas, os dos bancos.

Os professores têm que ganhar mais para terem vidas mais dignas, para poderem viajar, comprar livros, para nunca pararem de aprender e poderem transmitir os seus conhecimentos.

Sem o entusiasmo das pessoas, não há país que avance. Sem arte e sem cultura os países são tristes e não produzem nada. Sem a solidariedade para com os mais velhos e os mais pobres, somos todos uns canalhas.

Um país de canalhas é um país que não vale nada.

domingo, 27 de setembro de 2009

O PS ganhou...mas...

Ganha quem chega em primeiro lugar.

Mas o PS ganhou perdendo: perdeu a maioria absoluta, perdeu quase 30 deputados, perdeu cerca de meio milhão de votos.

Se governar à direita pode contar com o CDS, mas precisa que a esquerda se abstenha. Governar à direita é, para Sócrates, ser cozinhado em lume brando até uma derrota esmagadora daqui a dois anos.

Para governar à esquerda, tem de contar com todos os votos do Bloco e da CDU juntos.

Para isso tem de mudar muita coisa, cabendo aos dois partidos à esquerda uma responsabilidade acrescida na estabilidade governativa.

Dois grandes vencedores foram o CDS e o BE, o primeiro beneficiando do descontentamento dos eleitores do PSD com a condução deste partido, o segundo beneficiando do descontentamento de muitos socialistas, nomeadamente os professores e funcionários públicos.

Por isso a vitória destes partidos pode ser apenas conjuntural, estando reféns da evolução política, respectivamente do PSD e do PS.

A CDU, não ganhou nem perdeu, mas consolidou-se, o que a prazo pode dar frutos.

Quando tivermos oportunidade e na posse de mais dados, pretendemos desenvolver melhor algumas destas opiniões.

Mas tenho uma certeza, estas eleições representam uma grande derrota pessoal de Maria de Lurdes Rodrigues…

Grande Afluência às Urnas...

As NOTÍCIAS confirmam aquilo que eu pressenti quando fui votar: regista-se uma significativa afluência às urnas.
Entretanto a imprensa espanhola, que tem seguido atentamente as eleições, dá as seguintes notícias: EL MUNDO; EL PAÍS; LA VANGUARDIA.

A "VINGANÇA" DA MAIORIA SILENCIOSA




Neste dia, mas em 1974, o “País” (Lisboa e pouco mais…) via aparecer nas suas paredes um sinistro cartaz anónimo convocando a “Maioria Silenciosa” para uma manifestação de apoio ao General Spínola, que se devia realizar no dia seguinte, 28 de Setembro.

Hoje sabe-se que a convocação dessa manifestação obedecia à estratégia política do então Presidente da República, que queria afastar o MFA do centro do poder e impor um regime presidencialista.

Para desencadear esse tão mal preparado golpe palaciano, Spínola precisava, para se legitimar, do apoio de uma “grandiosa” manifestação que o apoiasse, a tal “Maioria Silenciosa”.

De imediato o MFA, a esquerda (PS, PCP e MDP/CDE) e o centro (o então PPD) se uniram e organizaram as barricadas que, na madrugada do dia 28 de Setembro, impediram a entrada em Lisboa dos presumíveis manifestantes.

Claro que a “montanha pariu um rato”. O máximo que se conseguiu obter na revista feita aos veículos que se dirigiam a Lisboa foram uma mocas, uns canivetes e uma ou outra caçadeira, material exibido como se de um verdadeiro arsenal de guerra se tratasse.

Spínola não conseguiu os seus intentos, demitiu-se dias depois e o MFA viu reforçada a sua autoridade.

Da apregoada “Maioria Silenciosa” deixou de se ouvir falar durante muito tempo, até porque quem passou a dominar a vida política nacional foram as ruidosas minorias que se manifestavam diariamente nas ruas, interrompiam aulas e o trabalho para a realização de ruidosas assembleias ou dinamizavam intermináveis e ruidosos debates nos órgão de comunicação social.

Com mais ou menos sobressaltos, as eleições de 25 de Abril de 1975 e, principalmente , o “25 de Novembro” fizeram o país regressar a uma certa normalidade, enveredando-se em definitivo pela legitimidade democrática.

Contudo, quando entrámos para a então CEE, a meio da década de 80, a esquecida “Maioria Silenciosa” voltou a levantar a cabeça, entusiasmada com as possibilidades de rápido enriquecimento proporcionado pelos “fundos europeus”.

Engrossando o número de “novos-ricos” e exibindo com orgulho os seus carros de grande cilindrada comprados nas sucatas alemães e as suas barrigas proeminentes de intermináveis almoçaradas no McDonald, essa “Maioria Silenciosa” começou a decidir os resultados eleitorais, ora dando maiorias, ora desfazendo-as, ou inviabilizando, com a sua abstenção referendos importantes para a modernização do País.

Temendo a reacção, sempre imprevisível, dessa “Maioria Silenciosa”, os políticos começaram a vestir-se para ela, aparecerem-lhes ao jantar pelos ecrãs da TV e a recorrerem à demagogia para a cativarem.

Essa “Maioria Silenciosa” começou a ser designada de forma mais modernaça como “indecisos”, “consumidores”, “contribuintes”, “povo”. Até uma Ministra da Educação afirmou um dia que não se importava de perder o apoio dos profissionais sob a sua tutela, desde que conquistasse o apoio de tal “Maioria Silenciosa”, a quem ela designou por “Opinião Pública”.

As marcas dessa “Maioria Silenciosa” fazem-se notar por todo o lado: enchendo Centros Comerciais ao fim-de-semana, esvaziando bibliotecas, museus, cinemas e teatros; conduzindo como loucos nas auto-estradas construídas para ela; tornando desaconselhável e irrespirável a frequência dos Estádios de Futebol; aumentando as audiências da TVI; fazendo os títulos do “Correio da Manhã” e do “24 Horas”; esgotando das bancas as revistas “cor-de-rosa”; transformando os livros de Miguel Sousa Tavares em bestsellers; enriquecendo Tony Carreira.

Hoje essa maioria silenciosa vai-se manifestar mais uma vez, mas o mais grave de tudo é que , todos nós, num qualquer momento das nossas vidas, já fomos “Maioria Silenciosa”…

Conhecidos os Prémios do Festival de Cinema de S. Sebastian



Foram atribuídos esta noite as “Conchas”, prémios do festival de cinema de S.Sebastian.


Pablo Pineda, o primeiro espanhol com sindroma de Down a obter um título universitário, recebeu a Concha de Prata para melhor actor desta 57ª edição do famoso festival cinematográfico, pela sua interpretação na película “Yo, también” realizado por António Naharro e Alvaro Pastor.

A Concha de Ouro foi atribuída ao filme chinês “City of life and death” sobre as atrocidades cometidas pelo exército japonês durante a sua invasão da China em 1937.

sábado, 26 de setembro de 2009

A Foto da Semana - Em dia de reflexão...uma imagem para reflectir.

O DESEMPREGADO SANDUÍCHE



Um desempregado, licenciado em História pela Universidade de Kent, passeia-se pelas ruas de Londres, à procura de emprego, propondo aos transeuntes um mês de trabalho gratuito.

(In Libération, 25 de Setembro de 2009, fotografia de Kieran Doherty para a Agência Reuters).



Xutos p´rá animar


Nem tudo está perdido neste dia fantasma.
Logo à noite os Xutos vão estar em grande.

Reflectir com os The Beatles


Neste absurdo dia de relexão, uma espécie de não dia,entretenham-se a reflectir AQUI ouvindo mais de duzentaos pequenos exertos músicas dos The Beatles, uma oferta do diário El Mundo que nos abre o apetite para ouvir mais.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

BD - 30 Anos de Rei Minimus - 24 - 2ª série - 1985 - (ESPECIAL ELEIÇÕES)








Nestas eleições: o que é perder e o que é ganhar...


NO PS

Uma vitória do PS parece assegurada, é o que indicam todas as sondagens.
Uma parte dessa vitória o PS terá de agradecer à actuação do Presidente da República no caso das escutas.
Outra, mais do que por mérito próprio, fica a devê-la ao descalabro da campanha do PSD e a um certo descrédito do BE face às propostas radicais que apresenta em termos económicos e financeiros.
De qualquer modo a dúvida encontra-se na gradação dessa vitória.
Se voltar a obter uma maioria absoluta, hipótese que ganha alguma consistência nestes últimos dias, será uma vitória esmagadora e retumbante.
Se ganhar sem maioria absoluta, que é a hipótese quanto a mim mais viável e justa, pode festejar ainda se mantiver uma distância significativa do PSD e o espectro parlamentar saído destas eleições lhe permitir governar com acordos pontuais com um único partido que não o PSD.
Se, contudo, ganhar por uma margem pequena em relação ao PSD, necessitando de negociar com mais do que um partido ou com o PSD para governar, será uma vitória com sabor a derrota a prazo.
Qualquer outro resultado, isto é, uma derrota eleitoral, será uma derrota esmagadora e que custará a cabeça de Sócrates à frente do partido.




No PSD

A única vitória para o PSD será a de vencer estas eleições, seja qual for a diferença em relação ao PS. Uma maioria absoluta deste partido parece totalmente improvável.
Neste caso, a vitória máxima que podia obter depende do resultado do PP/CDS.
Se vencesse sem maioria mas se conseguisse formar maioria à direita, esta seria uma grande vitória para o PSD.
Uma meia vitória seria, apesar de não ganhar as eleições, ficar muito próximo do PS, podendo preparar-se par uma vitória a prazo, mas provavelmente com outro líder, na hipótese provável, nestas condições, de eleições antecipadas daqui a um ou dois anos.
Uma derrota à distância do PS, uma distância que seja superior a 7 ou 8%, é uma derrota para o PSD e uma derrota pessoal de Ferreira Leite e que abrirá feridas profundas na relação do partido com Cavaco Silva, que será responsabilizado por esta situação. Infelizmente para o PSD, este parece o resultado mais provável.




No Bloco de Esquerda

Uma vitória do Bloco será tornar-se em definitivo o terceiro partido, ultrapassar os 12 deputados eleitos e contribuir para a perda, por parte do PS, da maioria absoluta, tornando-se assim o partido com mais condições para negociar acordos parlamentares com um PS em minoria. As sondagens apontam para este desfecho.
Uma vitória menos significativa seria, mantendo os resultados acima previstos, o PSD vencer as eleições.
Será sempre uma vitória, seja qual for o resultado dos restantes partidos, aumentar o seu número de votos e de deputados, face aos resultados de 2005.
Uma quase derrota é se a CDU se confirmar como terceira força política.
Uma derrota total seria manter-se como quinto partido e não chegar aos dois dígitos, quer em número de deputados, quer em percentagem e ver o PS obter uma maioria absoluta.




Na CDU

Uma grande vitória para a CDU era manter-se como terceira força política, ultrapassar o número de 14 deputados que tem actualmente, e chegar aos dois dígitos percentuais e ver o PS perder a maioria absoluta
Uma vitória relativa seria, apesar de perder a posição de terceira força política, subir em número de eleitores em percentagem e em deputados, com o PS sem maioria.
Uma derrota era manter a percentagem abaixo do 8%, não conseguir aumentar a sua representação parlamentar.
Uma grande derrota era, para além das condições mencionadas no parágrafo anterior, tornar-se na quinta força Política, derrota que seria ainda maior se o PS obtivesse uma maioria absoluta.


Nos Pequenos Partidos

Qualquer pequeno partido, obterá uma grande vitória se conseguir eleger um deputado, situação que parece possível no distrito de Lisboa e estar ao alcance do Movimento Esperança Portugal.
Uma pequena vitória obterá o partido de segunda linha que se torne a 6ª força política.
Qualquer outro resultado prefigura uma derrota, uma pequena derrota, já que a maior parte deles também não alimenta grandes ambições.


NO CDS/PP
Tornar-se a terceira força política seria uma grande vitória para este partido.
Se a essa condição se juntasse uma vitória relativa do PSD, e ficasse em condições de formar maioria com ele, então seria uma vitória esmagadora.
Uma vitória relativa e subir em percentagem, em eleitores e em deputado, seja qual for o vencedor.
Uma  derrota será manter-se atrás do Bloco e da CDU, mesmo que mantenha os deputados e a votação de 2005, situação que custará o lugar de Paulo Portas.
Tudo o que seija abaixo disto seria uma imprevisível grande derrota.


E PARA MIM…

Para mim, uma grande derrota será o PS ganhar com maioria absoluta.
Uma vitória será o PS não conseguir a maioria absoluta e registar-se um crescimento significativo dos partidos à sua esquerda, vendo com bons olhos a entrada no parlamento do MEP (ou do Partido Ecologista/Humanista).
Qualquer outro resultado é-me indiferente.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

BD - 30 Anos de Rei Minimus - 23 - 2ª série - 1985 - (ESPECIAL ELEIÇÕES)











O "Meu" Programa Eleitoral

Gostava que destas eleições resultasse o seguinte:


Na Educação – um clima de estabilidade e de respeito pelos seus profissionais; o fim da absurda divisão da carreira em “professor” e “professor titular” (estou à vontade para falar porque sou “titular”); uma revisão profunda da carga horária dos alunos, com uma reformulação do peso e da existência de várias disciplinas e dos seus currículos; uma revisão profunda dos objectivos das aulas de substituição, que as transforme em verdadeiros momentos de criatividade e aprendizagem; alteração do absurdo e burocrático modelo de avaliação que entrará em vigor brevemente, por outro que valorize a base científica e humana da aprendizagem. E, claro, tudo feito em colaboração com os professores.

Na Saúde – Travar a saída dos profissionais de saúde para o sector privado, dando-lhes melhores condições de trabalho; apostar numa medicina de proximidade com os doentes; equiparar a qualidade e os tempos de espera no sector público com a prontidão de resposta que existe no sector privado; tornar gratuita a medicação, as consultas, o internamento e as operações para todos os que tenham um rendimento mensal inferior aos 750 euros .

NA Segurança Social – melhorar as condições económicas dos reformados, impondo um limite por baixo e por cima quanto ao valor das pensões (nas actuais condições económicas, esse valor deve ser balizado entre os 500 e os 4000 euros); valorizar mais, nos cálculos das pensões, o tempo de descontos, em vez da idade; premiar, de forma significativa, quem continue a trabalhar para além dos limites da reforma; impedir que, seja quem for que tenha descontado menos de 10anos, tenha direito a reformas superiores a 1000 euros; criar condições que permitam, a quem tenha mais de 50 anos de idade e 25 anos de descontos, poder trabalhar a tempo parcial, não perdendo mais que 15% do seu salário.

No Trabalho – tomar medidas eficazes para combater o desemprego, tendo em consideração que o desemprego é cada vez mais estrutural, só se resolvendo redistribuindo o trabalho, com a redução do tempo de trabalho e facilitando a reforma dos mais velhos, pelo menos nalguns sectores, sem reduzir drasticamente o rendimento dos mesmos. Penalizar fortemente quem recorre ao trabalho precário e aos salários de miséria. É vergonhoso que a maior parte da pobreza em Portugal tenha origem nos salários baixos de muitos trabalhadores. O salário mínimo não pode continuar abaixo dos 600 euros mensais ou dos 5 euros por hora. Quem continua a defender a desvalorização do valor do trabalho, está moralmente ao mesmo nível dos que defendiam o esclavagismo no século XIX. A eficácia do trabalho, nos nossos dias, já não depende do esforço físico ou do tempo passado no local de trabalho, como era defendido nos tempos do salazarismo, mas da eficácia e rentabilidade do mesmo, cabendo aqui um papel fundamental ao sector da gestão. Uma hora de trabalho, bem gerido e qualificado, pode valer mais que oito horas num lugar qualquer.

Na Fiscalidade – No IRS, deve-se poder deduzir, até um determinado montante, tudo o que se pagou de IVA ao longo do ano. Esta medida combateria de forma eficaz a fuga ao fisco, já que toda a gente iria pedir , guardar e declarar os recibos, desde os do pagamento de uma refeição, os da compra de um livro, os do carregamento do combustível, os do pagamento ao advogado, ou os da obra lá em casa . Todos os lucros obtidos através da especulação financeira e imobiliária, pelos bancos e seguradoras, e o valor dos prémios de gestão, deviam pagar um imposto percentualmente superior ao do escalão máximo do IRS. Já as empresas produtivas deviam pagar um escalão mais baixo. Devia acabar-se com os pagamentos por conta. Empresas com menos de 5 trabalhadores pagariam um imposto fixo não superior a 10% sobre os seus lucros.

Na Administração Pública – Acabar com as negociatas com gabinetes de advogados e com institutos privados, recorrendo à “prata da casa”, já que o sector público tem nos seus quadros bons advogados e bons técnicos nas mais variadas áreas, que são pagos para realizarem o trabalho daqueles. Separar, de forma nítida, o que é de nomeação política do que é de nomeação pública. Acabar com as benesses de alguns gestores públicos, cujo pior exemplo é o que se passa no Banco de Portugal. Os salários e as ajudas de custo devem ser, para todos os casos, incluindo os deputados e os de nomeação política, sem excepção, aqueles que estão definidos para todos os funcionários públicos.

Na Justiça – tornar a justiça mais célere, impondo limites temporais para a tomada de decisões; permitir a igualdade de acesso á justiça e dar garantias de igualdade na defesa aos pobres e aos ricos.

Na Cultura – Apostar forte na divulgação e preservação do nosso património; apoiar iniciativas culturais desde os bancos da escola até à terceira idade, criando uma verdadeira rede de criação e divulgação cultural; aumentar significativamente o orçamento para esta área.

Nos Transportes – Apostar fortemente na renovação, rapidez e melhoria de qualidade dos transporte público, incentivando o seu uso, penalizando fortemente o uso de transporte privado, nomeadamente nas grandes cidades. Cada vez o nível de desenvolvimento de um país se mede mais pela eficácia dos seus transportes públicos e cada vez menos pela quantidade de “carros” per capita.

Este programa mínimo, é em grande parte exequível, mesmo nos limites ideológicos dos dois grandes partidos, que se consideram ambos social-democratas e “modernos”.

Infelizmente, como se tem comprovado pela campanha, nenhum destes temas tem merecido grande interesse por parte dos mesmos partidos.

Como se aguarda, de acordo com a realidade dos últimos anos de governação, nem uma desta ideias será abordada, nem mesmo ao de leve, na próxima legislatura.

Elas aqui ficam, como um desabafo, pouco esperançado nos tempos que aí vêem com esta gente que nos governa e nos irá continuar a governar.

Ao menos que ninguém obtenha uma maioria absoluta….seria o descalabro.

BD - 30 Anos de Rei Minimus - 22 - 2ª série - 1985 - (ESPECIAL ELEIÇÕES)








O bom senso de Jerónimo de Sousa

Se a asneira pagasse imposto, aquilo que se tem dito nesta campanaha eleitoral salvava as finanças de Portugal.
Uma das últimas é essa de colar Ferreira Leite ao Salazarismo, com erros históricos à mistura, como essa de José Junqueiro se refeir ao primeiro ministro de 1928, como  sendo Salazar.
Nesse ano era "apenas" Ministro das Finanças.

De qualquer modo, um sinal de bom senso veio de onde talvez muitos menos esperavam, de Jerónimo de Sousa que, segundo o Público online disse que, mesmo "com todas as críticas à politica de direita, muitas vezes aqui ou acolá com um traço anti-democrático, (...)  não faço essa comparação histórica porque isso não aconteceria”, afirmou Jerónimo de Sousa quando questionado pelos jornalistas sobre a colagem que o deputado socialista José Junqueiro insiste em fazer entre o PSD e o Estado Novo".


E acrescentou : “O PS, à falta de conseguir marcar as diferenças entre PS e PSD no plano da política económica e política social encontrou aqui um papão para tentar atrair votos da esquerda”, já que “no essencial”, quando se olha “para os programas e políticas realizadas, aí a diferença não é nenhuma. Aliás, se essa diferença fosse tão grande como o PS manifesta não teria votado, por exemplo, na candidatura de Durão Barroso”.

"Apesar de não assinar essa comparação, Jerónimo lembra que “a direita, e sobretudo o PSD quando esteve no poder, também teve ali traços e tiques anti-democráticos”. Como exemplos recorda “as cargas policiais contra trabalhadores, contra a própria polícia”. “Mas daí a considerar que qualquer hipotética vitória - que eu acho que não vai acontecer - do PSD seria o regresso ao 24 de Abril, isso não concordo.”

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

BD - 30 Anos de Rei Minimus - 21 - 2ª série - 1985 - (ESPECIAL ELEIÇÕES)









O Respigo da Semana - O Livro Negro de José Sócrates (Sábado)



Na sua edição online de ontem , a revista “Sábado”publica alguns excertos da biografia não autorizada de Sócrates, da autoria do jornalista Rui Costa Pinto.


Como título dessa notícia, a revista Sábado escolheu o feliz título de “O Livro Negro de José Sócrates”.

Quando se prevê que, se ganhar estas eleições, o fará sem maioria absoluta, é importante perceber a forma como o actual Primeiro Ministro lida com os adversários e as adversidades, quanto a mim o aspecto mais significativo desta obra, já que, em relação os “casos” em que se envolveu, o livro não adiantará muitas novidades.

Como se revela nos excertos seguintes, José Sócrates não é homem para consensos ou negociações.

“O LIVRO NEGRO DE JOSÉ SÓCRATES

José Sócrates - O homem e o Líder é o título da biografia não autorizada do primeiro-ministro, escrita pelo jornalista Rui Costa Pinto.

O autor da obra, que denuncia vários episódios de alegadas pressões sobre a comunicação social, diz ao jornal 24horas que a distribuidora tem medo de represálias do Partido Socialista. A Dinalivro rejeitou as acusações.

Capítulo I

1. Última conversa

“– «E tu acreditas?».

Foi a pergunta que José Sócrates me fez, insistentemente, durante uma longa e tardia conversa que se foi revelando tensa, muito tensa.

(...)

O assunto era sério, grave e ingrato, mas de inegável interesse público. Em causa, estavam indícios de corrupção e suspeitas do pagamento de ‘luvas’ para influenciar um concurso público. Pela primeira vez, ouvi falar na “Cova da Beira”, que já fez correr rios de tinta. A reacção ao telefone, que não podia ser um ‘off’, surpreendeu pelos termos destemperados:

– «Isso é uma tentativa de assassinato político com base numa denúncia anónima»! E tu acreditas?», repetiu aos gritos, completamente descontrolado.

Nunca tinha falado com um membro do governo tão agitado e exaltado. Tentei manter a calma.

(…)

Com recurso a toda a diplomacia e sentido de responsabilidade, retorqui que a informação que me tinha sido passada resultara de um pré-inquérito da PJ e não exclusivamente dos termos de uma denúncia anónima.

(…)

José Sócrates ‘cega’ quando é confrontado com algo que não lhe agrada, do assunto mais grave ao mais trivial. Qualquer político, certamente mais experiente, teria desvalorizado a informação, pois estava em causa um documento preliminar que, muitas vezes, nem sequer tem consequências em termos criminais. Optou por outro caminho: a ameaça e o confronto com o ‘mensageiro’.

(…)

Nem o apelo à razão enfraqueceu a ira do então ministro, que, aliás, ainda teve o atrevimento de manifestar surpresa e desagrado pelo facto de eu não o ter alertado da investigação jornalística, insinuando que eu traíra a «nossa amizade». A nossa amizade? Fiquei estupefacto! Apesar de não ter sido eu a fazer a investigação, o que repeti, até à exaustão, o certo é que tal reivindicação me pareceu abusiva. É tolerável confundir um ‘bufo’ com um jornalista? Ou baralhar a amizade com relações cordiais, determinadas por razões de ordem profissional?

(…)

O político que brilhara ao assumir causas tão urgentes como a “defesa do consumidor” e a “descriminalização das drogas”, entre outras, afinal era mais prosaico e vulgar do que eu alguma vez imaginara.

(…)

José Sócrates nunca deixou em mãos alheias a iniciativa de evitar a publicação de uma notícia. Os telefonemas, as ameaças e as pressões multiplicaram-se até altas horas da madrugada seguinte, depois de lhe ter telefonado. Há mais de dez anos, já era assim.

(...)

O resultado foi surpreendente: a notícia foi adiada, apesar de ter chegado a estar planeada e paginada para mais uma manchete. Os protestos que eu e o autor da investigação manifestámos não foram suficientes para inverter aquela péssima decisão editorial. Tinha ganho, momentaneamente, adiando a publicação da notícia. Foi assim que descobri um dos lados negros do “homem” e do “líder”: a capacidade de influenciar, quiçá intimidar as chefias editoriais.

(…)

Após a publicação do artigo, as reacções não se fizeram esperar: os meus colegas fartaram-se de me gozar e o próprio fez questão de me convidar para almoçar nas ‘Belgas’, mesmo ao lado da Assembleia da República, então um dos restaurantes da moda. José Sócrates é assim. Gosta de ‘marcar’ quem julga poder ser um futuro aliado... Mal sabia eu, naquele momento, que deixaríamos de ter qualquer contacto profissional ou social.

(…)

2. Carta anónima

Tal como uma determinada classe política, José Sócrates sempre cultivou uma atitude ambivalente em relação à comunicação social. Por um lado, alimenta relações de proximidade com alguns jornalistas; por outro, nunca perde uma oportunidade para os ‘diabolizar’.

(…)

Ao longo da minha carreira jornalística, tive a oportunidade de sentir, por diversas vezes, que alguns políticos, – e não todos –, olham os jornalistas como meras correias de transmissão dos seus grandes pensamentos e feitos. É o caso, indiscutivelmente, de José Sócrates. Com uma auto-estima ímpar e um ego do tamanho do universo, o político «mais promissor do Partido Socialista», como cheguei a classificá-lo, baba-se com as prosas favoráveis e enfurece-se com as notícias e as opiniões negativas. Qualquer jornalista pode comprovar que tem o hábito de desancar os autores de trabalhos jornalísticos que lhe são desfavoráveis, ao telefone ou ao vivo.

(…)

Sempre defendi relações institucionais e cordiais com o poder, mas sem os jornalistas se esquecerem de uma das suas mais importantes missões: escrutinar o poder. A minha opinião sobre alguns políticos é tão má como a de alguns deles em relação aos jornalistas. Um dia, em Nova Iorque, disse-o a José Sócrates. Durante essa estadia, pude começar a confirmar uma das suas obsessões mais acentuadas, que, aliás, ainda o continuam a distinguir: não se incomoda com o que pensam dele, em privado, apenas se enfurece com o que dizem dele, em público. É uma espécie de esquizofrenia política que sofreu, nos anos subsequentes, um agravamento acentuado, como ficou bem patente no “Caso Charrua”.

(…)

Os amuos da generalidade dos políticos com os jornalistas são comuns e frequentes. José Sócrates é diferente. Tem a fama de implacável e de vingativo – um político que não esquece!

Depois da nossa última conversa telefónica, a propósito da investigação da PJ sobre o caso da “Cova da Beira”, preparei-me, imediatamente, para uma qualquer diatribe da sua parte ou de um qualquer dos seus apaniguados. O que nunca imaginei, nem no maior dos pesadelos, foi passar por situações que vieram a acontecer posteriormente, que a serem coinci¬dências são absolutamente extraordinárias.

No dia 5 de Março de 1999, sexta-feira, fui avisado, telefonicamente, que tinha sido alvo de uma carta anónima. Fiquei estupefacto, mas levei a ‘coisa’ a brincar. Horas mais tarde, quando cheguei ao ‘Indy’, ao princípio da tarde, depois de mais um fecho de edição esgotante, fui confrontado com o teor da carta, com data de 4 de Fevereiro de 1999, ou seja, sete dias depois da data da minha última conversa com José Sócrates.

Uma tal Maria Ludovina Correia, que ‘assinara’ o remetente, com morada identificada, em Lisboa, entre outras calúnias, acusava-me de «cobrar 70 contos [350 euros] por cada ‘encomenda’ em “O Independente”. É seu actual e habitual cliente, entre outros..., o João Soares». Enfim, aleivosias...

De imediato, contactei a ‘autora’ da carta. Percebi, rapidamente, que alguém tinha usurpado o seu nome, pois tratava-se de uma septuagenária, analfabeta, que ficou muito aflita e surpreendida com o meu telefonema. Obviamente, compreendi o sentido mentiroso, vil e persecutório daquela carta anónima, mas nunca julguei que a pusilanimidade fosse ao ponto de incomodar uma senhora de idade. Ainda assim, no mesmo dia, perguntei a uma empresa referenciada na carta, por escrito, se alguma vez lhe tinha prestado ou cobrado algum serviço. Fiz igual pedido a João Soares, então presidente da Câmara de Lisboa. A empresa respondeu, também por escrito, cinco dias depois, em 10 de Março de 1999, negando totalmente a infâmia. Por sua vez, o autarca nunca se deu ao trabalho de o fazer, por escrito, o que combina com o perfil descuidado.

O que mais me espantou foi o envio da carta para um autêntico mailing de Estado: Alta Autoridade para a Comunicação Social, Ministério da Administração Interna, Presidência da República, Serviço de Informações e Segurança (SIS), Polícia de Segurança Pública (PSP), Polícia Judiciária (PJ), Sindicato dos Jornalistas, Redacções (“Capital”, “Correio da Manhã”, “Diário de Notícias”, “Expresso”, “Jornal de Notícias”, “Público”, “RTP”, “SIC”, “Tal e Qual”, “TVI” e “Visão”), Gabinetes de membros do Governo, Direcção do Partido Socialista (PS), Partido Social Democrata (PSD), Centro Democrático Social (CDS/PP) e Partido Comunista português (PCP). Uma lista que, seguramente, não está à mão de um qualquer cidadão.

(…)

Nem eu, nem Pedro Guerra, o autor que levara a cabo da investigação jornalística do “Caso da Cova da Beira”.

A notícia que assinámos não foi publicada no dia 29 de Janeiro de 1999, mas foi-o mais tarde. E, para não deixar margem para dúvidas, só depois de concluída e formalizada a averiguação preventiva número 50/97. É certo que a ‘cacha’ saiu estampada longe da capa, numa página interior, no dia 14 de Maio de 1999, cinco meses depois da primeira tentativa. Mas foi publicada. A melhor resposta que um jornalista pode dar a uma tentativa de intimidação é trabalhar, trabalhar sempre mais. Eis uma atitude que também não lhe agrada, pois entende-a como uma afronta pessoal e não como uma simples questão de trabalho e de dignidade profissional. Mais do que um «animal feroz», como se intitulou, reage como um animal acossado. Parece estar em permanente estado de alerta. Por vezes, a crispação é tal que até dá a ideia que está sempre à espera que um polícia lhe venha a bater à porta.

Hoje, ainda não sei quem inventou e enviou a carta anónima. Até posso desconfiar, mas não o posso provar. Assim, e para estabelecer um padrão de coincidências, limito-me a descrever duas que me levaram a ter suspeitas, puramente lógicas, em que o papel principal foi desempenhado por Maria Rui Fonseca, então minha amiga pessoal e assessora de José Sócrates.

A primeira coincidência ocorreu a seguir ao incidente telefónico com então ministro adjunto. Fui convidado para jantar no “Alcântara Café”. Considerei o gesto normal, tanto mais que os contactos com a assessora eram regulares. A conversa decorreu calma e agradavelmente, apesar do tema de fundo versar a própria notícia sobre a “Cova da Beira”, cuja publicação o ‘patrão’ tinha evitado no último minuto.

Em nome da nossa boa relação pessoal e institucional, limitei-me reafirmar que não tivera conhecimento antecipado da investigação, bem como não podia recusar contactar o visado, após ter tomado conhecimento da documentação sobre o processo em causa.

O que me espantou, e me colocou de sobreaviso, foi o facto da então assessora ter deixado cair uma frase enigmática: «Quando fores alvo de uma carta anónima é que vais sentir como elas doem». Fiquei atónito, mas desvalorizei o assunto, pois nunca me passou pela cabeça que tal suposição se viesse a revelar tão certeira.

(…)

Fiquei impressionado, mas não paralisado. Depois de saber que o gabinete do ministro também tinha sido ‘brindado’ com a carta – e como tinha, e ainda tenho, boas relações com o seu então chefe de gabinete, Rui Nobre Gonçalves –, dirigi-me a São Bento para a recuperar. Não me esqueço das palavras atabalhoadas quando o informei que a ia buscar. E fui. Ainda a tenho, hoje, sobretudo para me recordar que há gente capaz de tudo e que os jornalistas estão expostos a todo o género de pulhices. Tal e qual como os políticos. (…)”


(in Sábado, edição on-line, 22 de Setembro de 2009)

A Economia Mundial "Recupera..."

Segundo o "Economist", esta imagem resume páginas e páginas sobre a tão apregoada recuperação da crise mundial e sobre o ritmo da mesma:


terça-feira, 22 de setembro de 2009

Surpresa na eleição para director geral da UNESCO




O inesperado aconteceu

A Bulgara Irina Bokova foi hoje eleita directora geral da Unesco, derrotando o candidato previsível, o Egípcio Farouk Hosni.

Irina Bokova era a embaixadora do seu país em Paris, bem como junto da UNESCO.

Foi eleita ao quinto escrutínio, com 31 votos contra 27 para o ministro da cultura egípcio, sucedendo assim ao japonês Koichiro Matsuura.

A sua eleição tem de ser agora confirmada em Outubro, através de voto secreto, na Conferência Geral, em assembleia plenária dos 193 membros daquela organização.

Farouk Hosni era contestado por várias organizações judaicas e por intelectuais, devido, não só a controversas afirmações anti-semitas como ao facto de ser acusado de vários actos de censura no exercício do seu cargo ministerial.

Chegou mesmo a ameaçar mandar queimar todos os livros em hebreu que encontrasse nas bibliotecas do seu país.

Recorde-se que Manuel Maria Carrilho, representante português junto daquela organização, havia pedido para ser substituído, por se recusar acatar as ordens do governo português para apoiar Hosni na votação.

Irina Bokova vai ser a primeira mulher a dirigir a UNESCO, a organização internacional responsável pela realização de programas de educação junto de vários países, por assegurar a defesa do património mundial e assegurar a liberdade de expressão.

Com 57 anos, pertence ao Partido Socialista (ex-comunista) da Bulgária, sendo uma figura bastante popular no seu país. Fala fluentemente inglês, espanhol, francês e russo, sendo casada e mãe de dois filhos.

(a partir de uma notícia do Le Monde de 22 de Setembro de 2009)

O OUTONO E AS VINHAS (na região de Torres Vedras)





























... e o PS já "ganhou"!

Já aqui tínhamos referido que esta segunda parte da campanha ia ser dominada pelos “casos”, procurando o PS e o PSD explorar a seu favor todos esses “casos”.

A campanha até começou bem, com uma preocupação nunca vista em revelar e debater os programas eleitorais, com um esquema de debates políticos que permitia esclarecer as propostas de cada candidato, que obtiveram níveis raros de audiência.

Infelizmente, o desespero perante as primeiras sondagens, com um PS que não descolava do PSD e com um PSD que sentia dificuldade em aproximar-se do PS, levou o centrão a mover todas as suas influências, junto da comunicação social, recorrendo à única forma de política a que nos foram habituando nas últimas décadas, a baixa política.

Também já o disse que, quem conseguisse o “melhor caso” ganharia as eleições.

E "o melhor caso" foi o caso “Fernando Lima” ,cujo resultado favorece eleitoralmente o PS.

Tudo começou com uma atitude deontológica e eticamente repugnante do “Diário de Notícias”, ao usar um documento interno de outro jornal, o “Público”, obtido de modo obscuro, denunciando uma fonte anónima.

Depois só foi preciso esperar pela reconhecida inabilidade política de Cavaco Silva, o homem dos “tabus”, que diz uma coisa num dia, "não queria tomar uma posição durante a campanha eleitoral" e, um dia depois, deixa cair a bomba da demissão de Fernando Lima, a tal fonte denunciada pelo “DN”.

A imagem que passa é que a apregoada “asfixia democrática”, que foi o eixo motivador da campanha de Ferreira Leite, foi uma grande mentira, construída nos bastidores da política.

Ao apostar quase exclusivamente nesse dogma da “asfixia democrática”, deixando de lado muitos pontos fracos da governação socialista, da qual nunca se demarcou convincentemente, Ferreira Leite perde toda a credibilidade política que lhe restava

Com essa atitude, Cavaco Silva, dá um forte apoio ao PS, atitude que não é inédita ao longo do seu mandato (veja-se o que se passou na Educação), jogando talvez, a médio/longo prazo, na hipótese de um PSD renovado, com um líder mais capaz de enfrentar de forma decisiva e vitoriosa, daqui a dois anos, um PS entretanto enfraquecido, dirigido por um José Sócrates, cada vez mais acossado por escândalos e pela sua incapacidade de governara em minoria.

Entretanto, talvez conte receber como “contrapartida” o apoio do PS para a sua recandidatura.

Cavaco fez ao PSD aquilo de Jorge Sampaio fez a Ferro Rodrigues, numa atitude que abriu caminho a José Sócrates.

Mas, se não esclarecer convincentemente esta situação aos portugueses, Cavaco Silva pode comprometer o seu próprio futuro político.

O caso do dia, e quanto a mim decisivo para estas eleições, também jogou a favor de José Sócrates, ao evitar as repercussões do lançamento do livro, desde ontem vendido online ( www.rcpedicoes.com ), da autoria do jornalista Rui Costa Pinto (ex-O Independente e ex-Visão), intitulado "José Sócrates - o homem e o líder" que traça, citando o “DN”, “ o percurso de um político feito de "sucessos e derrotas. Um percurso "sempre marcado pelas cartas anónimas e suspeições de envolvimento em casos de corrupção, tráfico de influências e paraísos offshores, por ora nunca comprovados na justiça, nem cabalmente esclarecidos em termos de opinião pública". A biografia terá como "quadro de fundo", segundo o autor, "uma caracterização do ambiente de corrupção em Portugal".

.Com a democracia cada vez mais ferida, por enquanto ainda não de morte, esperam-se novos episódios desta telenovelas.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

BD - 30 Anos de Rei Minimus - 20 - 2ª série - 1985 - (ESPECIAL ELEIÇÕES)








Afinal em que é que Ficamos? (Mais um caso de manipulação jornalística).

Vejam estes dois títulos de dois jornais nacionais de referência e descubram a diferença:


(PÚBLICO : "Aproximação entre Bloco e PS ganha força na campanha")



(I: "PS Abre Guerra Contra o Bloco de Esquerda")

Os títulos anulam-se um ao outro.

É assim que se faz jornalismo em Portugal?

E já agora, acerca da presumível aliança pós-eleitoral entre o PS e o Bloco, que hoje tem feito correr muita tinta, parte tudo de um equívoco e de uma interpretação abusiva feita por jornalistas.

Eu ouvi, na televisão, a afirmação de Mário Soares.

Não foi por sua iniciativa que defendeu essa possível aliança pós-eleitoral.

O que aconteceu é que um jornalista perguntou a Mário Soares como é que ele via, no caso do PS vencer sem maioria absoluta, um possível entendimento pós-eleitoral com o BE, respondendo Mário Soares que "esse tipo de coisas vêem-se à posteriori e não antes".Perante a insistência dos jornalista, sobre esse possível entendimento afirmou que essa " possibilidade não agrada nem deixa de agradar (…), mas não me repugna nada".

Logo esta afirmação foi entendida como um quase certo entendimento pós-eleitoral entre o PS e o Bloco.

Se lhe tivessem feito a mesma pergunta, mas em relação à CDU, provavelmente Mário Soares respondia do mesmo modo.

E é assim que se criam casos, constroem títulos e se condicionam debates e votos.

Um Post Útil para tirar deputados ao PS e nos vermos livres da Maria de Lurdes, do Pedreira e do Valter Lemos

Com a devida vénia, transcrevemos o último post do blog PROFAVALIAÇÃO, útil para ajudar a vermo-nos livres do "socratismo":

"Este post é para os professores que não estão agarrados a partidos políticos e que sobrepõem o pragmatismo à questão da ideologia política. Não sei quantos professores podem beneficiar do trabalho do Primeiro Fax sobre "como votar útil e tirar deputados ao PS". Sei, no entanto, que são muitos. É para eles que reedito as conclusões do trabalho do Primeiro Fax:

"Para tirar deputados ao PS e ter a certeza de que se vai ver livre de José Sócrates, Valter Lemos, Jorge Pedreira e Maria de Lurdes Rodrigues, tenha em consideração o seguinte:


Aveiro - Voto que tira deputados ao PS: PSD e CDS


Beja - Voto que tira deputados ao PS: CDU


Braga - Voto que tira deputados ao PS: PSD, CDS, CDU e BE


Bragança - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Castelo Branco - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Coimbra - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Évora - Voto que tira deputados ao PS: CDU


Faro - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Guarda - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Leiria - Voto que tira deputados ao PS: PSD e CDS


Lisboa - Voto que tira deputados ao PS: PSD, CDU, BE e CDS


Portalegre - Voto que tira deputados ao PS: PSD (provavelmente)


Porto - Voto que tira deputados ao PS: CDU, BE, PSD e CDS


Santarém - Voto que tira deputados ao PS: CDU e PSD


Setúbal - Voto que tira deputados ao PS: BE, CDU, PSD e CDS


Viana do Castelo - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Vila Real: Voto que tira deputados ao PS: PSD


Viseu - Voto que tira deputados ao PS: PSD e CDS


Açores - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Madeira: Voto que tira deputados ao PS: PSD


Europa - Voto que tira deputados ao PS: PSD


Fora da Europa: Voto que tira deputados ao PS: PSD"