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terça-feira, 30 de setembro de 2014

"Umbrella Revolution" em Imagens

















Estamos Solidários com a "Revolução dos Guarda- Chuvas" (em Hong Kong)

Um dos grandes mistérios com que os historiadores e politólogos do futuro se vão confrontar, é o de perceber o fascínio que a China e o seu modelo politico-económico-social exerceu sobre grande parte dos decisores políticos e económico-financeiros do capitalismo ocidental e das elites da União Europeia no início do século XXI.

De facto, tem sido o fascínio por esse modelo a contribuir para destruir o tecido sócio-económico do Ocidente democrático, nomeadamente o Estado Social construído na Europa ao longo do século XX.

A desculpa é o de atrair o capital dos países “emergentes”, penetrar nos seus mercados e as necessidades de um mercado  “competitivo” num “mundo globalizado”, onde o modelo chinês é cada vez mais o dominante.

Grande parte do capital desses países emergentes tem origem mais que duvidosa ( desde o oriundo de obscuros negócios de máfias locais, da corrupção dos seus líderes políticos, do “dumping social” neles praticado, da inexistência de direitos socias e até dos democráticos).

Por seu lado, as grandes empresas ocidentais, cada vez menos eticamente escrupulosas, do ponto de vista social [essa preocupação, quando a houve, durou apenas enquanto existiu a “sombra” da União Soviética….], sentem-se atraídos por esses países emergentes, com a China à cabeça, onde não existem greves nem contestação, nem preocupações ambientais, onde o trabalho sem regras e a exploração de mão-de-obra infantil foge a qualquer controle, garantindo assim lucros fabulosos a essas empresas.

Mas, num mundo capitalista sem regras, onde os políticos são meros “facilitadores” dos negócios financeiros, um dos atractivos, nunca assumido, pelo modelo Chinês passas pelo facto de estarmos num país, que para além de oferecer uma mão-de-obra barata e sem direitos, um vasto território sem o “entrave” das regras ambientais do ocidente, oferece a possibilidade de todo o tipo de negócios sem o “empecilho” do controle democrático ou da liberdade de expressão.

A China é, sem dúvida, a “melhor” síntese entre o pior do capitalismo, com o pior do comunismo, “pior” na perspectiva dos cidadãos e dos trabalhadores, porque para a ganância do grande capital financeiro internacional e das corruptas elites dirigentes do gigante asiático este é o melhor de todos os mundos.

Por isso é da mais absurda hipocrisia toda a “indignação” manifestada pelas elites políticas ocidentais em relação àquilo que se passa em Hong Kong. Uma China democrática, onde houvesse liberdade de expressão, com direitos sociais e respeitadora das preocupações ambientais era o pior de todos os pesadelos para essa gente, pois deixavam de ter desculpa para continuar a retirar direitos aos trabalhadores dos seus países e a desvalorizar o trabalho para “responder” ao “dumping social” dos “países emergentes”.


Pelo nosso lado, estamos do lado das forças democráticas da China, pois a sua vitória ´só podia fortalecer a luta dos cidadãos da Europa pelo reforço dos seus direitos socias, políticos e económicos.

(Podem ler mais sobre a "revolução dos Guarda-Chuvas" AQUI e seguir os acontecimentos em Hong Kong , em directo, AQUI)

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O que vai fazer Costa se chegar a primeiro-ministro?

Estas são as promessas que António Costa fez ao longo da campanha, segundo dados recolhido pela Rádio Renascença.

Claro que ainda não é um programa eleitoral, mas aqui fica o registo para "mais tarde recordar".

Lembram-se das promessas pré-eleitorais de Sócrates e Passos Coelho?. 

Esperemos que esse não seja mais uma vez o destino destas promessas.

Como se costuma dizer, "gato escaldado de àgua fria tem medo" e, pela minha parte, só acredito depois de "ver"...

Vitória de António Costa nas primárias do PS – o início do fim do “austeritarismo” do “passos coelhismo” ou…”desculpem a interrupção”, o “socratismo” segue dentro de momentos !!!???


Uma das vantagens de António José Seguro em relação a António Costa consistia no seu afastamento coerente da  política “socrática”, à qual ele se tinha oposto de modo firme e continuado ao longo do consulado de José Socrates.

Mas foi aí que residiu também o seu “calcanhar de Aquiles”, pois, não só não se demarcou suficientemente do legado do pior governo do PS, deixando que o “polvo” socrático recuperasse o seu peso dentro do partido, como, ficando enredado na contradição entre fazer esquecer o  vergonhoso passado recente do último governo do PS e não hostilizar os barões do PS, acabou por ficar isolado.

António Costa, por seu lado, conseguiu reunir à sua volta toda a gente com ambições no carreirismo político, as várias facções do dito partido e o apoio descarado de toda a tralha socrática.

Ao mesmo tempo, António Costa não se comprometeu com nada, continua vago quanto ás suas intenções em relação às políticas “austeritárias” impostas pela União Europeia (isto é, por Durão Barroso e Merkel) que estão a arruinar o tecido social e económico do país, entregando-o à voragem dos especuladores financeiros, não explica como vai encarar o problema do deficit e da dívida, a recuperação do tecido social e dos direitos sociais, a salvação dos serviços públicos (educação, justiça, saúde…) ou o combate aos especuladores financeiros e às decisões da troika.

António Costa nunca se demarcou das políticas de Sócrates, e sobre elas teve sempre a opinião do “NIM”.

Com uma retórica demagógica brilhante, foi  visível a sua falta de projectos, a não ser o de chegar ao poder, nos debates que mantinha no programa  “Quadratura do Círculo”. Nesse programa a honra  de fazer, de forma coerente e continuada, oposição ao modelo austeritário Europeu, por cá iniciado por Sócrates e continuado, de forma mais irresponsável e gravosa por Passos Coelho, coube a Pacheco Pereira, militante do PSD. Era já óbvio, nesses debates, pela fuga à clareza de ideias, ao cuidado com que comentava os temas, sem se comprometer, qual era o objectivo de António Costa, objectivo esse que desde ontem inicia a sua caminhada triunfante até ao poder.

Na noite de ontem houve também um sinal pouco abonatórios da personalidade de António Costa que foi o de ter ignorado, sobranceiramente, qualquer referência ao adversário derrotado

Fica assim na dúvida se a vitória de António Costa representa o início do fim das políticas “austeritárias” ou se, pelo contrário, é a mera continuação por outros meios, dessa política.

Para já há um vencedor: O Grupo Bilderberg que, desde há longa data, aposta em António Costa para prosseguir em Portugal as políticas neoliberais, impostas a países como Portugal, aí defendidas pelos representantes do mundo financeiro ( a outra aposta é….Rui Rio!!!).

Aguardemos pelo desenrolar dos próximos episódios para percebermos se Costa vai ser um mero "facilitador" da rotatividade do centrão ou se, pelo contrário, vai "dizer" e "fazer" alguma coisa de "esquerda".

sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Hoje no Parlamento : O momento "Oliveira da Figueira" de Passos Coelho


O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje no debate quinzenal no parlamento que não recebeu qualquer valor da Tecnoforma enquanto foi deputado, até 1999, e que só colaborou com esta empresa após o ano de 2001.

“Passos Coelho acrescentou que fez parte de uma organização não-governamental (ONG), o Centro Português para a Cooperação, em conjunto com administradores da Tecnoforma, desenvolvendo atividades no seu entender compatíveis com as funções de deputado em exclusividade e admitiu que tenha, nesse âmbito, apresentado despesas de representação - não precisando entre que datas” (in I on-line).

Nunca me escapou, ao ouvir Passos Coelho, o estilo “pintarolas”, “chicoesperto” , “Oliveira de Figueira”, ou como lhe queiram chamar, como, com o ar mais sério deste mundo, tal virgem ofendida, se defende das críticas ou defende as ideias mais incríveis ou disparatadas.

Hoje Passos Coelho esmerou-se no Parlamento.

Começou por querer dar um ar de político desprendido dos bens terrenos, repetindo várias vezes que “apenas” aceitou um subsidio de reintegração a que tinha direito ( no “irrisório” valor de uns milhares de euros), recusando uma subvenção vitalícia.

Esqueceu-se o “pintarolas” que, quer pela idade, quer pelo tempo que tinha de “serviço” parlamentar, mesmo perante os escandalosos privilégios de que beneficiavam então os deputados, não podia NUNCA ter usufruído desse direito, ou se tivesse esse direito tinha de optar entre o subsidio de reintegração e a subvenção vitalícia, conforme bem lhe recordou Jerónimo de Sousa.

Também ficámos a saber que “apenas” recebeu uns dinheirinhos (nunca referiu o seu valor) como despesa de representação dos seus serviços numa  ONG (!!!!), chamada Centro Português para a Cooperação (CPC), não tendo recebido qualquer valor da Tecnofarma.

Pois!!! Só que organizações como a CPC são um expediente de chicos espertos (para usar os termos da líder do BE), como Passos Coelho, para serem remunerado eufemisticamente com “despesas de representação”, de forma indirecta pela Tecnofarma, que era quem controlava essa ONG. Ou seja, um estratagema para se receber desta empresa sem ser necessário declarar ao fisco nem incorrer na ilegalidade, uma prática muito comum à época nas relações pouco claras entre políticos e negócios.

Não deixa de ser estranho que Passos Coelho se recuse a levantar o sigilo bancário para se conhecer o valor dessas “despesas de representação”. Como disse António José Seguro, é necessário que se saiba o valor dessas despesas , a sua origem e o seu resultado nas actividades da CPC. Ou, como se costuma dizer, quem não deve não teme.

Estamos fartos do estilo "pintarolas" e  da "chico espertice" de  políticos como Passos “Oliveira da Figueira” Coelho, que enxameiam  a política portuguesa nos últimos anos, produto predilecto do "cavaquismo". Basta!!!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Miserabilismo e Salário Mínimo


No sistema capitalista em que vivemos, onde tudo se compra e se vende, onde tudo tem um valor e um preço, a liberdade de cada um mede-se,  em grande parte, pelo valor do rendimento próprio disponível.

Para se ter um mínimo de vida com dignidade, é preciso poder ter uma casa minimamente confortável, alimentação e vestuário adequados, acesso à educação, à saúde e aos transportes, capacidade económica para gerir os imponderáveis do dia a dia, criar os filhos...

Para além disso, em pleno século XXI, o direito à felicidade, ao descanso, ao usufruto de bens culturais, à informação, ao tempo livre para viajar, ler, ir ao cinema ou ao teatro, assistir a espectáculos ou realizar-se pessoalmente, faz parte do mínimo exigível à condição humana.

Por isso a discussão recente sobre a questão do salário mínimo roça, em muitos casos, a total falta de vergonha de alguns e o miserabilismo de outros.

Não deixaria de ser anedótico, se não fosse trágico, tanta discussão acerca da subida de um salário mínimo, como o português, já de si miserabilista, em ….20 euros mensais, para os …505 euros .

É bem revelador da falta de ética moral dos representantes do patronato português o terem feito finca pé durante tanto tempo acerca dessa subida e a chantagem que fizeram para subirem dos 500 euros, que defendiam, para os …505 (!!!!) euros defendidos pela UGT, só aceitando essa diferença de 5 euros (mensais) em troca da redução da TSU paga pelo patronato.
O que é incrível, no meio desta discussão toda, é que essa subida seja apresentada como uma grande vitória para os trabalhadores e para o governo!!!

Não é um aumento de 20 euros num vencimento que é auferido por cerca de 15% (!!!!!) dos trabalhadores portugueses que os vai livrar de viver miseravelmente, embora seja sempre melhor que nada.

De acordo com dados conhecidos sobre os níveis de pobreza em Portugal, cerca de 50% dos pobres portugueses são trabalhadores. Ou seja, em Portugal não basta ter trabalho para fugir a situações de miséria, situação tanto mais grave quando se compara com os salários mínimo de outros países do euro, o que torna ainda mais indesculpável a conivência da Comissão Europeia com a manutenção de salários baixos em Portugal em nome da contenção do deficit e da dívida.
Tenho por mim que em Portugal qualquer salário inferior a 700 euros é puro roubo e devia envergonhar quem o paga.

Passo a explicar a minha afirmação.

Na minha zona, e nos casos que conheço, uma empregada doméstica, que efectua um trabalho duro, mas pouco qualificado, ganha 6 euros à hora, o que equivale a um rendimento mensal de …1080 euros  mensais , fazendo as contas a um horário de 40 horas semanais (quando em muitos casos esse horário ainda é de 45 horas..), ou cerca de 180 horas por mês.

Dando de barato que é diferente receber um salário fixo  e certo no final do mês, da imprevisibilidade de trabalhar à hora, dou de barato uma diferença de cerca de 2 euros no cálculo do pagamento à hora no trabalho fixo.

Sendo assim, se a hora for paga no mínimo a 4 euros à hora, quanto a mim muito baixo, mas ainda num patamar mínimo de justiça social, mesmo assim esse salário seria de ….720 euros.

Portanto, para mim, qualquer salário abaixo do patamar dos 700 euros mensais é totalmente indigno, e ter andado a travar uma a subida do salário mínimo  para os 500 euros mensais, como o fizeram alguns representante do patronato e alguns comentadores e economistas, é totalmente abjecto…


(neste quadro, a única alteração é a "subida" do salário mínimo em Portugal foi dos 485 para...os 500 euros...e continuamos no fundo da tabela, com muitas "voltas" de atraso em relação aos piores casos..)



(Por este quadro, onde se calcula o salário mínimo em relação ao salário real, isto é, ao real poder de compra, é caso para dizer que só foi pago dignamente nos primeiros tempos após Abril...)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Fábula de Um Coelho que se transformou em Pinóquio

"A pergunta, de resposta simples – sim ou não – está feita: recebeu Pedro Passos Coelho algum vencimento pelo seu cargo de Presidente do Centro Português Para a Cooperação (CPPC), ligada à empresa Tecnoforma, entre 1997 e 1999? Por várias vezes, nos últimos dois anos, o primeiro-ministro recusou responder a esta pergunta" [ler a notícia aqui e AQUI e AQUI] (Público 24/9/2014).

Em 1997, 1998, 1999, Pedro Passos Coelho foi deputado em regime de exclusividade...ou não!!!

Ao longo desse anos Pedro Passos Coelho recebeu um salário da CPPC/Tecnofarma, uma empresa que está a ser investigada por fraudes com fundos eeuropeus, no valor mensal de cinco mil euros...ou não!!!

Pedro Passos Coelho diz que não se lembra se recebeu ou não esse valor...de facto é "dificil "recordarmo-nos que, durante três anos, recebemos ....cinco mil euros mensais, que então valiam muito mais do que hoje: - era apena o dobro do salário de um deputado!!!!!

O problema é que, se de facto ele foi pago nessas datas, violou a exclusividade que invocou para receber um subsidio de "reinserção" de....30 mil euros (+ 30 mil por outros tantos anos de "exclusividade"!!!!!).

Só o simples facto de receber esse subsidio , que então os deputados recebiam, é éticamente reprovável...apesar de ser então legal!!!!

Mais grave ainda é o facto de este ser o mesmo político que andou a dizer que os portugueses andaram a viver acima das suas possibilidades, que convidou os jovens a emigrar, que considerou o desemprego uma oportunidade , que acusou os funcionários públicos e os pensionistas de serem privilegiados e praticou o empobrecimento generalizado do país!!!!!

Mas, pior ainda, se se provar que recebeu aquele valor da Tecnofarma àquelas datas, o Primeiro Ministro não os declarou ao fisco e recebeu indevidamente 30 mil euros!!!!

Sr. Coelho, nós já estamoa habituados às suas mentiras e às suas falácias, mas esta vai ter de nos explicar tim-tim por tim-tim!!!!!

BêDêZine: um novo Blogue de Banda Desenhada..

BêDêZine: BêDêZine - Somos um novo Blogue de Banda Desenhada...: Oficialmente tem  hoje inicio a publicação de um novo blogue dedicado à Banda Desenhada e ao Cartoon e à Ilustração Humorística.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Depois do "Polvo" PS, é a vez do "Polvo PSD":


Depois de a revista Visão ter divulgado  "A face oculta do PSD" , uma reportagem que tem como figura central Luis Filipe Menezes,  o Público de hoje, revela mais pormenores sobre essa situação.

Também ontem a revista Sábado revelou mais pormenores sobre outro escândalo, que já vem de longa data, que envolve Passos Coelho, o caso Tecnaforma , situação que é também hoje anunciada no jornal Público, que já se tinha referido ao caso há alguns meses atrás:


Depois dos casos que envolveram elementos do PS, como o processo Face Oculta ou o caso Maria de Lurdes Rodrigues, é a vez de vir agora ao de cima o "polvo do PSD".

É caso para dizer que o centrão está cada vez mais doente...só esperamo que estes casos sejam rápidamente esclarecidos para que, por tabela, não seja  a democracia a ser arrastada para a lama da corrupção política..


Está a decorrer, em Braga, a edição de 2014 dos Encontros da Imagem

Iniciou-se ontem mais uma edição dos   Encontros da imagem, a decorrer na cidade de Braga.

O programa desse evento pode ser consultado no site oficila :  Encontros da Imagem 2014

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Referendo na Escócia - uma vitória da democracia e uma derrota das actuais elites políticas europeias


Tem hoje lugar o referendo escocês que decide da independência ou não daquele país da Grã Bretanha.

Não deixa de ser curiosa a posição dos burocratas europeus, ameaçando a Escócia e os escoceses, caso optem pela independência.

A Comissão Europeia e a sua burocracia, fiéis serventuários do poder financeiro, sempre tiveram pavor pelas decisões democráticas dos seus cidadãos, cedendo apenas na eleição de um inócuo Parlamento Europeu, com poderes reduzidos.

Não deixa também de ser curiosa essa posição de pura chantagem contra os eleitores escoceses, se tivermos em conta a forma como a União Europeia apoiou que se retalhassem as fronteiras do leste do continente, ou a sua posição sobre a desintegração da Jugoslávia e a divisão, no seu próprio seio, da Checoslováquia.

Dois pesos e duas medidas que só revelam a desorientação dos políticos que nos governam, esquecidos que estão de um dos pilares da construção europeia, o da Europa das regiões, abandonada à voragem da especulação financeira e dos programas de "ajustamento".

Seja qual for o resultado, a União Europeia é já a grande derrotada deste referendo.

Não deixa igualmente de ser curioso e até divertido observar a argumentação dos conservadores britânico de Cameron contra os independentistas escoceses, quando muitos dos argumentos destes contra o domínio central britânico não diferem muito dos argumentos que o próprio Cameron usa demagogicamente contra a integração Europeia.

Também aqui, seja qual for o resultado, Cameron é já o grande derrotado, mas, mais do que ele, sai derrotada a herança politica thatcheriana, que contribuiu para acentuar o sentimento independentista escocês, já que a grande crise social em que a Grã-Bretanha mergulhou desde então, seguida pela demagogia "trabalhista" de Tony Blair, se fez sentir em larga escala na Escócia, a única região britânica que até hoje se mantém politica e coerentemente na oposição às políticas neoliberais implementadas desde então.

Seja qual for o resultado, é a democracia e a cidadania que saem reforçadas sobre a demagogia anti-democrática das actuais elites políticas europeias.

Para saber mais sobre o referendo escocês e sobre os seus efeitos, podem consultar o dossier do Público ,clicando no respectivo título.

O Expresso, por seu lado, inclui uma resenha das primeiras páginas dos jornais britânicos de hoje, onde se reflecte o dia histórico de hoje, que pode ser vista AQUI.

Podem também seguir, minuto a minuto, o que se passa na Escócia, ao longo deste dia do referendo, no The Guardian ou no Libération, clicando no título.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

"Reformar" a Democracia...ou quando os coveiros da dita se vestem de virgens imaculadas...


Sem partidos não há democracia.

Sem política não há cidadania.

Estas são duas verdades indesmentíveis.

O problema reside na forma não democrática como funcionam os partidos e no modo como a política se profissionalizou, afastando-se da cidadania.

Muitos daqueles que fizeram da política profissão e/ou que devem à política os  cargos, os rendimentos e a visibilidade que ocupam, cientes da velha máxima de  Abraham Lincoln segundo a qual podem “enganar toda a gente durante um certo tempo”, podem mesmo enganar “algumas pessoas todo o tempo”, não podem “enganar sempre toda a gente”, e apercebendo-se de que chegou o momento em que os cidadãos atingiram o seu limiar de tolerância par com as suas aldrabices, começam agora a movimentar-se no sentido de “reformar o sistema político”, tentando alijar as responsabilidades próprias na construção do sistema .

É assim que surgem propostas avulsas, aparentemente justas, para “reformar” os partidos e o sistema eleitoral e político, como a redução do número de deputados ou a criação dos círculos uninominais.

Contudo, a redução de deputados não altera nada, apenas reforça maiorias fictícias, beneficiando os grande aparelhos partidários e retirando a diversidade de opiniões representada pela presença de pequenos partidos.

O problema no parlamento passa por muita coisa, mas em especial, por duas situações: a falta de liberdade de voto dos deputados, sujeitos à disciplina partidária, e o facto de uma esmagadora maioria dos deputados estar no parlamento a representar lobbies financeiros, empresariais ou gabinetes de advogados, mantendo actividade extra parlamentar e beneficiando de um conjunto de privilégios muito para lá do razoável.

Sem se alterar essas situações, até podem reduzir para metade o número de deputados que os problemas de corrupção ética e oportunismo carreirista de uma grande parte dos deputados, não só se manterá, como se agravará, sem os pequenos partidos do “contra poder” presentes para fiscalizarem os excessos.

Quanto à outra proposta, a dos círculos uninominais, já aqui referimos ontem o que pensamos dessa proposta: apenas servirá para reforçar o caciquismo local e personalizar o vedetismo de "notáveis" fabricados pela visibilidade na comunicação social, vendidos como sabonetes.

Pelo contrário, os dois  aspectos cruciais para reforçar a democracia e aproximá-la dos cidadãos terão de passar, em primeiro lugar, pelo debate de ideias e projectos que os candidatos e os partidos devem apresentar aos cidadãos, sendo penalizados pelo incumprimento dos mesmos e, em segundo, pelo reforço da ética sobre a disciplina partidária.

Para além disso a política deve ser cada vez menos uma profissão e a garantia de uma carreira e cada vez mais um acto de cidadania. Para isso é necessário retira privilégios àqueles que exercem cargos políticos, seguindo alguns dos modelos existentes nos países nórdicos.

Um deputado deve ser um representante dos cidadãos, deve cumprir o programa e as ideias com que foi eleito e deve abandonar regularmente as funções políticas, regressando ao estatuto sócio-profissional que mantinha antes de exercer aquele cargo, tão rapidamente quanto possível, dando lugar a outros cidadãos, num sistema de rotatividade e inovação permanente.

Quanto aos partidos, estes não podem ter um discurso “anti-autoritário” e “liberal” para fora e funcionar como um micro sistema totalitário na sua organização e na escolha dos seus líderes.

Sem discutir estas situações, as “ideias” que andam aí a ser divulgadas por “notáveis” e profissionais da política não passam de meros discursos de circunstância, numa busca incessante para se manterem à tona  e disponíveis para cargos políticos no futuro, na esperança de não serem esquecidos no “novo” ciclo político que se avizinha, esperando, pelo contrário, que ninguém se lembre de indagar sobre a responsabilidade e os benefícios que a maioria deles teve no passado recente graças ao descalabro político-partidário que agora criticam e pretendem “reformar”.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

COMO SE A CRISE NÃO TIVESSE ROSTOS !!!! : Manifesto junta críticos do sistema político


A “crise” não tem rostos?

É fácil, hoje em dia, apontar, com alguma demagogia à mistura, as razões principais da crise:  o “despesismo” do Estado (ou daqueles grupos e interesses que controlam o Estado?), a corrupção dos políticos (ou a misturada entre alguns políticos e as negociatas com escritórios de advogados e o mundo da alta finança?), os “corporativismos” do funcionalismo público (ou os privilégios escandalosos de alguns que circulam entre o público e o privado, beneficiando das sua posições governamentais e dos seus altos cargos na administração pública, quase sempre sem concurso, por colocação político-partidária ?), as “altas” pensões pagas em Portugal (ou os pensionistas de luxo, como alguns ex-banqueiros e ex-políticos, nomeadamente os antigos administradores do Banco de Portugal?).

É fácil também recuperar Ramalho Ortigão ou Eça de Queirós para apimentar essas críticas e acusar os suspeitos do costumes: o rotativismo partidário, a Constituição e a própria lei eleitoral (Salazar “resolveu” os três problemas…).

Podemos concordar e subscrever por baixo algumas dessas críticas mas, nem sempre as soluções.

Uma das apontadas por essa gente é a da criação dos círculos uninominais. Conhecendo a situação política actual tal solução só iria incentivar e acentuar o caciquismo reinante em termos regionais (a situação na Região Autónoma da Madeira e em muitas câmaras aí estão para mostrar a falácia da personalização da política). Não me parece que a solução seja encher o Parlamento de "Isaltinos" Morais e "Joãos" Jardins.

Mas o mais incrível dessas posições, assumidas muitas vezes em “manifestos de notáveis”, como o recém lançado "manifesto dos 31" , é a candura como alguns dos subscritores se apresentam a defender uma “democracia de qualidade”, como se todos eles fossem virgens, sem passado na política recente ou sem responsabilidades no actual estado de coisas.

Aliás, cada vez mais, perante a falência do actual sistema partidário e de economia de casino se procura atribuir responsabilidades ao “sistema” e ao “regime”, branqueando as responsabilidades próprias e  históricas no actual estado de coisas.

É mais fácil acusar os “privilégios” de grupos socias e profissionais inteiros, ou a lei e a Constituição, do que assumir a incompetência dos próprios quando exerceram cargos com responsabilidade política. Muitos deles são o exemplo principal dos verdadeiros privilegiados deste sistema, beneficiando social, profissional e financeiramente da cativação de informação privilegiada, das ligações escandalosas e pouco éticas entre a política e os negócios e da excepcionalidade de chorudas pensões por cargos exercidos na política, na administração pública e/ou no Banco de Portugal.

O problema em Portugal não é o das leis e o da Constituição, mas a forma como essa gente a consegue contornar e aparecer com toda a candura a marcar a agenda mediática, apresentando como novo velhas receitas ou limpando as mãos das responsabilidades  que têm, como actores e/ou como beneficiários da actual cultura política e financeira que nos levou a esta situação de empobrecimento, de perda de direitos, de degradação do valor do trabalho e de descrença na democracia.

É caso para perguntar, quando vemos um manifesto criticando a situação, assinado por antigos ministros, antigos administradores do Banco de Portugal, antigos líderes políticos, beneficiários de cargos adquiridos por via de funções políticas, todos no passado recente defensores da austeridade e das suas consequências (cortes salariais e nas pensões, cortes nos direitos socias, empobrecimento generalizado da população trabalhadora …)se a crise não tem rostos e foi provocada por uma qualquer entidade divina e abstracta.

Tal como para subscrever um documento é bom ter em conta as letras pequenas, quando se lê um manifesto como o dos “31” é cada vez mais importante olhar com atenção para o  nome dos subscritores.

É que, apontar os sintomas e as soluções da crise é fácil. O difícil é separar os que sinceramente acreditam no que dizem daqueles, carreiritas e oportunistas de todas as áreas e espécies, que  procuram manter-se sempre na crista da onda e esgueirar-se das responsabilidades próprias na situação que criticam ou procuram apresentar-se como trazendo a solução para um problema pelo qual eles são dos primeiros responsáveis.


Manifesto junta críticos do sistema político - PÚBLICO(clicar para ler)

A JUSTIÇA AFINAL FUNCIONA : Contratar irmão de Paulo Pedroso custou a Lurdes Rodrigues 30 mil euros e pena suspensa

Alguns casos recentes, como a condenação dos arguidos do processo “Face Oculta” ou, agora, a condenação da antiga ministra da educação Maria de Lurdes Rodrigues, por violar, enquanto exerceu o cargo , os “princípios da livre concorrência, legalidade, transparência e boa gestão dos dinheiros públicos” no caso do contrato de João Pedroso para elaborar um trabalho, que podia ser executado por qualquer funcionário do ministério, mas pago a peso de ouro, apesar de nunca ter sido concluído, dão-nos alguma esperança em relação ao funcionamento da justiça em Portugal.

A reacção da antiga ministra à pena suspensa que lhe foi aplicada revela todo o desespero da arguida e a sua falta de postura de Estado, talvez porque estivesse habituada a uma postura arrogante e prepotente que assumiu enquanto ministra da educação.

Assim como outros diabolizam o tribunal Constitucional por incompetências próprias, a antiga ministra lança graves acusações ao funcionamento da justiça, esquecendo-se que tudo aquilo por que foi acusada se provou em tribunal.


Apenas um senão: não deixa de ser curioso que, quando o PS está no poder a justiça leva a condenação os crimes que envolvem gente do PSD (BPN, Isaltino Morais…) e quando é o PSD a estar no poder vemos condenados agentes políticos do PS….

Contratar irmão de Paulo Pedroso custou a Lurdes Rodrigues 30 mil euros e pena suspensa - PÚBLICO(clicar para ler artigo)

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Nos 35 anos do Serviço Nacional de Saúde - uma entrevista do jornal Público com António Arnaut:

Recordando o 35º aniversário da criação do Serviço Nacional de Saúde, o jornal Público entrevistou AQUI António Arnaut, o rosto daquela que foi a reforma mais bem conseguida da democracia portuguesa.

Infelizmente esta tem sido alvo, nos últimos anos, de tentativas para a destruir ou para a privatizar.

Nem tudo tem sido perfeito, mas o problema não é da sua implementação mas das várias tentativas de a desvirtuar para justificar a privatização da saúde.

Mesmo assim a saúde pública portuguesa continua a apresentar indicadores que colocam Portugal, nessa matéria, entre os melhores sistemas de saúde.

Faltou à democracia portuguesa políticos como António Arnaut, com convicção, acreditando nos seus projectos, integros e combativos, capazes de levar avante as reformas necessárias para desenvolver socialmente o país.

É pena que, na educação e na justiça, nunca tivesse surgido um homem como Antóni Arnaut.

Em baixo, apresentamos uma pequena selecção de cartoons que retratam, não só o muito que ainda está por fazer nesse sector, mas também os perigos e o resultado em que se pode transformar o SNS, caso as actuais políticas neoliberais da União Europeia e deste governo consigam vingar: 










quinta-feira, 11 de setembro de 2014

"Os portugueses que morreram no 11 de Setembro" (Jornal Sol):


Uma interessante referência a uma história pouco conhecida, a dos portugueses que morreram no 11 de Setembro de 2001, artigo publicado no jornal Sol e transcrito por Paula Cabeçadas, no blogue Suite de Idéias:

RECORDANDO UM DIA TRÁGICO - Duas datas, dois lugares, dois atentados terroristas: - Santiago 1973; Nova Iorque 2001:



Costa versus Seguro, ou o PS na "era do vazio"...

Os debates até agora realizados entre os dois “candidatos a primeiro-ministro” do PS têm sido muitos “esclarecedores”, exactamente porque.... não esclarecem nada.!!!

Sobre aquilo que ambos irão fazer de diferente em relação ao actual governo, ficamos a saber o mesmo…: um escuda-se no ataque pessoal e na defesa da honra perdida (Seguro); outro em frases vagas e vazias (como a defesa do “empreendedorismo jovem” e outras “ideias” que querem dizer coisa nenhuma, mas estão na moda…) e numa distante (quase arrogante) postura de estado, de quem acredita  que vai ser o próximo primeiro-ministro de Portugal (Costa).

Seguro tem a seu favor apenas o facto de ser o que melhor se demarca da trágica herança socrática.

Costa “promete” continuar a política de Sócrates, mas "melhorada", uma espécie de “polícia bom” dessa triste herança política do PS.

No essencial o PS continua igual a si mesmo…a versão portuguesa da irrelevância ideológica, política e social, rendida ao neoliberalismo da moda, da “social-democracia” europeia.

No dia em que se comemora mais um aniversário da morte de Salvador Allende, um dos últimos verdadeiros socialistas, talvez fosse bom que os candidatos à liderança do PS…dissessem qualquer coisa de socialista…

Costa ou Seguro ? ...prefiro estes "marretas":

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Portugal, o tal país que "está melhor", foi o país que mais desinvestiu na Educação

A triste notícia vem hoje publicada no Jornal de Negócios : Portugal é o país da União Europeia que mais desinvestiu na Educação.

A notícia sai no mesmo dia em que se sabe que 17% dos jovens com idades compreendidas entre os 15 e os 29 anos, não estudam, nem trabalham, o país da OCDE a apresentar o pior resultado neste domínio.

Se acrescentarmos a tudo isto,  a permanente humilhação dos professores ( redução salarial  de mais 16%, precaridade profissional, provas de acesso disparatadas...), o grande aumento de desemprego entre os professores, a campanha negra contra a escola pública, o encerramento de escolas,  a emigração em massa de jovens qualificados (qualificação paga pelos portugueses...) , percebemos qual é o tal país que "está melhor" idealizado por esta gente inqualificável que nos tem governado na última década, não só por cá, mas também na União Europeia!!!