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quarta-feira, 17 de abril de 2024

O 25 de Abril na Primeira Página


 Em 1974 não existia internet, nem telemóveis e a televisão, no caso de Portugal, emitia apenas um pequeno período durante o almoço, seguindo-se a emissão da telescola, regressando à emissão por volta das 19 horas, até à meia-noite.

A maior parte da informação diária era acompanhada na rádio e os jornais e revistas tinham o papel fundamental na informação.

Some-se a tudo isto acensura férrea exercida sobre esse orgão de informação, para além de um número de analfabetismo elevado, sem falara na ilieracia generalizada.

Por isso um dos primeiros sinais das mudanças introduziodas pelo 25 de Abril foi através da reacção eufórica do aparecimento, logo nesse dia, de uma imprensa livre, tendo sido a rádio o priencipal veículo informativo do dia e o primeiro meio a ser libertado pelos acontecimentos.

Apesar da censura, graças à inexistência da internet e de uma televisão ainda rudimentar, publicavam-se vários títulos de jornais e revistas, diários, semanais e regionais.

Os diários publicavam-se por períodos diferentes, uns de manhã, outros à tarde e, quando se justificava, editavam várias edições durante o dia, que foi o que aconteceu nesse dia 25 de Abril.

No continente publicavam-se durante a manhã os jornais "Época", "Novidades", "O Século", "Diário de Notícias", o "Jornal do Comércio", todos em Lisboa, muito próximos do regime, principalmente os dois primeiros títulos, e fora de Lisboa, "O Comércio do Porto", o "Jornal de Notícias" e o "Primeiro de Janeiro", do Porto, este último mais independente.

Durante a tarde, num formato mais pequeno, editavam-se os jornais menos afectos ao regime, como o "Diário Popular", "A Capital", o "Diário de Lisboa" e a "Républica", todos de Lisboa, sendo os três últimos considerado jornais da oposição e, por isso, dos que mais sofreram com a censura.Aliás, o título desse jornais da tarde, próximos da oposição, prestava-se a um pregão provocador dos ardinas, ao anunciarem a venda deses jornais: "Olha ó Lisboa Capital República Popular!",

Semanalmente publica-se o então jovem "Expresso" ou o "Sempre Fixe", ligado ao "Diário de Lisboa, ambos oposicionista, os desportivo "A Bola" e "Record", trisemanários. 

Na província publicavam-se outros jornais com algum prestígio, diários o "Correio do Minho", em Braga, o "Diário de Coimbra", o "Diário do Alentejo", em Beja,  "O Setubalense" e nas ilhas o "Correio dos Açores", ou  o "Gazeta das Caldas", bisemanário das Caldas da Rainha, ou os semanários o "Notícias da Amadora", o "Jornal do Fundão", o "Mensageiro de Bragança", "A Rabeca", de Portalegre, o "Correio de Abrantes", o "Badaladas" de Torres Vedras,  ou, nas ilhas, o "Comércio do Funchal" e o "Diário da Madeira". 

Publicavam-se ainda várias revistas semanais, com destaque para a "Vida Mundil", o "Século Ilustrado" ,  "Flama", "Seara Nova" e "O Tempo e o Modo" .

Recorde-se que, há época, também se publicavam clandestinamente jornais da oposição, como o "Avante", do PCP, o "Fronteira", da Luar, o "Portugal Socilista", do PS, ou o "Luta Popular" do MRPP, entre muitos outros.

Facto curioso foi o destaque dado na primeira página da edição do jornal oposicionista "República" ao fim da censura, preenchendo a parte de baixo da primeira página da primeira edição saida em liberdade a frase: ESTE JORNAL NÃO FOI VISADO POR QUALQUER COMISSÃO DE CENSURA.

Igualmente curiosa foi a a 2º edição do Diário de Notícias desse dia, o primeiro a anunciar o golpe militar do 25 de Abril, informação que preenche toda a primeira página, mas que apenas volta ao assunto numa página interior, O restante noticiário ainda se refere à situação anterior, anunciando vários actos realizados ou a realizar por ministros,  secretários de estado e outros responsáveis pelo regime deposto, como se ainda hesitasse, amedo,  no caminho a seguir. Mais evidente nesse jornal, esta duplicidade inicial também pode ser observada noutros jornais publicados nesse dia.

A título de Curiosidade, aqui deixamos a reprodução de alguns dos jornais acima citado, publicados na ocasião.





































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