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quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Há razões para acreditar num mundo melhor.



O que mais precisamos é de esperança no futuro.
E ela vem de onde menos se espera, neste fabuloso filme publicitário da Coca Cola.

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Marionetas Contra o Ditador Sírio:



Uma forma de combater um regime sanguinário como o da Síria, onde vigora uma feroz censura, pode ser através do humor, neste caso através de uma série que está a ser um êxito entre os meios da oposição ao ditador.
Chama-se essa série Tuup Gun e apresentamos aqui um dos seus últimos episódios.

Prémio de Fotografia National Geographic 2011

A fotografia de uma libélula à chuva ganhou o prémio deste ano da National Geographic.
Vejam em baixo a fotogaleria das obras premiadas:
National Geographic 2011 (clicar para ler).

A Notícia do Dia: - Rede Novas Oportunidades vai ser "reduzida" (!!!)

Muita tem sido a demagogia e ignorância debitada sobre o projecto Novas Oportunidades.
Em Portugal, mais uma vez, o poder político vai atrás dos "fazedores" de  "opinião pública" e toma a iniciativa de deitar fora a àgua do banho juntamente como o menino...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

O RESPIGO DA SEMANA - Baptista Bastos: A Mentira e o Desprezo.

A Mentira e o desprezo
por Baptista Bastos
in Diário de Notícias, 21 de Dezembro de 2011
“Parece que há excesso de portugueses em Portugal. Para remediar tão desgraçada contrariedade, o Governo decidiu minguar-nos tomando decisões definitivas. Há semanas, um secretário de Estado estimulou a emigração de estudantes. Há dias, o primeiro-ministro alvitrou que os professores desempregados ou com dificuldade em empregar-se deviam encaminhar-se para os países lusófonos, nos quais encontrariam a felicidade que lhes era negada na pátria. O dr. Telmo Correia, sempre inteligente e talentoso, elogiou, na SIC-Notícias, a sabedoria cristã de tão arguta ideia.
“Acontece um porém: e os velhos? Que fazer dos velhos que enchem os jardins e a paciência de quem governa? Os velhos não servem para nada, nem sequer para mandar embora, não produzem a não ser chatices, e apenas valem para compor o poema do O'Neill, e só no poema do O'Neill eles saltam para o colo das pessoas. Os velhos arrastam-se pelas ruas, melancólicos, incómodos e inúteis, sentam--se a apanhar o sol; que fazer deles?
“Talvez não fosse má ideia o Governo, este Governo embaraçado com a existência de tantos portugueses, e estorvado com a persistência dos velhos em continuar vivos, resolver oferecer-lhes uns comprimidos infalíveis, exactos e letais. Nada que a História não tivesse já feito. Os celtas atiravam os velhos dos penhascos e seguiam em frente, sem remorsos nem pesares. Mas há outro problema. A fome. A fome que alastra como endemia, toca a quase todos, abate-se nos velhos e, agora, nos miúdos. Os miúdos das escolas chegam às aulas com as barrigas vazias: pais desempregados, famílias desgarradas, "a infância, ah!, a infância é um lugar de sofrimento, o mais secreto sítio para a solidão", disse-o Ruy Belo; e as escolas já não têm o que lhes dar. As cantinas reabrem, mesmo durante as férias, e sempre se arranja uma carcaça, um leite morno, nada mais, oferecidos por quem dá o pouco que não tem.
“Vêm aí mais fome, mais miséria, mais desespero, mais assaltos, mais violência, mais velhos desamparados, mais miúdos espantados com tudo o que lhes acontece e não devia acontecer. Mais desemprego, num movimento cumulativo, mecânico a automático, como nos querem fazer crer. Diz o Governo. Como se esta realidade fosse natural; como se a semântica moderna da sociedade explicasse a amoralidade da eliminação da justiça e a inevitabilidade do que sucede.
“Para que serve este Governo?, a quem favorece, a quem brinda, a quem satisfaz? Podem, em consciência, os seus panegiristas passar ao lado das infâmias a que assistimos, e continuar omissos ou desbragadamente cortesãos? Podem. É ao que temos vindo a assistir. O Governo administra o ódio e o desprezo com a indiferença gélida de quem não é por nós. Diz-se que o anterior Executivo vivia da e na mentira. Este subsiste de quê?”.

O SOM DO DIA - 58 -U2 - It's Christmas (Baby please come home) (1987)

O SOM DO DIA -57 -The Pogues & Kirsty McColl Fairytale Of New York

FILMES DUMA VIDA - 122 - Feliz Natal Mr. Lawrence

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Fazendo humor à custa das tiradas de Passos Coelho...





O tema musical do filme "José e Pilar", da autoria de Camané, foi pré-seleccionado para os Óscares.



Portugal continua a receber boas notícias da àrea da Cultura.
Desta vez é o anúncio da pré-seleçcão do tema oficial do filme "José e Pilar", "Já não estar", da autoria de Camané, para o Óscar.
A Notícia detalhada pode ser lida em  baixo:
“Fado de Camané pré-selecionado para os Óscares

Ana Sanlez, RTP, 20 dezembro '11
 
“O fado “Já não estar”, interpretado por Camané, é uma das 39 canções pré-selecionadas pela Academia norte-americana de Artes e Ciências Cinematográficas para o Óscar de Melhor Canção Original. O tema faz parte da banda sonora do documentário “José e Pilar”, realizado por Miguel Gonçalves Mendes, que foi a película escolhida para representar o cinema português nos prémios da Academia.

“Com letra de Manuela de Freitas e música de José Mário Branco, o tema interpretado pelo fadista Camané integra o documentário "José e Pilar", que retrata dois anos da vida no Nobel português ao lado da jornalista espanhola Pilar del Río.

“Além do fado de Camané, a banda sonora de "José e Pilar" integra temas compostos por David Santos, conhecido no mundo artístico como noiserv, Pedro Gonçalves, Luís Cília, Adriana Calcanhoto, Paco Ibañez, Pedro Granato e Bruno Palazzo.

“Finalistas anunciados a 24 de janeiro
“Para determinar as cinco canções finalistas, os membros do júri irão visualizar, no dia 5 de janeiro, os excertos das películas que contenham o tema pré-selecionado, após a qual se seguirá o processo de votação. Para garantir a presença na lista final, os temas têm de uma pontuação mínima de 8,25 pontos, sendo que o número máximo de nomeações na categoria de Melhor Canção Original é de cinco.

“Os filmes com mais temas a concurso são "Os Marretas", com três canções nomeadas, o filme de animação "Rio", igualmente com três temas, e a coprodução indiano-árabe Dam 999, que também conquistou três pré-nomeações. Segundo as regras da Academia, um filme pode ter no máximo duas canções nomeadas.

“Os finalistas de cada categoria serão anunciados a 24 de janeiro e a 84ª cerimónia de entrega dos prémios da Academia terá lugar no dia 26 de fevereiro no Kodak Theater, em Los Angeles.

“O documentário português faz ainda parte da lista de 265 longas-metragens aceites pelo júri como possíveis nomeadas para o Óscar de "Melhor Filme", por cumprir requisitos essenciais como ter estreado em cinemas comerciais nos Estados Unidos e ter figurado durante pelo menos sete dias consecutivos em cartaz.

“Conquistas internacionais

“Poucas semanas depois de ter sido elevado a Património Imaterial da Humanidade pela UNESCO, a canção portuguesa recebe outra importante distinção internacional.

"José e Pilar" esteve durante quatro meses em cartaz em Portugal, tendo levado cerca de 22 mil espetadores às salas de cinema, aos quais se acrescentam mais de 40 mil no Brasil.

“A película de Miguel Gonçalves Mendes já conquistou o Prémio do Público na Mostra de São Paulo e o Prémio do Público na Mostra Visões Sul. Recebeu ainda nomeações para Melhor Filme pelos prémios de autor da Sociedade Portuguesa de Autores e de Melhor Filme Documental pela Academia Brasileira de Cinema”.

NÃO AO PARQUE EÓLICO NA SERRA DE MONTEJUNTO!

 Vamos travar mais um crime ambiental em Portugal? Ainda estamos a tempo:
NÃO AO PARQUE EÓLICO NA SERRA DE MONTEJUNTO! (clicar para aceder à petição).

FILMES DUMA VIDA - 121 - Elizabeth (1998)

O SOM DO DIA - 55 - Cesaria Evora Feat Salif Keita

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

MEU "QUERIDO" DITADOR: A Morte de Kim Jong Il , a histeria colectiva e a nota do PCP



As imagens de chegam da Coreia do Norte mostram o clima de plena histeria colectiva que se vive naquele país por causa da “morte súbita” do “grande timoneiro”, “farol da humanidade”, Kim Iong-Il.

Imagens como estas são muito comuns em sistemas totalitários onde a participação em grandes encenações de massas pode ajudar a conquistar um lugar, ou simplesmente, garantir a sobrevivência.

Muitos daqueles que choram hoje, de forma histérica, pela morte do líder norte-coreano serão os primeiros a festejar na rua a queda do regime, no dia realmente feliz, para o sacrificado povo norte-coreano, em que se der esse acontecimento.

Estas cenas fazem-me recordar a verdadeira histeria que se viveu ao longo da via-férrea por onde seguia o comboio que, em 1970, transportou o corpo do ditador Salazar para ser sepultado na sua terra natal, Santa Comba Dão. Quatro anos depois era ver muitos daqueles que exibiam o seu semblante fechado e o rosto cheio de lágrimas a gritarem na rua pelo MFA , alguns assumindo até posições ainda mais radicais e “revolucionárias” do que os próprios homens que fizeram o 25 de Abril ou do que a dos muitos que sacrificaram a vida na luta contra a ditadura.

Não deixa de ser patético que um Partido, como o PCP, com uma história de luta e sacrifício contra a ditadura, venha hoje manifestar tanto pesar pela morte daquele ditador.

O regime Norte-Coreano representa a negação de tudo aquilo que o PCP diz defender para Portugal e da sua própria história, como o contributo que deu para derrubar a ditadura salazarista e o papel que tem desempenhado em defesa dos direitos sociais.

Kim Iong-il não era diferente, nos seus tiques autoritários e no culto da personalidade, do ditador português, partilhando a mesma responsabilidade por lançarem na miséria, por várias décadas, os seus próprios povos.

Com que cara é que os deputados e dirigentes do PCP vão poder combater o programa de empobrecimento e de incentivo à emigração dos mais jovens e capazes que é defendida pelo actual governo português, quando aquele partido vem “ correr” em defesa de um regime, como o da Coreia do Norte, que, de forma extrema e radical, lança todo um povo na miséria, onde só a emigração pode ser solução para a sua sobrevivência?

De salientar também a posição da República Popular da China, ditadura tão acarinhada pelos líderes ocidentais, que até lhe oferecem a destruição dos direitos sociais na Europa em troca do seu poder financeiro, que elogiou, descaradamente, a memória do ditador Kim Jong-il, apontando-o como um homem que “deu um importante contributo para o desenvolvimento da causa do socialismo”, mostrando a verdadeira face do regime de Pequim.

A morte de um homem nunca é uma boa notícia. A morte de um ditador, essa deve ser sempre saudada como um sinal de esperança para a humanidade e para as suas vítimas.
A Bélgica, durante os quase dois anos que viveu sem governo, viu a sua economia crescer e tudo funcionou, tão bem ou melhor, como sempre funcionou. Agora que já tem governo, recebeu de presente um ataque especulativo das agências de rating e os seus políticos fazem aquilo que a Alemanha manda: mais austeridade sobre os cidadãos. Estou com alguma curiosidade para ver o resultado dessas medidas na próspera e organizada economia daquele belo país.
A Islândia, que felizmente para ela está fora da União Europeia e do euro, (tal como a Noruega) conseguiu dar a volta por cima, saindo da crise financeira em que caiu por causa da especulação dos bancos.
Os islandeses, mostrando como é que a cidadania está no sangue dos povos nórdicos e é a base da prosperidade desses países, colocaram os políticos e os banqueiros no seu devido lugar, que, em grande parte dos casos, é por detrás das grades, e salvaram o país da bancarrota e do desastre económico e social.
Por estas bandas, pelo contrário, temos políticos que apelam ao empobrecimento dos seus cidadãos, os obrigam a trabalhar mais horas de graça, cortam salários, aumentam impostos, facilitam o desemprego e prometem mais desemprego , convidam os professores e os jovens a emigrarem, tudo em nome da austeridade imposta para salvação do sistema financeiro que nos colocou nesta situação!!!
Esses mesmos políticos, mostrando um total desrespeito pelos seus cidadãos, rompem promessas eleitorais com a maior dos descaramentos, ignoram as leis e a Constituição que os próprios prometeram defender e cumprir, justificando-se, desaforadamente, com um memorando assinado com a troika, que ninguém votou ou escolheu, e rompem com a ideia de um Estado de Palavra, respeitador  dos compromissos assumidos para com os seus cidadão, desaforadamente destruída em nome da necessidade de “acalmar” os mercados.
Talvez seja tempo de aprendermos com os nórdico e, à maneira dos povos do sul, começarmos, num rasgo de cidadania, a colocar os nossos políticos e os responsáveis pelo sistema financeiro na ordem, antes que eles destruam de vez o que resta da cidadania, da democracia e da equidade social.
O tempo do "benefício da dúvida", na Europa e em Portugal, acabou...

Desenhos de Rodin em Paris


A FORMA E A LUZ (clicar para ver)

FILMES DUMA VIDA - 120 - Conta Comigo -

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Começa Hoje a Convenção de Lisboa "Auditoria Cidadã à Dívida Pública"



Para saberem melhor os objectivos dessa iniciativa, aqui ficam algumas informações, recomendando ainda a consulta ao site da organização (indicado em baixo):
“Na Convenção de Lisboa vamos debater e discutir em profundidade a Auditoria Cidadã à Dívida Pública. Como se organiza, que âmbito terá, quem a faz. Vamos mandatar a Comissão que a vai fazer e aprovar o seu documento fundador.
“Aproveitamos a presença em Lisboa de diversos economistas portugueses e estrangeiros, muitos dos quais estão ou estiveram envolvidos em processos de auditoria cidadã na Europa e na América do Sul, para explorar o que é a Auditoria, porque lhe chamamos Cidadã, porque deve fazer-se agora. Éric Toussaint, Costas Lapavitsas e Ana Benavente vêm desmistificar todo o discurso, que afinal só é novo na Europa: «é inevitável», «andámos a viver acima das nossas possibilidades», «agora temos que trabalhar a sério», «somos preguiçosos». Todos eles conhecem de cor estas frases mentirosas.
“Venha saber como se dá a volta à «inevitabilidade». Como é que aconteceu no Brasil, na Argentina, como está a acontecer agora na Grécia.
“ Quando somos chamados a pagar, temos direito a saber o quê, a quem, quais as condições, de que nos serviu a nós, população, esse dinheiro — e se não nos serviu, quem se serviu dele e porque estamos nós a pagá-lo? No debate de sexta-feira haver   espaço para as perguntas da plateia, para que todos possam perguntar o que quiserem. Fomos chamados a pagar, venham tirar as vossas dúvidas.
Programa da Convenção que  começa Hoje:
DIA 1 (sexta-feira, 16) – Cinema S. Jorge - Av. da Liberdade, nº 175, Lisboa (estação do metro Avenida)
21h00 – Debate público: “O que é a Auditoria Cidadã à Divida?”.
Convidados: Costas Lapavitsas, Éric Toussain
Moderadora. Ana Benavente
DIA 2 (sábado, 17) – Cinema S. Jorge - Av. da Liberdade, nº 175, Lisboa (estação do metro Avenida)
09h30 – Recepção de inscrições
10h00 – Leitura do regulamento da convenção (métodos de discussão e votação) e do programa.
10h30 – Apresentação da proposta de resolução para uma iniciativa de auditoria cidadã. (Os participantes poderão propor alterações por escrito ao documento até à hora de almoço).
11h00 – Apresentação da proposta de comissão de auditoria pelos membros da IAC.
12h00 – Apresentação dos aspectos gerais da dívida pública portuguesa. (Pelo grupo técnico).
13h00 – Pausa para almoço.
14h30 – Discussão da proposta de resolução e alterações submetidas. (Os participantes terão oportunidade de intervir.) O grupo de redacção apresentará as propostas escritas e indicará quais foram incluídas no documento.Este período contará com intervenções de membros da IAC e dos convidados internacionais.  Votação da proposta e dos membros da comissão.
17h30 – Conversa com a Imprensa
Inscrições:
969457723
(Fernando Queirós)
Inscrições
A inscrição não tem qualquer custo e pode ser feita em
Como contribuir:
Tratando-se de uma iniciativa genuinamente cidadã, a IAC não conta com financiamentos públicos ou empresariais. Esta é a nossa (de todos) garantia de independência e transparência perante os cidadãos. Assim, é com o contributo dos mesmos cidadãos que poderemos financiar os custos inerentes à condução da auditoria.
“Solicitamos a todos os que consideram esta iniciativa imprescindível uma contribuição para a sua viabilização.
NIB: 0035 0416 00002721 130 30
IBAN: PT50 0035 0416 00002721 130 30

FILMES DUMA VIDA - 119 - Dança Com Lobos( 1990 )

O SOM DO DIA - 52 - Sétima Legião - Sete Mares

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

"É Uma Injustiça...!" : Morreu Carlo Peroni, um dos criadores de Calimero

Quem é que já não se sentiu Calimero, em certos momentos da vida?

O RESPIGO DA SEMANA : A Honra Perdida de Todos Nós, por José Vítor Malheiros


A HONRA PERDIDA DE TODOS NÓS

Por José Vítor Malheiros

"Enganados. Indignados. Desiludidos. Frustrados. Deprimidos. Impotentes. A proporção dos in­gredientes varia, mas o estado de espírito geral anda por aqui. Sentimo-nos enganados pelas falsas promessas que nos fizeram. Enganados por tudo aquilo que foi secretamente e indevidamente feito em nosso nome e com o nosso dinheiro. Enganados pelos políticos que juraram cumprir com lealdade as fun­ções que lhes foram confiadas mas preferiram servir os seus bolsos, os interesses dos partidos e dos donos dos partidos. Enganados pelas nossas próprias convicções, pelas nossas esperanças, pelas nossas certezas.

"Indignados com a apropriação privada daquilo que deve pertencer a todos, indignados com a desigualdade cres­cente, com a injustiça, com a acumulação de riquezas nas mãos de um grupo reduzido de pessoas que nem sequer contribui para o desenvolvimento e para o bem-estar, in­dignados com o sequestro da sociedade pelo poder finan­ceiro, com a subserviência da política perante o dinheiro, com o estrangulamento da democracia pelos “mercados financeiros”. Indignados com a destruição do Estado, com a demolição dos serviços públicos que o nosso trabalho construiu nas últimas décadas, indignados com o futuro de pobreza, de economia musculada e de democracia di­minuída que espreita os nossos filhos. Indignados também connosco, que parvos que fomos.

"Desiludidos com a democracia que nasceu em Abril e que regámos mal, que desleixámos. Com a Europa que nos parecia o farol da civilização e da cultura, o clube de todas as democracias, e que é afinal um Country Club de castas bem definidas, onde todos são iguais mas uns são mais iguais que outros.

"Desiludidos com uma Europa utópica que se transformou num viveiro de egoísmos, de nacionalismos e xenofobia. Desiludidos connosco. Frustrados por um presente e um futuro sem espaço, sem liberdade, sem criação, sem ideias, sem al­ternativas, sem sonhos, onde tudo está predeterminado, onde os menus onde fazemos as nossas escolhas políticas, económicas, profissionais, de vida, são cada vez mais pequenos, mais pequenininhos (“una piccola vita, una speranza piccola cosi, una liberta piccola cosi”), e que um dia só terão uma única linha para assinarmos de cruz algo que não conseguimos sequer ler.

"Deprimidos por tudo isto, pela tristeza, pela prisão em que esta vida se transformou, por nos dizerem que fomos nós que a construímos, esta prisão, que fomos nós que a escolhemos, que fomos nós que a desenhámos, que fomos nós que escolhemos os carcereiros e que isso foi viver acima das nossas possibilidades. Deprimidos por nos dizerem que as nossas possibilidades estavam por baixo das nossas vidas. Impotentes porque nem sabemos que alternativa queremos, nem onde está, nem quem com­batemos. Impotentes porque o nosso inimigo são coisas sem nome e sem cara e sem morada, que existem não sabemos onde, seres sem desejo mas que nos vencem a cada minuto que passa. Impotentes todos. Há algures um mecanismo que controla tudo mas ninguém sabe onde está e não se pode parar. Não é como um pesadelo. É um pesadelo. A pobreza persegue-nos e ganha terreno e estrangula-nos e nós fugimos mas as nossas pernas ficam presas no lodo, no ar pesado, na escuridão.

"Protestamos, mas depois do protesto tudo fica na mesma. Vamos a manifestações e assinamos petições na internet, mas fica tudo na mesma. Devemos esperar calmamente pelas próximas eleições para tentar mudar alguma coisa? Fazer a revolução? Já ninguém acredita nela. Mentiu-nos tanta vez que deixámos de a ouvir.

"E no entanto não podemos ficar de braços cruzados. O mínimo dos mínimos que devemos fazer é tentar saber o que nos esconderam, o que nos escondem, e discutir o que sabemos. No próximo fim-de-semana tem lugar em Lisboa uma convenção que dará o pontapé de saída para a realiza­ção de uma Auditoria Cidadã à Dívida Pública, a exemplo do que já foi feito - e está a ser feito - noutros países.

"Não é muito e vem tarde, mas é mais do que temos feito até aqui. Há quem diga que as auditorias devem ser feitas pelas entidades oficiais, pelos organismos de regulação, pelos poderes políticos, mas a verdade é que todos eles nos têm falhado. Talvez tenha chegado o momento de explicar um pouco melhor aquilo que queremos, de defen­der aquilo a que temos direito, de propor algumas opções diferentes. Se temos de sacrificar os nossos primogénitos não teremos o direito de saber a que deus o fazemos?

"A auditoria visa responder a perguntas simples. Quanto é que devemos? Quem é que pediu o dinheiro emprestado? Por que razão se degradaram de tal forma as finanças públi­cas que só pudemos viver com dinheiro emprestado? Que decisões nos levaram a essa situação de fragilidade? Quem negociou os empréstimos? Quando? Em que condições? A quem pedimos? A quem devemos? Quem ganhou com os empréstimos? Que parte da dívida corresponde a capital? Quanto corresponde a juros? Quanto corresponde a comis­sões? Comissões devidas a quem? Porquê? Recebemos todo o dinheiro? O que fizemos com ele? Seguiram-se as regras de prudência, de transparência, de independência exigíveis no manuseamento de dinheiros públicos? A que fiscalizações, auditorias e avaliações foram submetidos estes processos? Quais foram as suas conclusões e recomendações?

"A auditoria cidadã à dívida pública deve ajudar-nos a encontrar respostas para algumas destas perguntas. E a ajuda de todos não é de mais. Não é tudo, mas vamos poder fazer alguma coisa. Talvez possamos recuperar um pouco da nossa honra e olhar os nossos filhos nos olhos quando nos fizerem perguntas daqui a vinte anos. Já não era mau.”

In Público,13 de Dezembro de 2011

O SOM DO DIA - 50 - Kate Bush and Elizabeth Fraser - Another Day.

FILMES DUMA VIDA - 117 - O Falcão de Malta

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Museu do Papel de Santa Maria da Feira eleito melhor do ano

Um Comissário Europeu desafinado...

Todos os comissários europeus são de direita, neo-liberais, estão ao serviço da dupla Merkozy e dos interesses financeiros....TODOS?...Não, existe um que tem uma voz diferente.
Trata-se de hungaro László Andor, o comissário europeu do emprego,assuntos sociais e inclusão, uma voz que merece ser ouvida com atenção, como se pode ler na entrevista que deu ao diário espanhol Público.
Apesar de cada vez mais minoritárias e marginalizadas, a existência de vozes com esta no sei da burocracia europeia ainda nos fazem ter alguma, se bem que ténue, esperança no futuro do projecto europeu:

SÍTIOS DE PORTUGAL - 3 - Baía de Cascais (2)