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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

O Vandalismo antidemocratico dos bolsonaristas (...e o silêncio da "nossa" direita).


Goste-se ou não de Lula, ele foi eleito democraticamente, tal como, anteriormente, Bolsonaro tinha sido eleito democraticamente.

Contudo, desta vez os bolsonaristas mostraram o seu verdadeiro rosto, a sua aversão à democracia, a sua violência, a sua irresponsabilidade, que usam a aceitam apenas quando esta lhes é favorável.

Já tínhamos visto isso noutros lados, como há dois anos no Capitólio.

Que a extrema direita de Bolsonaro é constituída por arruaceiros, jagunços e vândalos, ficou ontem provado em definitivo.

Agora é aplicar a mão pesada da justiça democrática.

Além de arruaceiros e antidemocráticos, essa gente também é estupida, como se prova pelo facto de revelarem os seus rostos e os seus actos repugnáveis nas redes sociais, facilitando assim a missão das autoridades para os deter e os obrigar a devolver o que roubaram e pagarem o que estragaram, para além do terem de ser julgados por insurreição contra a democracia.

Um último reparo. Onde pára, por cá, a direita portuguesa, sempre tão pronta a indignar-se com outras “causas”, e que está tão caladinha com este atentado à democracia??.

sexta-feira, 25 de junho de 2021

Apesar de você (Um Hino contra a Censura e o Autoritarismo)


Foi em Março de 1970 que Chico Buarque, regressado do exîlio, gravou um dos seus temas mais icónico, "Apesar de Você".

A letra da musica era uma crítica indirecta,  à Ditadura Militar Brasileira, disfarçada de uma briga entre amantes.

Ao enviar a canção à Censura, como era obrigatório, os censores não perceberam o segundo sentido da letra, tendo autorizado a sua edição em vinil.

Lá, como cá, muitos censores eram incultos e idiotas, não percebendo o princípio das metáforas.

Só em Fevereiro de 1971, perante o êxito da canção, é que a ditadura se apercebeu do sentido a mesma, proibindo de imediato a sua passagem nas rádios e mandando os gorilas da polícia política à sede local da editora Philips, destruindo todas as cópias ainda aí existentes.

Felizmente não destruiram a matriz, permitindo que a canção fosse gravada mais tarde, já em democracia.

O censor que deixou passar a musica foi igualmente punido e Chico Buarque teve de prestar declarações à polícia que, em certo momento do interrogatório lhe perguntou quem era o "você" da musica, ao que o musico respondeu: "é uma mulher muito mandona, muiti autoritária".

Até ao fim da ditadura Chico Buarque ficou marcado e foi perseguido em várias ocasiões.

Para fugir à censura, Chico Buarque chegou  compor com pseudónimos, como "Julinho de Adelaide" ou "Leonel Paiva", mas o estratagema também foi descoberto pela censura.

A canção também tinha sido gravada pela cantora Clara Nunes em 7 de Janeiro de 1971, que também não tinha percebido o duplo sentido da canção, sendo obrigada, para escapar à perseguição, a colaborar com a própria ditadura, obrigada a gravar canções que faziam a apologia do regime.

Só em 1978 é que a canção foi incluida num album em vinil, "Chico Buarque (1978)", tendo também sido interpretada por outros cantores como Maria Bathânia, Benito de Paulo, Beth de Carvalho ou Daniel Mercury.

"Apesar de Você" tornou-se um hino contra as ditaduras, um hino cada vez mais actual, quer contra "velhas" ditaduras (China, Coreia do Norte...) ou "ditaduras de novo estilo", disfarçadas ou não de rituais "democráticos" (Irão, Arábia Saudita, Venezuela, Nicarágua, Rússia, Turquia, Hungria, Polónia, Ucrânia, Israel, Bielorrússia, Brasil...).

Para memória futura, pois pode tornar-se necessário saber cantá-la, aqui fica a letra desse hino contra todas as formas de autoritarismo e ditadura:

APEASAR DE VOCÊ

(por Chico Buarque de Holanda)

Amanhã vai ser outro dia

Amanhã vai ser outro dia

Amanhã vai ser outro dia

Hoje você é quem manda, falou, tá falado

Não tem discussão, não

A minha gente hoje anda

Falando de lado e olhando pro chão, viu?

Você que inventou esse estado

Que inventou de inventar toda a escuridão

Você que inventou o pecado

Esqueceu-se de inventar o perdão

Apesar de você amanhã há de ser outro dia

Eu pergunto a você

Onde vai se esconder da enorme euforia?

Como vai proibir

Quando o galo insistir em cantar?

Água nova brotando

E a gente se amando sem parar

Quando chegar o momento, esse meu sofrimento

Vou cobrar com juros, juro

Todo esse amor reprimido, esse grito contido

Este samba no escuro

Você que inventou a tristeza

Ora, tenha a fineza de desinventar

Você vai pagar e é dobrado

Cada lágrima rolada nesse meu penar

Apesar de você amanhã há de ser outro dia

Inda pago pra ver o jardim florescer

Qual você não queria

Você vai se amargar

Vendo o dia raiar sem lhe pedir licença

E eu vou morrer de rir

Que esse dia há de vir antes do que você pensa

Apesar de você

Apesar de você amanhã há de ser outro dia

Você vai ter que ver a manhã renascer

E esbanjar poesia

Como vai se explicar vendo o céu clarear

De repente, impunemente?

Como vai abafar

Nosso coro a cantar na sua frente?

Apesar de você

Apesar de você amanhã há de ser outro dia

Você vai se dar mal, etcetera e tal

Laraiá laraiá lá

Laraiá laraiá, laraiá laraiá

Lá laiá lá

Laraiá laraiá, laraiá laraiá

Lararará

Apesar de você...

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Moro destrói o que restava da credibilidade da Justiça brasileira


Se duvidas havia sobre a falta de credibilidade da justiça brasileira , da sua falta de isenção e da sua ligação ao projecto antidemocrático em curso no Brasil, a aceitação por Sérgio Moro do cargo de Ministro da Justiça de Bolsonaro, aí está para o provar.

Não ponho as mãos no lume por Lula ou pelo PT e pela sua responsabilidade no cancro da corrupção que minou a democracia brasileira e abriu o caminho a Bolsonaro para chegar ao poder.

Mas a atitude de Moro demonstra que a Justiça desse país tem estado ao serviço de um projecto politico de destruição da democracia no Brasil.

Só num país com uma justiça de opereta é que um juiz com as responsabilidades de Moro aceitaria exercer um cargo politico.

No mínimo, uma grande falta de ética profissional por parte do Juiz Moro. No máximo a prova que faltava para questionar a isenção da justiça naquele país.

Claro que, tirando a falta de ética dessa atitude do juiz, até posso dar de barato que, enquanto ministro, nos surpreenda e : 1º - prenda Temer e os seus ministros no dia a seguir à sua saída do "planalto" para os obrigar a cumprir penas pelos crimes a que estão associados, só não tendo sido presos por causa da impunidade garantida pelo cargo; 2 - se mandar avançar com as investigações de acusações de  corrupção que envolvem muitos dos mais próximos de Bolsonaro e os líderes das igrejas evangélica que o apoiaram; 3 - se passar a perseguir os corruptos de toda as cores e não apenas os do PT.

Se estas três condições se concretizarem, então terei de dar a "mão à palmatória" e aplaudir o "ministro" Moro. Se não, então sou eu que estou do lado da razão.

Será ainda interessante ver como é que um dito defensor de um Estado de Direito Democrático, como acredito que e ainda o seja o Juiz Moro, vai conviver com um presidente que defende a violência como arma politica, a justiça pelas próprias mão e o linchamento púbico de presumíveis criminosos.

Seguem-se cena (cada vez menos edificantes) da "democracia" brasileira

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

No Brasil ou em qualquer lado : Democracia não é ditadura da maioria!



O argumento de muitos defensores de Bolsonaro, ou dos que são “neutrais” e compreensivos para com  o fenómeno Bolsonaro, usado  contra os que se manifestam preocupados com a sua campanha e o resultado das  eleição brasileiras , é a de que estes são antidemocráticos e não respeitam os resultados democráticos.

Isto, claro, quando argumentam, porque o que por aí vejo maioritariamente entre os defensores por cá de Bolsonaro  é um assustador uso de grunhidos contra os “esquerdalhos”, os “comunistoesquerdalhos” , os “venezuelanos”, “mandem os vermelhos para Cuba”, ou, pior ainda, “ranhosos”, “escumalha vermelha”, “badamecos”, “javardos” e outras epítetos no mesmo tipo…adiante!

Ora, uma das primeiras características da democracia é o direito de se criticar e contestar, por vários meios legítimos, resultados eleitorais com os quais não se concorde ou, como é o caso de Bolsonaro, ponham, nem que seja hipoteticamente, em causa o próprio futuro da democracia.

O direito de existência e de actuação da oposição, por mais minoritária que seja, está consignado na Constituição de qualquer país democrático.

Por isso criticar uma maioria democrática e legitimamente eleita é um direito fundamental em  democracia.

Além disso, em democracia, é muito raro a maioria eleita representar mais de 30% de todos os habitantes de um país ou mais de 40% de todos os eleitores.

Por isso, em democracia, existem direitos para a oposição, e as minorias, culturais, sociais, ou ideológicas, são todas respeitadas, mesmo aquelas que não aceitam a democracia.

Nem a democracia se esgota no acto eleitoral. 

Existem muitas  formas de participação ou de iniciativa fora dos partidos e fora da vida parlamentar.

A eleição de Bolsonaro, que defende todos os valores contrários a uma sã convivência democrática é preocupante, mas a defesa desses valores está legitimada pelo resultado democrático.

Mas, agora, são as próprias instituições democráticas que, se funcionarem como deve ser, se a democracia brasileira for mesmo uma democracia madura, vão travar muitas das pulsões antidemocráticas de Bolsonaro.

Ou seja, se Bolsonaro quiser levar para a frente o que prometeu, que é perseguir as minorias, limitar Direitos Humanos e Sociais, destruir a Amazónia, prender adversários políticos, instituir a tortura, só o pode fazer destruindo a democracia.

Bolsonaro vai ser um verdadeiro “teste de stress” para a aferir da maturidade da democracia brasileira (tal com acontece com Trump nos Estados Unidos).

Uma democracia não é uma ditadura da maioria, ou então deixa de ser democracia.

Vamos seguir com atenção o evoluir da situação brasileira, até porque, do que lá acontecer, podemos sofre as consequências ( como já se vê no uso crescente das redes sociais para gerar um clima de ódio e intolerância, ou, mais a médio prazo, nas consequências ambientais da destruição da Amazónia, que afectará toda a humanidade).

Por agora, saudemos a democracia brasileira, esperando que tudo não passe de um epifenómeno na sua curta história.

Ao menos que contribua para os democratas e a esquerda brasileira se renovarem, emendando ou aprendendo com os seus próprios erros.

Brasil - Por enquanto é democracia



A Democracia funcionou no Brasil.

Foi eleito um presidente por cerca de 55 milhões de eleitores, entre um total de 140 milhões de eleitores.

Outros 45 milhões votaram Haddad e 10 milhões anularam o seu voto ou votaram em branco..
Uma das características da democracia é que uma imensa minoria, geralmente cerca de 30% dos eleitores, consegue eleger parlamentos com maioria absoluta e eleger presidentes.

Mas uma outra das características da Democracia é que essas imensas minorias têm de respeitar a imensa maioria que vota (ou não vota) noutras minorias e tem de respeitar cada cidadão.

O problema é quando uma imensa minoria vitoriosa ameaça tudo o resto e se sente legitimado, mais do que pelo voto, por qualquer poder divino.

Foi assim que mutas democracias se perderam, foi assim que Hitler chegou ao poder, que, nos nossos dias, chegaram ao poder Putin, Órban, Maduro….

Durante a campanha eleitoral brasileira, um jornalista perguntava a uma eleitora porque ía votar em Bolsonaro. “Porque gosto do programa dele”, respondeu. Replicou o jornalista. “e qual é esse programa?”. E ela respondeu “Não sei, mas concordo com o programa dele”.

O discurso de vitória de Bolsonaro nada esclareceu sobre o programa da sua presidência, mais parecendo que  estávamos numa missa de uma qualquer igreja evangélica, repetindo meia dúzia de frases feitas, repetindo pelo meio as palavras “democracia” e “liberdade”, palavras que se tornam vazias de tanto repetidas sem convicção. (Muitos dos regimes mais antidemocráticos da história também se definiam como “repúblicas democráticas” e muitos dos partidos de extrema direita intitulam-se “da liberdade” ou  “liberais”).

Quando se faz um discurso vazio é porque se pretende esconder a verdade, talvez para agradar aos “mercados” e à “comunidade internacional”.

E a verdade foi aquela que ele foi revelando quando falou sem limites ou constrangimentos: apelar à violência contra os opositores, perseguir as minorias, desvalorizar as mulheres, os negros e os trabalhadores, e, aquilo que muito deve preocupar qualquer cidadão do mundo, a promessa de destruir a Amazónia. Este é o seu verdadeiro programa.

Para o cumprir vai ter de, ou corromper o senado, o congresso e os tribunais e/ou violar a Constituição e destruir a democracia.

Costuma-se dizer que, principalmente quando isso  se faz por via eleitoral,  cada povo tem o governo que merece.

Por mim, embora lamente a escolha de 55 milhões de brasileiros, até podia estar descansado  por estar longe dessa gente (embora olhe, daqui para a frente, com alguma preocupação, quando me cruzar com brasileiros, sabendo que 64% dos que vivem em Portugal apoiaram Bolsonaro e podem usar em Portugal os mesmos métodos defendidos pelo seu ídolo) .

Mas, pela  forma como a campanha de Bolsonaro contaminou as redes sociais portuguesas, legitimando o discurso de ódio e intolerância usado no Brasil e, mais grave ainda, a perspectiva de  destruição da Amazónia, envolvendo-nos a todos no holocausto ambiental que essa decisão vai ter no bem estar da humanidade e no futuro da vida dos nosso filhos, não posso deixar de me preocupar com a decisão de 55 milhões de brasileiros.

Por isso, temo que aquilo que foi uma decisão democrática legitima redunde, como aconteceu muitas vezes na história, passada e recente, numa imensa tragédia.

Hoje foi um dia de festa democrática. 

Mas temo que tenha sido um dos últimos por aqueles lados. 

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Haddad não é Lula, nem Lula é Maduro.




Na grande mentira em que se tornou a campanha eleitoral brasileira, deixou de haver tempo para pensar.

Entre o chorrilho de mentiras da campanha histérica, a destilar ódio, de Bolsonaro e dos seus apoiantes, com muitos seguidores em Portugal, vem aquela de misturar tudo no mesmo saco.

Se Haddad é do PT logo é corrupto, porque Lula está preso, com acusações, no mínimo ridículas ou que fariam corar de vergonha qualquer juiz europeu.

Claro que não ponho as mãos no lume pela inocência de Lula ou do PT.

Sabe-se que o PT só pode governar porque teve de fazer cedências aos “establishement” financeiro e económico brasileiro, para, em  troca, tentar combater as gritantes desigualdades sociais que explicavam o descalabro social brasileiro.

Quem o empurrou para essas cedências foram figuras como Fernando Henriques Cardoso que, agora, cobardemente, se escondem na “neurtralidade” para deixar passar Bolsonaro.

Cedendo a essa gente, Lula deixou rabos de palha que acabaram por lhe ser fatais, num país habituado a funcionar na base da corrupção financeira e económica. 

Mas, mesmo assim, o tipo de acusações que apresentam e que o levaram à prisão são ridículas.

Pior ainda foi a destituição de Dilma, há dois anos, após outros dois anos em que a impediram de governar, destituição que foi conduzida por criminosos que acabaram na prisão ainda mais depressa do que Lula e com acusações bem mais graves e fundamentadas, nunca tendo conseguido encontra algo contra ela, a não ser o facto de terem maioria nos “parlamentos” e terem votado os seu afastamento, por razões meramente politicas, antes de irem quase todos presos.

Que há corrupção no Brasil, há. Que essa corrupção atingiu em força o PT, é verdade.

Mas ela atingiu o PT e todos os partidos e toda classe politica, e vinha muito detrás, e mesmo o “impoluto”  Bolsonaro e os seus apoiantes mais directos têm contas a prestar à justiça.

Só que a justiça está politizada de tal maneira, com muitos dos juízes mais conhecidos a apoiar directa ou indirectamente Bolsonaro, que este e os seu apoiantes nunca vão ser acusados, muito menos se, como tudo parece indicar, Bolsonaro se tornar o próximo presidente do Brasil.

Seja como for, esteja Lula inocente ou não, em relação a Haddad não existe nenhuma acusação de fraude, a não ser em “fake news” do costume, logo, por aí, Haddad não é Lula.

E Haddad também não é Lula do ponto de vista politico, já que representa a ala mais moderada do PT, algo que, em termos europeus, andaria próximo do centro-esquerda, nada da “extrema-esquerda” de que o acusam os fanáticos intolerantes  e ignorantes de lá e de cá.

Mas, por outro lado, nem Lula nem Haddad são Maduro, outra mentira que tentam colar ao PT e aos seus líderes.

De facto, durante os governos de Lula e os primeiros tempos de Dilma, ao contrário do que aconteceu na Venezuela de Maduro, o Brasil conheceu um dos seus períodos de maior prosperidade, enriquecimento e desenvolvimento.

Também ao contrário de Maduro, e apesar das pressões da ala mais radical do PT, Lula recusou-se a alterar a Constituição para se perpetuar no poder.

Aliás, se à comparação a fazer, não é entre Haddad e Maduro, mas entre Maduro e Bolsonaro. 

Se há alguém tão demagógico, tão extremista, tão incompetente e irresponsável como Maduro é Bolsonaro.

E, sim, é com Bolsonaro, e não com Haddad, que o Brasil se vai tornar uma nova Venezuela.

Tudo descarrilou quando Dilma foi impedida de governar, sendo toda a sua acção sabotada por um Congresso e um Senado dominados pela direita e por corruptos, hoje quase todos na prisão, sendo destituída e seguindo-se dois anos de governo Temer.

Assim, nos últimos quatro anos, a sociedade brasileira conheceu um retrocesso que fez o país regressar à violência, à miséria e à desigualdade que tinha recuado nos tempos de Lula.

Hoje dá jeito aos fanáticos fanfarrões que estão por detrás de Bolsonaro misturar tudo, e colar o PT à realidade actual, que teve origem nestes últimos quatro anos de desgovernação, que tanto jeito deram ao crescimento do “fenómeno” Bolsonaro.

Pode-se ou não gostar de Haddad ou do PT.

Deve-se combater a corrupção (mas também a partidarização da justiça).

Mas Haddad não é igual a Lula e, muito menos, a Maduro.

E, não, não está em causa uma luta entre extremos, mas uma luta entre um candidato do centro-esquerda, Haddad, que respeita a democracia, e sem maioria no senado e no congresso, que o controlará nos seus excessos, e um candidato da extrema-direita, Bolsonaro, que controla a maioria do senado e do congresso, que já disse preferir a ditadura à democracia e que elogia e fomenta o ódio e a violência como forma de governar…o resto é (má) conversa!

terça-feira, 9 de outubro de 2018

E Agora Brasil?



O voto em Bolsonaro foi um voto de desespero, medo e indignação, mas , acima de tudo, um voto irracional.

Mas, ao contrário de Trump, Le Pen, Órban ou Salvini, Bolsonaro não disfarça as suas ideias fascistas.

Beneficiou do silêncio a que se remeteu durante a campanha, e usou a seu favor, o desespero, o medo, a indignação dos brasileiros contra a corrupção que mina a democracia deste país.

Esse é o alimento do fascismo  e do populismo. Está tudo explicado nos manuais de História.

Os 50 milhões que nele votaram não são, na sua esmagadora maioria, fascistas.

Por isso, acredito, quando Bolsonaro começar a abrir a boca, e esperamos que o faça muitas vezes durante as próximas três semanas, quando for confrontado com as soluções que [não]  tem para o Brasil, muitos que usaram a votação em Bolsonaro como voto de protesto vão acordar para a realidade, esperemos que ainda a tempo de alterarem o seu sentido de voto, nem que seja para o voto nulo ou em branco.

Claro que a alternativa é problemática.

Pessoalmente teria votado Ciro Gomes na primeira volta.

Mas Haddad, tendo a seu desfavor a sua ligação a Lula e a um PT identificado com a corrupção, não é Lula nem está envolvido, que se saiba, na onda de corrupção que varreu toda a classe politica brasileira, diga-se, em abono da verdade, da direita à esquerda.

Haddad, pelo contrário, está ligado ao lado positivo dos primeiros governos do PT, que conduziram o Brasil a um raro e curto período de desenvolvimento e pacificação.

Haddad também está ligado à ala liberal e moderada do PT e é, por isso, das figuras com melhores condições para atrair eleitorado ao centro e de outros candidatos democráticos .

Apesar da recente imagem negativa da esquerda no Brasil, não só por culpa dos erros do PT, mas também pela imagem da vizinha Venezuela, governada por um cretino ignorante que, ao classificar-se de “esquerda”, é uma vergonha para toda a esquerda, Haddad não é Maduro.

Acredito que os brasileiros vão perceber a tempo o beco sem saída onde se arriscam a cair se elegerem Bolsonaro.

E, ao mesmo tempo, Haddad é o melhor candidato que o PT podia apresentar para renovar a esquerda brasileira e fazer pontes com a sociedade democrática brasileira.

A maioria dos 50 milhões de  brasileiros que votaram Bolsonaro na primeira volta, ainda vão a tempo de salvar a democracia e de mostrarem que, apesar da indignação, não são ignorantes nem fascistas.

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Brasil - Os jagunços estão de volta


Jair Bolsonaro ficou a uma unha negra de vencer logo à primeira volta as eleições presidências no Brasil.

Quase 50 milhões de brasileiros, num universo de cerca de 120 milhões de eleitores, escolheu o candidato que defende a ditadura, a tortura, a pena de morte, além de ser racista e desprezar as mulheres, os pobres e as minorias, defendendo o holocausto das populações índias e pretende entregar a Amazónia à voragem de vários interesses, contribuindo para a destruição de uma zona que é vital para a sobrevivência humana e para travar as alterações climatéricas.

Entre os seus eleitores estão mulheres, negros, pobres, empresários e professores universitários, alguns dos quais vão ser os primeiros a sentir na pele as medidas de Bolsonaro, caso este, como tudo indica, venha a ser eleito presidente da 2ª volta.

Como alguém comentava, os 50 milhões de eleitores de Bolsonaro não são todos fascistas.

Quem levou Hitler ao poder também não era tudo nazi.

Ambos jogaram a cartada do medo irracional.

A tentativa de desvalorizar ou justificar o apoio de tanta gente com a compreensão da análise “sociológica” ou “politicóloga” é a melhor forma de legitimar o discurso e o apoio a gente como Bolsonaro.

Há momentos na história onde, em vez de se tentar “compreender”, deve-se, no imediato, combater e denunciar.

A única esperança de que Bolsonaro venha a ser derrotado é obriga-lo a falar, falar, falar, nas próximas três semanas.

É que Bolsonaro beneficiou do silêncio a que se remeteu depois do “atentado(??)” e isso protegeu-o de ter de clarificar as suas ideias, ajudado pelas “fake-news” das redes socias que tão bem soube manipular.

Se falar, muitos dos que votaram nele vão perceber o monstro que têm entre mãos e, estou convencido, vão repensar o seu voto.

Se mesmo assim, a maioria dos 50 milhões de apoiantes de Bolsonaro na 1ª volta que não são fascistas, nem ignorantes , voltarem a votar nele, então vão merecer o que lhes vai cair em cima.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

#Ele Não!



Fosse eu brasileiro e, neste momento, estaria apavorado com a possibilidade de ver Bolsonaro ganhar as eleições.

Só para terem um a idéia de quem é Bolsonaro, basta recordar algumas das suas afirmações:

- sempre defendeu a ditadura militar que vigorou no Brasil entre 1964 e 1985. Para ele o único erro da ditadura foi, em vez de torturar, não “os ter matado”, único erro que aponta igualmente ao ditador chileno Pinochet. Este também devia ter matado mais gente do que os 3 mil que, comprovadamente, matou. Até porque, para Bolsonaro a democracia é “uma porcaria”;

- também para ele “os negros não fazem nada”, e “não servem nem para procriar”. Acha o casamento entre branco e negros uma “desgraça”;

- as mulheres devem receber salário mais baixo “porque engravidam” e só “mulher bonita” “merece” ser violada;

- se tivesse um filho gay preferia vê-lo morto num acidente de carro, além de que, ter um gay por vizinho desvalorizava o seu apartamento;

- em termos económicos defende a esterilização dos pobres e acabar com o subsidio de férias e o 13º mês. Talvez não seja por acaso, mas os seus colaboradores mais próximos em termos económicos são as mais conhecidas personalidades que defendem o neoliberalismo, alguns até oriundos da tenebrosa “Escola de Chicago”, que apoiou Pinochet na área económica, a primeira experiência de neoliberalismo no mundo.

Não, o que publicamos em cima não é brincadeira. Resume apenas algumas das afirmações e atitudes de Bolsonero ao longo dos últimos anos.

Anda por aí muito comentador e jornalista a desvalorizar ou a desculpar Bolsonero.

E o argumento mais usado ultimamente é equiparar Bolsonero com o candidato do PT, Fernando Haddad, como "duas faces da mesma moeda".

Esse tipo de equiparação só serve para legitimar o voto em Bolsonero, e as suas ideias.

A atitude que muito comentador e jornalista toma sobre essas coisas faz lembrar o que se passou na Guerra Civil de Espanha, onde as democracias ocidentais, à custa de equipararem os dois lados em confronto, como justificação para não apoiarem a República, conduziram ao poder um dos mais sanguinários ditadores do século XX e foi a antecâmara para a 2ª Guerra Mundial.

Felizmente que surgiu no ocidente um Churchill e um De Gaulle que perceberam onde estava o inimigo principal, tornado possível a vitória aliada sobre o nazi-fascismo.

O mundo hoje está a precisar, com urgência, de novos Churchill’s e De Gaulle.

Votar Bolsonero ou Haddad não é mesmo a mesma coisa!

Haddad, embora transporte o peso da hipotética corrupção no seio do PT de Lula, não está envolvido em escândalos financeiro e fez um excelente trabalho enquanto Ministro da Educação e enquanto Presidente da Câmara de São Paulo.

Mas também existem excelentes alternativas, com Marina Silva ou Ciro Gomes.

Numa segunda volta, quem não pensa como Bolsonaro, quem não é ignorante, quem não é politicamente cego e desonesto, quem quiser salvar o Brasil de tempos tenebrosos , tem de votar no candidato que contra ele se apresente na segunda volta, tal como aconteceu em França contra Le Pen.

O resto é conversa de gente mal intencionada ou ignorante …ou é fascista mesmo!

Não podemos votar, mas vamos torcer pela derrota final de Bolsonero (que, demonstrando a sua falta de respeito democrático, até já ameaçou não aceitar qualquer resultado que não fosse a sua vitória!!??).

sexta-feira, 16 de março de 2018

Última intervenção de Marielle Franco antes de ser executada no Rio de Janeiro

Assassinada no passado dia 14 de Março, Marielle Franco (1979-2018) era uma das mais conhecidas defensoras  dos Direitos Humanos e da causa feminista no Brasil.

Militante do Partido Socialismo e Liberdade tinha sido eleita vereadora da Câmara do Rio de Janeiro nas eleições municipais de 2016.

Era uma das criticas da polémica intervenção militar nos bairros mais problemáticos, denunciado os abusos da policia e dos militares.

Nascida num bairro problemático, começou a trabalhar aos 11 anos e formou-se na área de sociologia, com um mestrado.

O seu assassinato terá sido encomendado, sendo baleada por quatro vezes na cabeça, quando saia de uma sessão pública. O motorista que a acompanhava, Andersen Gomes foi igualmente assassinado.

Segundo a organização Human Rights Watch, este assassinato demonstra a "impunidade existente no Rio de Janeiro" e o "sistema de segurança falido" do estado brasileiro.

Quem procurar pelo seu nome no Youtube encontra várias mensagens de ódio contra Marielle, algumas já postadas após a sua morte.

Aqui divulgamos uma das suas últimas intervenções públicas:

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

A realidade Brasileira em Banda Desenhada

BêDêZine: A realidade Brasileira em Banda Desenhada: O Brasil vive dias complicados. Uma realidade desde há muito abordada por Sama, aliás Eduardo Filipe, artista e autor de banda desenhada residente em Portugal (ver mais clicando em cima).