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quarta-feira, 28 de junho de 2017

Juntos por Todos, um espectáculo solidário

 
 
 Foi o momento alto da noite de ontem.
"Juntos por Todos" reuniu 25 músicos numa noite solidária, para lembrar e apoiar as vítimas do fogo de Pedrogão Grande.
Uma espécie de Live Aid português, onde desfilaram os principais nomes da música portuguesa, alguns dos mais importantes dos vários estilos, géneros e gerações musicais.
Penso contudo que um momento vai ficar gravado para sempre, a soberba actuação de encerramento de Salvador Sobral, mostrando que estamos perante um génio da musica, imaginativo, surpreendente e criativo.
As rádios deram uma lição de grande unidade e civismo na forma como transmitiram o evento, reunindo no mesmo comentário e na mesma sala os representantes dos principais órgãos radiofónicos portugueses.
Pelo contrário, as televisões deram um triste espectáculo, com comentários  diferenciados, não dando as entrevistas em palco aos autores no final da sua actuação, sempre que os entrevistadores eram de canais diferentes.
 A iniciativa de realizar este espectáculo em sinal aberto em  todos os canais partiu da RTP 1, mas, pelos vistos, os canais privados impuseram as suas condições. É lamentável!
Mas o que interessa é a entrega total dos músicos portugueses, dos técnicos, dos policias e de todos os trabalhadores que estiveram por detrás deles, dando uma lição de solidariedade genuina a muita gente.
Grande Noite!

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Afinal o “povo” também gosta de qualidade!


Colaborei muitas vezes em projectos culturais e informativos e o que mais me irritava era a argumentação de muitos em defesa de uma cultura e de uma informação que fosse feita para agradar ao “gosto do povo”.

Claro que aquilo de que o “povo gosta” que esses procuram impingir como modelo, apenas revela o próprio gosto dos que assim argumentam.

Sempre argumentei, na escolha dos temas, das musicas (estou a falar também de projectos radiofónicos), dos filmes e das imagens, que as pessoas só gostam do que conhecem e se lhes impigem apenas porcarias, é da porcaria que vão gostar.

Tenho por experiência própria que as pessoas estão abertas ao bom gosto, ao que é inovador e criativo e é muitas vezes devido àquela atitude preconceituosa sobre os gostos culturais que acaba por vingar o mau gosto.

Aquilo que é o “gosto da maioria” é-lhes assim impingido, seguindo a velha máxima segundo a qual, “uma mentira várias vezes repetida se torna verdade”, ou, no caso da cultura, o mau gosto cultural  muitas vezes impingido torna-se o gosto dominante.

Vem isto a   propósito ao modo como Salvador Sobral ganhou o festival da canção.

Aquilo que era a opinião dominante é que, num festival “popular”, onde domina o gosto musical duvidoso, aquilo que resulta é copiar o que vende, em termos de produção da musica comercial, musica fabricada a metro para usar em discotecas ou como ambiente de loja de trapos, de preferência nivelando tudo pela língua inglesa.

Ora, Salvador Sobral subverteu tudo isso com a sua vitória, remando contra a maré dominante e deitando por terra aqueles que defendem que se deve dar “aquilo que o povo gosta”.

O “povo” afinal está ávido e a aberto à novidade, à qualidade e  à criatividade.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Um Diamante no meio do pechisbeque


 
Se há momentos em que nos sentimos orgulhosos  de sermos portugueses é quando ouvimos Salvador Sobral a cantar em português e a sobressair no meio da chungaria pimba que desfilou, e vai continuar a desfilar hoje, no mais rasca dos espectáculos europeus.

Que a pimbalhada armada ao fino no meio da pirotecnia seja a imagem de marca do Festival da Canção ninguém se admira.

Que o Festival da Canção seja hoje uma imagem do “europeísmo” rasca do gosto kitch da elite mafiosa do leste europeu e que apenas entusiasma o gosto estereotipado do público do leste, já ninguém se admira.

O carácter Kitch-pop do Festival faz parte do seu ADN, mas antigamente ainda podíamos ouvir musicas menos normalizadas, noutras línguas que  não o inglês, e até surgiam, de vez em quando, vozes e temas que se tornavam eternos.

Hoje dominam as vozes e os ritmos normalizados pelos “chuvas de estrelas” que se repetem, sem um pingo de originalidade ou criatividade, pelas televisões da globalização, e que têm os seus cinco minutos de fama no moribundo Festival da Eurovisão, espécie de prostituta velha enfeitada de pechisbeque.

No meio dessa “trambalhada”   caiu um “ovni”, uma canção sentida, bem cantada, com alma e conteúdo, mesmo que o tema seja o do eterno amor, ainda por cima cantado sem vergonha e sem artifícios na língua de Camões.

Mesmo que não ganhe, como devia ganhar se houvesse critério de qualidade e criatividade, Salvador Sobral já ganhou o respeito de todos nós.

Sobral é um diamante a brilhar no meio de pechisbeque falsificado e perdurará muito para lá dos efémeros holofotes que disfarçam a decadência do Eurofestival.

….Força Salvador!!!