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quarta-feira, 3 de julho de 2019

Liderança da União Europeia – de “Mao” a…”Piao”!!!


(Autor: Arend Van Dam/ Political Cartoon)

Parece que os burocratas do “politburo de Bruxelas” não perceberam a mensagem das urnas e insistem em decidir à revelia da vontade dos seus cidadãos e mesmo contra estes.

Em vez de apresentarem candidatos aos lugares cimeiros que representassem sinais de mudança nas políticas de austeridade e nas politicas de destruição de direitos socias, para combater o crescimento do populismo e aproximar os cidadãos do projecto europeu, o “politburo de Bruxelas” apostou mais uma vez numa combinação entre cinzentismo e continuidade, reforçando o pilar “austoritário”.

O Conselho Europeu impôs mais uma vez um modelo de escolha de lideranças que não se mostra muito diferente do velho “centralismo democrático” de tipo “comunista”, impondo-se ao único órgão democraticamente legitimo, o Parlamento Europeu.

Foi uma cedência em toda a linha ao grupo de Visegrado, o das “democracias iliberais”.

Ursula von der Leyen para presidente da Comissão Europeia representa a imposição das politicas alemãs para a União Europeia, reforçando a componente “austoritária” que tão maus resultados deu nos últimos anos (maus resultados para os cidadãos, mas bons resultados para o corrupto sector financeiro que domina a Europa, os “donos disto tudo”…), agravado pelo facto de, ao contrário de Merkel, que aprendeu alguma coisa com a “crise”, aquela política é mais “papista de que o papa”.

A escolha de Charles Michel, actual primeiro-ministro belga, “liberal” (seja lá o que isto for), para presidir ao Conselho Europeu é mais uma cedência ao “establishment” do “politburo de Bruxelas”.

Mas a “cereja no topo do bolo” é a nomeação da nossa bem conhecida Christian Lagarde, um dos rostos da “nossa” Troika de triste memória, para a presidência do Banco Central Europeu.

Para “amenizar” tentam vender-nos a mensagem “politicamente correcta” de dois desses cargos serem, pela primeira vez, ocupados por mulheres, como se o género anulasse a ideologia ou as politicas.

Não é o uso de “sais” que altera as politicas e, neste caso, como em muitos outros, “elas” chegam a esses lugares cimeiros porque se comportam … como “homens”.

Ou seja, embora ainda não esteja tudo definido, é caso para dizer que, na Europa, mudámos de “Mao” para “Piao”, ou, em bom português, de “cavalo para Burro” (ou “burra”, para não ofender o “género”).

Mais um “contributo” para transformar  o “caminho” dos populistas de extrema direita …numa via rápida!

quarta-feira, 29 de maio de 2019

E agora europa?


As duas grandes famílias europeias, responsáveis pela austeridade e pelas políticas antissociais na União Europeia nos últimos cinco anos, perderam a tradicional maioria absoluta que mantinham desde o início da fundação do Parlamento Europeu.

O grupo maioritário nesse parlamento, o Partido Popular Europeu (PPE) passou a ter 178 deputados, quando anteriormente detinha 219. Esta é a família política que integra o PSD e o CDS, que até não foram dos que mais contribuíram para essa queda acentuada, perdendo, no seu conjunto, apenas um deputado (de 8 passaram a 7). Se se concretizar a expulsão dos deputados húngaros do partido de extrema-direita de Órban, (que elegeu 13 deputados), aquele número vai ficar ainda mais reduzido (165 deputados).  

O PPE pretendia continuar a presidir à Comissão Europeia, apesar dos resultados desastrosos para os cidadãos europeus e para o projecto europeu, sob a liderança, respectivamente, de Durão Barroso e Juncker.

Com estes resultados está caminho aberto para uma nova liderança e um maior equilíbrio na distribuição de pelouros da Comissão Europeia.

Contudo, o grupo que tem sido uma alternativa mais simpática para os interesses dos cidadãos europeus (embora muitas vezes se tenha limitado a fazer de “polícia bom”), a Aliança Progressista de Socialistas e Democratas (S&D), também obteve um resultado, que se não foi desastroso, foi “poucochinho”.

O grupo S&D, ao qual pertence o PS, perdeu 36 deputados. Tinha 189 deputados, passou a ter 153. Nesta família política não deixa de ser significativo que os únicos resultados positivo foram obtidos pelos seus filiados ibéricos, o PS e o PSOE que aumentaram a representação, remando assim contra a maré. Talvez o facto de serem os únicos que têm uma atitude crítica em relação ao modelo "austoritário" das “troikas” e assumindo-se à esquerda, tenha evitado o descalabro mais acentuado desta família politica.

Seja como for, o tradicional “centrão” que governava a Europa, com maioria absoluta no PE, nas últimas décadas, desfez-se. De uma maioria absoluta de 408 deputados, ficaram reduzidos a 331 deputados, num universo de  751 deputados, redução que ainda se pode acentuar com a saída da extrema-direita húngara do PPE.

Isto não quer dizer que esse centrão não possa ser reformulado, agora integrando uma outra família política, os “liberais” do ALDE que inclui o partido do presidente francês Macron, e os Cidadãos espanhóis, sem representação portuguesa. Este grupo cresceu de 68 para 105 deputados, tornando-se a 3ª força política no PE, ultrapassando o grupo de extrema direita ECR (que integra o partido Lei e Justiça da Polónia e onde se incluirá o Vox espanhol).

O ALDE vai ter uma importante palavra na distribuição de lugares na Comissão Europeia e nas futuras reformas do projecto europeu.

À esquerda o GUE/NGL (Grupo Confederal da Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde), foi um dos derrotados nestas eleições. Integra alguns dos principais grupos anti austeridade, como o Podemos, a França Insubmissa, o Syriza e os portugueses PCP e BE.

Este grupo, de 52, passou para 38 deputados. Os deputados portugueses deste grupo mantiveram a mesma força, 4 deputados (2 do BE e 2 da CDU), e já representam mais de 10% do grupo.

Destino contrário conheceu outro grupo, situado maioritariamente à esquerda, os Verdes, que passaram de 51 para 69 deputados, tornando-se a 4ª maior força politica e integrando, pela primeira vez, um representante português, eleito pelo PAN. Este grupo pode ter uma importante palavra a dizer nas negociações que decorrem em Bruxelas para a distribuição de cargos e responsabilidades, até porque representa uma preocupação crescente entre os Europeus, principalmente entre os mais jovens.

Já a  extrema-direita, apesar de ter sido uma das vencedoras das eleições, aparece muito dividida, sendo representada pelo ENL (que inclui a Liga de Salvini, a UN de Le Pen e a AfD alemã), passando de 35 para 58 deputados, pelo ECR (que incluía Le Pen, que mudou de grupo, que inclui o Lei e Justiça da Polónia e deverá integrar o Vox), que perdeu votos, por causa da saída de Le Pen para o grupo anterior, passando de 71 para 63,  e o EFDD (que inclui o Partido do Brexit de Farage, perdendo a AfD alemã para outro grupo), que cresceu de 45 para 54 deputados, mas poderá sofrer grandes alterações se se concretizar a saída da Grã-Bretanha (o Partido do Brexit de Farange elegeu 28 deputados). Há que contar ainda com a possível integração do partido de Órban num destes grupos (mais 13 deputados).

No seu conjunto a extrema-direita passou de 151 deputados para 175, aos quais se podem juntar os extremistas do Fidesz que governam a Hungria (+ 13), e os representantes de outras pequenas forças que ainda não optaram por qualquer dessas três formações, que coloca essa tendência à beira dos 200 deputados.

É igualmente significativo que a extrema-direita, crescendo em quase todos os países, saiu vitoriosa na maior parte dos grandes países da EU, como na Itália, na França, na Grã-Bretanha, e na Polónia.

Teremos assim, no próximo Parlamento Europeu, cinco grandes grupos : Direita Conservadora (PPE, menos  o Fidesz) – 165 deputados (178 com Órban);  Socialistas – 153 deputados; Liberais – 105 deputados; Esquerda progressista (Verdes + GUE) -  107 deputados; Extrema-direita (com o Fidesz ) – 188 deputados. Sobram ainda 33 deputados sem posição definida. Para formar a maioria de 376 deputados nunca será possível juntando apenas duas dessas tendências.

Existem várias combinações em aberto: Direita + extrema-direita  = 353 deputados (faltando 23 para uma maioria) ;  PPE+Socialistas+Liberais = 420 ;  Socialistas+Verdes+Liberais+Esquerda = 365 deputados (faltando 11 para uma maioria). De tendência variada, parte dos 33 deputados não filiados podem contribuir para a primeira ou para a última maioria (sendo que a maior parte desses deputados estão mais à direita).

Uma das boas notícias da noite foi o decréscimo da abstenção (ao contrário do que se passou em Portugal), tendo beneficiando, por um lado o crescimento dos Verdes e, por outro, o crescimento, embora mais lento do que era previsto, da extrema-direita.

Seria bom que os novos responsáveis pelo destino do projecto Europeu mudassem mesmo alguma coisa, preocupando-se mais com o bem estar dos cidadãos do que com o bem estar dos bancos, fizessem urgentemente alguma coisa pelo ambiente e deixassem de legitimar o discurso da extrema-direita sobre a emigração.

A quebra dos partidos tradicionais é um sério aviso.

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Resultados Eleitorais no Concelho de Torres Vedras

Podem ler AQUI os resultados e a análise das eleições para o Parlamento Europeu no Concelho de Torres Vedras.

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Eleições Europeias – uma campanha (pouco) “alegre”!



A Europa vive uma encruzilhada.

Contudo, quem siga a campanha eleitoral para as eleições do Parlamento Europeu nem se apercebe que estas eleições são “europeias” e podem decidir o rumo do projecto Europeu.

Não sei se a “culpa” é da comunicação social, mais interessada em explorar casos e  fazer destas eleições uma espécie de primárias das legislativas de Outubro, não divulgando as referências dos candidatos à situação europeia, se os “culpados” são os próprios candidatos, enredados em ataques pessoais ( em que Rangel se revelou um grande especialista) e em questões da pequena politiquice interna, do que em discutir o projecto europeu que defendem.

Até parece que, na Europa, vai tudo bem e não existem graves questões a debater, cruciais para a própria sobrevivência do projecto Europeu.

Por alto, aqui referimos algumas dessas questões que andam arredadas da campanha ou são abordadas apenas ao de leve, no meio de lança culpas e ataques pessoais:

- a urgência em enfrentar as alterações climatéricas;

- a questão energética, encarada em duas frentes, a substituição energética e a resolução da dependência energética da Europa;

- a resolução humanitária das migrações;

- o combate ao envelhecimento demográfico;

- a necessidade de aproximar as instituições dos cidadãos;

- o combate às desigualdades no seio do espaço europeu (salários, pensões, direitos sociais….);

- o combate à corrupção, fraude e evasão fiscal, acabando rapidamente com, por um lado as excepções  das grandes empresa e do mundo financeiro e, por outro, os “offshores” no seio do espaço Europeu;

- a aposta forte numa rede de transportes eficaz, baseada no caminho-de-ferro (generalizando o TGV) e na construção de um rede de portos eficiente;

- o combate à `expansão do populismo, penalizando países e governos que, no seio da própria União Europeia, não respeitem os direitos humanos, os direitos socias e o próprio modelo social europeu, com medidas, no mínimo tão duras como aquelas que tomaram contra os países que não cumpriram com os critérios financeiros;

- o combate ao dumping social dos mercados internacionais, que contribuem para a perda de empregos, salários e direitos sociais no seio do espaço da UE;

- a resolução do BREXIT e a aproximação à Turquia, a África e ao Médio Oriente, como forma de contrabalançar a influência crescente da Rússia, da China e dos Estados Unidos.

Estes são alguns dos exemplos dos temas que deviam estar em cima da mesa nesta campanha eleitoral.

Têm ouvido falar neles?

Tirando um ou outro tema, abordado apressadamente antes de se lançarem nos “sound bites” para abrir telejornais, pouco se tem ouvido sobre os verdadeiros problemas que a Europa tem de enfrentar.

Depois admirem-se da grande abstenção ou do avanço da extrema-direita.

segunda-feira, 20 de maio de 2019

Eleições para o Parlamento Europeu : “ só sei que não vou por aí”.



Ainda não tomei uma decisão definitiva sobre o meu sentido de voto para o Parlamento Europeu.

Percebo o desinteresse geral por este acto eleitoral, em parte porque o Parlamento Europeu, que é o único órgão politico democraticamente legitimo da União Europeia, detém muito pouco poder, está muito longe dos cidadãos (começando pelo nível salarial e pelos privilégios descarados dos deputados) , quando toma decisões está, geralmente, ao lado dos interesses mais poderosos contra o interesse dos cidadãos que diz representar, sem esquecer que o peso dos deputados eleitos por Portugal, cerca de 20, mesmo que agissem em conjunto, é esmagado pela dimensão numérica desse mesmo parlamento.

Os números da abstenção aí estão para mostra que os cidadãos não sentem que esse parlamento os representa.

O problema é que, de facto, esse parlamento detém mais poder que os parlamentos nacionais, impondo-se a estes em muitas decisões que influenciam a vida dos cidadãos europeus e, apesar de tudo, ainda é a única instituição onde algumas vozes de protesto podem colocar na agenda das elites europeias as preocupações desses mesmos cidadãos.

Por outro lado, é preciso perceber que a abstenção, tal como o voto nulo e branco, não tem qualquer peso prático e apenas contribui para aumentar o peso de quem vota, beneficiando os partidos com mais votos expressos e contribuindo para tornar relevante candidaturas irrelevantes.

Uma abstenção (ou um voto nulo ou em branco) faz com que o voto de quem vai às urnas valha sempre mais. Se a abstenção ultrapassar os  50% , então quem votar vê o seu voto valer por dois.

Assim, apesar de tudo, e tendo em conta que esta ainda é a única forma dos cidadãos europeus manifestarem o seu desejo ou o seu protesto em relação ao projecto europeu, e tendo em conta que, pelo menos em Portugal, existem partidos concorrentes de todas as tendências e para todos gostos, a abstenção só vai contribuir para dar peso a tudo aquilo que mais detestamos e só vai contribuir para reforçar o peso de partidos com os quais não nos identificamos.

Sendo assim, é importante votar, nem que seja com um voto de protesto.

Pessoalmente, ainda não decidi o sentido do meu voto, mas já sei para onde não vai o meu voto:

- não vai para a extrema direita (PNR e Basta), nem para o populismo (Nós, PURP e PDR);

- também não vai para a extrema esquerda (PCTP/MRPP);

- não vai para partidos populistas de esquerda (PTP e MAS)

- não vai para partidos assumidamente neoliberais (Aliança e Iniciativa Liberal);

- por uma questão de valores e princípios, também não vai para direita (PSD e CDS), ainda por cima porque estes partidos integram uma tendência no Parlamento Europeu (PPE) que, para além de integrar tendências mais de extrema direita do que de direita (como o partido do húngaro Órban), apresenta como candidato a presidente da Comissão Europeia uma figura tenebrosa como o sr.Manfred Weber, uma das figuras que mais tentou humilhar Portugal no tempos da troika, e não só, ainda mais papista que Merkel;

- embora me identifique mais com o actual PS do que com o “PS do costume”, parece-me que é o “PS do costume” que está de regresso nesta campanha eleitoral, e por isso o meu voto também não vai para esse partido, até porque ainda tem no seu seio muita "tralha" socrática e, no grupo europeu, muita "tralha" da "terceira via" neoliberal que se infiltrou na social democracia e no trabalhismo europeu.

Sobram como hipóteses de voto, pela minha parte, O PAN, o Bloco de Esquerda, O Livre e a CDU.

Por agora apenas “só sei por onde não vou”.

A decisão, provavelmente, só a vou tomar à boca das urnas

segunda-feira, 13 de maio de 2019

A Europa que “queremos”.



No dia de abertura da campanha eleitoral para a eleição do Parlamento Europeu, era bom que reflectíssemos sobre o destino da “Europa” e sobre a “Europa” que queremos.

Pela minha parte, nunca tive dúvidas que sou europeu e pertenço à Europa e por isso parece-me perfeitamente provinciana tanta "profissão de fé"europeísta de gente nascida no Continente.

As minhas dúvidas começam quando se pensa na “Europa” que queremos.

Parece-me verdadeiramente disparatada a forma como se dividem as opiniões europeias entre “europeístas” e “cosmopolitas” , de um lado, e “eurocepticos” e “identitários” , do outro.

No fundo, foi a capacidade de integrar todas essas formas diferentes de ver a Europa que permitiu o desenvolvimento e a longevidade do projecto Europeu.

Ao integrar esses diferentes pontos de vista foi possível construir aqueles que, quanto a mim, são os quatro pilares fundamentais do projecto europeu: Paz, Democracia, Desenvolvimento e Liberdade.

Ora, foram esses quatro pilares que foram abalados e correm o risco de serem destruídos durante a crise financeira da última década, destruição que se iniciou uma década antes.

Quando acabou a Guerra Fria, paradoxalmente, a Europa conheceu pela primeira vez, desde o início da União Europeia, uma violenta guerra no seu espaço geográfico, a Guerra da Jugoslávia, muito fomentada pelas elites europeias, e a Guerra, fomentada por essas elites, ligadas ao poder financeiro e do armamento, nunca mais acabou, expandindo-se para o Mediterrâneo, no Norte de África e para o Médio Oriente e regressando ao espaço Europeu na Ucrânia.

Por sua vez, ao fazer de um dos seus principais objectivos a humilhação dos povos do leste,especialmente os russos, e ao desprezarem a Turquia, para agradarem à expansão militarista da NATO para leste,  criaram condições para o aparecimento de um Erdogan ou de um Putin e, no próprio seio da União Europeia, para o crescimento de tendência populistas, já no poder na Hungria e na Polónia.

Sendo assim, o  pilar da paz deixou de ser um dado adquirido.

O pilar da democracia também tem sido fortemente abalado, e o seu enfraquecimento deve-se, em muito, à forma como as realidades nacionais e a vontade politica expressa nos parlamentos nacionais foram desprezados pelas instituições europeias ( a maior parte destas sem qualquer controle democrático), com a imposição de medidas de austeridade aos países do sul, não respeitando a vontade dos seus próprios cidadãos, enquanto, por outro lado, se foi condescendente com o crescimento dos regimes da “democracia iliberal” no seu próprio seio.

Também o pilar do desenvolvimento tem vindo a ser fortemente abalado por essas mesmas medidas  de austeridade impostas pelas instituições europeias (repetimos, a maior parte destas sem controle democrático) que têm vindo a conduzir à destruição de direitos sociais e do Estado Social, duas das condições que permitiram dar à Europa Ocidental, durante as décadas que se seguiram à 2ª Guerra, uma imagem de superioridade “moral” em relação ao “socialismo real” do leste.

Ao colocarem-se ao lado do poder financeiro, muito dele corrupto, contra os cidadãos, as elites que lideram as instituições europeias acentuaram as desigualdades sociais e a desconfiança dos cidadãos em relação ao próprio futuro do projecto europeu, situação que tem sido aproveitada pela extrema direita populista para ganhar terreno politico e eleitoral, sendo o caso do Brexit e da governação italiana as consequências  mais conhecidos e mais graves.

Resta ainda, com algum vigor, o pilar da Liberdade, contudo cada vez mais ameaçado, por um lado,  pelo controle do poder financeiros sobre a maior parte dos órgão de comunicação social e, por outro lado, pela crescente influência da extrema direita nas redes sociais, alimentado as “fake news” que influenciam uma opinião pública cada vez mais confusa e socialmente desesperada.

A forma como as forças politicas. que se apresentam ao próximo acto eleitoral para o parlamento europeu, se posicionam em relação aos quatro pilares Europeus (Paz, Democracia, Desenvolvimento e Liberdade), aos quais se deve juntar um quinto pilar, a questão Ambiental, deve ser o indicador que devemos levar em conta no momento de votar e como critério para as nossas opções.

Para reforçar o pilar da paz, devemos exigir que os nossos futuros representantes no Parlamento Europeu deixem de alinhar com o belicismo norte-americano e israelita no Médio Oriente e tomem medidas corajosas em defesa dos direitos humanos em relação à situação dos emigrantes, contribuindo para melhorar as condições de vida em África e no Médio Oriente, ao mesmo tempo que tratam com humanidade esses emigrantes.

Para reforçar o pilar da democracia devemos exigir que o Parlamento Europeu se torne um forúm em defesa dos cidadãos europeus contra o poder financeiro, aumentando os seus poderes para controlar e escrutinar  as instituições europeias que não são eleitas directamente (eurogrupo, comissão europeia, conselho europeu e Banco Central Europeu), ao mesmo tempo que deve respeitar as decisões dos parlamentos nacionais.

Para reforçar o pilar do desenvolvimento, devemos exigir que ao Parlamento Europeu combata as crescentes desigualdades no seio da União Europeia, em relação a salários, pensões, e preço, reforçando os direitos sociais dos cidadãos e o Estado Social.

Para reforçar o pilar da liberdade, devemos exigir ao Parlamento Europeu que penalize fortemente estados, como o Húngaro e o Polaco, que não respeitam a independência dos tribunais e dos  orgãos de comunicação social, combatendo igualmente a as "fake news" nas redes sociais e o domínio do sector financeiro sobre sobre esses meios.

Por último, deve o Parlamento Europeu adoptar medidas coerentes, urgentes e concretas em defesa do meio ambiente, custem a quem custarem.

A nossa escolha deve, assim, depender do compromisso eleitoral na defesa desse conjunto de princípios, os únicos que ainda podem salvar o projecto europeu

Voltaremos ao tema em próximas ocasiões

terça-feira, 4 de abril de 2017

As Baratas tontas que lideram a União Europeia e o sr. Dijsselqualquercoisa….


Parece que agora, para as baratas tontas que, para nossa desgraça e miséria, lideram a União Europeia, o sr. Dijsselbloemoulácomosechama tornou-se o bode expiatório de década e meia de destruição do projecto europeu.

Claro que, se precisarem, eu também contribuo para “bater no ceguinho”. Aliás o sr. Dijsselqualquercoisa nunca me enganou e até há muito tempo que o aponto como um dos “rostos do mal” que assolaram esta triste Europa e muito tem contribuído para a destruição e descaracterização de um belo projecto de cidadania e democracia, em nome da rendição a obscuros interesses financeiros.

Mas, o que não deixa de ser curioso, é que os lideres das duas principais famílias políticas europeias só agora se tenham apercebido do “monstro” que apoiaram e puseram à frente do moribundo e antidemocrático “eurogrupo”.

Já se esqueceram da forma como aplaudiram e apoiaram as atitudes dessa louco holandês quando este humilhava diariamente os países do sul?

Agora que essa triste figurinha do “trabalhismo”(????) holandês deixou cair a máscara e sofreu uma humilhante derrota eleitoral é fácil e “politicamente correcto” desancar no homenzinho.

Mas seria bom que se lembrassem que essa figurinha foi até há pouco tempo o rosto das politicas “austeritárias”, da humilhação dos países do sul, do ataque e destruição aos direitos socias, da defesa dos salários baixos, da submissão ao poder financeiro que tanto contribui para desacreditar o projecto europeu junto dos cidadãos da Europa e que têm atirado muitos eleitores para os braços da extrema direita populista.

E, mais ainda, que todas essas “reformas estruturais” que têm conduzido a Europa para o desastre, executadas e preconizadas pelo sr. Dijssalbloem, têm sido alegremente e despudoradamente apoiadas pelos partidos do centrão europeu que agora se mostram tão chocados com a boçalidade do dito senhor.

Seria bom recordar que, atacar e criticar o dito figurão, implica a autocritica desses partidos à sua própria atitude face ao rumo recente da União Europeia e têm de incluir na “àgua do banho” do projecto Europeu, não só o dito sr., mas também toda a trupe da troika, do BCE, da Comissão Europeia, com especial destaque para a herança da presidência Barroso, para as aldrabices financeiras do sr. Juncker, para a boçalidade do patrão do dito senhor, o irrascível Wolfgang Schäuble, (aliás, o grande inspirador das acções do holandês da brilhantina), ou para o seu braço direito nisto tudo, o sr. Moscovici.

Será que estão assim tão empenhados em mudar alguma coisa, ou tudo não passa de, como se diz por cá, entre “copos e mulheres”, pura “tesão de mijo”???.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

António Tajani : Um "trumpezinho" à frente do Parlamento Europeu

À quarta foi de vez e o triste Parlamento Europeu, dominado pela direita neoliberal, lá conseguiu eleger o seu novo presidente.
O seu  currículo é politicamente comprometedor:
- fundador do partido populista da direita radical Forza Itália, juntamente com Berlusconi, de quem foi homem de confiança;
-vice de Durão Barroso no dois desastrosos mandatos deste  na Comissão Europeia.
Como responsável pelos transportes, primeiro, e pela industria depois, na Comissão, ficou conhecido pela duvidosa actuação (que se pautou pelo silêncio e pelo deixa andar) no escândalo da emissão de gases poluentes pela industria automóvel alemã.
Onde ele foi bom, e valeu-lhe agora na sua eleição, foi em movimentar influências junto da classe política e da burocracia europeia, estabelecendo uma verdadeira rede ao estilo "mafioso".
Se é esta a resposta que a União Europeia pretende dar à chegada de  Trump ao poder e ao crescimento dos movimentos populistas anti-eureopeistas, estamos "falados"...
Até porque o homenzinho já "ameaçou" que ía ser pouco interventivo (como o foi no escândalo da industria automóvel!!!).
Enfim, o politburo da Bruxelas, depois de se ver livre de uma das poucas figuras decentes à frente da "Europa", o alemão Schultz, resolve colocar um "trumpezinho" na única instituição legitima  da "União".
...Descendo mais um degrau na sua decadência, a "Europa" oferece de bandeja um rico presente a Trump e aos populistas europeus!

quarta-feira, 29 de junho de 2016

A Grande Palhaçada :Juncker, ontem, para Farage no Parlamento Europeu: "O que está aqui a fazer?" (E, sr . Juncker, o que está você ainda fazer na Comissão Europeia?) :

Juncker para Farage, ontem no Parlamento Europeu: "O que está aqui a fazer?" (clicar para ler).

O desespero está instalado no seio das instituições europeias.
 
Ontem foi a vez do Parlamento Europeu.
 
O sr. Juncker , demonstrando uma grande falta de respeito pela decisão democrática, mesmo se errada, dos britânicos, dirigiu-se a um deputado ainda em funções, essa outra aberração com pernas que dá pelo apelido de Farage, e perguntou-lhe o que estava ali a fazer.
 
Só que desta vez Farage esteve à altura dos acontecimentos e gelou os burocratas de Bruxelas, defendendo-se dizendo algumas verdades:
 
"É engraçado que, há 17 anos, quando eu disse que queria liderar uma campanha para tirar os britânicos da União Europeia, todos aqui se tenham rido de mim. Bem, agora não vejo ninguém a rir", deixando " uma previsão aqui hoje: o Reino Unido não será o último Estado membro a sair da UE." , fazendo ainda uma acusação: "Agora sei que nenhum de vós teve alguma vez um emprego digno desse nome, trabalhou em negócios, trabalhou no comércio, criou um único posto de trabalho."
 
Costuma-se dizer que quem semeia ventos colhe tempestades e seria bom perguntar também ao sr. Juncker , o homem que lesou outros estados europeus com um esquema malhoso de fuga aos impostos para beneficiar o seu país, no Luxleaks, um escândalo abafado pelo próprio parlamento europeu, o que é que ele ainda estava ali a fazer???

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Martin Schulz critica o modelo austeritário imposto pelas instituições europeias aos seus cidadãos.

O Presidente do Parlamento Europeia, Martin Schulz, denunciou ontem, em poucas palavras, o que vai mal na União Europeia (ver AQUI):

"Os governos pedem agora às gerações dos pais, impostos mais altos, salários mais baixos, mais horas de trabalho, menos feriados, menos serviços [públicos]...

"E para quê?...

"Para salvar bancos!

"...e os filhos deles estão desempregados!

"A União Europeia era uma promessa, uma promessa de mais segurança, de maior estabilidade, de mais oportunidade e, na realidade, muitas vezes é uma promessa, mas essa promessa não é cumprida".

Estas palavras foram proferidas em Roma, por ocasião da entrega do Prémio Carlos Magno ao Papa Francisco, pelo seu apelo a uma unificação pacífica da Europa.

Estavam presentes o Presidente do Conselho Europeu e o Presidente da Comissão Europeia, tendo este último criticado igualmente os governos que vivem o sonho europeu "em tempo parcial".

Estas palavras, vindas do único político europeu com legitimidade, o presidente do Parlamento Europeu, única instituição eleita democráticamente na União Europeia, têm de ter consequências.

Ou Martim Schultz exige um debate urgente no Parlamento Europeu sobre as questões levantadas, exigindo à intituições não democráticas da Europa (Comissão, Conselho, Eurogrupo, BCE...) que mudem de rumo em relação às políticas de austeridade, ou demite-se pela impossibilidade de cumprir o que defende...

Até lá, o Papa Francisco continua a bater-se, isoladamente entre os lideres europeus, mas com o apoio dos cidadãos da Europa, pelo espírito solidário que está na gênese do projecto europeu...

terça-feira, 27 de maio de 2014

"Eurocépticos" somos todos…ou quase todos


As palavras “eurocéptico” e “anti-europeu” têm sido o rótulo mais utilizado para comentar o resultado das últimas eleições para o parlamento europeu.

Nessa designação misturam-se os conformistas que não foram votar (onde cabem, no mesmo saco, os mortos que não foram retirados dos cadernos eleitorais, os que emigraram e não alteraram o seu recenseamento, os anarquistas, os doentes graves que não se puderam deslocar à mesa de voto,  os indigentes de todo o género que nem sabem que há eleições, o chamado lúmpen proletariado, os que estão sempre contra tudo e contra todos, os que se acham tão acima de tudo e que só votariam num partido que os tivesse como líder, alguns nazis e fascistas que não se revêem no modelo democrático, acompanhados nessa intensão por alguns stalinistas puros, os indiferentes e conformistas de todo o tipo, e claro, muitos intelectuais que, à custa de complicarem tanto o seu pensamento, não sabem em quem votar, e ainda alguns ingénuos que passam a vida à procura do partido puro e ideal que represente a sua pureza e ainda muitos antigos salazaristas que, por uma questão de princípio, nunca votaram depois do 25 de Abril…), os que, ao fim de 40 anos de democracia, ainda não sabem usar um voto e vão parar ao monte dos votos nulos  dos que resolvem descarregar toda a sua raiva e frustração inutilizando o seu próprio direito de escolha e os que, num acto de consciência cívica, não abdicam do seu direito de voto, um direito que em Portugal custou a vida e o conforto de muita gente para que ele fosse obtido e, não se identificando com o actual sistema partidário, mesmo assim se dão ao trabalho de se deslocar à sua secção de voto e votam em branco, o único dos três casos que merecia resultar em consequência política (por exemplo, retirando lugares eleitos…).

Nesta designação os nosso comentadores e jornalistas também metem no mesmo saco os votantes nos partidos fascistas e neo-nazis que, pura e simplesmente, defendem o fim da União Europeia e o regresso a ditaduras antidemocráticas e nacionalistas, os partidos populista, das mais variadas matrizes, que se dividem entre os que defendem o fim da União Europeia,  os que “apenas” defendem o fim do “euro”, os que defendem simplesmente um novo caminho, mais próximo dos cidadãos, para a União Europeia, os partidos à esquerda que defendem a renegociação da dívida, subdividindo-se ainda, entre eles, entre os que estão contra a União Europeia, os que defendem a saída do euro,  os que defendem uma nova política em defesa dos cidadãos europeus e/ou os que defendem pura e simplesmente a manutenção do  Estado Social Europeu.

Ou seja, para muitos comentadores e jornalistas, eurocépticos e “antieuropeus” são todos os que defendem ideias diferentes daquelas que são defendidas pelos chamados partidos do arco do poder, isto é, os “liberais” do sr. Juncker ou os “socialistas” do sr. Schulz, que, no essencial, estão de acordo, ou seja, defendem as políticas de austeridade, com pequenas nuances , a “reforma” do Estado Social, a vontade dos “mercados” e a liderança alemã.

Se consideram que ser Europeu é apenas defender o que essas duas famílias políticas do “arco da austeridade” defendem, e reduzir as hipóteses de sobrevivência do projecto de União Europeia ao pensamento único neoliberal, então eu, e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”, e podem colocar todos no mesmo saco.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é considerar que o Estado Social não deve ser limitado, para agradar aos “mercados” e fazer as vontades ao dumping social praticado pelos países emergente, procurando “adaptar” esse mesmo Estado Social ao “modelo social chinês”, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu é questionar a forma antidemocrática das grandes decisões, tomadas nas costas dos cidadãos pelo Conselho Europeu, pela Comissão Europeia, pelo Eurogrupo, pelo BCE e pelo FMI da srª Lagarde, escolhendo para os cargos de presidente do Conselho Europeu e da Comissão Europeia e para outros cargos burocratas gente que não foi sujeita ao sufrágio dos cidadãos europeus, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é considerar que a União Europeia tem de tomar um novo rumo, alterando os errados modelos de austeridade impostos pelas troikas, combatendo as crescentes desigualdades no seu seio, o escandaloso número de desempregados, nomeadamente entre os mais jovens, e a pobreza crescente, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é defender que, para que o euro possa sobreviver como moeda única, é necessário corrigir os erros do seu nascimento através de uma aproximação dos preços, dos salários, das pensões, dos juros e no sistema fiscal (não se pode admitir que se exija um deficit igual, não ultrapassando os 3%, a todos os países do euro, e depois existam disparidades de preços, juros, pensões, salários e de impostos que ultrapassem em muito aquele valor…), então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é defender o fim  de paraísos fiscais no seio da própria União Europeia,  defender a penalização de  um sistema financeiro corrupto , combater  a fuga aos impostos de grandes empresas e criticar uma política de baixos salários e de redução de direitos laborais, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Seria bom que os senhores comentadores soubessem distinguir o trigo do joio, aqueles que querem mesmo destruir a Europa e o seu projecto, daqueles que querem “apenas” um rumo diferente para o projecto europeu, alguns apenas a reposição do seu ideário fundador, combatendo o actual sistema antidemocrático de decisão, que afasta os cidadãos do projecto europeu.

Se esses comentadores ou, mais grave ainda, os burocratas da União Europeia e os partidos do “arco do poder” não distinguirem as diferenças e o significado político destas eleições, vão ser eles, e não os “eurocépticos” e “antieuropeus”, os principais responsáveis pela falência do projecto europeu.

Infelizmente as primeira declarações de Durão Barroso, de Lagarde e de Draghi após estas eleições vão no sentido de continuarem a não perceber (ou fingirem que não percebem) que, como muito gostam de dizer, “o mundo [a Europa] mudou” no dia 25 de Maio.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Em Portugal e na Europa eles foram os verdadeiros derrotados:


 Em Portugal os chamados partidos do arco do poder sofreram uma estrondosa derrota.

A Aliança PSD/CDS foi derrotado de facto, perdendo quase 400 mil votos em relação às últimas eleições europeias.

Eles eram o rosto nacional das políticas “austeritárias” impostas pela troika (Comissão Europeia, BCE e FMI), responsáveis pela perda generalizada de direitos, rendimento e emprego.

Mas o PS, que venceu estas eleições, também não pode fazer o foguetório que fez com o resultado, já que não se descolou significativamente da aliança direitista.

A brutal abstenção e grande subida de votos nulos e brancos, embora sejam um forma pouco responsável e consequente de manifestar descontentamento em democracia, revelam contudo o grande descontentamento e o desprezo pelo projecto europeu por parte da grande maioria dos portugueses.

Ou seja, estas eleições, apontadas por alguns como a grande sondagem nacional e a primeira volta das legislativas que se seguem, revelaram-se uma falsa partida, deixando em aberto a possibilidade da maiorias de direita recuperar a iniciativa e bater o maior partido da oposição.

As pessoas perceberem que o PS tem responsabilidades no actual estado de coisas e por isso, apesar da gravosa e humilhante situação em que vive a maior parte dos portugueses, não deram um sinal claro de que querem o PS como alternativa, pelo menos sem que este se revela uma verdadeira alternativa às malfeitorias impostas ao país pela Comissão Europeia.

Por isso, o principal alvo do descontentamento revelado pelos portugueses,  não dando um cheque em branco ao PS, penalizando fortemente a Aliança PSD/CDS, desconfiando do piscar de olhos do PS ao Bloco de Esquerda, distribuindo os seus votos pelos partidos do protesto (MPT) ou da critica radical ao projecto europeu (CDU), ou virando as costas à Europa pela abstenção, voto em branco ou voto nulo, foi a "malta" da troika, Lagarde, Draghi, Barroso, Rhen, Constâncio , Gaspar….

Nesse protesto, os portugueses não ficaram isolados.

O crescimento dos partidos que se manifestam contra o poder da burocracia de Bruxelas,  explorando muitos a irracionalidade dessa revolta, como se comprova pelo crescimento da extrema-direita, que vence na Inglaterra, na França, na Hungria, na Dinamarca, na Bélgica e, com resultados significativos na Grécia, na Holanda e noutros estados, bem como o crescimento do populismo sem ideologia na Itália, ou da esquerda radical na Grécia, ou a derrota dos partidos do “arco do poder” em Espanha, onde o PSOE e o PP juntos obtiveram menos de 40%  dos votos, mostra quem foram os verdadeiros derrotados.

Devemos juntar a tudo isto o facto significativo de o partido liderado pelo tenebroso comissário finlandês Olli Rehn ter sido fortemente penalizado nestas eleições, obtendo um míseros 19%.

Não é desejável que o projecto europeu falhe. Mas quem levou a Europa para este beco sem saída foram as políticas que desprezaram os cidadãos europeus ao longo dos últimos anos, através de decisões não democráticas tomadas por organismos sem controle democrático como a Comissão Europeia, o BCE ou o Eurogrupo.

Pelos primeiros comentários que essa gente tem feito nas últimas horas aqui em Lisboa, é de temer o pior, pois parece que ainda não perceberam que foram eles os primeiros responsáveis por esta situação.

Se estivéssemos perante gente com o mínimo de vergonha e decência, estavam todo a demitir-se dos seus cargos pagos a peso de ouro.


Se eles não perceberam, é tempo de os cidadãos europeus lhes dizerem que, com estes resultados eleitorais. perderam toda a legitimidade para se manterem nos seus cargos e para nos imporem a sua política anti-social

sábado, 24 de maio de 2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Eleições Europeias - uma decisão com muitas dúvidas:


O presidente da União Europeia, Herman von Rompeuy, tem “o carisma de um trapo velho” e a “aparência de um bancário”, “sem qualquer legitimidade para o cargo”.

Catherine Ashton é “uma inútil” que foi nomeada para o cargo de “ministra dos estrangeiros” da União Europeia “porque o marido é um dos principais financiadores do Partido Trabalhista”.

Bruxelas é governada “pelas piores pessoas que a Europa viu desde 1945”.

Quem não subscreveria por baixo estas afirmações?

O problema é que quem as proferiu foi Nigel Farange, líder da extrema-direita britânica e um dos previsíveis grandes vencedores das eleições europeias.

O problema da expansão do populismo da extrema-direita europeia é exactamente este.

Dizem a verdade, com ara respeitável, despidos das suas fardas negras, escondendo as suas verdadeiras intensões, aproveitando-se da desorientação da esquerda europeia, da traição social-democrata aos cidadãos e trabalhadores da Europa e da retórica neoliberal e neoconservadora da direita europeia que legitima o discurso dessa extrema-direita.

Um dos resultados possíveis nas próximas eleições europeias é o avanço eleitoral da extrema direita e do populismo, um pouco por todo o lado.

Ao esvaziar o parlamento europeu, único órgão democrático europeu, do seu poder, ao permitir que as grandes decisões sejam tomadas nas costas dos cidadãos europeus pela burocracia da União Europeia, com a Alemanha de Merkel a liderar, e ao se submeteram aos ditames do poder financeiro, retirando direitos sociais e reduzindo o bem-estar dos seus cidadãos, os partidos que dominam a Europa abrem caminho para a demagogia de extrema-direita.

A grande incógnita vai ser, assim, saber até onde vai o crescimento da extrema-direita e até onde vão ser penalizados os governos da “austeridade”.

Por cá esta é a grande sondagem onde se vai medir se o conformismo  da abstenção terá mais peso que a penalização dos partidos do “arco da dívida” com um aumento de votação à esquerda.

Pessoalmente estive inicialmente inclinado para me abster pela primeira vez, já que o Parlamento Europeu não passa de um mero verbo de encher, como expliquei AQUI .

Mas neste momento, e sendo provável que a abstenção não venha a chegar aos 65%, tornando-se assim irrelevante para fazer soar as campainhas de alarme dos burocratas europeus,  seria muito grave que os partidos do governo saíssem vencedores ou fossem derrotados por pouco.

O PS não me merece grande confiança, já que foi responsáveis pelo descalabro financeiro do país, com José Sócrates, de quem não de demarcou, e abriu as portas a muitas das medidas anti-sociais deste governo.

É por isso importante que os partidos à esquerda do PS ganhem fôlego nestas eleições, nomeadamente a CDU, o BE ou o Livre.

Seria também interessante que algum pequeno partido, como o PAN ou o Partido da Terra, conseguissem eleger um deputado.

Tudo, menos uma vitória da aliança PSD/CDS ou uma vitória expressiva do PS.

As Eleições Para o Parlamento Europeu - "Reflectir" com Cartoon´s:
























quarta-feira, 21 de maio de 2014

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU - A GRANDE ALDRABICE : Merkel já decidiu a próxima Comissão Europeia, antes das eleições.


Prevendo uma enorme abstenção ou um voto em partidos euro cépticos, nomeadamente de extrema-direita ou populistas,  ou, à esquerda, nos críticos das opções "austeritárias" da UE e do BCE, os partidos do chamado arco do poder andam a tentar cativar os eleitores com a história de que, desta vez, os cidadãos europeus, ao elegerem os deputados para o PE, estão também a eleger o próximo Presidente da Comissão Europeia, apresentando os seus candidatos a esse cargo, o sr. Schultz e o sr. Juncker.

Ora a srª Merkel veio agora dizer quem é que manda e já escolheu o próximo Comissário Europeu, nada mais nada menos que a sua amiga, a srº Lagarde( a sua escolha é antiga, mas foi ontem confirmada por uma fonte do jornal on-line Euroactiv, dedicado aos assuntos europeus).

A srª Lagarde tem sido uma preciosa aliada, à frente do FMI, da austeridade imposta aos cidadãos europeus para salvar os desmandos do sector financeiro, que é quem realmente manda na Europa e na srª Merkel.

Ficamos assim esclarecidos sobre essa grande aldrabice que é a de votar para um Parlamento que, mais uma vez,em  nada vai mandar, pois quem vai continuara a mandar na Europa é um conjunto de altos burocratas escolhidos pela líder germânica e pelos bancos que a "financiam".

O único orgáo da UE com alguma legitimidade democrática vai continuar assim a ser um mero "verbo de encher".