Em Portugal os chamados partidos do arco do poder sofreram uma
estrondosa derrota.
A Aliança PSD/CDS foi derrotado de facto, perdendo quase 400 mil votos
em relação às últimas eleições europeias.
Eles eram o rosto nacional das políticas “austeritárias” impostas pela
troika (Comissão Europeia, BCE e FMI), responsáveis pela perda generalizada de
direitos, rendimento e emprego.
Mas o PS, que venceu estas eleições, também não pode fazer o foguetório
que fez com o resultado, já que não se descolou significativamente da aliança
direitista.
A brutal abstenção e grande subida de votos nulos e brancos, embora
sejam um forma pouco responsável e consequente de manifestar descontentamento
em democracia, revelam contudo o grande descontentamento e o desprezo pelo
projecto europeu por parte da grande maioria dos portugueses.
Ou seja, estas eleições, apontadas por alguns como a grande sondagem
nacional e a primeira volta das legislativas que se seguem, revelaram-se uma
falsa partida, deixando em aberto a possibilidade da maiorias de direita
recuperar a iniciativa e bater o maior partido da oposição.
As pessoas perceberem que o PS tem responsabilidades no actual estado
de coisas e por isso, apesar da gravosa e humilhante situação em que vive a
maior parte dos portugueses, não deram um sinal claro de que querem o PS como
alternativa, pelo menos sem que este se revela uma verdadeira alternativa às
malfeitorias impostas ao país pela Comissão Europeia.
Por isso, o principal alvo do descontentamento revelado pelos
portugueses, não dando um cheque em branco ao PS, penalizando
fortemente a Aliança PSD/CDS, desconfiando do piscar de olhos do PS ao Bloco de
Esquerda, distribuindo os seus votos pelos partidos do protesto (MPT) ou da
critica radical ao projecto europeu (CDU), ou virando as costas à Europa pela
abstenção, voto em branco ou voto nulo, foi a "malta" da troika, Lagarde, Draghi, Barroso, Rhen, Constâncio
, Gaspar….
Nesse protesto, os portugueses não ficaram isolados.
O crescimento dos partidos que se manifestam contra o poder da
burocracia de Bruxelas, explorando
muitos a irracionalidade dessa revolta, como se comprova pelo crescimento da
extrema-direita, que vence na Inglaterra, na França, na Hungria, na Dinamarca,
na Bélgica e, com resultados significativos na Grécia, na Holanda e noutros estados,
bem como o crescimento do populismo sem ideologia na Itália, ou da esquerda
radical na Grécia, ou a derrota dos partidos do “arco do poder” em Espanha,
onde o PSOE e o PP juntos obtiveram menos de 40% dos votos, mostra quem foram os verdadeiros
derrotados.
Devemos juntar a tudo isto o facto significativo de o partido liderado
pelo tenebroso comissário finlandês Olli Rehn ter sido fortemente penalizado
nestas eleições, obtendo um míseros 19%.
Não é desejável que o projecto europeu falhe. Mas quem levou a Europa
para este beco sem saída foram as políticas que desprezaram os cidadãos
europeus ao longo dos últimos anos, através de decisões não democráticas tomadas por organismos sem controle democrático
como a Comissão Europeia, o BCE ou o Eurogrupo.
Pelos primeiros comentários que essa gente tem feito nas últimas horas aqui em Lisboa,
é de temer o pior, pois parece que ainda não perceberam que foram eles os
primeiros responsáveis por esta situação.
Se estivéssemos perante gente com o mínimo de vergonha e decência,
estavam todo a demitir-se dos seus cargos pagos a peso de ouro.
Se eles não perceberam, é tempo de os cidadãos europeus lhes dizerem
que, com estes resultados eleitorais. perderam toda a legitimidade para se manterem nos seus cargos e para nos imporem a sua política anti-social
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