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segunda-feira, 31 de maio de 2021

À Direita, muito fel, pouco “MEL”.

 

(cartoon de ANTÓNIO GASPAR)

A direita portuguesa tem andado muito activa nas últimas semanas.

“Ele” foi a Convenção do MEL (Movimento Europa e Liberdade)!

“Ele” foi o 3º Congresso do Chega!

Em ambos os eventos, a direita assumiu um discurso cada vez mais extremista, intolerante e arrogante.

Para o país, nem uma ideia nova.

Sobre o Chega estamos “falados”, já sabemos ao que vem, assumindo-se como partido extremista da direita, no próprio discurso do líder, xenófobo nas atitudes, que vem para “limpar o país”, sabendo nós o que representa essa “limpeza”.

Da Convenção do MEL esperava-se um pouco mais, mas o que ficou foi o branqueamento e a recuperação do salazarismo, pela mão de uma “eminente” historiadora, Fátima Bonifácio, foi o ressuscitar de Passsos Coelho e do ir “além da Troika”, e foi a “normalização” do CHEGA.

Não deixa de ser curiosa a recuperação da figura de Salazar numa convenção que se intitula da “Europa” e da “Liberdade”, se nos lembrarmos que Salazar foi o construtor e o símbolo da mais longa ditadura da nossa história nos últimos cem anos e o defensor do “orgulhosamente sós”.

Apelidar o movimento que defende tais ideias de “Europa e Liberdade”, faz lembra as velhas designações  de Repúblicas “Democráticas” e “Populares” dos regimes ditos “comunistas” do leste ou da actual Coreia do Norte.

Não se ouviu uma palavra sobre o que essa gente pensa dos problemas do país: a crise da habitação, os salarios baixos, a precariedade do emprego, as desigualdades socias, a corrupção. Quanto muito, mas de forma dissimulada, defendeu-se a redução ou mesmo a total ausência do  Estado na educação e na saúde, com a privatização de tudo, menos da justiça e da segurança, a entregar à “gente de bem”.

O silêncio sobre essas questões contrastou com o “ruído em surdina” à volta do sebastianismo de Passos Coelho, atitude que é suficiente para ficarmos a conhecer, nas entrelinhas do endeusamento do ex-primeiro-ministro, o “programa” social para o país: o revanchismo do “mais do mesmo”,  do “ir além da troika”, ou seja, privatização do Estado, entregue à gestão de amigos e “empresários de bem”, brutal aumento de impostos para as classes médias, esmagamento dos direitos sociais, cortes salariais, precariedade do emprego, substituição da solidariedade social pela caridadezinha, total submissão aos ditames do corrupto sector financeiro, pois esse foi, até agora, em democracia, o único programa executado pela direita mais consequente, a do “passos-coelhismo” (o outro "programa" conhecido foi o do salazarismo).

Por último, a terceira “cereja” no "pote" do MEL, a promoção de André Ventura e do seu discurso assumidamente extremista no seio da família da direita, contrastando com o desprezo demonstrado pelas posições moderadas da direita, representadas por Rui Rio, um dos bombos dessa “festa”.

Da direita sobra pouco “mel” e destila-se, cada vez mais, muito “fel”!

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Israel e Bielorrússia, os dois pesos e duas medidas da União Europeia.


O desvio de um avião de passageiros é um acto de terrorismo.

Quando esse acto ignóbil é organizado pelo governo de um Estado, reconhecido internacionalmente, estamos perante um acto de terrorismo de Estado que tem de ter uma resposta firme da comunidade internacional.

Foi isso que fez, e bem, a União Europeia, com rapidez e firmeza, rapidez e firmeza pouco habitual noutras situações.

Ainda recentemente tivemos uma semana de acções criminosas levada a cabo por um Estado “amigo” da União Europeia, o Estado de Israel.

Aliás, essa acção criminosa levada a cabo por Israel, ao contrário do acto de pirataria promovido pelo ditador Lukashenko, provocou mais de duas centenas de mortos, a maior parte civis.

Ao contrário do que aconteceu agora, a União Europeia, e o mesmo podemos dizer da NATO,  foi demorada e tímida e parca a condenar os crimes israelitas.

O que nos leva a concluir que a União Europeia usa dois pesos e duas medidas, para tomar posição contra actos tresloucados de figuras repugnantes como um Lukashenko ou um Natanyahu, cada um à sua maneira, “exemplos” de  “democratas iliberais”.

Aliás, tanto a União Europeia, como a NATO, têm os seus telhados de vidro, como Viktor Orbán no seio da UE, que tem seguidores em todos os países do leste, e não só, ou Recep Erdogan, na Turquia, país este com um dos mais poderosos exércitos da NATO.

Lukashenko, Natanyahu, Erdogan, Órban , tal como Putin, Maduro, Bolsonaro e, cada vez mais, tantos outros por esse mundo fora, estão todos ao mesmo nível no desrespeito pelos Direitos Humanos, pala Liberdade e pela Democracia.

Mas na União Europeia parece que,se são todos autoritários e repelentes, …. alguns são mais autoritários e repelentes do que outros!!!

domingo, 16 de maio de 2021

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Quem Estragou a Festa, pá!!???


Aquilo a que assistimos ontem, no exterior do Estádio de Alvalade, foi lamentável, a todos os níveis e levanta várias interrogações.

Sem distanciamento, com máscaras mal colocadas ou sem elas, com comportamentos a roçar o puro vandalismo, milhares de adeptos puseram em causa todas as medidas sanitárias recomendadas.

Veremos qual a situação epidemiológica na Grande Lisboa daqui a 15 dias, para percebermos melhor as consequências desse comportamento.

Existem, à partida, vários responsáveis pela grave situação a que assistimos ontem:

- em primeiro lugar a claque “Juventude leonina”, conhecida por agir acima da lei e de forma impune, com comportamentos arruaceiros no seu historial( tal como outras claques de outros clubes), instalando ilegalmente um sistema de som e imagem de grandes dimensões, quando um simples evento de rua tem grandes dificuldades em ser autorizado, nas actuais circunstâncias;

- em segundo lugar, as autoridades, em última instância o Ministro da Administração Interna, que, tendo olhos para ver como qualquer cidadão que passasse pelo local a partir das 15 horas ou visse as imagens televisivas, tiveram mais do que tempo para por cobro à situação ou, no mínimo, criar condições de segurança sanitária para os festejos. Aliás, só agiram na pior altura, no intervalo do jogo, quando já não era possível controlar a situação, a não ser da forma violenta e desproporcionada como acabou por acontecer ;

- em terceiro lugar, as televisões que, ao desculpabilizarem e desvalorizarem a dimensão da situação, “incentivaram” os adeptos a deslocarem-se em massa ao local;

- em quarto lugar, alguns “epidemiologistas” e comentadores , que se prestaram a essa desculpabilização e a essa desvalorização. Curiosamente alguns desses “especialistas” foram os mesmo a indignar-se com a realização das comemorações do 25 de Abril, do 1º de Maio, da Festa do Avante ou do Congresso do PCP. Contudo, qualquer comparação com estes eventos é puro absurdo, já que estes tiveram lugar de forma ordenada, com regras rigorosas de controle sanitário e com o distanciamento devido, em alturas,  pelo menos nalguns casos, em que a situação era menos grave;

- em quinto lugar, mas beneficiando da cumplicidade e complacência das entidades acima referidas, o comportamento arruaceiro de alguns adeptos, provocando a polícia e que muito contribuiu para o desfecho violento desses festejos.

E já agora, onde param os indignados das redes socias, sempre tão prontos a destilar o veneno da sua intolerância contra o 25 de Abril, o 1º de Maio, a Festa do Avante ou o Congresso do PCP??

Depois do que vimos ontem, o que dirão os organizadores de Festivais, os trabalhadores e empresários dos Circos, os donos de carrocéis, os donos de discotecas e bares?

De certeza que qualquer destes eventos se pode realizar em melhores condições de segurança sanitária do que os festejos de ontem.

Se a culpa voltar a morrer solteira, preparem-se para o que pode vir a seguir!!

terça-feira, 4 de maio de 2021

Carlos Bernardes, o Homem!


Torres Vedras entardeceu, em choque, na tarde desta 2ª feira.

O Presidente da Câmara tinha falecido, em circunstâncias ainda não devidamente esclarecidas, embora tudo aponte para suicídio.

Antes de ser presidente, conheci Carlos Bernardes noutras ocasiões.

Em três delas, por volta de 1990, realizámos juntos três visitas de estudo com alunos de Torres Vedras, uma a Sevilha, outra a Ceuta e outra à Mealhada, Almeida e Salamanca, eu como professor acompanhante de turmas e alunos, no primeiro caso, e como júri de um concurso sobre as invasões francesas nos dois outros, ele como responsável da Câmara.

Carlos Bernardes foi sempre um simpático, alegre e bom companheiro, e , desde então, sempre nos fomos encontrando por aí, com respeito e amizade.

Mais tarde, já com ele como vereador, tive a honra de ser seu professor numa disciplina de História da Arte da licenciatura de Turismo, revelando-se aluno inteligente, atento, curioso e empenhado, homem alegre e simples, mas já então um pouco tímido, tratando-me sempre, a partir daí, de forma carinhosa, com um “como vai professor?”.

Não partilhando as mesmas posições política, embora não tão distantes como isso, tal nunca impediu uma relação de respeito mútuo.

Cometeu alguns erros, como o de se deixar deslumbrar pelo título de “Doutor”, mais por ingenuidade e para se afirmar no meio de “tubarões da política”, do que pela necessidade real de provar o quer que fosse.

De facto, ele não precisava do “título” para chegar onde chegou. Bastava o seu entusiasmo, entrega e empenho em tudo o que fazia na Câmara, em prol daquilo que ele acreditava que era o melhor para os torrienses.

Foi um empenhado militante em defesa das questões ambientais, muito antes de estas se tornarem a “moda” nos nossos dias.

Apesar dos erros,  deu sempre provas de uma grande entrega à comunidade, como se revelou neste últimos meses pelo modo como dirigiu o combate local à epidemia, o que lhe custou ter sido  ele próprio contaminado e  sofrer um grave acidente de automóvel, devido ao desgaste do stress causado pela grave situação sanitária em que vivemos.

Por trágica ironia,  quis o destino  que um dos seus últimos actos públicos tenha sido a inauguração do popularmente designado “Museu do Carnaval”, uma causa que o motivava e onde colocou todo o seu empenho e entusiasmo. Mesmo assim não escapou à polémica.

Ultimamente, vivia uma situação de grande desgaste político, devido a cisões no seio da sua família política e a um confronto directo e violento com elementos da sua vereação.

Teve razão em afastar uma vereadora, por suspeitas, não esclarecidas e provavelmente infundadas, de corrupção, quando devia ter sido a própria vereadora a colocar o seu lugar à disposição, até ao devido esclarecimento dos factos , mas falhou ao não permitir, ou outro por si, o devido esclarecimento público da situação.

A tudo isso temos de juntar o efeito nefasto das redes sociais, onde, em vez de se discutirem ideias e projectos e se recorrer à crítica fundada, Carlos Bernardes, homem sensivel, era vítima constante de autêntico “bulling”, com ataques e insultos boçais e tentativas de humilhação pessoal.

Estes eram alguns dos momentos tensos que se viviam em Torres Vedras, que podem ter contribuído para uma situação de excessivo strees, que conduziu a tão trágico desfecho.

Como cidadão, espero que os motivos próximos desta tragédia sejam devidamente esclarecidos.

Como amigo, ficarão sempre na memória os momentos de leal e são convívio vividos no passado.

Que tenha encontrado a paz que procurava.

Os sentidos pêsames à família.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

“Torres Vedras Amordaçada”, na opinião de Duarte Pacheco


Foi preciso assistir a um programa humorístico na SIC, para ser confrontado com o absurdo das afirmações do candidato da coligação de centro-direita à Câmara de Torres Vedras, o deputado Duarte Pacheco.

Afirmou o candidato, na sessão de apresentação realizada a semana passada em Torres Vedras, qualquer coisa como “existir” medo em Torres Vedras de falar e fazer oposição ao poder “socialista”, que governa a Câmara local há 45 anos, e “existir” perseguição aos seus autores.

Sou muito crítico da governação “socialista” e só votei 2 ou 3 vezes no PS para a Câmara e outras tantas para a junta de freguesia, em quase uma dúzia de eleições autárquicas.

Já escrevi, por aqui e na imprensa local, muitas críticas ao poder autárquico do PS e fiz oposição ao mesmo, na Assembleia Municipal, por uma meia dúzia de anos, mas nunca me senti perseguido ou impedido de manifestar as minhas críticas ao longo poder “socialista”.

Fiquei surpreendido com a escolha do PSD para a candidatura, como se não houvesse por cá gente, dessa área política, com condições para disputar as eleições locais.

Essas afirmações veem confirmar a meu espanto por essa escolha.

Considero, aliás, que este é um autêntico “tiro no pé” do PSD e do CDS locais, num ano em que até existem condições para disputar, de forma renhida, o poder “socialista”, mas, se há novidades, elas não veem da coligação de centro-direita.

Parece que, desta vez, dominou o espírito provinciano e futebolístico de apostar em figuras públicas, da “rádio e da TV”, pouco conhecedoras da realidade local e com pouca ligação ao meio.

Ao que parece, o candidato andou a estudar por cá, nos tempos da juventude , tal como aconteceu a muito boa gente da sua geração dos concelhos vizinhos, sem que dele se conheça qualquer ligação posterior à vida do concelho, a não ser uns escritos no jornal “Badaladas”, a partir do seu lugar como deputado, mera propaganda política sem qualquer conteúdo de interesse local.

Mas, o pior de tudo, foram as tais afirmações, descrevendo este concelho como uma espécie de ilha totalitária, onde domina a perseguição e o terror político.

Quando não se apresentam ideias novas, argumenta-se com o absurdo.

Ainda bem, para quem é dessa área política,  que o centro direita tem duas alternativas credíveis a essa triste candidatura vazia de ideias.