Aquilo a que assistimos ontem, no exterior do Estádio de Alvalade, foi lamentável, a todos os níveis e levanta várias interrogações.
Sem distanciamento, com máscaras mal colocadas ou sem elas, com
comportamentos a roçar o puro vandalismo, milhares de adeptos puseram em causa
todas as medidas sanitárias recomendadas.
Veremos qual a situação epidemiológica na Grande Lisboa daqui a 15
dias, para percebermos melhor as consequências desse comportamento.
Existem, à partida, vários responsáveis pela grave situação a que
assistimos ontem:
- em primeiro lugar a claque “Juventude leonina”, conhecida por agir
acima da lei e de forma impune, com comportamentos arruaceiros no seu historial(
tal como outras claques de outros clubes), instalando ilegalmente um sistema de
som e imagem de grandes dimensões, quando um simples evento de rua tem grandes
dificuldades em ser autorizado, nas actuais circunstâncias;
- em segundo lugar, as autoridades, em última instância o Ministro da
Administração Interna, que, tendo olhos para ver como qualquer cidadão que
passasse pelo local a partir das 15 horas ou visse as imagens televisivas,
tiveram mais do que tempo para por cobro à situação ou, no mínimo, criar
condições de segurança sanitária para os festejos. Aliás, só agiram na pior
altura, no intervalo do jogo, quando já não era possível controlar a situação,
a não ser da forma violenta e desproporcionada como acabou por acontecer ;
- em terceiro lugar, as televisões que, ao desculpabilizarem e
desvalorizarem a dimensão da situação, “incentivaram” os adeptos a
deslocarem-se em massa ao local;
- em quarto lugar, alguns “epidemiologistas” e comentadores , que se
prestaram a essa desculpabilização e a essa desvalorização. Curiosamente alguns
desses “especialistas” foram os mesmo a indignar-se com a realização das
comemorações do 25 de Abril, do 1º de Maio, da Festa do Avante ou do Congresso
do PCP. Contudo, qualquer comparação com estes eventos é puro absurdo, já que
estes tiveram lugar de forma ordenada, com regras rigorosas de controle
sanitário e com o distanciamento devido, em alturas, pelo menos nalguns casos, em que a situação
era menos grave;
- em quinto lugar, mas beneficiando da cumplicidade e complacência das
entidades acima referidas, o comportamento arruaceiro de alguns adeptos,
provocando a polícia e que muito contribuiu para o desfecho violento desses
festejos.
E já agora, onde param os indignados das redes socias, sempre tão
prontos a destilar o veneno da sua intolerância contra o 25 de Abril, o 1º de
Maio, a Festa do Avante ou o Congresso do PCP??
Depois do que vimos ontem, o que dirão os organizadores de Festivais,
os trabalhadores e empresários dos Circos, os donos de carrocéis, os donos de
discotecas e bares?
De certeza que qualquer destes eventos se pode realizar em melhores condições de segurança sanitária do que os festejos de ontem.
Se a culpa voltar a morrer solteira, preparem-se para o que pode vir a seguir!!
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