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segunda-feira, 23 de novembro de 2015

No passado dia 10 de Novembro o Vaticano distinguiu o projeto do Campo Arqueológico de Mértola .

A notícia já tem uns dias, foi publicada por alguma imprensa escrita, como no jornal Público  AQUI, mas passou práticamente despercebida da comunicação social que "faz opinião".

Foi o  Papa Francisco que anunciou, numa mensagem enviada à Academia Pontifica, no Vaticano, numa sessão onde estava presente o arqueólogo Claudio Torres, realizada no passado dia 10 de Novembro, que o Campo Arqueológico de Mértola tinha recebido o Prémio Das Academias Pontifícias do Vaticano, este ano dedicado aos primeiros anos do cristianismo.

"Apraz-me entregar o Prémio (...) à associação portuguesa Campo Arqueológico de Mértola pelas campanhas arqueológicas conduzidas nos últimos anos e pelos extraordinários resultados obtidos", escreveu o Papa Francisco nessa mensagem.

Depois de quatro anos de cortes e de desinvestimento na investigação e na cultura em Portugal, e, de forma mais grave,  desinvestimento nas àreas da ciências sociais e humanas, esta é uma boa notícia e um  justo prémio para homens, como Claudio Torres, que continuam, muitas enfrentando incompreensões e dificuldades várias, a apostar na investigação histórica e arqueológica.

Podem ler a notícia em baixo:

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

No Centenários de Mary Leakey

Já devem ter reparado, ao abrir hoje o Google, na ilustração que acompanha a primeira página do motor de busca.

Refere-se ao centenário do nascimento de Mary Leakey, que se comemora hoje, o elemento feminino do casal Leakey, arqueólogos a quem se devem algumas das mais importantes descobertas arqueológicas do século XX. Foram eles que confirmaram que a vida humana começou em África ou foram os primeiros a datar, com precisão, o aparecimento dos nossos antepassados. 

Reconstituição facial de Ricardo III apresentada em Londres - PÚBLICO

É uma das mais impressionantes descobertas cientícas dos últimos anos.

Unindo o trabalho de várias ciências foi possível recuperar os restos mortais de um dos mais carismáticos monarcas ingleses, Ricardo III, imortalizado por Shakespeare.

Ao contrário do que se passa noutros países da Europa, principalmente naqueles que estão sob tutela alemã, os ingleses investem na sua história e no seu património, mesmo em época de crise e os resultados estão à vista. Percebe-se as dúvidas britânicas sobre o projecto europeu.



Esta descoberta dá uma lição importante a um certo discurso dominante, marcado pelo puro economicismo e pelo mito dos resultados imediatos, e pela desvalorização das ciências humanas e sociais, ou defensora do imediatismo dos resultados, divulgado por quem domina a opinião pública, economistas, políticos e comentadores.


Em primeiro lugar, uma descoberta como esta só é possível com uma colaboração estreita entre várias ciências, onde as ciências humanas, tão desprezadas por aquela gente em Portugal, porque não dão lucro imediato, tiveram um papel fundamental, recorrendo á análise de vários tipos de documentos históricos para ajudar a investigação feita por outras disciplinas científicas, com as da área da biologia.

Em segundo lugar, para se atingir objectivos na investigação científica é preciso tempo e apoios continuados, quer do ponto de vista financeiro, quer do ponto de vista humanos, isto é, o trabalho científico e cultural deve merecer o mesmo carinho e atenção que cá apenas se dispensa ao futebol ou ao jet-set, pois o reconhecimento e a valorização do trabalho daqueles é importante para enfrentar dificuldades e não desistir. Descobertas como esta valem muito mais do que um golo do Ronaldo…

Em terceiro lugar, a investigação científica, como a actividade cultural ou artística, factores fundamentais para a defesa da identidade e dos valores humanos, não pode estar sujeita às conjunturas financeiras. Neste aspecto a Inglaterra tem uma boa tradição de lições a dar ao mundo, resumida naquela situação, à qual já aqui fizemos várias vezes referência, passada durante a IIª Guerra Mundial. Discutia-se no governo britânico que cortes efectuar para enfrentar a situação de guerra e alguém propôs que se cortasse na cultura, ao que Churchill  contrapôs: “então, se vamos cortar na nossa cultura, para que serve fazermos esta guerra?”.
Havia de ser por cá, neste governo de grulhos, apoiado por comentadores semianalfabetos do ponto de vista cultural.

Esta não é uma descoberta que se mede em lucros imediatos ou em índices bolsistas, mas perdurará muito para lá da visão curta dos líderes políticos ou financeiros...