É uma das mais impressionantes descobertas cientícas dos últimos anos.
Unindo o trabalho de várias ciências foi possível recuperar os restos mortais de um dos mais carismáticos monarcas ingleses, Ricardo III, imortalizado por Shakespeare.
Ao contrário do que se passa noutros países da Europa, principalmente naqueles que estão sob tutela alemã, os ingleses investem na sua história e no seu património, mesmo em época de crise e os resultados estão à vista. Percebe-se as dúvidas britânicas sobre o projecto europeu.
Esta descoberta dá uma lição importante a um certo discurso
dominante, marcado pelo puro economicismo e pelo mito dos resultados imediatos,
e pela desvalorização das ciências humanas e sociais, ou defensora do
imediatismo dos resultados, divulgado por quem domina a opinião pública,
economistas, políticos e comentadores.
Em primeiro lugar, uma descoberta como esta só é possível
com uma colaboração estreita entre várias ciências, onde as ciências humanas,
tão desprezadas por aquela gente em Portugal, porque não dão lucro imediato,
tiveram um papel fundamental, recorrendo á análise de vários tipos de
documentos históricos para ajudar a investigação feita por outras disciplinas
científicas, com as da área da biologia.
Em segundo lugar, para se atingir objectivos na investigação
científica é preciso tempo e apoios continuados, quer do ponto de vista
financeiro, quer do ponto de vista humanos, isto é, o trabalho científico e
cultural deve merecer o mesmo carinho e atenção que cá apenas se dispensa ao
futebol ou ao jet-set, pois o reconhecimento e a valorização do trabalho
daqueles é importante para enfrentar dificuldades e não desistir. Descobertas
como esta valem muito mais do que um golo do Ronaldo…
Em terceiro lugar, a investigação científica, como a actividade
cultural ou artística, factores fundamentais para a defesa da identidade e dos
valores humanos, não pode estar sujeita às conjunturas financeiras. Neste aspecto
a Inglaterra tem uma boa tradição de lições a dar ao mundo, resumida naquela
situação, à qual já aqui fizemos várias vezes referência, passada durante a IIª
Guerra Mundial. Discutia-se no governo britânico que cortes efectuar para
enfrentar a situação de guerra e alguém propôs que se cortasse na cultura, ao
que Churchill contrapôs: “então, se
vamos cortar na nossa cultura, para que serve fazermos esta guerra?”.
Havia de ser por cá, neste governo de grulhos, apoiado por
comentadores semianalfabetos do ponto de vista cultural.
Esta não é uma descoberta que se mede em lucros imediatos ou em índices bolsistas, mas perdurará muito para lá da visão curta dos líderes políticos ou financeiros...
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