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quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Em defesa da comunicação social pública


Começo a minha manhã informativa a ouvir a Antena 1, no carro, durante o dia, continuo na Antena 1, por vezes vou à 3 ou à 2, à noite circulo entre a RTP 3 e RTP 2.

Fora da comunicação pública consulto os jornais, as rádios e as televisões que mais se aproximam de um serviço público, isto é, mais pluralistas nas opiniões, que fazem reportagem jornalística, que remam contra a maré dos top´s na divulgação “opinativa”, artística, cultural e musical, tais como os jornais Público, Diário de Notícias e Jornal de Letras, as rádios M80 e Radar, e, raramente, alguma informação e debate na CNN Portugal….o resto, com raras e honrosas excepções, é sempre mais do mesmo ou a voz do dono (dos grandes interesses financeiros, políticos e empresariais, que lhes pagam para isso).

Por isso parece-me cada vez mais importante a existência de uma informação e divulgação variada, pluralista, cuidada, tolerante, na política, na cultura, na vida social, que invista na reportagem, tudo o que, mesmo com erros e limitações, só a comunicação social pública, principalmente a RTP , Antena 1 e a LUSA vão fazendo, tudo o que, infelizmente, está cada vez mais ausente dos órgãos de comunicação social privados, apenas preocupados com audiências, em agradar aos “donos”,em correr atrás da cloaca das redes socias, em divulgar o que uma opinião pública cada vez mais anestesiada e acrítica pretende consumir.

Por isso, é preocupante o que se anuncia por aí para limitar o financiamento, logo o trabalho de qualidade, dos órgão de comunicação social públicos, no fundo uma forma indirecta de "censura".

Esperemos que seja apenas um devaneio passageiro. Mas devemos estar atento aos desenvolvimentos.

sexta-feira, 3 de junho de 2022

Sobre o absurdo da Guerra, com base numa "conversa com Padura"

A RTP 2 passou ontem uma entrevista como o escritos cubano Leonardo Padura, que pode ser vista aqui : Conversando com Padura

Padura, só por si, pela sua visão do mundo, pela sua coragem, pela sua lucidez e pela sua humildade, merece uma leitura atenta da sua obra, que é abordada nesta interessante "conversa".

Aqui recordo uma passagem dessa entrevista, quando ele falava no absurdo da guerra e sobre a falta de humanidade a ela associada, contando uma história, que ele citou de outro escritor cubano, e que é uma matáfora destes tempos de peopaganda belicista potenciada pela absurada guerra iniciada por Putin, mas aproveitada por muitos outros.

E a história que Padura contava, e que eu reconto à minha maneira, numa daptação livre, era a seguinte:

Existiam duas tribos que passavam a vida em guerra, matando-se uns aos outros ao longo de gerações, provávelmente já nem sabendo a origem dessa guerra.

Certo dia um canibal chegou ao território dessas tribos e, observando a mortandade provocada pela guerra entre elas, acercou-se do líder de uma das tribos e perguntou-lhe: "na vossa guerra vocês matam todos os adversários que podem?". "Claro, é essa a finalidade da guerra, matar o maior número de membros da outra tribo". E o canibal perguntou : " e, no fim, vocês comem os adversários que matam?", ao que o lider tribal, com ar espantado, respondeu "claro que não! que nojo!".

Então o canibal, ainda mais espantado e admirado exclamou " Então, se não os comem... porque é que fazem guerra para os matar?"

Uma terrifica reflexão sobre o absurdo da guerra e da estupidez humana. O Home é o único ser que não mata para comer, mas apenas por prazer e poder.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2021

Presidenciais – As minhas “previsões” : entre o desejável, o temido e a realidade.

(Cartoon da RTP)

Não sendo imprevisíveis os resultados, existe desde já uma incógnita que tudo pode baralhar: o efeito da Covid-19 na abstenção.

Uma grande abstenção, acima dos 50%, pode provocar alguns “cataclismos” e esboroar o que as mais recentes sondagens indicam, uma vitória à primeira volta de Marcelo, um despique pelo segundo lugar entre Ana Gomes e o extremista, e o afundamento das candidaturas de João Ferreira e Maris Matias, a disputar o penúltimo lugar com o candidato da Iniciativa Liberal.

Já se percebeu que vai haver uma grande transferência de votos do eleitorado do PSD e do CDS para o candidato xenófobo e populista, e algum para o candidato da Iniciativa Liberal.

Uma grande abstenção, muita dela oriunda provavelmente do PS, vai beneficiar, em termos percentuais, as candidaturas mais militantes, como a do racista  e a de João Ferreira e até pode forçar a uma segunda volta.

A minha “previsão desejável” era que Marcelo vencesse à primeira volta, os três candidatos da esquerda ficassem à frente do populista da extrema-direita, que este se quedasse abaixo dos 10% e que João Ferreira ficasse acima dos 6%.

A minha “previsão mais temida” é haver uma segunda volta, que o extremista fique em segundo ou terceiro, com mais de 10% dos votos e com mais votos do que João Ferreira e Marisa Matias juntos.

A Minha “previsão mais realista” é que Marcelo ganhe à primeira volta, que Ana Gomes seja a segunda candidata mais votada e que Marisa, João Ferreira e o racista tenham mais ou menos a mesma percentagem, não conseguindo o xenófobo ter mais votos do que a Marisa e o João Ferreira, embora se possa aproximar dos 10%.

Veremos o que acontece.

quarta-feira, 7 de março de 2018

Sou da Geração Tv ..mas pouco!



Comemora-se hoje o 61º aniversário do inicio das emissões regulares de televisão em Portugal.

Tendo nascido pouco mais de um ano antes dessa data, posso dizer que faço parte da “geração tv”, já que, sempre me lembro da existência desse meio de comunicação.

Contudo, considero-me mais “filho da rádio” do que da televisão, pois, até meados da década de 70 as emissões de televisão só se iniciavam no final da tarde, e, durante todo o dia, a nossa companhia era a rádio.

Enquanto criança, lá em casa não nos deixavam ver televisão depois das 10 da noite, a não ser em dias especiais, nos dias do festival da canção, das grandes finais do futebol ou em emissões históricas, como a da chegada do homem à Lua.

Inicialmente lembro-me de ver pela primeira vez televisão nos cafés locais, nomeadamente no “Sagres”, que ficava na Avenida, a seguir ao “Napoleão”, onde a família se deslocava regularmente nas tardes de Domingo.

Mais tarde via televisão na casa dos meus avós, também aos domingos, único dia da semana em que a televisão abria à tarde, entre a programação infantil e cinematográfica, tudo, recorde-se, a preto e branco, situação que durou até 1980, também num dia 7 de Março.

Depois, finalmente, os meus pais lá compraram uma televisão para casa, então um investimento vultoso, pago a prestações.

Então, sem preocupações cronológicas, lembro-me dos filmes de Joselito, dos clássicos do cinema português, do Feiticeiro se Oz ( a preto e branco, claro), dos desenhos animados da Disney, do Perna Longa, do Bip.Bip…, de programas como o ZIP ZIP, dos concursos televisivos, num dos quis a minha mãe foi uma das concorrentes, tendo ficado em segundo lugar (chamava-se, que me lembre, “Grande Poeta é o Povo” e era apresentado por Artur Agostinho), dos grandes jogos do futebol europeu,  do mundial de 1966, dos Jogos Olímpicos (os de Tóquio em 1966 são os primeiros de que me lembro), das “conversas em família” de Marcelo Caetano, das sempre emocionantes edições em directo da missão Apolo, dos grande funerais de figuras publicas, como o de Salazar, dos Festivais da Canção e das emissões (em diferido) dos Óscares.
Apesar de tudo, as minhas memórias desses tempos são mais radiofónicas do que televisivas, como aconteceu com o 25 de Abril.

Enfim, nasci com a televisão, mas a minha memória partilho-as com outros meios de comunicação como a rádio, as revistas, ou os jornais.

Hoje a televisão é cada vez mais ruido do que (in)formação, com a honrosa excepção dos canais públicos.

terça-feira, 7 de março de 2017

60º aniversário da RTP – o dia em que a minha geração “faz anos”.

 A RTP comemora hoje o seu 60º aniversário.

Literalmente a minha geração é a geração da TV.

No ano em que nasci foi efectuada a primeira experiência de emissão televisiva em Portugal, durante a feira popular de Lisboa e, no ano seguinte, passam hoje 60 anos, começaram as emissões regulares da RTP.

Mesmo assim, a minha geração foi muito mais marcada pela companhia da rádio do que pela televisão, já que, pelo menos até ao 25 de Abril, as emissões da RTP só se iniciavam pelas 19 horas da tarde e encerravam às 24 horas, excluindo os Domingos.

As vozes da rádio estão assim muito mais presentes na minha memória de infância do que as “vozes” da TV e, ainda hoje, passo muitas mais horas a ouvir rádio do que a ver televisão.

No início, lembro-me de irmos nas tardes de Domingo para a cervejaria Sagres, na Avenida 5 de Outubro, assistir aos programas da RTP.

O meu avô Aspra foi o primeiro membro da família a ter televisão em casa e foi também aí que vi os primeiros programas de TV.

Não tardou muito até que um televisor fosse instalada em minha casa, mas ao longo do dia era a rádio que se ouvia, nomeadamente durante o almoço.

Os primeiros grandes acontecimentos de que me lembro, quase todos em 1963, acompanhei-os pela rádio, como a morte de Edith Piaf ou o assassinato do presidente Keneddy.

Geralmente só víamos TV até à hora de jantar, pois os meus pais tinham a preocupação de evitar que víssemos séries para “adultos” ou “violentas” como “O Santo” ou o “Bonanza”.

Muitas vezes, depois de nos deitarmos, eu e o meu irmão escapávamo-nos à socapa e escondíamo-nos atrás da porta da sala para ver, pela frecha, alguns programas que passavam à noite, embora fossemos quase sempre descobertos.

Ao longo da década de 60 lembro-me de alguns momentos “importantes” em frente da televisão, como os festivais da canção, os de Portugal e os da Europa, a entrega dos óscares (transmitidos em diferido, facto que só vim a saber mais tarde), alguns dos grandes momentos do futebol nacional, que teve o seu auge no mundial de 1966, os Jogos Olímpicos, a partir de 1964, as míticas provas de fórmula 1 dessa década, e, religiosamente, porque o meu pai era um entusiasta, a conquista do espaço que culminou com  chegada do homem à Lua em 1969, sem esquecer as “célebres” “conversas em família” de Marcello Caetano que, inicialmente, geraram alguma esperança de abertura do regime.

Isto sem esquecer algumas séries, como o “Rin Tin Tin”, a “Lassie”, “Casei com uma Feiticeira”, o “Mister Ed” e muito desenho animado, da Disney, mas também da Warner Bros, como os célebres “Bip Bip”, “Pernalonga”, “Tom e Jerry”….

Além disso, foi na RTP que tive a minha iniciação cinematográfica , vendo muito “lixo” mas também coisas interessantes, o que escapava ao crivo da censura, mas que muito contribui para gostar de cinema, como as comédias portuguesas dos anos 40 e 50 exibidas até à exaustão, os lacrimejantes filmes espanhóis de Joselito, as comédias francesas de Fernandel, sem esquecer grandes filmes como o “O Feiticeiro de Oz”. Claro que tudo a preto e branco.

Assisti também a programas de grande qualidade, como os de João Villaret, o “Museu do Cinema” ou, mais tarde, o célebre Zip Zip.

Para a minha geração, falar da história da televisão em Portugal é, assim, falar da nossa própria memória histórica.

Por isso, hoje não se celebra apenas o aniversário da RTP, mas também o aniversário da minha geração.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Before the Flood, um documentário da National Geographic, sobre o estado do ambiente na Terra.

"Before The Flood" teve estreia mundial no passado fim-de-semana e foi apresentado em Portugal na RTP1.
 
Realizado por Fisher Stevens, e produzido pela National Geographic, o Documentário é apresentado por Leonardo DiCaprio  e alerta-nos para a situação grave do planeta em termos ambientais.
 
É um documentário fundamental e que deve ser visto pro toda a gente, por isso damos o nosso pequeno contributo reproduzindo-o neste post.
 
A gravidade da situação exige medida rápidas e drásticas, que tardam em ser  tomadas e que colocam em risco a vida do planeta , tal como a conhecemos.
 
Este é um daqueles problema que só pode ser resolvido de forma global, que não escolhe países, que tanto afecta ricos como pobres e não é uma questão de "esquerda" ou de "direita", mas uma questão de sobrevivência da vida no planeta.
 
Infelizmente, a ignorância de muitos e a ganância  de alguns continuam a atrasar as decisões urgentes que é preciso tomar para inverter a grave situação e promover soluções.
 
Daí a importância em divulgar, por todos os meios, o alerta deste documentário:
 

terça-feira, 19 de maio de 2015

Uma Reflexão sobre a Europa e o mundo : Noam Chomsky entrevistado pela RTP


Com 86 anos, o conhecido linguista Noam Chomsky é uma das vozes mais lúcidas da actualidade.

Há uns dias atrás esteve em Lisboa e foi entrevistado pela RTP.

Nesse entrevista, reproduzida em baixo, e que apenas foi divulgada parcialmente, Chomsky percorre vários temas da actualidade, como a decadência da democracia na Europa, a sujeição da política ao sistema financeiro,  o logro da austeridade, usada para resgatar os grandes bancos, ou o Estado Islâmico.

Desta entrevista ressaltam, quanto a mim, quatro temas, a saber, a degradação da democracia no Ocidente e em especial na Europa, o funcionamento do poder financeiro e  a necessidade de se recuperar do conceito de "dívida odiosa", bem como ainda as raízes do terrorismo islâmico, entre tantos outros temas referidos nesta rica entrevista.

Chomsky denuncia a degeneração e devastação que a austeridade está a provocar na democracia europeia, sob a liderança dos oligarcas que dominam as instituições europeias e da banca alemã. Alerta par o facto de a maior parte dos cidadãos no ocidente revelarem em inquéritos de opinião o seu descrédito face aos representantes  eleitos e para o facto de hoje em dia só ser eleito ou ganhar eleições, nas sociedades ocidentais, quem tiver grandes quantidades de dinheiro, ficando refém do poder financeiro.

Por sua vez faz o historial do modo como esse mesmo poder financeiro provocou a actual crise da dívida para se salvar e fugir às suas responsabilidades. A austeridade imposta aos cidadãos euroepus, em especial aos que vivem do seu trabalho, através da redução dos seus salários e pensões, da degradação dos seus direitos sociais e do aumento dos impostos tem servido para resgatar esse mesmo poder financeiro, na Europa dominado pela banca alemã, ao mesmo tempo que, desde que se instalou o neoliberalismo a partir dos anos 80 do século passado (neoliberalismo que ele considera como contrário ao próprio capitalismo), a dívida do poder financeiro tem sido transferido para os cidadãos e para os Estados, à custa da destruição das obrigações sociais e da degradação do factor trabalho, a uma média de 80 mil milhões de dólares por ano.

É assim que, segundo ele, faz cada vez mais sentido recuperar o conceito de "dívida odiosa", que foi usado pelos Estados Unidos, no século XIX, para apoiar Cuba que, após se ter libertado do domínio colonial espanhol com a ajuda da nação norte-americana, se recusou a pagar a sua colossal dívida à Espanha, argumentando que a dívida tinha sido contraida pelos colonizadores espanhóis e não pelo povo de Cuba, objectivo que foi alcançado e que faz parte do direito internacional.

Se os povos do sul da Europa se unirem podem recuperar esse conceito contra Bruxelas e a banca alemã, pois a dívida dos Estados do Sul não foi contraida pelas populações mas pelas sua elites políticas, que tomaram as decisões erradas que levaram à crise para obedecer e agradar aos "donos" de Bruxelas e da banca, nomeadamente a alemã, que, como já vimos, através da austeridade tem vindo a resgatar os criminoso  sistema financeiro à custa da degradação da vida dos cidadãos europeus.

Chomsky faz ainda o historial do terrorismo islâmico, começando por alertar para o duplo significado das palavras (não só "terrorismo", como "democracia", "liberdade". "mercados"), o significado literal e aquele que é usado pela propaganda dos ideólogos neoliberais.

Esse tipo de terrorismo tem origem naquele que ele considera o maior crime das últimas décadas, a invasão do Iraque, e alerta para o facto de esse terrorismo ter também por detrás aquele que ele considera um dos estados mais criminosos de sempre, a Arábia Saudita, principal aliado do ocidente no Médio Oriente.

Uma voz lúcida, no pantanal opinativo que nos domina, a ver em baixo na integra:

sexta-feira, 3 de outubro de 2014

José Mário Branco recebe hoje, em San Remo, o Prémio Tenco

"O cantor, compositor e poeta José Mário Branco, de 72 anos, recebe hoje, em San Remo, o Prémio Tenco 2014, e atua no espetáculo musical que se realiza no Teatro Del Casinò, naquela cidade italiana.

"O Prémio Tenco é atribuído desde 1974, pelo Clube Tenco, em memória do cantor Luigi Tenco, falecido em 1968, já distinguiu, entre outros, Sérgio Godinho, em 1995, e Dulce Pontes, em 2004, Leo Ferré, Vinicius de Moraes, Jacques Brel, Leonard Cohen, Sílvio Rodriguez, Tom Waits, Caetano Veloso e John Cale.

"Esta distinção [a José Mário Branco] pretende destacar a carreira do 'cantautor' português e a contribuição que a sua obra e ativismo tiveram no desenvolvimento das artes e da sociedade", afirma em comunicado a promotora do artista". (Destak/Lusa),

A propósito desta merecida  distinção, aqui reproduzimos uma entrevista dada, há três anos, pelo musico ao programa Bairro Alto da RTP:


quinta-feira, 22 de maio de 2014

Eduardo Gageiro : MEMÓRIAS DE MIM MESMO

Passou no passado Domingo na RTP 2 um excelente documentário sobre Eduardo Gageiro. Para quem não teve oportunidade de o ver, basta clicar em baixo para ver toda a reportagem.

Parabéns à RTP 2 e a Eduardo Gageiro e a António Victorino de Almeida, que realiza esta série documental.

MEMÓRIAS DE MIM MESMO (clicar para ver a reportagem sobre Eduardo Gageiro)

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Quando estala o verniz neo-liberal: Duque defende RTP Internacional sob “orientação” do MNE.

(..é só substituir Carrapatoso por alguns dos membros do Grupo de Trabalho para a Definição do Serviço Público...)

Conforme se pode ler com mais detalhe no link em baixo, o economista João Duque que preside ao Grupo de Trabalho para a Definição do serviço público, terá afirmado ontem, à TSF, referindo-se às funções e objectivos da RTP – Internacional que a “promoção de Portugal através da imagem ou do som deve ser enquadrada numa visão de política externa e portanto quase que sob a orientação ou em contrato de programa com o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, defendendo ainda que “a informação veiculada pelo canal internacional devia ser “filtrada” e “trabalhada” para passar a mensagem de promoção do país.”.

…”filtrada” e “trabalhada”? Mas… esse senhor não é defensor das “virtudes” de um estado “democrático e liberal”?...ou a liberdade e a democracia acabam onde começam os interesses do sector financeiro e da aplicação das medidas de austeridade por si encarniçadamente defendidas?...

Mas não se ficou por aqui o disparate: defendeu ainda o fim dos debates televisivos, e a redução da informação ao “mínimo essencial no canal de serviço público que restar”, justificando a sua opinião com “ a subjectividade sobre o que é uma notícia seca, objectiva”.

Para ele a única “objectividade” deve ser o cinzentismo dos números, dos seus gráficos e dos cânones da sua ideologia com que nos costuma brindar!!

Lançou ainda suspeitas sobre a falta de isenção dos jornalistas da RTP, sem apresentar provas, revelando uma atitude eticamente deplorável

A rematar considerou ainda que o tratamento da informação, sugerida por aquele grupo , “não deve ser questionado” a “ bem da Nação”.

Aquele “A Bem da Nação!”, para rematar as suas afirmações , encaixa bem nas suas ideias, mas…como penso que ainda vivemos em democracia e em liberdade, um dos principais direitos da democracia e da liberdade não é o de questionar ?

Não se pense, contudo, que estamos apenas perante uma mera e disparatada opinião pessoal, pois algumas daquelas orientações, explicita ou implicitamente, estão previstas no relatório entregue segunda-feira ao Governo, subscrito, entre outros, por … José Manuel Fernandes, Eduardo Cintra Torres, Manuel José Damásio e Manuel Villaverde Cabral(!!!).

Anote-se que essa comissão conheceu grandes divergências internas, tendo provocado a demissão de alguns dos seus membros, Felisbela Lopes, Francisco Sanfield Cabral e João Amaral.

Só a título de curiosidade: quanto é que os membros desse grupo de trabalho receberam do bolso dos contribuintes para gerar tão “brilhante” parecer?

João Duque é conhecido pelo seu radical fundamentalismo em defesa dos mercados e do poder financeiro.

Professor e actual presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), fez quase todo o seu percurso académico naquela escola, onde se licenciou e doutorou.

Especializado no sector financeiro, está ligado a várias empresas e sociedades de gestão de valores mobiliários e de mercados de investimento, sendo uma figura quase obrigatória na comunicação social (leia-se …SIC!) para comentar a situação financeira.

Significativamente, no link do seu perfil, acessível na internet, quando se abre a secção “outros interesses” (para além da economia financeira), acede-se a uma página… em branco!

É conhecido o cinzentismo assertivo das suas opiniões sobre o país, sem um rasgo de originalidade que vá para lá da ortodoxia do pensamento único neo-liberal e da defesa entusiasmada e fanática das medidas de austeridade, da desvalorização salarial, dos cortes sociais e da privatização de tudo o que mexa.

Por isso as suas afirmações estapafúrdias são coerentes com o modelo de pensamento com que nos costuma brindar nas suas intervenções

É de espantar, isso sim, o alinhamento com essas ideias por parte de pessoas que se dizem defensoras da liberdade de informação…
 

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

- Carlos Pinto Coelho na última entrevista à RTP


Artes & Espectáculos - Carlos Pinto Coelho na última entrevista à RTP - RTP Noticias, Vídeo (clicar na frase para ver o video).

Esta foi a última intervenção pública de Carlos Pinto Coelho, que teve lugar na RTPN, na véspera do seu falecimento.
É uma bem humorada referência sobre o modo como hoje se faz informação em Portugal.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

"As Ecolhas de Marcelo"... na hora da despedida...

Chega hoje ao fim o programa “As Escolhas de Marcelo” .

Recordo-me, já lá vão muitos anos, de ter estado presente num colóquio em Torres Vedras onde o orador convidado era Marcelo Rebelo de Sousa.

A sua presença integrava um conjunto de painéis , que contaram também com a presença de Mário Soares e Álvaro Cunhal e alguém do PP, cujo nome não me recordo.

Lembro-me de, no final da sua intervenção, o ter aplaudido entusiasticamente. Deve ter sido a primeira fez que aplaudi, de vontade, um então dirigente do PSD, partido por quem não tenho afinidades políticas ou ideológicas.

Marcelo Rebelo de Sousa, então como agora, tinha esse condão de saber reflectir sobre a realidade nacional, mantendo distanciamento em relação à sua ideologia política e capacidade usar um raciocínio claro, aberto e estimulante.

Na profusão de opinadores e comentadores que invadiram o espaço jornalístico e televisivo, a maior parte incapaz de um pensamento original ou de sair dos padrões ideológicos neo-liberais, poucos conseguem revelar as capacidades reflexivas, críticas e analíticas de um Marcelo Rebelo de Sousa (MRS).

Foi essa capacidade que fez do seu programa um dos mais vistos e respeitados pela audiência televisiva.

Não deixou de ser curioso que a direcção da RTP não tivesse percebido a independência e originalidade de MRS em relação ao partido onde milita e tivesse sentido necessidade, para “garantir o pluralismo”, de contrabalançar o programa de Marcelo com a criação de outro programa do género com a presença de um militante do PS. Refiro-me ao “Notas Soltas” de António Vitorino.

Em primeiro lugar, se defendiam o pluralismo político, então deviam ter convidado comentadores próximos do BE, do PCP ou do PP para outros tantos programas do género.

Em segundo lugar, a diferença de audiência entre aqueles dois programas é a prova acabada do equívoco desse “princípio”. Se Marcelo se consegue distanciar dos que lhe estão ideologicamente próximos, o mesmo não se pode dizer de António Vitorino.

A actuação de António Vitorino limitou-se a fazer figura de “limpa fundos” das asneiras políticas do “socratismo” ou de tentar atenuar as críticas de Marcelo à actuação governamental.

Em terceiro lugar, não deixa de ser no mínimo estranho que o fim das “Escolhas de Marcelo” tenha sido condicionada pela saída anunciada de Vitorino, em nome de um discutível “pluralismo” informativo defendido pela actual direcção da RTP.

Recorde-se que MRS havia abandonado a TVI em protesto contra pressões do governo de Pedro Santana Lopes sobre o seu programa.

À luz deste e de outros acontecimentos recentes, aquela actuação do governo PSD/CDS, que tantas críticas mereceu então de José Sócrates, não deixa de ser vista hoje, a esta distância, como uma gota de água no oceano das pressões do “socratismo” sobre a comunicação social.

Muitas vezes discordei das opiniões de MRS, mas é sempre uma perda quando alguém com um pensamento estimulante e original , como o seu, deixa de ter um espaço próprio para se manifestar.

É mais uma pedra na construção do cinzentismo cultural e ideológico deste país. O “socratismo” agradece.