(..é só substituir Carrapatoso por alguns dos membros do Grupo de Trabalho para a Definição do Serviço Público...)
Conforme se pode ler com mais detalhe no link em baixo, o economista João Duque que preside ao Grupo de Trabalho para a Definição do serviço público, terá afirmado ontem, à TSF, referindo-se às funções e objectivos da RTP – Internacional que a “promoção de Portugal através da imagem ou do som deve ser enquadrada numa visão de política externa e portanto quase que sob a orientação ou em contrato de programa com o Ministério dos Negócios Estrangeiros”, defendendo ainda que “a informação veiculada pelo canal internacional devia ser “filtrada” e “trabalhada” para passar a mensagem de promoção do país.”.
…”filtrada” e “trabalhada”? Mas… esse senhor não é defensor das “virtudes” de um estado “democrático e liberal”?...ou a liberdade e a democracia acabam onde começam os interesses do sector financeiro e da aplicação das medidas de austeridade por si encarniçadamente defendidas?...
Mas não se ficou por aqui o disparate: defendeu ainda o fim dos debates televisivos, e a redução da informação ao “mínimo essencial no canal de serviço público que restar”, justificando a sua opinião com “ a subjectividade sobre o que é uma notícia seca, objectiva”.
Para ele a única “objectividade” deve ser o cinzentismo dos números, dos seus gráficos e dos cânones da sua ideologia com que nos costuma brindar!!
Lançou ainda suspeitas sobre a falta de isenção dos jornalistas da RTP, sem apresentar provas, revelando uma atitude eticamente deplorável
A rematar considerou ainda que o tratamento da informação, sugerida por aquele grupo , “não deve ser questionado” a “ bem da Nação”.
Aquele “A Bem da Nação!”, para rematar as suas afirmações , encaixa bem nas suas ideias, mas…como penso que ainda vivemos em democracia e em liberdade, um dos principais direitos da democracia e da liberdade não é o de questionar ?
Não se pense, contudo, que estamos apenas perante uma mera e disparatada opinião pessoal, pois algumas daquelas orientações, explicita ou implicitamente, estão previstas no relatório entregue segunda-feira ao Governo, subscrito, entre outros, por … José Manuel Fernandes, Eduardo Cintra Torres, Manuel José Damásio e Manuel Villaverde Cabral(!!!).
Anote-se que essa comissão conheceu grandes divergências internas, tendo provocado a demissão de alguns dos seus membros, Felisbela Lopes, Francisco Sanfield Cabral e João Amaral.
Só a título de curiosidade: quanto é que os membros desse grupo de trabalho receberam do bolso dos contribuintes para gerar tão “brilhante” parecer?
João Duque é conhecido pelo seu radical fundamentalismo em defesa dos mercados e do poder financeiro.
Professor e actual presidente do Instituto Superior de Economia e Gestão (ISEG), fez quase todo o seu percurso académico naquela escola, onde se licenciou e doutorou.
Especializado no sector financeiro, está ligado a várias empresas e sociedades de gestão de valores mobiliários e de mercados de investimento, sendo uma figura quase obrigatória na comunicação social (leia-se …SIC!) para comentar a situação financeira.
Significativamente, no link do seu perfil, acessível na internet, quando se abre a secção “outros interesses” (para além da economia financeira), acede-se a uma página… em branco!
É conhecido o cinzentismo assertivo das suas opiniões sobre o país, sem um rasgo de originalidade que vá para lá da ortodoxia do pensamento único neo-liberal e da defesa entusiasmada e fanática das medidas de austeridade, da desvalorização salarial, dos cortes sociais e da privatização de tudo o que mexa.
Por isso as suas afirmações estapafúrdias são coerentes com o modelo de pensamento com que nos costuma brindar nas suas intervenções
É de espantar, isso sim, o alinhamento com essas ideias por parte de pessoas que se dizem defensoras da liberdade de informação…
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