Finalmente um economista lúcido.
Numa conferência ontem organizada pela Faculdade de Direito de Lisboa, intitulada “Crise, Justiça Social e Finanças Públicas”,o economista João Ferreira do Amaral, colocou o dedo na ferida.
Segundo o Público de hoje, terá afirmado que, ao longo de um ano, as instituições europeias nada fizeram para enfrentar a crise e que a Comissão Europeia “subavaliou o cenário de recessão”, apesar dos sinais. E recordou a incompetência do sr. Trichet à frente do Banco Central Europeu (BCE) quando, no início de 2008, aumentou a taxa de juro, numa altura em que já havia “sinais claros de desaceleração”.
Toda a gente se lembra das desculpas desse caquéctico e incompetente presidente do BCE para efectuar esses vários aumentos, vários ao longo do último ano, se bem me recordo.
Quando a crise caiu em cima da Europa, aquele mesmo senhor mudou imediatamente de discurso e de decisões, sem pestanejar um bocadinho e sem que alguém, entre os líderes europeus, tivesse proposto o seu despedimento com justa causa. Provavelmente o sr. Trichet até vai ser daqueles a sair beneficiado com chorudas reformas e prémios de desempenho, pagas pelos contribuintes europeus!
A incompetência do BCE é aliás hoje confirmada, de forma irónica, por Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008, numa entrevista publicada hoje na “Visão”, que afirma que “a resistência do BCE a utilizar toda a margem nas taxas de juro está a beneficiar os EUA, com um dólar mais barato, que promove as exportações, pelo que a nós, americanos, nos interessa a política de Trichete”.
Retomando as declarações de João Ferreira do Amaral, para ele os membros do Conselho Europeu passaram o ano a “olhar uns para os outros, a dizer que a Europa não tinha os problemas dos EUA”.
Aliás, quanto a mim, o grande problema da Europa é que, à frente das suas instituições políticas e económicas, continuam as mesmas personagens que defendiam, por convicção e formação, o sistema que levou à crise actual. Se mudaram de discurso, foi sem convicção e por oportunismo, à espera que a crise passe para voltar tudo ao mesmo.
Pelo contrário, nos Estados Unido, a eleição de Obama foi uma verdadeira ruptura com as políticas anteriores.
Por cá passa-se o mesmo. O mesmo Governo que tomou das mais gravosas políticas anti-sociais e anti-trabalho de que há memória nas últimas três décadas, vem agora apregoar medidas de apoio aos mais desfavorecidos, de forma avulsa, e mesmo enganosa, como acontece com a tão apregoada redução no pagamento das prestações de casa. Sabe-se hoje que, quem recorrer a esse apoio, vai ter de reembolsar tudo a partir de 2011.
O filósofo José Gil , numa crónica hoje publicada na “Visão”, desmonta os argumentos do governo. Considera existir uma “contradição intrínseca entre o combate pela “modernização” e o combate contra a crise global”, porque a “modernização” defendida pelo governo “segue a mesma lógica do sistema que levou à crise global”.
Essa “modernização” proposta por este PS procura impor a lógica “do sistema financeiro”, as “transformações da natureza do trabalho e da subjectividade” que estiveram na base da Crise.
“Não se pode, com coerência, defender o sistema geral da modernização e combater ao mesmo tempo a crise mundial, porque, no fundo, são da mesma natureza”.
Entretanto, hoje, os trabalhadores franceses estão em greve e prometem gigantescas manifestações contra o actual estado de coisas e a tentativa, que se está a generalizar entre os comentadores de serviço, de chantagear os direitos de quem trabalha com os efeitos da crise.
Numa conferência ontem organizada pela Faculdade de Direito de Lisboa, intitulada “Crise, Justiça Social e Finanças Públicas”,o economista João Ferreira do Amaral, colocou o dedo na ferida.
Segundo o Público de hoje, terá afirmado que, ao longo de um ano, as instituições europeias nada fizeram para enfrentar a crise e que a Comissão Europeia “subavaliou o cenário de recessão”, apesar dos sinais. E recordou a incompetência do sr. Trichet à frente do Banco Central Europeu (BCE) quando, no início de 2008, aumentou a taxa de juro, numa altura em que já havia “sinais claros de desaceleração”.
Toda a gente se lembra das desculpas desse caquéctico e incompetente presidente do BCE para efectuar esses vários aumentos, vários ao longo do último ano, se bem me recordo.
Quando a crise caiu em cima da Europa, aquele mesmo senhor mudou imediatamente de discurso e de decisões, sem pestanejar um bocadinho e sem que alguém, entre os líderes europeus, tivesse proposto o seu despedimento com justa causa. Provavelmente o sr. Trichet até vai ser daqueles a sair beneficiado com chorudas reformas e prémios de desempenho, pagas pelos contribuintes europeus!
A incompetência do BCE é aliás hoje confirmada, de forma irónica, por Paul Krugman, Prémio Nobel da Economia em 2008, numa entrevista publicada hoje na “Visão”, que afirma que “a resistência do BCE a utilizar toda a margem nas taxas de juro está a beneficiar os EUA, com um dólar mais barato, que promove as exportações, pelo que a nós, americanos, nos interessa a política de Trichete”.
Retomando as declarações de João Ferreira do Amaral, para ele os membros do Conselho Europeu passaram o ano a “olhar uns para os outros, a dizer que a Europa não tinha os problemas dos EUA”.
Aliás, quanto a mim, o grande problema da Europa é que, à frente das suas instituições políticas e económicas, continuam as mesmas personagens que defendiam, por convicção e formação, o sistema que levou à crise actual. Se mudaram de discurso, foi sem convicção e por oportunismo, à espera que a crise passe para voltar tudo ao mesmo.
Pelo contrário, nos Estados Unido, a eleição de Obama foi uma verdadeira ruptura com as políticas anteriores.
Por cá passa-se o mesmo. O mesmo Governo que tomou das mais gravosas políticas anti-sociais e anti-trabalho de que há memória nas últimas três décadas, vem agora apregoar medidas de apoio aos mais desfavorecidos, de forma avulsa, e mesmo enganosa, como acontece com a tão apregoada redução no pagamento das prestações de casa. Sabe-se hoje que, quem recorrer a esse apoio, vai ter de reembolsar tudo a partir de 2011.
O filósofo José Gil , numa crónica hoje publicada na “Visão”, desmonta os argumentos do governo. Considera existir uma “contradição intrínseca entre o combate pela “modernização” e o combate contra a crise global”, porque a “modernização” defendida pelo governo “segue a mesma lógica do sistema que levou à crise global”.
Essa “modernização” proposta por este PS procura impor a lógica “do sistema financeiro”, as “transformações da natureza do trabalho e da subjectividade” que estiveram na base da Crise.
“Não se pode, com coerência, defender o sistema geral da modernização e combater ao mesmo tempo a crise mundial, porque, no fundo, são da mesma natureza”.
Entretanto, hoje, os trabalhadores franceses estão em greve e prometem gigantescas manifestações contra o actual estado de coisas e a tentativa, que se está a generalizar entre os comentadores de serviço, de chantagear os direitos de quem trabalha com os efeitos da crise.
2 comentários:
Eu acho muito engraçado que os portugueses chamem - correctamente, aliás - os dignitários estrangeiros pelo nome próprio (sr. Trichet, sra. Merkel, etc.) mas que aqui neste cú da Europa todos se tratem por Dr.
Não era tempo de fazer um movimento para acabar com esta estupidez já que o outro único país onde se fazia isso ( Brasil) já aboliu esse tratamento reverencial fascistóide?
Olá ótimo blog, bastante conteudo parabens
Sheila Melissa
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