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domingo, 22 de março de 2009

Hoje vou falar de futebol (mas prometo que é a última vez).

Cansado de ter andado entre o Centro Cultural de Belém e o Chiado, dei por mim, ontem á noite, a entreter-me a fazer zapping televisivo, cruzando-me com a figura de David Borges, na Sic – notícias, que falava de modo grave e preocupado.
Teria o Irão ensaiado a sua primeira bomba nuclear?; teria falido de vez o sistema económico mundial? ; teria Sócrates anunciado a demissão da Ministra da Educação?...outro atentado terrorista?.
Subi o som do televisor e, afinal, o ar grave daquele jornalista de referência devia-se a uma atitude polémica de um árbitro de um jogo, a final da Taça da Liga, disputado essa tarde, entre o Benfica e o Sporting.
Ao que parece o árbitro assinalou um penálti inexistente contra os “leões”. Pelo que percebi um grande jornalista como David Borges dedica-se agora, quase em exclusividade, ao mundo do futebol. Perdemos um grande jornalista, passámos a ter mais um que faz do mundo do futebol um caso de vida ou de morte.
Graves, quanto a mim, foram algumas das palavras que ouvi saídas da boca daquele jornalista, por quem nutro grande admiração.
Defendia ele que os árbitros passassem a explicar-se publicamente, em conferências de imprensa, sobre os erros cometidos. Ou seja, da estafada desculpa usada por treinadores e jogadores para justificarem desempenhos negativos, passávamos agora a assistir ao linchamento público dos árbitros.
Mas a gravidade e irresponsabilidade das afirmações daquele grande jornalista não se ficaram por aí. Mais á frente, resolveu justificar a atitude inqualificável e mal-criada de um jogador do Sporting, que resolveu arremessar a medalha que recebeu no fim do jogo. Uma das justificações para os ordenadões das gentes do futebol é a sua responsabilidade pública e o exemplo para os jovens. Grande exemplo que se procurou justificar!!
O futebol cega muita gente, mesmo aqueles de quem se esperava outra atitude.
De facto, compreendo cada vez menos esse mundo do futebol e a forma como se faz dele assunto de Estado.
Tivesse na altura o futebol a importância que tem hoje e, provavelmente, Hitler e Stalin teriam sido meros dirigentes de claques ou de clubes de futebol, não provocando o mal que fizeram.
Sim, porque, quanto a mim, o futebol só serve para afastar das ruas gente que, noutras situações, já andaria pela rua a perseguir “negros” , “judeus” e “comunistas”. Assim canalizam a sua agressividade para dentro dos estádios.
Agora, quando o futebol extravasa as quatro linhas, quando se mistura futebol com jornalismo e política, é caso para nos preocuparmos.

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