Pesquisar neste blogue

segunda-feira, 30 de março de 2009

quem é responsével pela decadência do transporte ferroviário?

Na edição de hoje do Público, onde se denuncia o desinvestimento do estado nos transportes ferroviários, o jornalista Carlos Cipriano coloca a questão nos seus devidos termos:
“Em Portugal a construção de auto-estradas – de qualquer auto-estrada – é sempre pacífica e raramente se questiona a sua utilidade social ou se debate a análise custo-benefício (quando este existe) em que se baseou (…).
“Em contrapartida qualquer decisão sobre uma nova linha férrea provoca as discussões mais apaixonadas, de que é exemplo a rede de alta velocidade (…).
“O mais curioso é que, ao nível político, nas mais altas esferas do Estado e no mundo empresarial, a alta velocidade provocou as mesmas acaloradas trocas de opiniões que nas vulgares conversas de café (…). Raramente, porém, se ouve alguém questionar por que tem Portugal na região de Lisboa a mais densa rede de auto-estradas por quilómetro da Europa, ou se vale a pena o “país periférico que não precisa de TGV” possuir três auto-estradas paralelas entre Coimbra e o Porto, por vezes a distarem entre elas apenas sete quilómetros”.
Acrescenta ainda o mesmo jornalista, numa outra caixa de texto que acompanha a reportagem sobre esse tema, que se fecharam linhas férreas “onde não havia rentabilidade nem população, mas nem por isso se abriu (ou se modernizou) onde há potencial de mercado. Viseu é uma das maiores cidades da Europa que não têm caminho-de-ferro e a Linha do Oeste, que atravessa uma das zonas mais densamente povoadas do país, definha sem passageiros, à margem de qualquer modernização”.
As políticas de transportes dos últimos anos têm sido pensadas para incentivar o transporte privado, com todos os custos que tal opção tem acarretado em termos ambientais e económicos.
Numa altura em que tanto se fala nos problemas ambientais ou no endividamento público, quando está provado que, em Portugal, o aumento da poluição está directamente relacionado com o uso e o abuso dos transportes rodoviários e o endividamento público cresce, em larga medida, devido à nossa dependência em termos energéticos, é, no mínimo, criminosa a atitude dos responsáveis pelo abandono a que tem sido votado o sector ferroviário.
Como se admite que, nos dias que correm, e falando por exemplo no caso que melhor conheço, a oferta de transporte ferroviário na Linha do Oeste tenha piorado significativamente, quer na redução de horários, quer na redução na rapidez do transporte, quer afastando as estações de destino cada vez mais do centro de Lisboa.
Ou, como se admite que exista uma única ligação diária por comboio com Madrid, que leva, proporcionalmente, mais tempo a atravessar Portugal do que Espanha, e se mantém inalterável há mais de trinta anos?.
Neste, como noutros casos, vai sendo tempo de pedir contas aos políticos e aos administradores, responsáveis por tanto desperdício e incompetência.

1 comentário:

Anónimo disse...

O Estado.
E o mau estado dos governos.
Eis os responsáveis pela decadência do transporte ferroviário.