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segunda-feira, 20 de dezembro de 2021

Tempo de Natal


Para todos os seguidores dos nossos blogs aqui deixamos os desejos de um Feliz Natal, com humor (negro!!!).

sexta-feira, 17 de dezembro de 2021

O Fim do "Inimigo Público"

 

A desculpa é a de sempre. Dificuldades económicas, novas prioridades, alterações editoriais...

Enfim...o blá! blá" do costume par justificar o silenciar de vozes incómodas, irreverentes e independentes.

Porque será que, em Portugal, quando chega o aperto financeiro, muitas vezes mera desculpa para uma censura disfarçada, é sempre o elo mais fraco da cultura, da criatividade e da inovação que tem de ser descartado?

De facto, durante 18 anos, o "Inimigo Público", suplemento humorístico do Público, incomodou muita gente.

A desculpa das dificuldades financeiras para acabar com o suplemento das 6ªas feiras, não convence.

Se o problema é finaceiro, talvez pudessem começar por cortar no excesso opinativo, algum mera propaganda política ou obedecendo a agendas de carreirismo pessoal.

O humor em Portugal tem sido sempre incómodo para todos os poderes.

Noutros tempos, em condições mais difícies, enfrentando uma censura real, e não a actual censura disfarçada, recordamo-nos da coragem editorial do "Diário de Lisboa", com a edição de "A Mosca", um dos mais criativos suplementos humoristicos.

Mas esse era um tempo, apesar da censura e da PIDE, em que existia um jornalismo feito por jornalistas e onde o trabalho destes era respeitado e influente na linha editorials, ao contrário dos nossos dias em que os jornalistas se têm de submeter a editores que, muitas vezes, são meros  mercenários ao serviço do poder económico ou político.

Ficam as boas recordações das leituras do "Inimigo Público" ao longo dos últimos 18 anos.

domingo, 12 de dezembro de 2021

Lewis Hamilton, o “meu” campeão do Mundo.


Confesso, a fórmula 1 é o meu “pequeno vício burguês”.

Segui quase todas as provas pela televisão (e uma vez em directo) nas décadas de 60/70/80 do século passado.

Depois, a partir do momento em que a proliferação de televisões obrigou os fãs a pagar para assistirem às provas (o dito “pluralismo” dos negócios da comunicação social!!!!), deixei de acompanhar essas provas e só voltei a elas este ano, muito por influência da série da neteflix sobre a fórmula 1.

E vim logo cair num dos anos mais competitivos dos últimos anos.

Desde logo tornei-me fã de Lewis Hamilton, mas, por azar este foi o ano em que se abateu sobre esse piloto uma das maiores injustiças, ao ter perdido hoje, na última volta, a possibilidade conquistar o título.

Do que assisti, ganhou um dos pilotos mais arrogantes e anti desportistas que “conheci até hoje, um tal Max Verstappen, cujo perfil não destoa do holandês típico (ou não tivesse sido o apartheid uma triste “invenção” de colonos holandeses, sem esquecer a forma como se entregaram ao nazismo durante a 2ª guerra, ou, mais recentemente, a forma como se comportaram em relação aos países do sul na crise de 2008, um país que vive de esquemas, dos paraísos fiscais aos diamentes de sangue ao tráfico de droga!!!).

Não tendo conseguido atirar Hamilton para fora da pista na primeira volta, beneficiou de uma decisão controversa em relação ao recomeço da corrida com safty car.

Mas nem a vitória amansou a arrogância de Verstappen, como se viu com o seu comportamento no pódio, contrastando com o desportivismo e a simpatia de Hamilton.

Nos ano 80 houve um duelo parecido, entre um irrascível James Hunt e o campeão Niki Lauda. O primeiro venceu foi campeão do mundo na última prova, mas dele, se não fosse o filme Rush, poucos se recordarão, ao contrário de Niki Lauda, que depois desse episódio voltou a ser campeão por várias vezes.

Hamilton continuará eterno e é, para mim, o “campeão do mundo”. Verstappen? A continuar com a mesma atitude, provavelmente já ninguém se vai lembra dele daqui a uns anos, quanto muito constará numa nota de rodapé da história da fórmula 1.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

A Minha pequena colecção de cromos


Não vou falar dos “cromos vivos” que nos passam os dias a sarrazinar na política, no comentário jornalístico ou em tantas outras ocasiões da nossa vida terrena.

Davam uma bela colecção, mas ninguém compraria uma caderneta onde um deles pudesse sair.

Refiro-me aos verdadeiros, aquelas pequenas imagens que saiam de um pequeno invólucro  que abriamos expectantes, à espera que surgisse aquele raro ou aquele outro que nos faltava para completar a colecção.

Dei por mim a pensar na minha infância a abrir saquetas, um momento sempre mágico e cheio de surpresas, uma magia que apenas encontramos na infância e que raramente conseguimos reproduzir na idade adulta, ao observar alguns quiosques, onde vou comprar jornais e revistas, e uma ou outra raspadinha, “forrados” a cadernetas de cromos, do futebol, à vida animal, dos heróis dos vídeos jogos, à fórmula 1.

Pus-me a notar que este é um pequeno hábito da magia da infância que continua a atravessar gerações, talvez o único.

As qualidades de impressão e a forma de os colar, mudou, para melhor.

Os temas não variam muito: os heróis do desporto, principalmente do futebol, os heróis da infância (estes, sim, mudaram), a História ou o mundo animal.

O entusiasmo é tal que até as grandes superfícies já aderiram ao fenómeno, oferecendo aos clientes colecções de cromos, uma forma habilidosa de os adultos se verem obrigados a comprar mais e no mesmo sítio para satisfazerem a birra dos petizes.

Fui à procura dos álbuns que guardei da minha infância e lá encontrei uma dúzia deles, alguns ainda incompletos, onde encontro a reprodução dos filmes da Disney, da Bela Adormecida, à Alice no país das maravilhas, este o mais antigo, herdado da minha mãe, uma colecção de cromos distribuída nos primeiros chocolates da Regina.

Entre os temas que encontrei, lá está a História de Portugal, o Património de Portugal, a Vida dos Animais, a História dos automóveis de corrida…

Entre as preciosidades, uma colecção de 60 cromos, com muito texto, intitulada O Homem no Espaço, cromos que eram incluídos nas sobremesas Royal, editada pelos anos 60 do século passado, com texto de Eurico da Fonseca, a voz e o rosto sempre associado à minha infância de espectador pasmado das emissões de televisão sobre as viagens da missão Apolo e outras, naquela que foi (e ainda é) a última grande aventura humana. Os desenhos dessa série são do consagrado autor português de histórias aos quadradinhos (para usar o termo tradicional) Vitór Péon.

Dessa dúzia de cadernetas que guardei, a maior parte foi editada pela Agência Portuguesa de Revistas ou pelas edições Íbis e Bertrand, mas também as há editadas por marcas de gelados, como  a Olá, ou pela revista Mickey.

Não encontrei uma colecção dedicada aos jogadores portugueses de hóquei em patins, que colecionei na minha infância, ou as dos jogadores de futebol, as mais populares.

Lembro-me, a propósito destas, que os cromos vinham embrulhados nuns rebuçados, comprados num quiosque de uma velhota ( a mãe do Tavares da Maçaneta, o pide mais “famoso” da vila), onde hoje está o da papelaria União, na Avenida, dentro de uma grande lata metálica.

Rumor ou não, dizia-se que o último cromo da caixa oferecia uma bola de futebol a sério. Isso levou um colega nosso a roubar dinheiro ao pai para comprar a caixa inteira, com esperança de, assim, conseguir a bola. Não me lembro se o conseguiu, lembro-me sim que levou uma valente tareia quando o pai descobriu o feito.

Uma das mais antigas colecções de que me lembro, e da qual guardo ainda 3 ou 4 cromos, era uma dedicada aos Beatles, a cores, num papel grosso, impresso na Inglaterra e que, antes das nacionais “Gorila”, eram distribuídos e incluídos nas primeiras pastilhas elástica surgidas em Portugal, em pleno auge dessa banda.

Para além da divertida troca de repetidos, entre amigos e colegas da escola, havia ainda um jogo para arrebatar cromos às outras crianças que passava por coloca-los numa superfície lisa, com a imagem para baixo, e depois, com a mão, dar uma palmada. Os que se virassem eram conquistados pelo sortudo que tinha conseguido o feito, uma situação que gerava, muitas vezes, conflitos, que às vezes acabavam ao sopapo.

Não deixa de ser surpreendente que, depois da televisão, da internet e dos jogos de computador, as velhas colecções de cromos tenham sobrevivido ao tempo.

Que seja longa a vida desse pequeno prazer de infância!

domingo, 14 de novembro de 2021

COP 26 …foi mesmo “blá!,blá, blá…!!”


Dizia um velho ditado índio que “herdamos a terra dos nosso filhos”.

Os herdeiros dos colonizadores europeus da América, ditos “civilizados”, não só nunca perceberam o sentido dessas palavras como massacraram os seus autores, naquele que foi o maior genocídio da história.

Hoje talvez se comece a perceber o sentido dessas sábias palavras.

Desde pelo menos os anos de 1960, centenas ou milhares de activistas e cientistas vêem alertando para os efeitos da nossa economia de mercado, da sociedade de consumo e do capitalismo selvagem neoliberal no futuro da Terra.

Hoje só os burros e os ignorantes  continuam a acreditar numa sociedade de crescimento de consumo ilimitado e infinito e a negar o efeito da economia humana no clima e na sobrevivência da vida à face da terra.

Apesar disso, políticos ignorantes, ou mandantes de grandes interesses económicos e financeiros, com as petrolíferas à cabeça, conseguiram adiar, mais uma vez, a urgência de medidas para travar a catástrofe previsível.

O que se passou em Glasgow, como já previa a sábia, por vezes ingénua,  activista Greta Thunberg, não passou de mais uma enorme produção de papel cheio de blá!blá!blá!...

…É melhor começarmo-nos a preparar para o pior!!!

sexta-feira, 5 de novembro de 2021

Os Cães de João Rendeiro


Li por aí (Ana Cristina Leonardo, na sua crónica de hoje do suplemento ípsilon) que, no casarão do fugitivo banqueiro João Rendeiro, (que roubava aos ricos para dar aos…ainda mais ricos), vivem três “pobres” cães, uma cadela yorkshire terrier, uma schnauzer e um rafeiro encontrado na rua.

Esses três canídeos pareciam ter sido bafejados pela sorte de viverem numa casa farta e espaçosa…a não ser que fossem meras “peças decorativas”, para mostrar a amigos ou afugentar indesejáveis, amarrados a uma casota ou presos num canil do quintal, sem autorização para frequentar o casarão da família dos multimilionários…ladrões!

Desconheço a história real dos animais e os seus dramas “pessoais”, mas fico a pensar que, nos “grandes” dramas humanos, a sorte desses companheiros de quatro patas é rapidamente esquecida, passando despercebida aos focos da comunicação social.

Não sei se as autoridades, quando prendem os criminosos em suas casas, têm a preocupação de resgatar e tratar dignamente os companheiros de quatro patas que aí habitam, alheados da natureza dos seus donos (e não é porque sofrem de alzheimer…), muitas vezes os únicos seres vivos honestos que as habitam, ou se, pelo contrário, os abandonam à sua sorte, como últimas vítimas inocentes dos actos criminosos dos seus donos.

Pode ser que algum vizinho do luxoso condomínio de Alcabideche, referido, porque sempre dá mais estatuto do que aquele topónimo que remete para a origem saloia do lugar, como “situado nos arredores de Cascais”, se condoía com o destino desses animais, para quem se previa um futuro risonho, mas agora ficam privados da companhia dos donos, um em fuga, outro em prisão preventiva.

É o que se chama “ver a vida a andar para trás” ou, como se costuma dizer, porque um cão não escolhe os donos que lhe canham na rifa, “até para ser cão é preciso ter sorte”!

...e esses, "pensando" que tinham tido sorte...tiveram azar!!!

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

SIC “apanhada” em excesso de velocidade, ou, uma SIC cada vez mais “radical”!!!


No afã de procurar reportagens cada vez mais populistas, a SIC não tem problema em violar a lei…para mostra violações da lei.

A SIC ( e outros canais que vão atrás do “estilo” arrogante e agressivo desse canal) não se coíbe de confundir “reportagem” com perseguição “pidesca”.

Esse canal de “informação” escolhe os seus alvos de forma selectiva e parcial, recorrendo a todos os meios, de forma impune, e adoçando tudo com  uma narrativa moralista.

Numa reportagem difundida no principio desta semana, o objectivo foi perseguir um dos ódios de estimação desse canal e dos donos dele, o ministro Pedro Nuno Santos (outro dos alvos selectivos tem sido o ministro Eduardo Cabrita), para o “apanhar” em excesso de velocidade.

Não tenho simpatia especial por esses ministros, muito pouca pelo segundo, mas os fins não justificam os meios.

Deram-se mesmo ao trabalho de calcular uma viagem que Pedro Santos fez entre duas localidades, para mostrar o excesso de velocidade da comitiva oficial, ou seja, num percurso, quase todo feito em auto estrada ou via rápida, a deslocação foi feita uma média ligeiramente superior a 135Km/hora.

Para dar uns ares de “objectividade”, recorrendo aos manuais das escolas de jornalismo, a reportagem foi ver a lei e esta permite que as comitivas oficiais se desloquem sem limite de velocidade, tal como acontece com serviços de urgência e com os carros de polícia.

Como tinham de encontra alguma coisa que justificasse a reportagem, lá descobriram que a comitiva ministerial, em certos troços do percurso, desligava ou não usava a sinalização de urgência a que a lei obriga.

Só que, para o fazerem, os jornalistas tiveram de, eles próprios, violar a lei, deslocando-se em excesso de velocidade, que os mesmos, não sei se por ingenuidade se por pura arrogância e sentido de impunidade, resolveram exibir e filmar, mostrando o registo de velocidade do automóvel em que os mesmos se deslocavam, chegando mesmo a ultrapassar o carro do ministro.

Contudo “esqueceram-se” de um pormenor!!

Os “jornalistas” não estão incluídos na excepção da lei.

Ou seja, o ministro violou, parcialmente, a lei num ponto, ao não assinalar, ocasionalmente, o serviço de urgência.

Já os “jornalistas” violaram toda a lei, já que estão sujeitos às regras do comum dos condutores.

Por menos do que isso já eu tive de pagar uma multa de 200 euros, fiquei com dois pontos a menos na carta e ainda tive a carta cativada por 6 meses, com pena suspensa (era uma noite de chuva, ía a 110Km numa via dupla, de cerca de 100 metros, com separador central, de aceso a uma auto-estrada, com uma unica saida para um posto de gasolina, onde havia um radar e um sinal, escondido por um arbusto, indicando um limite de 70 Km/hora...) .

Quem violou a lei, de forma gritante, e ainda por cima exibido-o impunemente, foram os “jornalistas” da SIC!!

Espero que esse afã moralista, em perseguir ministros, para os apanhar em falta, continue tão empenhado quando, um dia destes, que espero que venha longe,  tivermos ministros da cor política dos donos da SIC.

E já agora, uma prova da “objectividade” desse “jornalismo” seria perseguir, do mesmo modo pidesco, Carlos Moedas, Cavaco Silva, Paulo Rangel, Rui Rio ou Passos Coelho, quando estes se deslocam para cerimónias publicas ou oficias!!!

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

(última ?) “Carta Aberta” ao PCP e ao BE!


À beira de concretizarem a última e pior asneira da vossa história, eu, que, maioritariamente, desde 1976, em eleições legislativas, sempre votei, ou no BE (ou nos partidos que o formaram) ou no PCP, venho fazer um último apelo para que, se eventualmente alguém com influência nas decisões desses partidos me leia, faça chamar esses partidos à razão, e emendem uma decisão e uma asneira que vai prejudicar os trabalhadores, os reformados, os jovens em trabalho precário, os desempregados, os pobres e o “povo” que tanto dizem defender.

De facto, este não é um bom orçamento, mas é o melhor dos últimos anos, melhor que muitos dos que vocês aprovaram ou legitimaram nos últimos 7 anos.

É um orçamento "poucochinho"? É! Mas é sempre preferível o "pouco" deste orçamento, ao  "coisa nenhuma" de um governo de maioria absoluta ou de centrão, ou ao "menos" e aos "cortes" do orçamento de um governos à direita, pois estas duas últimas são as  alternativas a este orçamento.

Claro que o PS tem culpas, por promessas sucessivamente adiadas, pela cobardia em relação aos poderes de Bruxelas ou por manter medidas antissociais dos tempos da Troika, ou mesmo do governo socrático de má memória.

Ao chumbarem este orçamento, vamos ter de “lamber”, no futuro próximo, e provavelmente por muitos anos, com governos revanchistas muito mais à direita do que a sua origem histórica, mais interessados em defenderem os interesses do corrupto poder financeiro e dos mandantes de Bruxelas e das agências de rating, do que na defesa do cidadão comum, e em retomarem as medidas antissociais do “além da Troika”, cuja aplicação foi interrompida nos governos da geringonça .

Também o PS não voltará a estar aberto a negociar à esquerda, voltando aos velhos e estafados governos do “centrão”, de má memória, com o aumento de influência, no seu seio, com muita mais força, da estafada e corrupta tralha socrática e pelo velho PS das negociatas.

Pela minha parte, se provocarem eleições antecipadas, amigos do BE e do PCP, não contem com o meu voto, pelo menos enquanto me lembrar da vossa atitude em relação a este orçamento.

Claro que não vou votar numa direita cada vez mais extremada e radical, mas também não posso votar num PS cada vez mais dominado pela tralha socrática.

Neste momento, ao contrário do que sempre pensei, só me restam duas alternativas, para não recorrer ao inútil voto em branco ou ainda à mais inútil, e antidemocrática, abstenção.

Restam-me, no horizonte, ou o Livre, apesar da péssima prestação da sua única deputada eleita, ou o PAN, apesar de algum radicalismo na defesa das suas propostas.

Estes dois partidos são os únicos, à esquerda ou ao centro esquerda, a revelarem, neste momento, algum bom senso.

Não é preciso aprovar um orçamento que fica aquém das expectativas, basta a abstenção, para evitarem o ónus de se aliarem à direita, cada vez mais radical e revanchista, e abrirem caminho a uma alternativa ainda pior do que a actual.

Espero que o bom senso volte a dominar à esquerda, para bem dos trabalhadores, dos pensionistas, dos jovens precários, dos desempregados, dos mais pobres e do “povo” que dizem defender.

...Senão, e durante muito tempo, não contem com o meu voto!

terça-feira, 26 de outubro de 2021

Adeus “Esquerda”!!!??


Fixem esta data: Dia 25 de Outubro de 2021.

Este foi o dia em que a esquerda portuguesa fez haraquíri.

A história do suicídio da “esquerda” portuguesa não começa hoje.

Começou quando, no início desta legislatura, o PS resolveu dificultar um acordo escrito com, pelo menos, um dos partidos à sua esquerda, jogando no medo destes em serem penalizados por não deixarem passar orçamentos pouco ambiciosos, do ponto de vista social, e com medo de confrontar os burocratas de Bruxelas.

Ficou evidente que esta legislatura não chegaria ao fim quando o BE resolveu colocar-se ao lado da direita para votar contra o anterior orçamento.

O PCP cedeu então na abstenção, convencido que iriam ser cumpridas algumas das medidas com ele negociadas, mas que o governo se foi “esquecendo” pelo caminho, ficando por cumprir muto desse orçamento.

Em relação a este orçamento para 2022, já se percebia que havia um impasse e uma desconfiança mútua entre os partidos da esquerda, situação que culminou na confirmação de que este orçamento não vai passar com os votos à sua esquerda.

A catadupa de medidas apressadas, apresentadas nos últimos dias pelo PS, para tentar agradar à sua esquerda, mais não eram do que o início da campanha eleitoral, por parte desse partido, para entalar os partidos à sua esquerda, que ficam com o ónus de derrubarem o governo mais à esquerda que tivemos desde o 25 de Abril.

Claro que, pelo meio, estava o desejo de alguns sectores do PS, a tralha socrática, com o incendiário Carlos César à cabeça, de controlar a “BazuKa” e de beneficiar, com esta, as suas habituais clientelas .

Mas, à esquerda, havia sempre a possibilidade da abstenção, quanto a mim a única forma de saírem “airosos” desta situação.

Agora, mesmo que possam ter razão nas críticas ou em sentirem-se enganados, os partidos à esquerda do PS vão ficar com o ónus, entre a maior parte do eleitorado de esquerda, de terem optado por uma situação bem pior que é a que vai resultar do chumbo deste orçamento.

Existem 3 alternativas, todas piores para a esquerda, para os trabalhadores, para os pensionistas e para os cidadãos comuns em geral.

A primeira alternativa é as eleições darem um resultado ainda mais complexo de ingovernabilidade, mas favorável ao malfadado centrão das negociatas e da corrupção, com capacidade de desbaratar, a seu favor e da sua clientela habitual, os fundos da “Bazuka”.

A outra alternativa é um PS com maioria absoluta, igualmente marcando o regresso da tralha socrática, das negociatas e da corrupção, igualmente com capacidade de desbaratar a favor da sua clientela os fundos da “Bazuka".

A terceira alternativa é o regresso da direita “além-da-Troika”, revanchista, desejosa de retomar as medidas antissociais que foram interrompidas pelo primeiro governo de Costa, a direita das negociatas e da corrupção, desbaratando os fundos da “Bazuka”, desta vez apenas a favor do poder financeiro e das grandes empresas, pois o que temos à direita não é, nem o PSD liberal, a roçar alguns princípios da social-democracia, do tempo de Sá Carneiro, nem o CDS, democrata-cristão, com preocupações sociais, do tempo de Freitas do Amaral.

Pelo contrário, à direita o que vamos ter, muito provavelmente, é um radical como Paulo Rangel, à frente do PSD, e um extremista, como Nuno Melo, à frente do CDS, com um discurso para agradar à extrema-direita, com o desejo de privatizar tudo, da escola pública à saúde, de agradar ao corrupto sistema financeiro que rege a União Europeia, de agradar aos defensores das politica “austeritárias” da União Europeia, que estão de volta, para continuar na senda, iniciada nos tempos do  “ir além da Troika”, de destruir tudo o que lhes cheire a “Estado Social”, de combate às desigualdades ou de serviço público.

Por isso, tudo o que vier, como resultado do chumbo deste Orçamento, é sempre pior.

Infelizmente, ao contrário da direita, que se divide quando está na oposição, mas se sabe unir, no essencial do seu projecto antisocial, quando chega ao poder, a esquerda, que se une no “protesto” quando está na oposição, tem dificuldade em unir-se, com pragmatismo, para executar as suas políticas sociais, quando chega ao poder, como estamos a assistir mais uma vez.

Claro que nem tudo será negativo com a antecipação de eleições.

Em primeiro lugar, prevendo-se uma situação de grande instabilidade económica e social que se vai viver, um pouco por todo o mundo, e na União Europeia, nos próximos anos ( em resultado da tempestade perfeita, que combina os trágicos efeitos socias da pandemia, com a degradação ambiental sem fim à vista, motivada e acentuada pelos grandes interesses financeiros ligados ao sector energético, com o agravamento da própria crise energética, com o regresso das politicas orçamentais autotitárias da “troika” à União Europeia, com as crescentes tensões político-militares entre a China e os Estados Unidos e a Rússia e a União Europeia...) que vai provocar o aumento do descontentamento e das desigualdades sociais, com um impacto muito maior em países com uma economia frágil, como a portuguesa, o regresso de partidos, como o PCP e o BE à oposição poderá evitar que todo esse descontentamento fique refém do populismo e do oportunismo de extrema-direita, voltando alguma esquerda a absorver e a enquadrar esse crescente descontentamento num combate mais consequente e positivo contra aqueles males crescentes.

Em segundo lugar, em democracia, o voto é sempre soberano e, perante a desagregação das relações entre os partidos à esquerda nos últimos dois anos, nada melhor do que clarificar a situação com a força e a legitimidade do voto.

Lamento que a esquerda, mais uma vez, não se consiga entender no essencial.

Lamento que, mais uma vez, a esquerda não se consiga unir no essencial para por em prática uma verdadeira política social, de combate aos salários baixos, às desigualdades sociais e de progresso que beneficie quem trabalha .

Provávelmente não voltaremos a ter oportunidade de ver aplicadas essas políticas sociais nas próximas décadas e, seja qual for o resultado eleitoral, vamos assistir à degradação de salários e de pensões, dos serviços de saúde e de educação, dos direitos socias e laboriais.

Mas, em democracia, não há que dramatizar.

Vá-se a voto, e clarifique-se a situação porque o voto é a arma do Povo!

sexta-feira, 15 de outubro de 2021

Tragédias de um Orçamento.


Por vezes, interrogo-me se a actual geração de jornalistas estudou numa escola de jornalismo ou, se não terá estudado, antes, numa escola de produção de telenovelas!!!

A forma como se tem vindo a dramatizar a apresentação do próximo Orçamento de Estado, mais parece, de facto, uma telenovela do que um trabalho lúcido de informação, como seria de esperar por parte dos órgãos de comunicação social.

Ou talvez a escola seja a escola do ministro da propaganda nazi, Goebels, aliás um excelente professor para quem quer aprende como funcionam, eficazmente, a propaganda e a publicidade.

Uma das técnicas desta “escola” é aquela, segundo a qual, uma mentira várias vezes repetida se torna verdade, ou, adaptando aos dias de hoje, várias frases descontextualizadas e meias verdades repetidas até à exaustão e ampliadas pelo megafone de vários comentadores encartados, acaba por condicionar a própria realidade.

Aquilo que sempre foi perfeitamente normal na apresentação de orçamentos, em especial quando não há governos de maioria absoluta, como aconteceu em mais de 3/4 de governos democráticos, que é apresentar um projecto, que depois pode ser alterado após negociações, sempre duras, entre os partidos parlamentares, foi transformado numa novela tágico-cómica, como, aliás, se tem transformado qualquer caso e casinho nos últimos tempos.

O problema é quando esse ambiente de doidos,  criado por uma comunicação social ávida de escândalos e espectáculos para aumentar audiências, contamina a vida política dos partidos ditos “sérios”.

É ver o frenesim que reina nos partidos da direita tradicional, só com a possibilidade remota de voltarem ao poder nos próximos tempos (principalmente, o de controlarem os dinheios da "bauka", que é o que os move....).

Pode-se dizer que a direita anda com a pontaria desafinada, pois se alguém foi atingido pela agitação provocada à volta do Orçamento, não foi o orçamento, mas a liderança e o  interior dos próprios partidos de direita.

O aparecimento de dois candidatos, um no CDS, outro no PSD, ambos com experiência política e pessoas cultas, mas com um discurso extremista, fanaticamente ideológico e revanchista, não augura nada de bom para o futuro desses partidos, a não ser retirar campo de manobra à extrema-direita.

Se ambos ganharem a liderança desses partidos, o PS vai agradecer, pois o voto centrista vai fuigir desses partidos.

À esquerda espera-se, pelo contrário, bom senso. Para quem acha, dentro do BE e do PCP,  que estes perdem pelo facto de facilitarem a vida ao orçamento socialista, a realidade das últimas presidênciais e das autárquicas, aí está para o desmentir, ao contrário da falácia de algum jornalismo e de alguns comentadores, interessados em provocar o caos à esquerda.

Basta ver o que aconteceu a esses dois partidos à esquerda do PS, pelo facto de terem tomado decisões diferentes em relação ao último orçamento.

O BE, que votou contra o orçamento, pensando beneficiar à custa do PCP e do afastamento em relação ao PS, teve duas estrondosas derrotas nesses actos eleitorais, perdendo quase tudo o que tinha conquistado no tempo da geringonça.

Pelo contrário, o PCP, que aprovou o orçamento, tendo perdido alguma coisa, perdeu pouco, e aguentou-se, estabilizando dentro do histórico. Mesmo onde perdeu ou não conseguiu aumentar, como em Loures ou em Almada, continua uma força política considerável e com capacidade de  dar cartas por muito tempo.

No caso das presidênciais e das autárquicas em Lisboa, mais no segundo que no primeiro caso, até conseguiu um bom resultado com João Ferreira.

As perdas do PCP não se devem à sua “aliança” com o PS, mas a uma crise mais estrutural, de falta de renovação e de adaptação aos novos tempos. 

Foi, pelo contrário, a sua capacidade de negociação, ganha com a "geringonça", que travou a sua perda de influência e lhe pode dar, no futuro, um novo alento.

Espera-se, por isso, que à esquerda, ao contrário do frenesim que vai à direita, reine o bom senso.

Este Orçamento não é o ideal, se houver bom senso ainda pode ser aperfeiçoado nas negociações à esquerda, mas a alternativa é a realização de eleições antecipadas, que iriam beneficiar o PS (e o Chega), aprovando-se depois um orçamento menos social, e para o qual o PS, sentindo-se traido pela sua esquerda, seria tentado a negociar à direita, ou, na hipótese remota de uma vitória da direita, um orçamento revanchista, do ponto de vista social, e integrando o resto do “ir além da Troika” que não foi cumprido, com prejuízo para reformados, trabalhadores, pequenas e médias empresas, do país em geral.

terça-feira, 12 de outubro de 2021

Qual a utilidade, em democracia, das Ordens Profissionais?

 


Anda por aí uma grande polémica sobre uma projecto governamental que, grosso modo, pretende colocar limites à autonomia das ordens profissionais.

O decreto é do PS, mas já se sabe que o PSD se vai abster na sua votação e que a Iniciativa Liberal vai ainda mais longe, ao propor a extinção de 11 das 20 ordens existentes (ler em baixo).

Vê-se assim que esta questão não é uma questão de “esquerda ou “direita”.

Aliás, esta tentativa de retirar o poder, não democrático, detido pelas corporações profissionais, fazia parte do programa inicial da Troika, mas os executantes desse programa, desejando "ir além da Troika", preferiram fazer as "reformas" poupando os poderosos e falando de alto aos "fracos", não se atrevendo a mexer nesse assunto. 

De facto, quanto a mim, as ordens profissionais não passam de reminiscências medievais, recuperadas pelo fascismo, um movimento corporativista, e copiado para Portugal pela ditadura Militar e pelo Estado Novo, que não tem lugar numa democracia estável, ou, quanto muito, não faz mais sentido que uma Maçonaria ou uma Opus Dei.

De facto, a primeira ordem profissional, a dos advogados, foi criada em 12 de Junho de 1926, uma das primeiras medidas acordadas pelo novo regime político, iniciado pela Ditadura Militar, instaurado poucos dias antes daquela data, em 28 de Maio de 1926.

O papel das ordens profissionais na construção do Estado Novo, criado em 1933 a partir dessa ditadura, tornou-se evidente quando iniciou funções, em 1935, um dos pilares do regime ditatorial, a  Câmara Corporativa, seguindo o modelo do fascismo italiano, na qual tinham lugar os representantes da ordens profissionais.

Com o estabelecimento do regime democrático em Portugal, a partir de 1974, não houve coragem para acabar com essa excrescência corporativista num regime democrático.

Talvez o facto de algumas dessas ordens, em determinados momentos da sua história, terem tomado posição contra o regime e na defesa dos presos políticos, como aconteceu com a poderosa Ordem dos Advogados, tenha levado o novo regime a “fechar os olhos” a essa realidade, limitando-se a regulamentar as suas funções.

Diga-se, em abono da verdade, que muitas das ordens se souberam adaptar ao novo regime democrático e desempenham, hoje, um verdadeiro serviço público, como acontece, por exemplo, com a ordem dos Psicólogos, ou junto dos seus profissionais.

Contudo, nos últimos tempos, temos visto três das mais poderosas corporações profissionais, a do Advogados, a dos Médico e a dos Enfermeiros (aos quais se parece juntar agora a dos Arquitectos), abandonarem as suas funções meramente profissionais para se substituírem às funções de sindicatos, de associações patronais e de partidos políticos, e virem a terreiro fazer campanha politico-ideológica, trasvestindo-se muitos dos seus líderes em comentadores políticos, ao mesmo tempo que usam todos os meios para controlar e travar o acesso à profissão por parte dos mais novos e protegem associados com actividades muitas vezes eticamente duvidosa, alguns a enfrentar problemas com a justiça.

Como cidadão, não me esqueço de uma Ordem dos Médico que, ao mesmo tempo que se queixa da falta de médicos , (sem que a tenha visto preocupada com isso quando a Troika e o “ir além da Troika” obrigaram muitos profissionais de saúde a emigrar), critique a abertura de novas escolas médicas e de mais vagas, como se houvesse grande diferença de vocação entre um aluno que entra na faculdade com 17, 18 (ou mesmo 16) valores e outro com 19 ou 20.

Mais do que os valores com que se entra numa universidade, o importante é a qualidade de ensino ministrado nessa universidade.

Também não me esqueço de uma conversa a que assisti numa rádio pública, no inicio da pandemia, quando vários enfermeiros brasileiros que estavam em Portugal se ofereceram para ajudar, e a presidente da Ordem dos Enfermeiros veio opor-se, de forma violenta, ao reconhecimento desses profissionais, mesmo que a título provisório, como se um enfermeiro brasileiro não estivesse habilitado a enfrentar situações muito mais complicada no país de origem do que aquelas que existem em Portugal. Aliás, essa líder da Ordem, militante do PSD e admiradora do líder do Chega, tem vindo a tornar essa ordem num verdadeiro sindicato, desvirtuando aquilo que devia ser uma Ordem Profissional.

Também seria interessante perguntar ao sr. Provedor da Ordem dos Advogados o que tem feito para combater o papel de escritórios de advogados na organização de fugas de impostos para off-shores e em muitas outras negociatas, senão ilegais, pelo menos eticamente reprováveis, levadas a cabo por associados seus, alguns até já tendo exercido importantes funções nessa Ordem.

Por mim, devem ser as Universidades, nalguns casos as escolas profissionais e os politécnicos, a qualificar os profissionais,  a lei a julgar do cumprimento das regras inerentes a cada profissão e o Estado, através de órgãos de controle democrático, a fiscalizar essa qualidade e esse cumprimento.

Não vejo, pelo menos tendo em conta a acção pública dos provedores das ordens acima referidas, qual a utilidade da existência, ou da manutenção do poder social, das referidas ordens, num regime democrático.

“Iniciativa Liberal propõe extinção de 11 ordens profissionais

Por Leonardo Ralha

In O Jornal Económico de 11 de Outubro de 2021

“Um projeto de lei da Iniciativa Liberal propõe a extinção de 11 ordens profissionais, o que seria mais de metade dos 20 atualmente existentes, sendo esse número algo que o partido considera ser “algo inédito e incomparável em países desenvolvidos da União Europeia”. Entre as entidades que desapareceriam caso essa iniciativa legislativa fosse aprovada incluem-se a Ordem dos Economistas, a Ordem dos Contabilistas Certificados, a Ordem dos Despachantes Oficiais e a Ordem dos Revisores Oficiais de Contas.

“Segundo a Iniciativa Liberal, existe uma diferença entre as ordens existentes “nos casos em que a natureza da profissão exige uma prática continuada séria e certificada, relacionada diretamente com os direitos fundamentais dos cidadãos”, e aquelas que o partido considera terem sido constituídas “sem lógica nem critério, a não ser por motivos eleitoralistas de alguns partidos presentes na Assembleia da República”.

“No primeiro grupo encontram-se algumas das principais ordens profissionais portuguesas, como a Ordem dos Advogados e a Ordem dos Médicos. No entanto, mesmo nesses casos o partido advoga mais limites. “Muitas ordens profissionais cuja existência é justificada têm abandonado o seu papel-base e têm-se transformado em corporações de defesa dos interesses instalados nestas profissões, para prejuízo dos novos profissionais e, sobretudo, dos consumidores”, defende a Iniciativa Liberal, que por isso mesmo propõe a revogação da norma que estipula que a cada profissão regulada corresponda apenas uma única associação pública profissional.

“Também é proposta no projeto de lei da Iniciativa Liberal a abolição de regras profissionais que resultem num “obstáculo desproporcional e desnecessário” à livre prestação de serviços, à liberdade de escolha de profissão e à iniciativa privada. Até porque foi permitido na transposição da diretiva comunitária para a legislação portuguesa que os estatutos das ordens profissionais pudessem estabelecer entraves às sociedasdes multidisciplinares. Algo que o partido considera configurar “uma desvantagem competitiva dos profissionais portugueses face aos seus homólogos europeus”.

“A lista total das ordens profissionais que os liberais pretendem ver desaparecer inclui as dos Biólogos, Contabilistas Certificados, Despachantes Oficiais , Economistas, Médicos Veterinários, Notários, Nutricionistas, Revisores Oficiais de Contas, Solicitadores e Agentes de Execução, Fisioterapeutas e Assistentes Sociais”.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Breve Análise do resultado das autárquicas em Torres Vedras

(fonte: Jornal de Mafra)

Em Torres Vedras o PS repetiu a maioria absoluta no executivo camarário, mesmo tendo perdido um vereador.

A grande novidade é Torres Vedras ter eleito, pela primeira na sua história, uma mulher, Laura Rodrigues, para presidente da Câmara.

O PS manteve o mesmo número de Presidentes de Junta, 11 em 13, conquistando 1 ao PSD e perdendo outra para esse mesmo partido. Contudo, não conseguiu reconquistar ao PSD a Junta da Ponte do Rol.

Embora tenha perdido votos, a situação não foi tão grave como se previa. Perdeu 1 vereador, dois deputados municipais e 5 membro das assembleias de freguesia (de 76 para 71), estes conquistados “directamente” pela Aliança.

O “Aliança” foi, aliás, um dos vencedores da noite, ganhando 1 deputado municipal, juntando àqueles 5 eleitos para assembleias de freguesia, e ultrapassando a CDU na votação para a CM, quase elegendo o seu primeiro vereador.

Com sabor “amargo e doce” foi o resultado dos Unidos por Torres Vedras, que, concorrendo pela primeira vez, foram a segunda força mais votada para a Câmara, ultrapassando o PSD e elegendo 2 vereadores, com mais de 8 mil votos, mas não conseguindo o resultado “espectacular” que muitos preconizavam. Para a AM ficou atrás do PSD, elegendo 6 deputados municipais.

O Chega conseguiu eleger, pela primeira vez, um deputado municipal, um resultado significativo para esse partido, se tivermos em conta que concorreu pela primeira vez e não concorreu às freguesias rurais, obtendo para a AM mais de 1700 votos, mais cerca de 200 dos que obteve para a CM, ficando ainda à frente do BE.

Nas eleições para a Câmara, a coligação “Afirmar” (PSD/CDS/PPM) foi a grande derrotada, tornando-se a 3ª força política, perdendo a liderança da oposição e elegendo menos 1 vereador.

Aliás, a derrota é resultado da má escolha do candidato e uma derrota pessoal do deputado Duarte Pacheco, pois se analisarmos os resultados mais à lupa, em relação a 2017 o PSD (que também concorria coligado com o CDS) perdeu para este órgão municipal, 4 409 votos, situação que confirma comparando o resultado dessa coligação para a Câmara com o resultado para a Assembleia Municipal, obtendo mais 602 votos, mesmo assim menos 3809 votos dos que obteve há 4 anos para este órgão.

A evidência da derrota pessoal do deputado torna-se ainda mais estrondosa, se compararmos o resultado dessa coligação para a CM com o resultado obtido na totalidade das Assembleias de Freguesia, menos 3 090 votos .

Embora com uma dimensão menor, tanto o PCP e, principalmente o BE, foram dois dos derrotados da noite eleitoral.

A CDU não conseguiu reconquistar a freguesia da Carvoeira, piorando até o seu resultado nesta, perdendo um mandato na assembleia da freguesia da cidade e 1 mandato na AM, não conseguindo regressar à vereação, perdendo também algumas centenas de votos em relação a 2017. Obteve o seu melhor resultado no nº de votos para as Assembleias de Freguesia, mais 1200 votos do que para a CM.

Já o BE perdeu o seu único representante municipal, o deputado que tinha na AM, perdeu votos de forma significativa e, pior, foi ultrapassado pelo CHEGA, como força política local.

Em baixo podem ver os resultados em mandatos, comparativamente com os obtidos em 2017, assim como comparar as “previsões” pessoais que fizemos.

De realçar que, num total de 61 resultados analisados, 52 se situaram na margem de erro que defendemos, só errando em 9. Para a AM e para a CM só errámos numa previsão de um partido e, no total de 13 freguesias, só errámos nos vencedores de 2 (na última coluna, a vermelho, assinalamos os resultados que saíram da nossa “previsão”.

 

 

Total Mandatos

Mandatos em 2017

 “previsões” pessoais

Resultado Final 2021

CM

9

PS -  6

PSD/CDS - 3

 

 

 

PS – (4-6);

UTV- (2-5);

PSD/CDS/PPM – (2-3);

Aliança – (0-2);

CDU – (0-1);

BE- (0-1);

Chega (0).

PS-5

UTV-2

PSD – 2

A – 0

CDU – 0

BE – 0

CH - 0

AM

27

PS – 14

PSD – 9

CDU – 2

BE - 1

TL - 1

PS – (9-12)

UTV – (7-14);

PSD – (6-9);

Aliança - (0-4);

CDU – (1-2);

BE – (0-2);

Chega (0-1).

PS -12

UTV – 6

PSD – 6

Aliança – 1

CDU – 1

BE – 0

CH - 1

Campelos/Outeiro

9

PS – 6

PSD - 3

 

PSD – (4-7);

PS – (2-6);

CDU – (0).

PSD- 5

PS – 4

CDU - 0

Carvoeira/Carmões

9

PS – 4

CDU – 4

PSD - 1

 

CDU – (3-5);

PS- - (3-4);

PSD – (0-1).

CDU – 3

PS – 5

PSD - 1

Cunhado/Maceira

13

PS – 6

PSD – 5

CDU – 1

TL - 1

 

PS – (4-6);

PSD- (3-5);

CDU – (1-2);

Aliança –(0-2).

PS – 7

PSD- 5

CDU – 1

Aliança- 0

Dois Portos/Runa

9

PS – 5

PSD – 3

CDU - 1

 

PS – (3-5);

CDU –(1-3);

PSD – (2-3)

PS-4

CDU – 1

PSD- 4

Freira

9

PSD – 5

PS - 4

 

PS – (4-6)

PSD – (4-5)

CDU – (0)

PS – 5

PSD – 4

CDU - 0

Maxial/M Red.

9

PS – 6

PSD - 3

PS – (5-7)

PSD – (2-3)

CDU – (0-1)

PS – 6

PSD – 2

CDU - 1

Ponte do Rol

9

PSD – 4

I – 3

PS - 2

 

PS-(4-6)

PSD-(3-5)

CDU – (0).

PS – 2

PSD – 7

CDU - 0

Ramalhal

9

PS – 5

PSD – 3

CDU - 1

PS- (4-5)

PSD- (2-3)

CDU – (1-2)

Aliança – (0-1).

PS – 5

PSD - 1

CDU - 1

A - 2

S.P.Cadeira

9

PS – 7

PSD - 2

 

PS- (6-7)

PSD-(1-3)

Aliança-(0-1)

CDU – (0)

PS – 6

PSD – 2

A – 1

CDU - 0

Silveira

13

PS – 9

PSD - 4

PS- (6-8)

PSD-(4-5)

Aliança-( 0-3)

CDU – (0-1).

PS – 8

PSD-4

Aliança – 1

CDU - 0

Turcifal

9

PS – 6

PSD - 3

 

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU – (0-1)

PS – 5

PSD – 4

CDU - 0

Ventosa

9

PS – 6

PSD - 3

 

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU- (0)

PS – 6

PSD – 3

CDU - 0

CIDADE (Sta Maria, S.Pedro, Matacães)

19

PS – 10

PSD – 6

CDU – 2

TL - 1

PS- (6-10)

UTV- (3-9)

PSD- (2-5)

Aliança- (0-3)

CDU- (1-4)

BE- (0-2)

Chega – (0-1)

PS – 8

UTV – 6

PSD – 3

Aliança – 1

CDU – 1

BE – 0

CH- 0

nota : as nossas “previsões” não tiveram base científica, apenas empírica, tendo por base o “histórico”, a novidade de algumas candidaturas, a conjuntura local, o “sentir” das dinâmicas locais e alguma intuição.