À beira de concretizarem a última e pior asneira da vossa história, eu, que, maioritariamente, desde 1976, em eleições legislativas, sempre votei, ou no BE (ou nos partidos que o formaram) ou no PCP, venho fazer um último apelo para que, se eventualmente alguém com influência nas decisões desses partidos me leia, faça chamar esses partidos à razão, e emendem uma decisão e uma asneira que vai prejudicar os trabalhadores, os reformados, os jovens em trabalho precário, os desempregados, os pobres e o “povo” que tanto dizem defender.
De facto, este não é um bom orçamento, mas é o melhor dos últimos anos,
melhor que muitos dos que vocês aprovaram ou legitimaram nos últimos 7 anos.
É um orçamento "poucochinho"? É! Mas é sempre preferível o "pouco" deste orçamento, ao "coisa nenhuma" de um governo de maioria absoluta ou de centrão, ou ao "menos" e aos "cortes" do orçamento de um governos à direita, pois estas duas últimas são as alternativas a este orçamento.
Claro que o PS tem culpas, por promessas sucessivamente adiadas, pela
cobardia em relação aos poderes de Bruxelas ou por manter medidas antissociais
dos tempos da Troika, ou mesmo do governo socrático de má memória.
Ao chumbarem este orçamento, vamos ter de “lamber”, no futuro próximo, e
provavelmente por muitos anos, com governos revanchistas muito mais à direita
do que a sua origem histórica, mais interessados em defenderem os interesses do
corrupto poder financeiro e dos mandantes de Bruxelas e das agências de rating,
do que na defesa do cidadão comum, e em retomarem as medidas antissociais do “além
da Troika”, cuja aplicação foi interrompida nos governos da geringonça .
Também o PS não voltará a estar aberto a negociar à esquerda, voltando
aos velhos e estafados governos do “centrão”, de má memória, com o aumento de influência, no seu seio, com muita mais força, da estafada e corrupta tralha socrática e pelo
velho PS das negociatas.
Pela minha parte, se provocarem eleições antecipadas, amigos do BE e do
PCP, não contem com o meu voto, pelo menos enquanto me lembrar da vossa atitude
em relação a este orçamento.
Claro que não vou votar numa direita cada vez mais extremada e radical,
mas também não posso votar num PS cada vez mais dominado pela tralha socrática.
Neste momento, ao contrário do que sempre pensei, só me restam duas alternativas,
para não recorrer ao inútil voto em branco ou ainda à mais inútil, e
antidemocrática, abstenção.
Restam-me, no horizonte, ou o Livre, apesar da péssima prestação da sua
única deputada eleita, ou o PAN, apesar de algum radicalismo na defesa das suas
propostas.
Estes dois partidos são os únicos, à esquerda ou ao centro esquerda, a
revelarem, neste momento, algum bom senso.
Não é preciso aprovar um orçamento que fica aquém das expectativas,
basta a abstenção, para evitarem o ónus de se aliarem à direita, cada vez mais
radical e revanchista, e abrirem caminho a uma alternativa ainda pior do que a
actual.
Espero que o bom senso volte a dominar à esquerda, para bem dos
trabalhadores, dos pensionistas, dos jovens precários, dos desempregados, dos mais pobres e do “povo” que dizem defender.
...Senão, e durante muito tempo, não contem com o meu voto!
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