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terça-feira, 30 de maio de 2017

Nem Temer, nem Maduro!!!


No Brasil o presidente Temer enfrenta uma contestação em crescendo, motivada, não só pela forma antidemocrática como se apossou do poder e pela destruição sistemáticas das medidas de carácter social levadas a cabo pelos  seus antecessores, mas também pela forma como, sem legitimidade, procura impor um programa neoliberal de destruição do muito que no Brasil  se conseguiu conquistar em desenvolvimento humano nos últimos anos.

A agravar toda essa situação, vê-se agora envolvido num esquema de corrupção, ele que chegou ao poder em nome da luta contra a corrupção.

Por ironia da história, quase todos os que destituíram a presidente Dilma estão agora a contas com a justiça, enquanto, até ao momento, nada se conseguiu provar contra ela.

Se Temer se mantiver por muito tempo, o Brasil caminha para o descalabro económico e social e voltará à situação onde estava antes da chegada do Partido Trabalhista ao poder, se bem que este partido não tenha conseguido fugir ao generalizado esquema de corrupção em que vive a classe política brasileira.

Nos antípodas da família política de Temer, também o presidente da Venezuela, Maduro, está a conduzir o país para a um beco sem saída, agravando as condições de vida dos venezuelanos e sendo incapaz de propor uma saída política para a crise.

Com a sua irresponsabilidade, Maduro arrisca-se a destruir, não só o país, mas também as políticas sociais, algumas bastante positivas, levadas a cabo pelo seu antecessor, embora Chávez fosse outro populista irresponsável.

A Venezuela corre o risco de, depois de afastar Maduro, acabar por deitar fora “o bébé com a àgua do banho”, até porque a alternativa ao candidato a ditador não é muito mais credível do que ele.

Se houvesse dúvidas sobre a política desastrosa de Maduro, bastava consultar os últimos dados daquele país sobre a mortalidade infantil (AQUI), publicadas pelo próprio governo da Venezuela, um índice que não falha  quando queremos fazer um julgamento objectivo sobre as políticas socias levadas a cabo pelos governos dum país, pois classificam o bem-estar social da sua população.

Por isso é caso para dizer:

Fora Temer e Fora Maduro!!!

sexta-feira, 26 de maio de 2017

Animem-se…o mundo não é só “Trump”, também há Jane Goodall




Esqueçam a boçalidade ignorante e arrogante de Trump e seu amigos.

Esqueçam a “lambe-botice” sabuja dos líderes europeus na cimeira da NATO perante o dono da “coisa”, que só veio dar razão à idéia que a NATO está obsoleta.

De facto a NATO está obsoleta, mas não é pelas razões apontadas por Trump.

Está obsoleta porque, desde o final da Guerra Fria, só fez asneira, principalmente no Médio Oriente e na Líbia, criando o monstro “Daesh”...

Está obsoleta porque devia ter-se tornado numa força europeia, mais independente dos Estados Unidos.

Está obsoleta porque, em vez de servir para humilhar a Rússia, criando as condições para a criação do “monstro” Putin, devia ter-se tornado uma força de pacificação de toda a Europa.

Está obsoleta porque continua a  revelar falta de coragem para pôr um outro monstro que vive no  seu seio, o “quase ditador” Turco Erdogan, no seu lugar.

Está obsoleta porque devia ter-se tornado uma força ao serviço da humanidade e da defesa dos direitos humanos, controlada pela ONU, e não pelos falcões das negociatas do armamento.

Nesta visita que acentuou o monstro “trumpista” que o mundo tem entre mãos, que incluiu uma grande negociata de armamento com a Arábia Saudita que vai reforçar o poder do terrorismo jhiadista, apenas um homem, quase solitário, pôs o “monstro” no lugar.

Esse homem foi o Papa Francisco que ainda por cima respondeu ao cinismo ignorante do “monstro” com uma resposta adequada ao que este representa, oferecendo-lhe as suas encíclicas sobre a paz e a defesa do ambiente, exactamente os dois temas que tornam Trump um homem perigoso

No meio de uma semana marcada pelo horror de Manchester e pelo horror de Trump, Portugal foi mais uma vez excepção, tendo sido visitado por uma mulher como Jane Goodall.

Jane Goodall é um exemplo de humanidade, de conhecimento, de curiosidade sobre a vida, de humildade, mostrando como os seres vivos são muitas vezes mais humanos do que os homens ou como os homens não estão assim tão afastados da selva.

Para quem lida todos os dias com animais não se surpreende com as conclusões de Jane Goodall sobre o comportamento animal, sobre as capacidades “humanas” que estes nos revelam todos os dias.

Enquanto alguns, cada vez mais, procuram todos os meios para destruir o ambiente, sem respeito pelas outras espécies,  nem respeito pela  humanidade, outros, felizmente ainda muitos, como Jane Goodall, manifestam-se todos os dias em prol da preservação doplaneta e de todos os seres vivos que o habitam.

É reconfortante que existam pessoas como o Papa Francisco ou Jane Goodall no meio desta verdadeira “selva” em que se está a tornar-se a humanidade.

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Homenagear Manchester através da obra gráfica de Peter Saville

A FORMA E A LUZ: Homenagear Manchester através da obra gráfica de P...: Peter Saville nasceu em Manchester em 1955, sendo um dos mais conceituados artistas gráficos a trabalhar naquela cidade inglesa. (clicar para ler e ver).

quarta-feira, 24 de maio de 2017

A Morte de um “Santo”


Pessoalmente recordo Roger Moore mais como “Santo” do que como James Bond.

“O Santo” foi, talvez, das primeiras séries que vi na televisão, nos anos 60, e a preto e branco.

Dizer que “via” a série, é uma forma de expressão, já que apenas conseguia ver uns bocados da série, escondido atrás da porta da sala da casa dos meus pais, porque, por regra, não me deixavam vê-la por causa da “violência” da mesma, “violência” que, comparada com os dias de hoje, é totalmente inócua.

Nunca fui fã nem nostálgico da série James Bond, de um primarismo ideológico muito kitch.

Contudo, se houve actor que se identificou com a figura de 007, foi Roger Moore, embora, pessoalmente, tenha preferido sempre a interpretação de  Sean Connery no papel do famoso espião.

Roger Moore conseguiu dar sempre um toque de humor e charme irrepetível na série criada por Ian Fleming.

Mas, para mim, Roger Moore vai ser sempre recordado como “O Santo”, mais um ícone da minha geração que nos deixa.

terça-feira, 23 de maio de 2017

Manchester no roteiro do terror



Falar em banalização do mal já  começa a ...tornar -se banal!

Ontem foi a vez de Manchester ficar registada no roteiro do terror que se tem vindo a desenhar por esse mundo fora.

O atentado de ontem foi um dos mais mortíferos e violentos dos últimos tempos em solo Europeu.

Foi muito diferente aos últimos atentados, que usavam meios rudimentares para espalhar o terror.

Alguns comentadores já se tinham mesmo  apressado a declarar o declínio do terrorismo na Europa, pois, segundo eles, o terrorismo era agora obra de lobos solitários, com poucos meios ao seu dispor.

Pelo contrário, aquilo que se sabe deste atentado em Manchester, com recurso a um bombista suicida, denota o regresso a alguma sofisticação e organização, mais de acordo com o tipo de actuação da Al-Khaeda, recentemente transformada em “aliada” do ocidente na luta contra Assad na Síria, do com o tipo de actuação do “Estado Islâmico”.

Por outro lado, não deixa de ser tristemente “irónico” que o regresso de atentados sofisticados à Europa ocorra na semana em que o novo presidente norte-americano realizou a sua primeira visita oficial ao estrangeiro, iniciando-a na Arábia Saudita.

A Arábia Saudita é o principal financiador do terrorismo da Al-khaeda e do Estado Islâmico, mesmo que não o faça a nível oficial, ou, vou dar de barato, à margem das autoridades oficiais desse país reacionário.

Recorde-se também, que essa mesma visita serviu para selar um negócio de biliões de dólares em armamento militar, entre os Estados Unidos e a Arábia Saudita.

Desconfio que parte desse armamento vai surgir mais tarde nas mãos dos jhiadistas apoiados, directa ou indirectamente, pela Arábia Saudita, entre os quais os do Daesh e da Al-khaeda….

Mais do que irónica, não deixa de ser preocupante que o presidente Trump escolha como alvo o Irão, exactamente dias depois de deste país ter escolhido um “liberal” para dirigir aquele que é o principal inimigo da Arábia Saudita na região.

Com tanta irresponsabilidade e voluntarismo na forma como Ocidente tem dirigido as suas relações internacionais, nomeadamente no Médio Oriente, criando a condição para a proliferação do terrorismo jhiadista, temos de temer que o horror de Manchester seja apenas uma “passagem” para outros momentos de terror, não só em solo Europeu, mas um pouco por todo o mundo.

É a banalização do mal…ao serviço dos negócios do armamento, do petróleo e do poder financeiro…

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Afinal o “povo” também gosta de qualidade!


Colaborei muitas vezes em projectos culturais e informativos e o que mais me irritava era a argumentação de muitos em defesa de uma cultura e de uma informação que fosse feita para agradar ao “gosto do povo”.

Claro que aquilo de que o “povo gosta” que esses procuram impingir como modelo, apenas revela o próprio gosto dos que assim argumentam.

Sempre argumentei, na escolha dos temas, das musicas (estou a falar também de projectos radiofónicos), dos filmes e das imagens, que as pessoas só gostam do que conhecem e se lhes impigem apenas porcarias, é da porcaria que vão gostar.

Tenho por experiência própria que as pessoas estão abertas ao bom gosto, ao que é inovador e criativo e é muitas vezes devido àquela atitude preconceituosa sobre os gostos culturais que acaba por vingar o mau gosto.

Aquilo que é o “gosto da maioria” é-lhes assim impingido, seguindo a velha máxima segundo a qual, “uma mentira várias vezes repetida se torna verdade”, ou, no caso da cultura, o mau gosto cultural  muitas vezes impingido torna-se o gosto dominante.

Vem isto a   propósito ao modo como Salvador Sobral ganhou o festival da canção.

Aquilo que era a opinião dominante é que, num festival “popular”, onde domina o gosto musical duvidoso, aquilo que resulta é copiar o que vende, em termos de produção da musica comercial, musica fabricada a metro para usar em discotecas ou como ambiente de loja de trapos, de preferência nivelando tudo pela língua inglesa.

Ora, Salvador Sobral subverteu tudo isso com a sua vitória, remando contra a maré dominante e deitando por terra aqueles que defendem que se deve dar “aquilo que o povo gosta”.

O “povo” afinal está ávido e a aberto à novidade, à qualidade e  à criatividade.

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Vai começar o XIII Festival Internacional de BD de Beja

BêDêZine: XIII Festival Internacional de BD de Beja: Inaugura-se no próximo dia 22 de Maio a 13ª edição do Festival Internacional de BD de Beja, que vai durar até 11 de Junho. (clicar para ver mais).

sábado, 13 de maio de 2017

Viva Francisco!


Não sou católico, apesar de ser baptizado.

Mas também nunca alinhei em qualquer anti-clericalismo primário.

Já o disse várias vezes que, apesar de não ser católico nem praticante, não nego que muitos dos meus valores são cristãos.

E é exactamente em nome dos valores cristão de humanidade e de combate às desigualdades, tal como os interpreto, que sempre desconfiai do catolicismo, principalmente quando olho à minha volta e vejo o que fazem, no dia a dia, muitos dos que se apresentam como muito devotos, muitos deles negando todos os dias, nas suas práticas socias e económicas, aquilo que são para mim os valores cristãos que me foram transmitidos e que me parecem estar presente no exemplo de Cristo.

Por isso sempre vi, com honrosas excepções, na hierarquia católica, nomeadamente na sua sede do Vaticano, a negação dos valores cristãos, tal como eu os interiorizei.

Reconheço hoje que, pela primeira vez, temos hoje a liderar a Igreja um Papa que representa, de forma genuína e corajosa , os verdadeiro valores que Cristo nos ensinou.

Além disso, no deserto de líderes mundiais verdadeiramente humanos e decentes, o Papa Francisco é uma voz isolada, um raro exemplo, nos nossos tempos, de um grande líder no qual a humanidade se pode rever e no qual os mais fracos encontram um combativo defensor .

Por tudo isso, aqui deixo uma saudação ao Papa que agora nos visita:

Viva Francisco!

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Um Diamante no meio do pechisbeque


 
Se há momentos em que nos sentimos orgulhosos  de sermos portugueses é quando ouvimos Salvador Sobral a cantar em português e a sobressair no meio da chungaria pimba que desfilou, e vai continuar a desfilar hoje, no mais rasca dos espectáculos europeus.

Que a pimbalhada armada ao fino no meio da pirotecnia seja a imagem de marca do Festival da Canção ninguém se admira.

Que o Festival da Canção seja hoje uma imagem do “europeísmo” rasca do gosto kitch da elite mafiosa do leste europeu e que apenas entusiasma o gosto estereotipado do público do leste, já ninguém se admira.

O carácter Kitch-pop do Festival faz parte do seu ADN, mas antigamente ainda podíamos ouvir musicas menos normalizadas, noutras línguas que  não o inglês, e até surgiam, de vez em quando, vozes e temas que se tornavam eternos.

Hoje dominam as vozes e os ritmos normalizados pelos “chuvas de estrelas” que se repetem, sem um pingo de originalidade ou criatividade, pelas televisões da globalização, e que têm os seus cinco minutos de fama no moribundo Festival da Eurovisão, espécie de prostituta velha enfeitada de pechisbeque.

No meio dessa “trambalhada”   caiu um “ovni”, uma canção sentida, bem cantada, com alma e conteúdo, mesmo que o tema seja o do eterno amor, ainda por cima cantado sem vergonha e sem artifícios na língua de Camões.

Mesmo que não ganhe, como devia ganhar se houvesse critério de qualidade e criatividade, Salvador Sobral já ganhou o respeito de todos nós.

Sobral é um diamante a brilhar no meio de pechisbeque falsificado e perdurará muito para lá dos efémeros holofotes que disfarçam a decadência do Eurofestival.

….Força Salvador!!!

quarta-feira, 10 de maio de 2017

Baptita Bastos : Homenagem a um homem decente


“Não há mortes naturais. Todas as mortes são injustas como uma culpa infundada, e inúteis como uma heresia”.
Baptista Bastos, in Diário de Notícias , 23 de Janeiro de 2008.
 

Baptista Bastos foi o último de uma geração de grandes jornalistas, daqueles que já não se fabricam, formados na “tarimba”, cultos, com um alto sentido ético e…estético.

Homem coerente, frontal, justo, amigo, Baptista Bastos é uma imortal.

Só a ignorância, a má-fé, a intolerância e a mesquinhez,  que grassa actualmente no mundo do jornalismo, permitiram que ele tenha acabado os seus dias quase esquecido e relegado a escrever crónicas no “Correio da Manhã”

Baptista Bastos foi um dos últimos cultores de uma atitude humanista e iluminista no jornalismo, caracterizado pela sua personalidade multifacetada; grande cinéfilo (começou por escrever crónicas de cinema no “Século Ilustrado), autor de ficção, professor de língua e literatura, colaborador em projectos de televisão e cinema, escritor de obras literárias injustamente esquecidas por muitos.

Foi um grande exemplo na luta pela liberdade.

Como ele próprio escreveu um dia “ser livre é muito difícil”. A sua luta pela liberdade custou-lhe a perseguição antes do 25 de Abril, tendo sido despedido, por razões políticas, do jornal “O Século” e, mais tarde, da RTP.

A situação voltou a repetir-se em 2014 quando o Diário de Notícias o despediu, juntamente com outros jornalistas, não sendo de estranhar as suas crónicas bastante críticas para o poder de então, num jornal que sempre se caracterizou pela sua fidelidade aos poderes do  momento.

Mas foi no “Diário Popular”, onde trabalhou entre 1965 e 1988, que se consolidou como um grande jornalista de reportagem e entrevistas. Aliás o seu estilo como entrevistador tem sido exemplo a seguir em escolas de jornalismo onde o seu livro “A Palavra dos Outro”, de 1969, é de leitura obrigatória, uma espécie de “Bíblia” desse género jornalístico.

Aliás , foi o título de uma série de entrevistas realizadas para a SIC que tornaram “viral” a frase “onde estavas no 25 de Abril?”.

Na crónica foi autor maior, sem seguidores à altura na actualidade (aliás, a “crónica” deu lugar ao “comentário político”, na esmagadora maioria da imprensa actual). Nessas crónicas revelou sempre um profundo conhecimento da língua portuguesa, um sentido literário profundo, uma cultura vasta e diversificada e um grande sentido de humanidade.

Foi ainda autor de mais de uma dezena de títulos de ficção, que têm geralmente Lisboa por cenário, revelando uma sensibilidade e uma escrita viva. O seu contributo para a literatura portuguesa tem sido injustamente esquecido.

Referindo-se à grande ternura que emanava da sua obra literária, BB afirmou que, para ele, a escrita era “ uma mulher com cheiro de mulher, indomável mas aberta a quem a ama e atenta a quem a respeita”( Diário de Notícias de 5 de Julho de  2008).

Pessoalmente cruzei-me, há uns trinta anos, com Baptista Bastos, que se tinha deslocado a Torres Vedras, à escola onde eu lecionava, para falar da sua obra literária. Na altura já eu tinha lido quatro das suas obras (“O Secreto Adeus”, “Cão Velho entre Flores”, “Viagem de um pai e de um filho pelas ruas da amargura” e “Elegia para um caixão vazio”), visões poéticas sobre o quotidiano lisboeta dos seus personagens, que incluíam algumas das mais belas páginas eróticas, escritas com uma ternura rara nesse tipo de escrita.

Lembro-me que Baptista Bastos ficou muito sensibilizado por encontrar em mim um então raro leitor da sua obra literário, autografando-me entusiasticamente os livros que levava, depois de me revelar todos os seus dotes de grande conversador.

É uma imagem de simpatia, humanidade  e humildade que guardo desse encontro e que registo aqui como homenagem  a um dos últimos homens decentes do jornalismo português.
 
As Crónicas de Baptista Bastos forma várias vezes o tema da nossa rubrica "O Respigo de Semana", e podem ser consultadas AQUI.

Em baixo reproduzo uma biografia de Baptista Bastos, recentemente publicada no “Jornal de Negócios”, como algumas frases soltas retiradas de crónicas suas, respigadas do site “citador”.

Até sempre amigo Baptista Bastos.
 
“Baptista Bastos Cronista

“Considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos, Baptista-Bastos (Armando Baptista-Bastos) nasceu em Lisboa, no Bairro da Ajuda (que tem centralizado em vários romances e numerosas crónicas), em 27 de Fevereiro de 1934. Frequentou a escola de Artes Decorativas António Arroyo e o Liceu Francês.
Começou o seu percurso profissional em «O Século», matutino em representação do qual viajou por numerosos países. N’«O Século Ilustrado», de que foi subchefe de Redacção com, apenas, 19 anos, assinou uma coluna de crítica cinematográfica, «Comentário de Cinema», que se tornou famosa pelo registo extremamente polémico. Em Abril de 1960 é despedido de «O Século» por motivos políticos (esteve envolvido na Revolta da Sé, 1959, na decorrência da candidatura Delgado, de que foi activista), e, devido às circunstâncias, trabalhou na RTP numa semi-clandestinidade e com um nome suposto: Manuel Trindade. Com esse pseudónimo redigiu noticiários, e assinou textos de documentários para Fernando Lopes [«Cidade das Sete Colinas», «Os Namorados de Lisboa», «Este Século em que Vivemos»], e para Baptista Rosa, «O Forcado», com imagem de Augusto Cabrita, e música de Miles Davies, «Scketchs of Spain.» Seis meses decorridos foi despedido da RTP, porque o então secretário nacional da Informação, César Moreira Baptista, mais tarde ministro do Interior no governo de Marcelo Caetano, deu instruções nesse sentido, dizendo, num ofício: «Esse senhor é um contumaz adversário do regime.»
Em épocas distintas Baptista-Bastos pertenceu, também, aos quadros redactoriais de «República», «Europeu», «O Diário»; e aos das revistas «Cartaz», «Almanaque», «Seara Nova», «Gazeta Musical e de Todas as Artes», «Época» e «Sábado». Foi, igualmente, redactor em Lisboa da Agence France Press.
Porém, é no vespertino «Diário Popular», onde trabalhou durante vinte e três anos (1965-1988), e no qual desempenhou importantes funções, que marca, «com um estilo inconfundível» [Adelino Gomes] o jornalismo da época. Naquele diário publicou «algumas das mais originais e fascinantes reportagens, entrevistas e crónicas da Imprensa portuguesa da segunda metade do século» [Afonso Praça]. «Um dos maiores jornalistas portugueses de sempre» [David Lopes Ramos, in «Público]. Tanto no jornalismo como na literatura situa-se na primeira linha da narrativa portuguesa contemporânea.
Colaborou, ou ainda colabora, como cronista [«um dos grandes escritores da cidade de Lisboa», Eduardo Prado Coelho, in «O Cálculo das Sombras»], em «Jornal de Notícias», “A Bola”, «Tempo Livre»; e, também, no «JL – Jornal de Letras artes e Ideias», no «Expresso», no «Jornal do Fundão» e no «Correio do Minho». Foi fundador do semanário «O Ponto», no qual, entre outros grandes textos e reportagens, realizou uma série de oitenta entrevistas que assinalaram uma renovação naquele género jornalístico e marcaram a época. Escreveu e leu crónicas para Antena Um e Rádio Comercial. Foi o primeiro dos comentadores de «Crónicas de Escárnio e Maldizer», famosa e popular rubrica da TSF – Rádio Jornal. Colunista do «Público» e do «Diário Económico».
Foi docente na Universidade Independente, onde leccionou a disciplina de Língua e Cultura Portuguesas.
Realizou uma série de entrevistas para as revistas «TV Mais» e TV Filmes». Presença frequente em debates nas televisões apresentou, no Canal SIC, de Novembro de 1996 e Janeiro de 1998, e a convite de Emídio Rangel, um programa, «Conversas Secretas», com assinalável êxito. De Janeiro a Agosto de 2001 fez, para a SIC-Notícias, um programa de entrevistas, «Cara-a-Cara.»
Percorreu, profissionalmente, todo o Portugal Continental e Insular, e viajou e escreveu sobre Espanha, Canárias, França, Itália, Bélgica, Irlanda, Brasil, Uruguai, Argentina, Suíça, Luxemburgo, Grécia, Áustria, Turquia, República Democrática Alemã, República Federal da Alemanha, Checoslováquia, URSS, Marrocos, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Nigéria, Angola, Moçambique, Cabo Verde, etc.
Um dos seus livros de textos jornalísticos, «As Palavras dos Outros», é considerado «um clássico» e «uma referência obrigatória na profissão» [Adelino Gomes e Fernando Dacosta], sendo recomendado como «leitura indispensável» no I Curso de Jornalismo organizado pelo sindicato da classe.
Todos os livros de Baptista-Bastos (romances, crónicas, entrevistas, reportagens, ensaio cinematográfico) estão antologiados em volumes de ensino de Português, e seleccionados por temas em obras representativas das modernas correntes literárias. Está traduzido em checo, búlgaro, russo, alemão, castelhano e francês. Os romances «Cão Velho entre Flores» e «Viagem de um Pai e de um Filho pelas ruas da Amargura» são geralmente considerados obras-primas. O primeiro foi indicado como leitura obrigatória no Curso de Literatura Portuguesa Contemporânea da Sorbonne, sendo professor o Dr. Duarte Faria, e catedrático o Prof. Dr. Paul Teyssier. Este romance foi, também, lido na Rádio Comercial, em 1979, numa produção de Fernando Correia.
Os livros de Baptista-Bastos têm servido de estudos e para teses de licenciatura em universidades portuguesas e estrangeiras.
Em Abril de 1999, a Direcção do matutino «Público» convidou-o a realizar uma série de dezasseis entrevistas, subordinadas ao tema: «Onde é que Você Estava no 25 de Abril?», que desencadeou grandes polémicas e constituiu um assinalável êxito jornalístico. Doze dessas entrevistas (com Álvaro Guerra, Carlos Brito, D. Januário Torgal Ferreira, Emídio Rangel, Fernando de Velasco, Hermínio da Palma Inácio, João Coito, Joshua Ruah, general Kaúlza de Arriaga, Manuel de Mello, padre Mário de Oliveira e Pedro Feytor Pinto) foram inseridas num CD-Rome (que teve uma tiragem de 55 mil exemplares), juntamente com a edição de 25 de Abril de 1999 daquele jornal.
Pela mesma ocasião, a Direcção do «Diário de Notícias» também convidou Baptista-Bastos a escrever o enquadramento do capítulo «O Efémero», da edição especial «O MILÉNIO», iniciativa daquele matutino.


BAPTISTA-BASTOS RECEBEU OS SEGUINTES P
"Considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos, Baptista-Bastos (Armando Baptista-Bastos) nasceu em Lisboa, no Bairro da Ajuda (que tem centralizado em vários romances e numerosas crónicas), em 27 de Fevereiro de 1934. Frequentou a escola de Artes Decorativas António Arroyo e o Liceu Francês.

"Começou o seu percurso profissional em «O Século», matutino em representação do qual viajou por numerosos países. N’«O Século Ilustrado», de que foi subchefe de Redacção com, apenas, 19 anos, assinou uma coluna de crítica cinematográfica, «Comentário de Cinema», que se tornou famosa pelo registo extremamente polémico. Em Abril de 1960 é despedido de «O Século» por motivos políticos (esteve envolvido na Revolta da Sé, 1959, na decorrência da candidatura Delgado, de que foi activista), e, devido às circunstâncias, trabalhou na RTP numa semi-clandestinidade e com um nome suposto: Manuel Trindade. Com esse pseudónimo redigiu noticiários, e assinou textos de documentários para Fernando Lopes [«Cidade das Sete Colinas», «Os Namorados de Lisboa», «Este Século em que Vivemos»], e para Baptista Rosa, «O Forcado», com imagem de Augusto Cabrita, e música de Miles Davies, «Scketchs of Spain.» Seis meses decorridos foi despedido da RTP, porque o então secretário nacional da Informação, César Moreira Baptista, mais tarde ministro do Interior no governo de Marcelo Caetano, deu instruções nesse sentido, dizendo, num ofício: «Esse senhor é um contumaz adversário do regime.»

"Em épocas distintas Baptista-Bastos pertenceu, também, aos quadros redactoriais de «República», «Europeu», «O Diário»; e aos das revistas «Cartaz», «Almanaque», «Seara Nova», «Gazeta Musical e de Todas as Artes», «Época» e «Sábado». Foi, igualmente, redactor em Lisboa da Agence France Press.

"Porém, é no vespertino «Diário Popular», onde trabalhou durante vinte e três anos (1965-1988), e no qual desempenhou importantes funções, que marca, «com um estilo inconfundível» [Adelino Gomes] o jornalismo da época. Naquele diário publicou «algumas das mais originais e fascinantes reportagens, entrevistas e crónicas da Imprensa portuguesa da segunda metade do século» [Afonso Praça]. «Um dos maiores jornalistas portugueses de sempre» [David Lopes Ramos, in «Público]. Tanto no jornalismo como na literatura situa-se na primeira linha da narrativa portuguesa contemporânea.

"Colaborou, ou ainda colabora, como cronista [«um dos grandes escritores da cidade de Lisboa», Eduardo Prado Coelho, in «O Cálculo das Sombras»], em «Jornal de Notícias», “A Bola”, «Tempo Livre»; e, também, no «JL – Jornal de Letras artes e Ideias», no «Expresso», no «Jornal do Fundão» e no «Correio do Minho». Foi fundador do semanário «O Ponto», no qual, entre outros grandes textos e reportagens, realizou uma série de oitenta entrevistas que assinalaram uma renovação naquele género jornalístico e marcaram a época. Escreveu e leu crónicas para Antena Um e Rádio Comercial. Foi o primeiro dos comentadores de «Crónicas de Escárnio e Maldizer», famosa e popular rubrica da TSF – Rádio Jornal. Colunista do «Público» e do «Diário Económico».

"Foi docente na Universidade Independente, onde leccionou a disciplina de Língua e Cultura Portuguesas.

"Realizou uma série de entrevistas para as revistas «TV Mais» e TV Filmes». Presença frequente em debates nas televisões apresentou, no Canal SIC, de Novembro de 1996 e Janeiro de 1998, e a convite de Emídio Rangel, um programa, «Conversas Secretas», com assinalável êxito. De Janeiro a Agosto de 2001 fez, para a SIC-Notícias, um programa de entrevistas, «Cara-a-Cara.»

"Percorreu, profissionalmente, todo o Portugal Continental e Insular, e viajou e escreveu sobre Espanha, Canárias, França, Itália, Bélgica, Irlanda, Brasil, Uruguai, Argentina, Suíça, Luxemburgo, Grécia, Áustria, Turquia, República Democrática Alemã, República Federal da Alemanha, Checoslováquia, URSS, Marrocos, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Nigéria, Angola, Moçambique, Cabo Verde, etc.

"Um dos seus livros de textos jornalísticos, «As Palavras dos Outros», é considerado «um clássico» e «uma referência obrigatória na profissão» [Adelino Gomes e Fernando Dacosta], sendo recomendado como «leitura indispensável» no I Curso de Jornalismo organizado pelo sindicato da classe.

"Todos os livros de Baptista-Bastos (romances, crónicas, entrevistas, reportagens, ensaio cinematográfico) estão antologiados em volumes de ensino de Português, e seleccionados por temas em obras representativas das modernas correntes literárias. Está traduzido em checo, búlgaro, russo, alemão, castelhano e francês. Os romances «Cão Velho entre Flores» e «Viagem de um Pai e de um Filho pelas ruas da Amargura» são geralmente considerados obras-primas. O primeiro foi indicado como leitura obrigatória no Curso de Literatura Portuguesa Contemporânea da Sorbonne, sendo professor o Dr. Duarte Faria, e catedrático o Prof. Dr. Paul Teyssier. Este romance foi, também, lido na Rádio Comercial, em 1979, numa produção de Fernando Correia.

"Os livros de Baptista-Bastos têm servido de estudos e para teses de licenciatura em universidades portuguesas e estrangeiras.

"Em Abril de 1999, a Direcção do matutino «Público» convidou-o a realizar uma série de dezasseis entrevistas, subordinadas ao tema: «Onde é que Você Estava no 25 de Abril?», que desencadeou grandes polémicas e constituiu um assinalável êxito jornalístico. Doze dessas entrevistas (com Álvaro Guerra, Carlos Brito, D. Januário Torgal Ferreira, Emídio Rangel, Fernando de Velasco, Hermínio da Palma Inácio, João Coito, Joshua Ruah, general Kaúlza de Arriaga, Manuel de Mello, padre Mário de Oliveira e Pedro Feytor Pinto) foram inseridas num CD-Rome (que teve uma tiragem de 55 mil exemplares), juntamente com a edição de 25 de Abril de 1999 daquele jornal.

"Pela mesma ocasião, a Direcção do «Diário de Notícias» também convidou Baptista-Bastos a escrever o enquadramento do capítulo «O Efémero», da edição especial «O MILÉNIO», iniciativa daquele matutino".


"BAPTISTA-BASTOS RECEBEU OS SEGUINTES PRÉMIOS:

### Prémio Feira do Livro de 1966
### Prémio Artur Portela (Casa da Imprensa) de 1978
### Prémio Nacional de Reportagem / Prémio Gazeta de 1985, atribuído pelo
Clube de Jornalistas
### Prémio Urbano Carrasco de 1986
### Prémio Casa da Imprensa: Prémio Prestígio
– Orgulho de uma Profissão, de 1986
### Prémio O Melhor Jornalista do Ano (1980 e 1983)
### Prémio Porto de Lisboa de 1988
### Prémio Pen Clube de 1987 - «A Colina de Cristal»
### Prémio Cidade de Lisboa de 1987 - «A Colina de Cristal»
### Prémio da Crítica 2002 (Atribuído, em 2003, ao romance
«No Interior da Tua Ausência», e como consagração
de uma obra literária)
### Grande Prémio da Crónica da APE (Associação Portuguesa de
Escritores), atribuído, em 2003, ao livro «Lisboa Contada pelos Dedos»,
publicado em 2001
### Prémio Gazeta de Mérito, atribuído, por unanimidade, pelo Clube de
Jornalistas, em 2004.
### Prémio de Crónica João Carreira Bom/Sociedade de Língua Portuguesa,
atribuído por unanimidade, em 2006.
### Prémio Alberto Pimentel do Clube Literário do Porto, pelo conjunto da
obra, em 2006

"Por ocasião dos cinquenta anos do seu percurso de jornalista, e em comemoração da edição do seu primeiro romance, o Primeiro Acto promoveu, em 13 de Setembro de 2005, no Fórum Lourdes Norberto, uma sessão de homenagem, muito concorrida. Falaram Adelino Gomes e Paulo Sucena, respectivamente sobre a actividade jornalística e literária de BB. Carlos do Carmo associou-se à homenagem, cantando os fados preferidos de BB.

"DO AUTOR:

Ensaio:
O Cinema na Polémica do Tempo / 1959
O Filme e o Realismo / 1962 / Duas edições

Ficção:
O Secreto Adeus / 1963 / Seis edições
O Passo da Serpente / 1965 / Duas edições
Cão Velho entre Flores / 1974 / Oito edições
Viagem de um pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura / 1981 / Cinco
edições
Elegia para um Caixão Vazio / 1984 / Quatro edições
A Colina de Cristal / 1987 / Quatro edições [Prémio Pen Clube e Prémio Cidade de Lisboa]
Um Homem Parado no Inverno / 1991 / Quatro edições
O Cavalo a Tinta-da-China / 1995 / Quatro edições
No Interior da Tua Ausência / 2002 /Quatro edições [Prémio da Crítica, da Associação Internacional de Críticos Literários]
As Bicicletas em Setembro / 2007
A Bolsa da Avó Palhaça (conto, com ilustrações de Mónica Cid) / 2007
Jornalismo:
As Palavras dos Outros / 1969 / Quatro edições
Cidade Diária / 1972
Capitão de Médio Curso / 1979
O Homem em Ponto / 1984
O Nome das Ruas / 1993 (Em colaboração com António Borges Coelho) José Saramago: Aproximação a um Retrato / 1996
Fado Falado / 1999
Lisboa Contada pelos Dedos (Edição do Montepio Geral) / 2001 / Duas edições

Disco:
O Sinal do Tempo / 1973 / Crónicas ditas pelo Autor, com música
especial de António Victorino d’Almeida (Edições Zip)

Entre 2000 e 2002 as Edições ASA publicaram os nove volumes de ficção do autor, sob o título geral de Biblioteca Baptista-Bastos. Em 2007 foi lançado As Bicicletas em Setembro.

[Baptista-Bastos é, também, o autor do texto e da entrevista do filme «Belarmino», realização de Fernando Lopes, geralmente considerado como um dos clássicos do Cinema Novo português. Para este realizador escreveu, também, além dos textos acima mencionados, «As Palavras e os Fios», um filme de publicidade que se encontra depositado na Cinemateca. Para os realizadores Rogério Ceitil e Fernando Matos Silva escreveu, respectivamente, os textos de fundo dos documentários «Ribatejo» e «Alentejo», destinados á RTP].


"ALGUMAS OPINIÕES SOBRE O AUTOR:


MANUEL DA FONSECA - «Um grande escritor português do nosso tempo.»

MANUEL FERREIRA - «Um dos nossos maiores prosadores vivos.»

MÁRIO DIONÍSIO - «Um escritor de primeira água.»

ANTÓNIO RAMOS ROSA - «Um grande escritor e um grande jornalista. O que é raro.»

MARIA LÚCIA LEPECKI - «É obrigatório ler este livro.» [A propósito do romance «Elegia para um caixão vazio»].

ÓSCAR LOPES - «Com este romance, Baptista-Bastos produziu o livro dos livros novelísticos da sua geração, senão de toda a literatura portuguesa de aquém 1950.» [A propósito de «Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura»].


JORGE DE SENA - «Um dos grandes narradores portugueses do nosso tempo, no que a palavra narrador contém de reinvenção reflexiva e demiúrgica de uma língua (...) Os seus livros distinguem-se, como poucos, dessa massa parda de pretensiosismo medíocre, e certa economia retórica é o que mais me interessa neles. Também neles me interessa uma crueldade seca e irónica.»

JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS - «Um grande e singularíssimo escritor.»

MÁRIO-HENRIQUE LEIRIA - «Os teus livros são um trajecto fascinatório.»

URBANO TAVARES RODRIGUES - «Um livro excepcional. Obra das mais fortes e belas da literatura portuguesa deste século. Uma prosa enxuta, cada vez mais depurada, mais rítmica e mais rica em analogias. Um edifício verbal solidamente construído.» [A propósito de «Cão Velho entre Flores].

«Uma obra-prima. Um livro sublime.» [A propósito de «Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura»].

CARLOS DE OLIVEIRA - «Os livros desertos não interessam a este “bebedor” de quotidiano. Um estilo original: deflagrar de flashes, remíntones, telexes; e a expressão popular, a palavra fora de uso, a moderna argúcia literária. Quer dizer: uma escrita veloz e densa, ao mesmo tempo.»

LUIZ PACHECO - «Jornalismo feito literatura. Isto é, ascendendo ao plano da literatura: na contenção irónica, na capacidade de denúncia e intervenção, obrigando-nos à exploração psicológica dos tipos, no humor dos circunlóquios, principalmente no poder de síntese. Leiam o livro todo. São trabalhos jornalísticos exemplares. Há talento, há verve, há ousadia, há um homem, há um escritor.» [A propósito de «As Palavras dos Outros»]".
in site do Jornal de Negócios

 
FRASES SOLTAS DE BAPTISTA BASTOS:
 
“A nossa sociedade está a desmoronar-se e ninguém lhe acode. Os laços sociais estão a desaparecer, substituídos por um sistema de valores em que impera a vacuidade, o poder da «competitividade» como força motriz - e não é. Há tempo para tudo, diz o Eclesiastes. Mas a verdade é que os «tempos» foram pulverizados pela urgência de não se sabe bem o quê. A frase mais comum que ouvimos é: «Não tenho tempo para»; para quê? A correria mina as relações de civismo e de civilidade; está a roer os alicerces da família; a família deixou de ser o núcleo das nossas próprias defesas; e vamos perdendo o rasto dos nossos filhos, dos nossos amigos, dos nossos camaradas, dos nossos companheiros. A azáfama nos locais de trabalho é o sinal das nossas fragilidades e dos nossos medos. Estamos com medo de tudo, inclusive de confiar em quem, ainda não há muito, seríamos capazes de confidenciar o impensável.”
in Jornal de Negócios / 2009/11/20
 
“A degradação da vida empresarial resulta dessa cartografia de horrores que consiste nos objectivos a atingir, nas etapas que se tem de percorrer, e dos lucros que terão de ser rápidos e vultosos. O «gestor» é muitíssimo bem pago para ser um cão-de-fila. Um universo sem paixões, gelado, uma mistura de indiferença humana com uma selvajaria abstracta”.
in Jornal de Negócios / 2009/10/09

“insistência doentia, quase hora a hora, no futebol, nos comentários, nas previsões, nas análises remove do português comum qualquer reflexão acerca da sua própria situação social. As agendas dos jornais, os alinhamentos e as opções das televisões e das rádios merecem uma vigilância crítica dos próprios profissionais. O que não existe. Manifesta-se uma total subserviência aos imperativos do que dizem ser as exigências do público. É uma velha pecha e uma desculpa fatigante de quem abdicou do dever mais sagrado da comunicação social: informar e esclarecer para formar”.
in Jornal de Negócios / 2009/04/03

“Há qualquer coisa de podre, há qualquer coisa de decadente e de vil neste tempo. Repare-se no rosto dos que estão no poder, e no daqueles que estão preparados para os substituir. Sempre aquelas caras que pouco se alteram. Sempre os mesmos hábitos. Sempre o mesmo sarro da aldrabice, da dissimulação, do desdém por todos nós”.
in Jornal de Negócios / 2009/02/27

“O afastamento das pessoas da política e do acto cívico resulta do facto de os dirigentes não se distinguirem uns dos outros - a não ser no modo de vestir”.
in Diário de Notícias / 2009/01/21
 
“Os grupos de pressão podem, durante períodos escassos ou longos, provocar o esquecimento, cultivar a omissão, propagar os amigalhaços. Mas não possuem um poder eterno: as coisas recompor-se-ão, e os melhores virão à tona”.
in Jornal de Negócios / 2008/11/14
 
“O mundo actual semelha-se ao mito de Sísifo. Anda de baixo para cima e de cima para baixo, infinitamente sem encontrar o recto caminho, e carregado pelo peso de um rochedo que, mais tarde ou mais cedo, irá rolar pela encosta. Há muitos anos que não dispomos de dirigentes à altura das mudanças do mundo. Guiam-se, todos, à Direita e à Esquerda, pela mesma cartilha. Removeram a ideologia e as convicções do calendário político. Ao contrário de Sísifo, que recusa, obstinadamente, a derrota, eles submeteram-se às consequências desta união no vazio”.
in Jornal de Negócios / 2008/09/12
 

“A globalização é um dado adquirido. A unilateralidade do processo deu origem a uma brutalidade que, por vezes, atinge a selvajaria. Só não vê quem não quer. Os retrocessos sociais são impressionantes. E a derrota dos conceitos de Esquerda absolutamente notórios.”
in Jornal de Negócios / 2008/05/16

“Não pertenço à falange dos que lisonjeiam a juventude como bálsamo para todos os males. Essa de os jovens serem o futuro, tem que se lhe diga. Na verdade, o futuro da juventude – é a velhice. E há quem nasça velho. Mas gosto muito dos mais novos, do irrespeito sem planificação que corporizam, da ignorância atrevida que não dissimulam, da sua inteligência mais demolidora do que crítica. (...) Gosto muito dos mais novos porque não permitem que eu envelheça.”
in Jornal de Negócios / 2007/08/31

terça-feira, 9 de maio de 2017

Macron : O regresso da decência à política?


Conforme já aqui revelei, por mais de uma ocasião, sou bastante céptico em relação a Macron e àquilo que ele representa.

Contudo, ao longo da última semana, conheci algumas “estórias” ligadas a Macron que têm contribuído par, sem entusiasmo nem muita esperança, acreditar que ele pode ser o político certo na França e na Europa destes dias.

Primeiro foi a história contada por Varoufakis, o antigo ministro das finanças da Grécia, miseravelmente humilhado pelos figurões de Bruxelas, e que terá encontrado em Macron, então ministro da economia de França, um compreensivo e isolado aliado, atitude que terá custado, ao agora eleito presidente francês, o seu “despedimento” do executivo de Hollande, por pressão de Merkel e do seu tenebroso ministro das Finanças.

Depois a história familiar do próprio Macron, revelando a fibra de um homem romântico e apaixonado, enfrentando todas as convenções.

Finalmente o seu ousado apelo aos cientistas norte-americanos, maltratados pelo ignorantão Trump, para virem viver para França, onde ele lhes prometeu condições para o seu trabalho de investigação sobre as alterações climatéricas.

Se a tudo isto juntarmos a coragem demonstrada na forma como desmascarou a retórica neo-fascista de Le Pen, enfrentando-a num debate que tinha sido recusado noutras ocasiões pela cobardia ou preconceito de outro políticos, estas pequenas “estórias” são reveladoras de um homem decente.

Nos dias que correm, se essa decência e coragem se revelar na sua futura acção como Presidente da França, talvez a Europa tenha encontrado finalmente alguém que possa servir de modelo a uma Europa desorientada e maltratada pelo politburo de Bruxelas.

Neste caso subscrevo o título e o conteúdo da crónica de hoje de João Miguel Tavares: “Não quero messias. Bastam-se políticos decentes”.

segunda-feira, 8 de maio de 2017

Macron ganhou… a extrema direita segue dentro de momentos…



A vitória de Macron adiou em França, por cinco anos, a ascensão ao poder da extrema direita ao poder .

Não se percebe o foguetório que vai para os lados de Bruxelas, pois as políticas económicas e socias defendidas pelo novo presidente francês não são muito diferentes daquelas que têm sido levadas a cabo por Sarkozy e Hollande, e que têm reforçado a extrema direita.

Aliás, talvez não tenha sido por acaso que esses dois presidentes foram os únicos não reconduzidos nos últimos trinta anos da República.

Apesar de tudo, Macron parece-me mais inteligente e competente que o dois últimos presidentes franceses e, pelo menos do ponto de vista táctico, conseguiu, pela primeira vez, encostar Le Pen à parede, desmascarando-a no debate que os outros tinham estupidamente recusado.

A vitória de Macron pode ser um mero intervalo na caminhada firme e irreversível de Le Pen para chegar ao poder.

Se Macron se limitar a ser um continuador das desastrosas  políticas económicas e sociais  dos seus dois antecessores ou ser apenas o fiel depositário das “reformas estruturais” impostas por Bruxelas ( leia-se, aumento da precariedade no trabalho, cortes nos salário e pensões, cortes nos direitos socias para resgatar o falido e corrupto do sector financeiro, com o consequente aumento das desigualdades ), o seu destino vai ser idêntico ao dos seus antecessores, abrindo um caminho irreversível à Frente Nacional.

Por isso as primeiras medidas de Macron, nomeadamente o tipo de gente que ele venha a colocar no governo, vão ser fundamentais para perceber as suas intenções.

Se, pelo contrário, Macron conseguir inverter o modelo “austeritário” do politburo de Bruxelas, batendo o pé ao sr. Schauble, colocando em prática um verdadeiro modelo social-democrata de tipo nórdico, que ele diz defender, e apoiar os países do sul, atitude que, segundo Verofakis, ele tomou em relação à Grécia e que lhe terá custado o despedimento do governo de Hollande, então talvez ele, pela primeira vez, comece a esvaziar a retórica da extrema-direita, restaurando e salvando o modelo europeu, que, desde o consulado Barroso, apenas tem estado ao serviço do poder financeiro, abrindo caminho ao populismo, e que deveria passar a estar ao serviço dos seus cidadãos.

Esperemos que Macron venha a revelar tanta coragem para enfrentar Schauble como se revelou no combate a Le Pen.

A vitória percentualmente esmagadora de Macron deve também ser observado com alguma contenção .

Em primeiro lugar a maior parte dos que nele votaram na segunda volta não votaram com convicção mas como uma “coligação negativa” par travar a extrema-direita.

Em segundo lugar, a abstenção à segunda volta, que em termos portugueses parece baixa, foi a maior de sempre em França desde 1969.

Um outro dado a reter, também histórico, foi a percentagem de votos em branco ou nulos, quase 8%, isto é, 4 milhões de votantes.

E resta não esquecer que a Frente Nacional, que, ao contrário do de Macron, foi um voto de convicção, ultrapassou o apoio de dez milhões de eleitores (…um Portugal inteiro).

Ou, seja, não existem grandes motivos para festejos, a não ser que, mais uma vez, Bruxelas e os ditos “europeístas” não percebam o “recado”.

…a História continua nos próximos dias!

quarta-feira, 3 de maio de 2017

Infelizmente, desta vez, votar Macron é mesmo a única alternativa


Há momentos em que é preciso dar dois (ou uns dez, neste caso…) passos atrás para não perder tudo.
E o tudo, neste caso, é a liberdade, a democracia, a tolerância e a paz.
Pior que Macron como alternativa à fascista Le Pen seria Fillon….
Como a candidata da FN ontem “recordou”, plagiando-o, as diferenças entre Le Pen e Fillon não eram assim tantas e, neste caso, o voto em branco e a abstenção eram mais que legítimos.
Não é agora, apesar de tudo, o caso de Macron.
Macron é um oportunista, como Blair, é o homem dos interesses financeiros, como quase todos os actuais líderes europeus, é o defensor do pior do “europeísmo” (austeridade, destruição do Estado Social e dos direitos socias, desrespeito pelos trabalhadores, desvalorização dos salários e das pensões para poder beneficiar o corrupto sistema financeiro …), mas só ele pode adiar o avanço da extrema-direita francesa que conduziria a Europa para o abismo e para a intolerância.
Claro que, à esquerda, custa a engolir contribuir para eleger como presidente um oportunista como Macron, que pretende fazer em França aquilo contra o qual essa mesma esquerda tem combatido nos últimos anos e seguir as políticas antidemocráticas do politburo de Bruxelas que têm conduzido a Europa contra os seus cidadãos..
Mas a alternativa é bem pior.
A esquerda, aliás, tem culpas na situação a que se chegou em França. Os programas de Melanchon e Hamon eram iguais, mas o sectarismo prevaleceu e concorreram separados. Ambos tiveram mais votos do que Macron e, se juntarmos os votos de mais dois candidatos menos conhecidos que defendiam o mesmo, a segunda volta estava a gora a ser disputada entre um candidato de esquerda e Macron…
Mas também não podemos esquecer a responsabilidade da direita que, adoptando muita da retórica securitária, nacionalista e xenófoba de Le Pen, com o objectivo de a “enfraquecer”, legitimaram o discurso intolerante da fascista.
Nem esquecer a responsabilidade do “centro” “europeísta”, agora ridiculamente metamorfoseada em “antifascista”, quando o único “europeísmo” que têm oferecido é o da austeridade e o das “reformas estruturais” que visam apenas beneficiar o poder financeiro e a destruição dos direitos socias. Esqueceram-se que os Direitos Humanos incluem, em igualdade de circunstâncias, os chamados direitos “formais” (democracia e liberdade) e os direitos socias (igualdade, solidariedade, justiça social) , legitimando assim o discurso contra os “direitos” e contra o “politicamente correcto” que estão por detrás da retórica fascista de Le Pen.
Por isso, a única maneira de legitimar o combate às futuras políticas antissociais de Macron é vota nele contra o fascismo e, depois, retomar o combate por uma Europa mais solidária, tolerante, menos desigual, mais democrática e social, o verdadeiro europeísmo.