Falar em banalização do mal já começa a ...tornar -se banal!
Ontem foi a vez de Manchester ficar registada no roteiro do terror que
se tem vindo a desenhar por esse mundo fora.
O atentado de ontem foi um dos mais mortíferos e violentos dos últimos
tempos em solo Europeu.
Foi muito diferente aos últimos atentados, que usavam meios rudimentares
para espalhar o terror.
Alguns comentadores já se tinham mesmo apressado a declarar o declínio do terrorismo
na Europa, pois, segundo eles, o terrorismo era agora obra de lobos solitários,
com poucos meios ao seu dispor.
Pelo contrário, aquilo que se sabe deste atentado em Manchester, com
recurso a um bombista suicida, denota o regresso a alguma sofisticação e
organização, mais de acordo com o tipo de actuação da Al-Khaeda, recentemente
transformada em “aliada” do ocidente na luta contra Assad na Síria, do com o
tipo de actuação do “Estado Islâmico”.
Por outro lado, não deixa de ser tristemente “irónico” que o regresso de
atentados sofisticados à Europa ocorra na semana em que o novo presidente
norte-americano realizou a sua primeira visita oficial ao estrangeiro,
iniciando-a na Arábia Saudita.
A Arábia Saudita é o principal financiador do terrorismo da Al-khaeda e
do Estado Islâmico, mesmo que não o faça a nível oficial, ou, vou dar de
barato, à margem das autoridades oficiais desse país reacionário.
Recorde-se também, que essa mesma visita serviu para selar um negócio
de biliões de dólares em armamento militar, entre os Estados Unidos e a Arábia
Saudita.
Desconfio que parte desse armamento vai surgir mais tarde nas mãos dos
jhiadistas apoiados, directa ou indirectamente, pela Arábia Saudita, entre os
quais os do Daesh e da Al-khaeda….
Mais do que irónica, não deixa de ser preocupante que o presidente
Trump escolha como alvo o Irão, exactamente dias depois de deste país ter
escolhido um “liberal” para dirigir aquele que é o principal inimigo da Arábia
Saudita na região.
Com tanta irresponsabilidade e voluntarismo na forma como Ocidente tem
dirigido as suas relações internacionais, nomeadamente no Médio Oriente,
criando a condição para a proliferação do terrorismo jhiadista, temos de temer
que o horror de Manchester seja apenas uma “passagem” para outros momentos de
terror, não só em solo Europeu, mas um pouco por todo o mundo.
É a banalização do mal…ao serviço dos negócios do armamento, do
petróleo e do poder financeiro…
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