Se há momentos em que nos sentimos orgulhosos de sermos portugueses é quando ouvimos
Salvador Sobral a cantar em português e a sobressair no meio da chungaria pimba
que desfilou, e vai continuar a desfilar hoje, no mais rasca dos espectáculos
europeus.
Que a pimbalhada armada ao fino no meio da pirotecnia seja a imagem de
marca do Festival da Canção ninguém se admira.
Que o Festival da Canção seja hoje uma imagem do “europeísmo” rasca do
gosto kitch da elite mafiosa do leste europeu e que apenas entusiasma o gosto estereotipado
do público do leste, já ninguém se admira.
O carácter Kitch-pop do Festival faz parte do seu ADN, mas antigamente
ainda podíamos ouvir musicas menos normalizadas, noutras línguas que não o inglês, e até surgiam, de vez em
quando, vozes e temas que se tornavam eternos.
Hoje dominam as vozes e os ritmos normalizados pelos “chuvas de
estrelas” que se repetem, sem um pingo de originalidade ou criatividade, pelas
televisões da globalização, e que têm os seus cinco minutos de fama no
moribundo Festival da Eurovisão, espécie de prostituta velha enfeitada de
pechisbeque.
No meio dessa “trambalhada” caiu
um “ovni”, uma canção sentida, bem cantada, com alma e conteúdo, mesmo que o
tema seja o do eterno amor, ainda por cima cantado sem vergonha e sem artifícios
na língua de Camões.
Mesmo que não ganhe, como devia ganhar se houvesse critério de
qualidade e criatividade, Salvador Sobral já ganhou o respeito de todos nós.
Sobral é um diamante a brilhar no meio de pechisbeque falsificado e
perdurará muito para lá dos efémeros holofotes que disfarçam a decadência do
Eurofestival.
….Força Salvador!!!
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