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domingo, 14 de novembro de 2021

COP 26 …foi mesmo “blá!,blá, blá…!!”


Dizia um velho ditado índio que “herdamos a terra dos nosso filhos”.

Os herdeiros dos colonizadores europeus da América, ditos “civilizados”, não só nunca perceberam o sentido dessas palavras como massacraram os seus autores, naquele que foi o maior genocídio da história.

Hoje talvez se comece a perceber o sentido dessas sábias palavras.

Desde pelo menos os anos de 1960, centenas ou milhares de activistas e cientistas vêem alertando para os efeitos da nossa economia de mercado, da sociedade de consumo e do capitalismo selvagem neoliberal no futuro da Terra.

Hoje só os burros e os ignorantes  continuam a acreditar numa sociedade de crescimento de consumo ilimitado e infinito e a negar o efeito da economia humana no clima e na sobrevivência da vida à face da terra.

Apesar disso, políticos ignorantes, ou mandantes de grandes interesses económicos e financeiros, com as petrolíferas à cabeça, conseguiram adiar, mais uma vez, a urgência de medidas para travar a catástrofe previsível.

O que se passou em Glasgow, como já previa a sábia, por vezes ingénua,  activista Greta Thunberg, não passou de mais uma enorme produção de papel cheio de blá!blá!blá!...

…É melhor começarmo-nos a preparar para o pior!!!

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Cimeira da Acção Climática. Até onde estamos disposto a abdicar do nosso estilo de vida para salvar o planeta?



Tudo o que até agora nossa geração tem feito para salvar o clima da catástrofe ambiental que  já se adivinha, não passa de retórica, boas intenções ou discurso balofo.

Há também aqueles que olham para o lado, como se não tivessem nada a haver com a situação.

Pior ainda, é a forma ignorante como alguns países, os mais responsáveis pela catástrofe ou o que têm dimensão suficiente para mudar alguma coisa, continuam a ser governados, como é o caso do Japão, da Índia, dos Estados Unidos e do Brasil ( a China, a França, a Alemanha, O Canadá e a Rússia parece que já perceberam o que se passa, se bem que, até agora, pouco mais fazem que promessas de boas intenções).

Em artigo editado no suplemento Ípsilon do Público, na passada 6ª feira 20 de Setembro, António Guerreiro assinava uma crónica, intitulada “A Terra é redonda” (que pode ser lido integralmente AQUI), colocando o dedo na ferida sobre o que verdadeiramente está em causa:

“Curioso, e até divertido, é ver como nos vão sendo ministrados todo os dias ecopaliativos:. 
Dizem-nos: viaja o menos possível de avião, vai para a escola ou para o emprego de bicicleta, bebe só água da torneira, reutiliza os sacos plásticos, não deixes a torneira aberta enquanto lavas os dentes, toma atenção a todos os teus gestos quotidianos, torna-te um herói da salvação do planeta (como se o planeta estivesse interessado nos nossos esforços e não continuasse a existir depois de nós, tal como já existia antes de nós). Tudo isto não passa de formas de exorcismo e de recalcamento do medo, ao mesmo tempo que cria a ilusão de que estamos a responder à urgência.

“(…) Se olharmos com atenção e utilizarmos o bom senso (nem é preciso muita ciência) facilmente concluímos que muito pouco se faz porque era preciso virar os nossos modos de vida de pernas para o ar para se fazer alguma coisa eficaz (se ainda há tempo para isso porque obviamente não se pára de um dia para o outro um processo que começou há séculos). Não é que devamos continuar a agir como sempre agimos, mas todas estas ideias de boa vontade que surgem todos os dias como injunções acabam por esconder a questão política essencial.

“Na verdade, passámos em pouco tempo de uma política com pouquíssima ecologia a uma ecologia de boa vontade à qual falta política. E essa falta torna vãs todas as boas intenções. O que vemos é que continua a ser difícil declinar essas duas palavras - ecologia e política - sob a forma de uma ecopolítica digna desse nome. Uma ecopolítica à altura dos desafios com que estamos confrontados terá de ser capaz de mostrar que as situações ecológicas, políticas, sociais, económicas, institucionais, tecnológicas e psíquicas estão em total conexão umas com as outras. Sem agir sobre todas estas dimensões, o “impasse planetário” mantém-se. Por isso é que são tão ingénuos os regulamentos avulsos e o pretenso “regresso à natureza” de tonalidade romântica.
Se já estamos a viver em pleno “perigo absoluto”, como afiançam até os cientistas colapsólogos e os catastrofistas esclarecidos, então só podemos concluir que não saímos ainda da imobilidade nem se vislumbra que iremos sair (…)”.

De facto, a pergunta que todos nós, que temos consciência da catástrofe anunciada, que queremos que os nossos filhos e netos possam ter um futuro neste planeta, é se estamos de facto dispostos a prescindir, de forma abrupta e urgente, do nosso estilo de vida, a nível universal, isto é, se estamos preparados para deixar de usar transportes motorizados individuais, de consumir tanta carne, de viver com menos energia e menos àgua, cortarmos na maior parte dos nossos consumos?

Muitas das medidas para alterar rapidamente os nosso hábitos consumistas, porque a resposta é urgente, num prazo máximo de 10 a 15 anos, só podem resultar mudando radicalmente a sociedade capitalista-consumista em que vivemos, por imposição legal e, nalguns casos, repressiva, que vai limitar a liberdade dos “mercados” e penalizar, a doer, os prevaricadores.

Outra medida é a criação de um Tribunal Penal Internacional para os crimes ambientais e quem os fomenta, podendo, desde já, começar a preparar o julgamento nesse tribunal de criminosos ambientais como Bolsonaro ou Trump, assim que deixem o poder, aos quais se podem juntar outros líderes e gestores de empresas responsáveis pela crise ambiental.

Estamos dispostos a isso?

Estamos dispostos, nós que vivemos na parte “rica” do Mundo, a pagar por tudo isso, ou vamos reagir como os “coletes amarelos” em França?

Ou vamos a continuar a “limpar” a nossa consciência com pequenos gestos que pouco vão mudar no trágico destino anunciado do planeta, continuando a escolher políticas de “desenvolvimento” em vez de políticas ecológicas (veja-se, por cá, o debate sobre o aeroporto do Montijo ou sobre a plantação de eucaliptos..), continuando a optar por transportes privados poluentes, em vez de exigirmos mais e melhores transportes públicos, menos poluentes (como o transporte ferroviário)?

O tempo escasseia e, um dia, se houver esse dia, a nossa geração será responsabilizada por pouco ter feito para mudar o rumo deste capitalismo suicida. Vamos ser vistos ainda pior do que os alemães face ao nazismo ou os franceses face ao colaboracionismo.

E os nosso líderes, que nada fizeram ou, pior ainda, negaram a realidade e fomentaram a ignorância ambiental, serão vistos com o mesmo desprezo e horror com que hoje vimos um Himmler, um Hitler ou um Stalin, até porque as suas politica vão provocar um holocausto ainda maior.

Vamos continuar, (nós, humanos, no geral) a escolher políticos ignorantes, criminosos ambientais, como os Trump´s e Bolsonaros, deste mundo?

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

“Crescimento”



É a palavra mais usada por políticos e economistas.

É de tal modo uma palavra “mágica” que existe um exército de técnicos e de instituições só para o estudar e o prever.

Interrogo-me muitas vezes se “crescer” em termos económicos e em quantidade é mesmo o grande objectivo civilizacional da humanidade, uma justificação para um desordenado crescimento do consumo que alimenta a máquina “capitalista”, onde somos alegremente triturados.

Pergunto-me também se é possível continuar a “crescer” sem destruir definitivamente, não só os equilíbrios sociais, como, e principalmente, o ambiente e a natureza.

Para mim “crescer” pode ser aceitável se tiver como objectivo melhorar a nossa saúde, a nossa educação, a nossa compreensão dos outros e do mundo, a nossa cultura e o nosso conhecimento, combater as desigualdades, melhorar as nossas condições de vida e, principalmente, acentuar o urgente e necessário equilíbrio entre nós e o ambiente natural que nos rodeia.

Ora, não me parece que seja isso que está na base do uso conceito de “crescimento” saído da boca e da pena de economistas, políticos e comentadores , conceito usado apenas para defender os apelos cada vez mais selvagens ao consumo desenfreado (tão comum nesta descaracterizada época “natalícia”), para o saque descontrolado de recursos naturais, e para acentuar desigualdades socias, desrespeito todas as formas de vida humana ou animal que não se enquadrem no modelo económico neoliberal.

E assim, em contínuo “crescimento” cá vamos alegremente caminhando e consumindo para o  abismo ambiental e civilizacional...

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

OS "AMIGOS" PORTUGUESES DE JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS


O que têm em comum títulos de imprensa e da comunicação social como:
Diário de Notícias;
TSF;
Jornal de Notícias;
O Jogo;
O SOl;
Expresso;
 SIC;
Visão;

Exame;

Caras;
Sport TV;
Volta ao Mundo;
...etc, etc, etc!!!???

O que têm em comum Bancos como:
BPI;
BIC;

BCP;

(para já não falar do finado BES) ????

O que têm em comum empresas como:
Soares da Costa;
Cofina;
Controlinveste;
Impresa;
Bom-Petisco;
Viaauto;
Sporting;
Galp;
Américo Amorim;
Mota-Engil;
Zon;
Sonae;
Continente;
Efacec Portugal;
Central de Frutas do Painho;
e tantas outras ( esta lista só peca por  já estar desactualizada)....????

O que  têm em comum figuras como 
Américo Amorim;
Daniel Proença de Carvalho;
Paulo Azevedo;
Mira Amaral;
António Lobo Xavier;
(para citar apenas os nomes mais conhecidos)?

...Todos pertencem, em maior ou menos grau, são pagos, uns mais, outros menos, e têm negócios, mais ou menos vultosos, com os principais representantes do poder financeiro de José Eduardo dos Santos em Portugal, onde se cruzam Isabel dos Santos, a irmã "Tchizé" e o protegido António Mosquito.

Para saberem mais leiam o artigo do Jornal de Negócios de 2013  "O ABC do poder angolano". Apenas peca por alguma desactualização, pois o poder do polvo angolano cresceu muito mais neste dois últimos anos, com destaque para o controlo da Controlinveste.

Estes são os principais beneficiados ( e, directa ou indirectamente, os seus "representantes" e propagandistas) do poder de José Eduardo dos Santos, o mesmo que colocou Angola entre os países mais pobres do mundo e prendeu activistas pela democracia, como Luaty Beirão...

segunda-feira, 29 de abril de 2013

WALMART, PRIMARK , MANGO e C&A , marcas “assassinas”?




Nos anos 70 o Bangladesh entrou nas páginas dos jornais pelas piores razões, a fome que dizimava as suas populações. Em 1971 George Harrisonreuniu vários músicos e organizou um grande concerto de solidariedade que alertou o mundo para a dramática situação daquele país.

Mais de 40 anos depois aquele país volta às primeiras páginas dos jornais, mais uma vez pelas piores razões, a derrocada de um edifício de vários andares, o Rana Plaza, onde trabalhavam mais de dois mil operários, a maior parte mulheres, para a indústria do vestuário, que é a base da economia daquele pobre país.

A fome extrema de há quatro décadas deu lugar à miséria extrema da mais abjecta exploração da mão-de-obra barata daquele país.

Com salários a rondar os 29 euros… POR MÊS (!!!!) , a industria têxtil desse país emprega quase 4 milhões de trabalhadores.

A maior parte trabalha em situação humanamente degradante, sem o mínimo de condições de segurança. Acidentes como o registado na passada semana, que matou cerca de 400 trabalhadores, têm sido frequentes naquele país. Ainda no mês passado morreram 170 trabalhadores no incêndio noutra fábrica do sector.

A maior parte dessas fábricas que proliferam no Bangladesh foram subcontratadas para fornecer marcas ocidentais, como a norte-americana WALMART, a irlandesa PRIMARK e a espanhola MANGO ou a C&A. Pelo menos as três primeiras estão envolvidas neste acidente, já que as fábricas instaladas no edifício que ruiu trabalhavam para fornecer a roupa barata que aquelas marcas vendem no ocidente.

O rápido crescimento do desemprego e da pobreza entre os trabalhadores europeus é uma outra consequência directa desse “comércio livre” sem regras em que transformou a globalização. Aliás, muitas da falta de condições de trabalho existente nesses países é cada vez mais defendido como modelo “concorrencial” a aplicar no ocidente, nomeadamente nos países do sul da Europa.

É bom recordar que uma das partes da Declaração Universal dos Direitos do Homem é dedicada aos direitos de quem trabalha, desrespeitados na maior parte desses países, e cada vez mais ignorados no próprio ocidente dito “civilizado”.

Ao fechar os olhos ao dumping social ( e ambiental) praticado na maior parte dos países asiáticos, ditos “emergentes” (Índia, Bangladesh, China e tantos outros), os líderes políticos da Europa e dos Estados Unidos, bem como grande parte das suas grandes empresas multinacionais,  tornam-se conivente por tragédia como esta.

É tempo de exigir mudanças na falta de regras do comércio internacional, em prejuízo, obviamente, dos lucros chorudos dessas empresas, mas em proveito da melhorias das condições de vida de quem trabalha.


Empresário espanhol entre os principais suspeitos por desastre no Bangladesh - PÚBLICO(ler aqui as últimas notícias sobre a tragédia).

terça-feira, 9 de abril de 2013

RECORDAR O PENSAMENTO DE JOSÉ LUIS SAMPEDRO, falecido no Domingo:

 Foi hoje conhecida a notícia do falecimento do escritor, pensador, economista e humanista espanhol José Luis Sampedro, acontecido no Domingo em Madrid.

O pensador espanhol tinha 96 anos e era um dos mais cativantes crítico da situação económica actual.

Critico do pensamento neoliberal, que ele responsabilizava pelo actual clima de barbárie social, considerav que o modelo capitalista tinha chegado ao seu limite e era necessário encontrar um alternativa credível rápidamente, sob o risco de os valores humanos entrarem rápidamente em declinio.

Nos tempos que correm é estimulante ler as idéias deste quase centenário pensador, que podem ser consultados nos dois arttigos em baixo:


Uma outra entrevista do pensador espanhol, das ao El Publico, pode ser lida AQUI

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

"Capital-Comunismo", o filho da Globalização...




Não deixa de ser curiosa a posição de alguns “empresários” (eu diria antes, patrões…), ideólogos da direita neoliberal e políticos do sistema, que passam a vida a perorar contra os trabalhadores e os sindicatos “controlados por comunistas” , ao mesmo tempo que defendem “reformas” estruturais, com a finalidade de destruir os direitos sociais e o valor do trabalho, tendo por objectivo agradar aos “mercados”, aos “investidores” internacionais e aumentar a “competitividade” com os “países emergentes”.

E quais são os países emergentes e os "mercados" aos quais essa gente pretende agradar, baixando salários, destruindo o Estado Social e retirando direitos?

Nada mais, nada menos que, por um lado, o último bastião do comunismo selvagem, a China, o último bastião da corrupção moral e social comunista, Angola, e por outro, países como a Colômbia, um exemplo de uma economia emergente que cresceu com o negócio do narcotráfico, a Rússia, reconstruida com o poder económico das máfias de leste, ou a Índia, o pior exemplo do capitalismo mais selvagem e miserável.

São estes os exemplos que os nossos “empresários”, ideólogos da direita neoliberal e políticos do centrão nos pretendem impingir como “alternativa” e como destino.

Andam muito preocupados com os “comunistas” de cá, mas estão sempre prontos a vender as empresas nacionais e negociar com países como a China, onde se combina o pior do comunismo em termo de falta de liberdade, com o pior do capitalismo, em termos de exploração vil de quem trabalha, ou com países como Angola, dominada por um partido “marxista”, que lança o povo na miséria ao mesmo tempo que garante as grandes fortunas das elites construída à volta do poder corrupto do MPLA, com a conivência dos criminosos da UNITA.

Aquilo que era impensável, ainda não há muitos anos, a rendição dos modelos social-democrata  e democrata cristão do ocidente (construtores, com altos e baixos e com imperfeições,  daquilo que era um dos modelos mais conseguidos na história da humanidade, combinando o respeito pelos direitos humanos, com o respeito pelos direitos sociais e um desenvolvimento económico harmonioso) aos modelos corruptos e corruptores do “comunismo” chinês,  do narcotráfico do leste e latino-americano,  da corrupção das elites petrolíferas do médio-oriente, e da exploração selvagem da mão-de-obra na Índia, na Ásia e na África. 

Agradar aos “mercados” que enriqueceram à custa destes modelos,  tornou-se hoje a principal motivação política da União Europeia, dominada por uma elite incompetente e desumanizada e conivente com esses “mercados”.

Isto vai acabar mal…mas pelo meio alguns vão ganhar muito dinheiro, os tais "empresários" e políticos  que referimos acima…

segunda-feira, 14 de maio de 2012

QUANDO A "LIBERDADE" DE POUCOS PÕE EM CAUSA A "LIBERDADE" DA MAIORIA: Gestores do PSI-20 ganham 44 vezes mais que os trabalhadores.

 
A edição de hoje do jornal “Público” revela que, em média, os salários dos presidentes das empresas do PSI-20 ( as mesmas que desviam os seus lucros para paraísos fiscais), subiram 5,3% em 2011, apesar da crise actual.

Mas o mais surpreendente encontra-se no interior das páginas desse jornal, onde se fica a saber que, em média, esses salários são…44 vezes superiores à média do que pagam aos seus trabalhadores.

Os casos mais escandalosos são, e por esta ordem, a PT, onde o salário dos seus gestores chega a ser …127 vezes superior ao que é pago aos seus trabalhadores, seguindo-se a Jerónimo Martins (Pingo Doce e outros), com salários 110 vezes superiores ao da média dos empregados, sendo, aliás, esta empresa a que paga em média os salários mais baixos do PSI-20 (seguindo-se , neste caso, a PT…), a SONAE, em terceiro lugar, pagando aos seus administradores 71 vezes mais do que paga aos seus trabalhadores, sendo estes também os terceiros mais mal pagos desse conjunto de empresas.

Acima daquela média, já de si escandalosa, seguem-se: a SEMAPA (57 x mais) e a Galp (56 x mais).

Entre aquelas que pagam mais de 20 x aos seus gestores, em relação ao que pagam aos seus trabalhadores, estão a CIMPOR (38 x), a Portucel (33x),  a ZON (31x),a EDP (27x), o BPI e o BANIF (26x),a  Sonae Com (24x) e o BCP (23x).

Um leque salarial com uma diferença superior a 20 vezes no seu seio parece-me discutível e escandaloso nos dias que correm, num país como o nosso.

Esta deve ser a única crise que não atinge os bancos e as grandes empresas, nem os seus gestores de topo ou, se atingidos, muitas vezes por irresponsabilidade própria, são os seus próprios trabalhadores e os contribuintes e cidadãos em geral que têm de se sacrificar para que as elites que dirigem essas empresas não percam o seu estilo de vida.

Como dizia um amigo meu, num sistema capitalista a liberdade individual mede-se pelo rendimento disponível de cada um. 

Sendo Portugal um dos países onde existe maios desigualdade entre os muito ricos e os muito pobres, que se reflecte também no escandaloso leque salarial aplicado nessas empresas, é caso para dizer que essas diferenças reflectem também a diferença de liberdade que cada um tem para gerir o seu destino.

O pior de tudo é que muitos dos gestores dessas empresas, ou outros por eles, são os mesmos que vêm para a televisão e para a comunicação social defender cortes  e congelamentos salariais dos trabalhadores, que acusam de “viver acima das suas possibilidades”.

Olhando para os salários dessa gente ficamos a saber o que é que eles querem dizer com “salários altos” e com “viver acima das nossas possibilidades”…

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

União Europeia: do capitalismo inteligente ao capitalismo manhoso

Ainda sou do tempo em que, na União Europeia, existiam capitalistas inteligentes.

Apoiados por políticos ( e políticas )por economistas ( e economias) inteligentes, sabiam que a sua prosperidade assentava na melhoria das condições de trabalho e na valorização do factor trabalho, através de salários e medidas sociais justas.

A harmonia nas empresas era directamente proporcional ao crescimento dos rendimentos e dos lucros, que eram reinvestidos na melhoria das condições de trabalho e produção das empresas e, através de impostos justos, na melhoria das condições socias.

Esses capitalistas inteligentes sabiam que a ganância do lucro imediato era má conselheira e, a prazo, iria prejudicar os seus negócios, pelo aumento da conflitualidade social e pela decadência produtiva que ela provocava.

Sabiam também, esses capitalistas inteligentes, que o direito ao lazer, ao descanso, a certas regalias sociais e a boas condições salariais seriam a garantia da prosperidade futura das suas empresas e dos seus lucros, isto é, da sobrevivência do próprio capitalismo.

Percebe-se agora que alguns desses capitalistas não eram, afinal, tão inteligentes como isso. Se aceitavam melhorar os salários e as condições socias do trabalho, afinal não o faziam por serem inteligentes ou por estarem de boa fé, mas por medo.

Medo que os trabalhadores seguissem e apoiassem o “modelo comunista”. Medo da influência dos sindicatos. Medo que a mobilidade social dos trabalhadores, que aquele modelo europeu permitia, ofuscasse a sua “glória”.

Quando se tornou evidente que esse “perigo” tinha passado, muitos desses capitalistas, ou deixaram cair a sua máscara ou foram cilindrados por uma nova geração de capitalistas.

Estes queriam enriquecer rapidamente e ter acesso ao luxo e á luxuria antes que a juventude se esvaísse.

Muitos destes “novos” capitalistas fizeram-se na especulação financeira, no branqueamento de capitais, na fuga aos impostos, situação que lhes é “moralmente” e “eticamente” aceitável porque se formaram no cinismo de uma desumanização crescente dos valores socias.

Claro que capitalistas deste tipo também existiam nos outros tempos, mas não tinham boa imagem, quer junto dos seus pares, quer junto da opinião pública, quer junto de economistas e políticos.

Mas também isto se alterou. Estes “novos” capitalistas, se são ética, humana e socialmente pouco cultos, sabem lidar, a seu favor, com o poder da comunicação social. Controlando o poder financeiro, passaram a comprar a comunicação social, que foi colocada ao seu serviço, como autêntico aparelho ideológico deste “novo” capitalismo selvagem. Daqui passaram ao controle das Universidade e do que nelas se ensinava, formando economistas que se puseram ao seu serviço para “espalharem a boa nova” desse novo capitalismo, onde o que importa é a quantidade em detrimento da qualidade, o lucro fácil e especulativo, a imposição dos interesse financeiros ao interesse geral das sociedades, defendendo a desvalorização do factor trabalho e lançando a confusão ente “direitos” e “privilégios”.

Só faltava o controlo político. Este foi o mais fácil de atingir. Desde há muito tempo que estavam a acender ao poder político da Europa políticos com cada vez menos convicções, cada vez mais corruptos e ignorantes, que viam na política, não um serviço público e cívico, mas uma forma de se servirem do poder para o seus próprio enriquecimento e o dos que lhe estão próximos. Muitos destes, aliás, só almejam, quando saírem da política, porque a maior parte deles nunca fez nem sabe fazer mais nada, um lugar garantido na administração de uma empresa controlada pelo mesmo poder financeiro que protegem.

Claro que, na sua falta de inteligência, na cegueira provocada pela ganância do lucro especulativo imediato, não percebem que também estão a destruir a base do seu poder e que, a continuarem por esta via, muitos deles, um dia destes, vão acordar sem nada e em pânico, perante uma sociedade que, nada tendo a perder, irá reagir com tanta mais violência quanto mais tempo durar este estado de coisas…nessa altura será tarde de mais, não só para eles,mas também para o sonho da cidadania europeia…