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segunda-feira, 29 de abril de 2013

WALMART, PRIMARK , MANGO e C&A , marcas “assassinas”?




Nos anos 70 o Bangladesh entrou nas páginas dos jornais pelas piores razões, a fome que dizimava as suas populações. Em 1971 George Harrisonreuniu vários músicos e organizou um grande concerto de solidariedade que alertou o mundo para a dramática situação daquele país.

Mais de 40 anos depois aquele país volta às primeiras páginas dos jornais, mais uma vez pelas piores razões, a derrocada de um edifício de vários andares, o Rana Plaza, onde trabalhavam mais de dois mil operários, a maior parte mulheres, para a indústria do vestuário, que é a base da economia daquele pobre país.

A fome extrema de há quatro décadas deu lugar à miséria extrema da mais abjecta exploração da mão-de-obra barata daquele país.

Com salários a rondar os 29 euros… POR MÊS (!!!!) , a industria têxtil desse país emprega quase 4 milhões de trabalhadores.

A maior parte trabalha em situação humanamente degradante, sem o mínimo de condições de segurança. Acidentes como o registado na passada semana, que matou cerca de 400 trabalhadores, têm sido frequentes naquele país. Ainda no mês passado morreram 170 trabalhadores no incêndio noutra fábrica do sector.

A maior parte dessas fábricas que proliferam no Bangladesh foram subcontratadas para fornecer marcas ocidentais, como a norte-americana WALMART, a irlandesa PRIMARK e a espanhola MANGO ou a C&A. Pelo menos as três primeiras estão envolvidas neste acidente, já que as fábricas instaladas no edifício que ruiu trabalhavam para fornecer a roupa barata que aquelas marcas vendem no ocidente.

O rápido crescimento do desemprego e da pobreza entre os trabalhadores europeus é uma outra consequência directa desse “comércio livre” sem regras em que transformou a globalização. Aliás, muitas da falta de condições de trabalho existente nesses países é cada vez mais defendido como modelo “concorrencial” a aplicar no ocidente, nomeadamente nos países do sul da Europa.

É bom recordar que uma das partes da Declaração Universal dos Direitos do Homem é dedicada aos direitos de quem trabalha, desrespeitados na maior parte desses países, e cada vez mais ignorados no próprio ocidente dito “civilizado”.

Ao fechar os olhos ao dumping social ( e ambiental) praticado na maior parte dos países asiáticos, ditos “emergentes” (Índia, Bangladesh, China e tantos outros), os líderes políticos da Europa e dos Estados Unidos, bem como grande parte das suas grandes empresas multinacionais,  tornam-se conivente por tragédia como esta.

É tempo de exigir mudanças na falta de regras do comércio internacional, em prejuízo, obviamente, dos lucros chorudos dessas empresas, mas em proveito da melhorias das condições de vida de quem trabalha.


Empresário espanhol entre os principais suspeitos por desastre no Bangladesh - PÚBLICO(ler aqui as últimas notícias sobre a tragédia).

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