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sexta-feira, 26 de abril de 2019

Os cartoon´s "subversivos" da revolta dos estudantil de Coimbra de 1969


Foi em Abril de 1969 que se iniciou um dos momentos mais significativos da oposição ao Estado Novo.

Marcelo Caetano tinha acabado de substituir Salazar, que continuava a agonizar, ignorando que já não mandava em nada.

Os ventos do Maio de 68 em França chegavam à universidade portuguesa e o clima de esperança pelo afastamento de Salazar dava coragem e alento para que a sociedade portuguesa se começasse a abrir.

Coube aos estudantes de Coimbra dar o sinal de partida quando, em 17 de Abril, na presença do presidente de República Américo Thomaz, e do Ministro da Educação, José Hermano Saraiva, o recém eleito presidente da Associação de Estudantes, Alberto Martins, actual deputado do PS, pediu a palavra, palavra recusada por Américo Thomaz.

A comitiva presidencial, que estava ali para inaugurar uma nova sala do curso de matemática da Universidade, saiu sob vais dos alunos e a contestação prosseguiu nas ruas de Coimbra, durando até ao Verão e espalhando-se às restantes universidades portuguesas, motivando a prisão de dezenas de estudantes e a integração compulsiva de muitos deles nas Forças Armadas e o seu envio para a Guerra Colonial.

Há quem diga que essa atitude contribuiu para politizar as Forças Armadas e aumentar, no seu seio, o descontentamento contara a Guerra e o regime, conduzindo ao 25 de Abril.

Não tencionamos aqui fazer a história desse movimento, já contada pelos protagonistas em diversos estudos (Peço a Palavra – Coimbra 1969, por Alberto Martins, ed. Verbo;  Coimbra, 1969, por Celso Cruzeiro, ed. Afrontamento; O Processo – Documentos da Crise Académica. Coimbra 1969, por Gualberto Freitas, ed. Afrontamento).

Pessoalmente, foi nessa ocasião, numa visita a Coimbra, que me deparei com a realidade repressiva do regime.

Sendo filho de oposicionista e ex-preso politico, apesar dos meus 13 anos, tinha a noção do que era o regime e do que era viver em ditadura.

Mas nunca tinha assistido ao vivo à actuação repressiva das forças do regime.

Como o meu pai era de Coimbra e viviam lá os meus avós, todos os anos, pelo verão, fazíamos uma viagem de ida e volta, de um dia, para visitar os meus avós.

Como o meu pai não tinha carro, íamos de comboio, na linha do Oeste, numa viagem que era uma autêntica aventura de várias horas, que começava de madrugada e terminava em Coimbra por volta da hora do almoço que tinha lugar em casa dos meus avós, para regressarmos ao final da tarde e chegar a Torres Vedras ao final da noite.

Os meus avós viviam numa casinha modesta, no final de uma rua estreita (Travessa do Quebra Costas), que se iniciava no largo da Sé Velha de Coimbra, ao lado da República dos Kágados e perto do lugar onde viveu Zeca Afonso (hoje evocado numa placa próxima).

Num ano, que só mais tarde me apercebi que foi o de 1969, o meu pai, levado pela curiosidade dos acontecimentos que ele seguia,  resolveu levar-nos à zona da Universidade, subindo pela rua à esquerda da Sé Velha, que desemboca junto do Museu Machado de Castro e daí seguimos em direcção à Universidade, deparando-nos com um grande aparato policial, de jipes com militares e tropas da policia de choque, que rapidamente se movimentavam para dispersar qualquer pequeno ajuntamento de pessoas, estudantes ou não.

Alguns desses militares dirigiram-se ao meu pai, que inventou uma história sobre morar para os lados da universidade, história em que a policia acreditou, talvez pelo ar familiar do grupo constituído pelo meu pai, pela minha mãe e por dois filhos menores.

Foi assim que, pela primeira vez, me deparei com a acção policial, presente em força naquela zona, sempre atento ao mais pequeno ajuntamento, berrando ordens de dispersão.

Embora nessa altura (não sei se em Julho ou se em Agosto), a revolta, que atingiu o seu auge na época dos exames de Junho e Julho, já estivesse em refluxo, essas imagens das forças policiais marcaram-me para sempre e, a esse aparato, só voltei a assistir em Torres Vedras por ocasião da campanha eleitoral de Outubro de 1973.

Tenho em meu poder um conjunto de folhetos com cartoo’s, num estilo naif, que foram distribuídos pelos estudantes de Coimbra durante aquele período, para denunciar o regime de então, os quais aqui reproduzo, como evocação desse momento:




 














terça-feira, 23 de junho de 2009

A Arte do Cineclubismo - 18 - Centro de Estudos Cinematográficos de Coimbra.

A cidade de Coimbra foi um dos centros mais activos do cineclubismo português do pós-guerra.
Logo em 1946 era fundado o Círculo de Cultura Cinematográfica de Coimbra, considerado um dos primeiros cineclubes portugueses, sendo fundado, em 1949, o Clube de Cinema de Coimbra.
Por sua vez, surge nos anos 50 0 Centro de Estudos Cinematográficos, ao que julgamos ligado aos estudantes da Universidade de Coimbra.
É desta última associação que apresentamos um conjunto de belas xilogravuras,todas da autoria de António Pimentel (Tópi), datadas de 1959.



sexta-feira, 17 de abril de 2009

Nos 40 anos da Revolta estudantil de 1969

(o "luto" dos jogadores da Académica, na final da Taça de 1969)


Passam hoje 40 anos que, por ocasião da inauguração do Edifício das Matemáticas da Universidade de Coimbra, Américo Tomás foi confrontado com a contestação dos estudantes, que atingiu o seu momento mais simbólico com o pedido de intervenção do então Presidente da direcção recém eleita da Associação Académica de Coimbra, Alberto Martins (o actual líder da bancada parlamentar do PS).
Sendo-lhe negada a palavra, a cerimónia terminou logo ali e Alberto Martins foi detido pela Pide nessa mesma noite.
Iniciou-se então um longo período de contestação estudantil em Coimbra, com os estudantes a decretaram luto académico e greve aos exames e o Ministro da Educação da altura, José Hermano Saraiva, a decretar o encerramento da Universidade.
Em 2 de Junho a Universidade de Coimbra é ocupada por destacamentos da GNR, PSP e da Polícia de Choque.
Em 22 de Junho os estudantes voltam a manifestar-se, desta vez em Lisboa, por ocasião da final da Taça de Portugal, onde a Académica jogava contra o Benfica. Excepcionalmente a RTP não transmitiu, como era habitual, esse jogo, nem o presidente da republica compareceu ao evento.
A contestação estudantil expandia-se para Lisboa.
O regime resolve alterar em Julho a lei do adiamento militar, e vários alunos são chamados para cumprir serviço militar. Alguns destes vão ter um papel activo no 25 de Abril de 1974.
Este acontecimento foi o meu primeiro confronto com a realidade política do país, quando, no Verão desse ano de 1969, então com treze anos, me desloquei a Coimbra com os meus pais e o meu irmão, como era habitual acontecer todos os anos para visitarmos os meus avós paternos, que viviam numa rua perto da Sé Velha.
O meu pai, nascido em Coimbra, tinha-se envolvido na luta política contra o regime nos anos 40/50, fazendo parte da estrutura local do MUD Juvenil. Preso nessa altura, cumpriu dois anos de prisão em Peniche, no início dos anos 50, julgado no conhecido processo dos “108”.
Por esse motivo perdeu o seu emprego em Coimbra, tendo conseguido que uma pessoa amiga, um antigo director do Diário de Coimbra, o “sr. Proença”, que tinha uma empresa de comércio de vinhos em Torres Vedras, a “UVA”, o empregasse aqui. Aqui conheceu a minha mãe e por aqui viveu o resto da sua vida.
Nessa deslocação a Coimbra, o meu pai levou-nos até à zona da Universidade e então aí assisti pela primeira vez, ao aparato policial aí montado. Lembro-me dos jipes militares, do ar agressivo dos homens fardados. Lembro-me de a polícia mandar dispersar um pequeno ajuntamento de estudantes.
Também nós fomos abordados pela polícia. Experiente naquele tipo de situações, o meu pai deu como desculpa para estarmos ali, o facto de “morarmos” na zona, desculpa que a polícia engoliu, deixando-nos prosseguir e observar o aparato repressivo.
Embora em casa se falasse de política e se tivesse consciência da situação política que se vivia, aquele contacto com a polícia em Coimbra deu-me, pela primeira vez, uma dimensão real do regime repressivo salazarista (nessa altura já era “marcelista”).
O que não deixa de ser curioso é que, hoje em dia, muitos dos que lideraram essa revolta usam, contra os sindicatos e os manifestantes anti-governamentais, muitos dos argumentos que o regime de então usava contra os estudantes. Ironias da História.

segunda-feira, 30 de março de 2009

Centenários 13 - Estudantes da "capa e batina"- Coimbra, 1909

Baptista Coelho, jornalista brasileiro de referência do princípio do século XX, conhecido pelo pseudónimo de “João Phoca”, visitou Portugal em 1909, revelando as suas impressões de viagem na “Ilustração Portuguesa”.
Numa dessas reportagens visitou Coimbra, onde retratou, num estilo colorido e bem humorado, a vida boémia dos estudantes, que se caracterizavam pelo uso da capa e batina.
Hoje, essa característica dos estudantes de Coimbra vulgarizou-se de tal modo que até os “finalistas” do pré-escolar usam “capa e batina” quando passam para o 1º ciclo…!
Hoje reproduzimos as fotografias, da autoria daquele jornalista, que acompanharam aquela reportagem na edição da “Ilustração…” de 22 de Março de 1909.

domingo, 29 de março de 2009

Centenários 13 - Estudantes da "capa e batina"- Coimbra, 1909

Estudantes junto da porta férrea.


Encontro de estudantes


O fado de Coimbra


À porta de uma livraria


As lavadeiras do Mondego

sábado, 28 de março de 2009

Centenários 12 - Igreja de Santiago - Coimbra, 1909

Na sua edição de 22 de Março de 1909, a revista "Ilustração Portuguesa" divulgava um conjunto de fotografias do fotógrafo de Coimbra José Gonçalves, onde se revelavam imagens da Igreja de Santiago, na Praça do Comércio, ainda em ruinas e depois de reconstruida.: