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quarta-feira, 14 de julho de 2021

Cuba Livre


Hoje é o dia mundial da liberdade de pensamento.

Neste mesmo dia, em Cuba, o poder reforça a repressão sobre os que defendem essa liberdade de pensamento, prendendo e reprimindo manifestantes, impondo a censura, desligando a internet.

Não podemos defender a liberdade (ou as “liberdades”) em Portugal e tentar justificar ou defender que ela seja negada em Cuba, com as mais variadas desculpas.

Uma das desculpas é a defesa dos “feitos” do regime a nível social, principalmente na saúde e na educação, como contrapartida para uma “aceitável” falta de liberdade .

Por cá, vimos, recentemente, no “congresso das direitas”,  argumentos parecidos para desculpar o salazarismo, enaltecendo os seus “feitos” económicos.

Claro que não podemos negar o efeito nefasto de um criminoso embargo de 60 anos, imposto pelos Estados Unidos ao seu vizinho, embargo que, mais do que penalizar as elites dirigentes, penalizou o povo cubano, servindo ainda de alibi para a retórica do regime.

Sabemos que muitos políticos norte-americanos e ocidentais usam dois pesos e duas medidas, não negando o apoio a regimes autoritários e ditatórias, muitos deles bem mais sangrentos do que o Cubano, como aconteceu no passado com o apoio de Saddam Hussein ou a Ossama Bin Laden, antes de estes lhes fugirem do controlo, ou, actualmente,  à Arábia Saudita e a Israel, entre tantas outras “ditaduras convenientes”.

Também não podemos negar a falta de credibilidade de uma oposição dominada pelos extremistas de Miami, sedenta de vingança, muitos deles ligados ao crime organizado e entusiastas apoiantes de Trump.

Tudo o que essa gente tem para oferecer, como alternativa, é o apelo a uma intervenção militar norte-americana.

Esperamos que os Estados Unidos e o  “Ocidente” tenham aprendido com a forma desastrosa como intervieram militarmente do Afeganistão, no Iraque, na Líbia e na Síria, em nome da “defesa da democracia e da liberdade”. O resultado está à vista.

Esperamos também que a preocupação ocidental em relação aos cubanos, se o regime cair,  não seja a mesma que tiveram com a Rússia depois da queda da União Soviética, que foi a de humilhar os “vencidos” em vez de os ajudar, e, assim, “criaram” um Putin.  

Seja como for, têm de ser os cubanos, os que vivem em Cuba e os exilados, a resolver o problema do seu país, devendo o Ocidente, em vez de acicatar ódios, tentar mediar as partes, para conseguir ainda uma transição pacífica para a democracia, que salve as bandeiras sociais do regime, como a saúde e a educação, evitando uma política de “terra queimada”, o que conduziria Cuba a uma nova tragédia.

Mas nada disso desculpa a forma como o regime Cubano trata o seu povo, quando este exige liberdade, democracia e respeito.

Em último caso, a culpa pela desgraça de um povo ou de um país, é sempre dos seus governantes, sejam eles legítimos ou não.

Esperemos que, antes de agravar a repressão ou provocar um banho de sangue, o regime tenha um momento de discernimento para ouvir as justas reivindicações do seu povo, porque, apesar de tudo, Cuba não é a Coreia do Norte.

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