Goste-se ou não, apesar de todos os erros e do seu percurso controverso, devemos a Otelo a liberdade e a democracia.
Como todas as grandes
personagens da história, existe um lado bom e outro menos bom na sua personalidade.
Personalidades como
Otelo são raras, pela forma genuína como se afirmam na vida, pelo entusiasmo
como assumem as convicções e pela forma como se retiraram do primeiro plano.
Contudo, é bom
recordar que, apesar de o negar, acabou condenado por essa eventual ligação ao
grupo terrorista de extrema- esquerda, cumprindo 5 anos de prisão, antes de ser amnistiado.
O mesmo não se pode
dizer dos terroristas da extrema-direita, do ELP e do MDLP, com acções bem mais
violentas e prolongadas no tempo, acabando os seus actos por nunca serem
julgados, continuando muitos dos seus membros por aí, a vangloriar-se dos seus crimes,
alguns bem instalados em partidos da direita e assumindo, até, funções de
destaque na vida democrática.
Pessoalmente os meus sentimentos em relação a Otelo foram-se modificando ao longo do tempo.
Primeiro
vendo nele o líder carismático de uma revolução genuína e utópica, depois reconhecendo
a ilusão dessa utopia e, finalmente, a desilusão pelo seu crescente
radicalismo, que o terá, no mínimo, aproximado dos terroristas das FP-“25 de
Abril”, acção que muito contribuiu para denegrir uma data libertadora.
De tudo, sem o esquecer
os seus erros e as ilusões que alimentou, ficará sempre o Otelo do 25 de Abril,
um dos muitos a quem devo a Liberdade e a Democracia
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