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sexta-feira, 27 de novembro de 2020

Homenagem a Maradona

 

Emilio Kusturica filmou Maradona cantando a canção onde se canta a História da sua vida

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

Quer o Bloco de Esquerda ser o “Chega da Esquerda” ??

 


Estou à vontade.

Tenho votado algumas vezes no Bloco de Esquerda (BE), talvez tantas como no PCP e um pouco menos no PS.

Não alinho na absurda comparação entre o “Chega” e o “Bloco”, nem confundo “radicalismo” com “extremismo”.

Ser-se radical é uma coisa, ser-se extremista é outra.

O PCP e o BE são radicais, no bom sentido, goste-se ou não,  que é o de “ir à raiz dos problemas”, ser incisivo, convicto, ter valores de que não prescinde e bater-se coerentemente por ideais, coisa fora de moda, eu sei, mas que muito prezo.

Por isso, confundir radicalismo com extremismo, só por ignorância, má-fé e preconceito ideológico.

Como já explicou José Pacheco Pereira numa das suas últimas crónicas do Público, goste-se ou não deles, o BE e PCP evoluíram do radicalismo por vezes próximo do extremismo para o respeito e a integração nas instituições da democracia liberal, mesmo que recorram por vezes a uma retórica que parece contrária a esses valores.

Já o “Chega” tem como objectivo subverter o sistema democrático, apontando como modelo a seguir o dos países de Vilvegrado , os tais da “democracia iliberal”(está escrito no seu programa) e defende uma série de atitudes socialmente aberrantes (basta dar uma vista de olhos pelo seu programa).

Espanta-me por isso que a evolução recente do BE seja a de alinhar pelo mero protesto, como se viu agora pela desaprovação do Orçamento de Estado, um dos Orçamento mais “à esquerda” do regime democrático. Não sendo o ideal há sempre a possibilidade de se abster, não o de votar ao lado da direita, uma direita que ainda por cima navega ainda mais à direita do que estamos habituados.

Na história da esquerda portuguesa, se tivermos comparação possível no extremismo de esquerda como extremismo de direita do “Chega”, ele só se pode fazer com os anarquistas dos primeiros tempos, os bombistas das FP-“25 de Abril”, a retórica dos maoistas do MRPP ou do PCP(ml), nunca com o PCP ou com o BE, muito menos na história recente desses partidos.

Por isso espanta-me a recente evolução do BE.

Será que o BE se quer transformar no “Chega” da esquerda, embarcando no discurso da intolerância e do populismo descabelado, embora de sinal contrário?

Esperamos bem que não e que seja uma mera desorientação momentânea face à gravidade da situação em que se vive.

 

 

Passeio a Cores e a Preto e Branco pelas ruas de Torres Vedras (final da tarde de hoje)

 A CORES...















... E A PRETO E BRANCO:



















sexta-feira, 20 de novembro de 2020

A entrevista "fofinha" de Sousa Tavares a André Ventura.

 


Na passada 2ª feira a TVI 24 iniciou uma série de entrevistas, conduzidas por Miguel Sousa Tavares, aos candidatos à Presidência.

Para respeitar a ordem crescente da representação parlamentar, o primeiro entrevistado foi André Ventura e a coisa não correu muito bem (ver comentário à mesma AQUI).

De facto Sousa Tavares mostrou-se, mais uma vez, mal preparado e muito condescendente com André Ventura.

Conhecido pela sua agressividade, a roçar a boçalidade e má criação, nos seus comentários e nas entrevistas, principalmente quando tem pela frente alguém de quem não gosta, desta vez viu-se um Sousa Tavares que deixou Ventura à vontade, sem usar o contraditório ou sem questionar aspectos polémicos e até abjectos do discurso do líder do Chega.

O próprio Ventura, tipo esperto, usou muitas vezes argumentos dos comentários populistas do próprio Sousa Tavares para defender as suas miseráveis idéias e calar Sousa Tavares, acrescentando (tratando-o por tu) "como o Miguel sabe" ou "como o Miguel diz".

há muito tempo que questionamos as qualidades jornalísticas de Sousa Tavares.

Embora escreva bem, revela-se quase sempre mal preparado, preconceituoso, parcial, roçando o balofo, nas opiniões que escreve, vivendo muito da fama do passado, granjeada pela sua colaboração na revista "Grande Reportagem".

Veremos se, nas próximas entrevistas, Sousa Tavares vai ser tão "fofinho" e condescendente como foi com André Ventura na passada 2ª feira.

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

Obviamente, Biden!!

 


Criança ainda, lembro-me do interesse e entusiasmo com que lá por casa se seguia o desenrolar das eleições norte-americanas.

Num país então a viver em ditadura, como era o caso do Portugal dos anos 60, acompanhar o desenrolar da campanha americana e apoiar este ou aquele candidato em ambiente familiar, era uma lufada de ar fresco no ambiente cinzento e politicamente tenebroso do Estado Novo.

Era uma forma de aprendizagem democrática, proibida nas ruas e na escola.

Lá em casa torcia-se sempre pelo candidato mais “liberal” do partido democrático, Robert Kennedy em 1968 , McGovern em 1972.

Um dos primeiros acontecimentos de que me lembro foi o do assassinato do presidente Kennedy em 1963, acontecimento que foi vivido lá por casa tristeza, situação que se havia de repetir com assassinato de Robert Kennedy em 1968, o mesmo ano do assassinato de outra figura carismática da política americana, Martin Luther King.

Quanto a McGovern, o candidato democrático que concorreu contra Nixon nas eleições de 1972, lembro-me de uma ocasião, no intervalo das aulas no liceu de Torres Vedras, em que formámos claques, com uns a gritar por Nixon, a maioria aliás, e um pequeno grupos, entre os quais me incluía,  a gritar por McGovern, não que tivesse grande consciência das diferenças, como acontecia com toda a miudagem, mas por imitação do que ouvíamos lá por casa.

Foi um dos raros momentos de vivência “democrática” de que me lembro  ter participado antes do 25 de Abril e admiro-me, ainda hoje, como esse pequeno e breve acto de "rebeldia" inconsciente não teve consequências, talvez porque a “América” fosse, apesar de democrata, um aliado da ditadura portuguesa.

Foi preciso esperar muito tempo, até à eleição de Barack Obama em 2009, para sentir a alegria de festejar o resultado de um acto eleitoral nos Estados Unidos.

Claro que, como se tem visto pela forma como essas eleições têm decorrido nas duas últimas décadas, a democracia norte-americana não é assim tão democrática nem é o modelo de legitimidade que a “América” gosta de vender e impor ao mundo.

Primeiro, com a eleição de George W. Bush em 2001, batendo um dos melhores candidatos democráticos de sempre, Al Gore, que tinha mais um milhão de votos do que o candidato republicano, num processo muito duvidoso, como se viu, principalmente, na Flórida,  e que, na Europa, seria considerado de fraudulento, e, depois, em 2017, com a eleição de Trump, eleito apesar de ter menos de  3 milhões de votos que a candidata democrática,  ficou evidente que a “democracia” americana deixa muito a desejar.

E, neste campo, o pior ainda está para vir nas próximas semanas.

É preciso recuar ao século XIX para se encontrar duas situações idênticas à duas que, em apenas 20 anos, elegeram um candidato republicano, com menos votos do que o candidato democrático, pondo a nu o processo eleitoral dos Estados Unidos, onde reina a injustiça e a falta de proporcionalidade.

Se juntarmos a tudo isto estudos recentes que revelam a fraude eleitoral em larga escala em muitas eleições realizadas no século XX, estamos perante uma “democracia” que não é muito diferente de outras “democracias” que o ocidente costuma condenar de forma veemente.

Em termos de “democracia” os Estados Unidos não são exemplo para ninguém.

A forma injusta como funciona a (falta da) lei da proporcionalidade, normal em qualquer democracia europeia, faz dos Estados Unidos, não uma “ditadura de partido único”, mas uma espécie de “ditadura bi-partidária”, ainda por cima construída em prejuízo do Partido Democrático.

Apesar de todas as limitações dessa democracia muito imperfeita, torcemos pelo candidato Joe Biden, apesar da sua falta de carisma.

Biden é, apesar de tudo, um homem decente, com uma história de vida exemplar, ao contrário do seu adversário.

Trump é um arruaceiro irresponsável, mentiroso, arrogante, trafulha da pior espécie, uma pessoa não confiável.

Esperemos que, apesar de todas as limitações, a justiça democrática funcione desta vez, não só para bem do povo norte-americano, mas do mundo em geral.

Por isso…Obviamente votaríamos Joe Biden!!