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sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Rostos da Tragédia Climatérica (Conclusão)

Hoje é o último dia de esperança para evita a catástrofe climatérica.

Os supremos interesses do cifrão, as intermináveis querelas políticas e a cambada de incompetentes que governa o mundo não augura nada de bom para a Cimeira de Copenhaga.
Só se Obama nos salvar e chamar os líderes do mundo à razão.
Entretanto, completamos hoje a excelente reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer, um último grito de desespero daqueles que são já as primeiras vítimas da situação.


 “AGORA O GELO JÁ NÃO ESTÁ TÃO SEGURO”
Billy e Eileen Jacobson, de 74 e 52 anos, respectivamente, são esquimós de Tuktoyaktuk, no Nordeste do Candá. Alimentam-se principalmente do que caça. Por causa do aumento da temperatura estão a começar sentir mudanças bruscas: “Agora o gelo já não é tão seguro. Antes atravessávamos o lago com uma sensação de total tranquilidade. Agora, quando viajamos, temos que olhar para todos os lados porque aparecem poças de água por todo o lado”.



“OS PINHEIROS MORREM TODOS EM CINCO ANOS”
Chris Brower é um distribuídos de produtos ecológicos de 43 anos, do Colorado (Estados Unidos). A maioria dos pinheiros das Montanhas Rochosas está a morrer. Uma praga de escaravelhos sem precedentes está a matar as arvores devido à subida da temperatura no inverno: “Passámos dois anos muito maus de seca. Os escaravelhos instalaram-se nos pinheiros. Creio que em cinco anos todos os pinheiros estarão mortos”.



“TUDO ISTO ERA UM GRANDE LAGO”
Abakar Maydocou Mahamat, de 59 anos, actualmente agricultor, foi pescador no Lago Chade. A aldeia de Abakar estava muito próximo daquele lago, trabalhando como pescador. Teve de se tornar agricultor quando a água do lago secou: “Quando eu era jovem havia muita água. Chovia três dias seguidos e o campo estava verdejante, era tudo mais bonito. Mas agora chove tão pouco! Tudo isto à volta era um grande lago”.



 “VIVEMOS COMO NUM BARCO”
Avetik Organisovitch Nazaryan (56 anos), Luzmila Nikolaevna Nazaryan (37) e a sua filha Liana Avetikovna Nazaryan (5) habitam sobre o gelo, na Libéria (Rússia). Nesta região a camada de gelo está a derreter-se, provocando danos nas habitações. Afirma Avetik que “vivemos como num barco. Debaixo da casa apenas existe um metro e meio degelo. No verão respiramos envoltos no vapor que invade permanentemente o ar”.



 “ESPERO QUE AS PESSOAS MUDEM”
Scott Sutton de 44 anos é o encarregado do campo de golfe Wild Horse, em Las Vegas (USA). O clima nesta região está agora mais seco. A falta de água tem multiplicado as iniciativas para a poupar. Neste campo estão a substituir a relva por plantas autóctones: “Penso que não temos alternativa. Só espero que as pessoas se apercebam e comecem a mudar de atitude”.



 “O MEU POVO ESTÁ MUITO CANSADO”
Sombou Bury,de 25 anos pertence à minoria peul do Mali. A tribo nómada dos peul está a sofrer as consequências da falta de chuva. Acreditam que a sua forma tradicional de vida está em risco: “ Nós, o povo peul, estamos muito cansados. As mulheres, os animais, todos nós, estamos cansados. Não temos nem água nem com que dar de comer aos animais”.



“TEMOS DE PENSAR NOS NOSSOS FILHOS”
John Glance é um musico californiano de 55 anos. Posa junto da paisagem que rodeia a sua casa, calcinada por um incêndio em Setembro último. Os fogos são cada vez mais frequentes e violentos na Califórnia, devido às altas temperaturas: “Creio que temos que pensar nos nossos filhos e netos, porque eles perguntarão um dia :em que é que vocês estavam a pensar?”.



 “O GRANIZO PARECE PEDRA”
António Esposito é um Agricultor Italiano de 55 anos. As tempestades de granizo estão a aumentar no sul da Itália e estão a converter-se num grande problema para os agricultores. Uma tempestade de granizo em Maio passado destruiu completamente a horta de melancias de Esposito: “ O que cai não é simples granizo, são pedaços de gelo do tamanho de uma pedra”.



 “ A SITUAÇÃO DOS GLACIARES É DRAMÁTICA”
Johann Kaufmann de 36 anos é director de guias de montanha na Suiça. Os glaciares, a grande atracção turística da zona onde vive, estão em nítido retrocesso. Ele é directamente afectado: “É dramático o que se está passando. Devido ao aumento da temperatura não se forma gelo suficiente para alimentar o glaciar, nem para manter o seu equilíbrio”.



 “NÃO QUERO IR VIVER PARA OUTRO LUGAR”
Taibo Tabokai de 15 anos vive numa aldeia inundada no atol de Abaiang. A sua aldeia,Tebunginako já perdeu um faixa costeira de cem metros: “Veio gente de fora que nos reuniu a todos para nos explicar que não devemos ter esperança, que podemos perder tudo o que temos aqui. Não quero ir viver à força para outro lugar”.

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Rostos da Tragédia Climatérica (4)

Continuamos hoje a divulgar a excelente reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer.



Mais do que todas as teorias e palavras de retórica, os testemunhos na primeira pessoa de habitantes desta Terra ameaçada, que já sofreram as consequências daquilo que muita gente ainda ignora ou desvaloriza, são a melhor prova do que nos está a acontecer:


 “DIZEM QUE NÃO SE PASSA NADA. OS POLÌTICOS DEVIAM VIR AQUI”
Margaret Aliurtug Nickerson, de 54 anos, vive em Newton, uma aldeia indígena a oeste do Alasca, nos Estados Unidos. Em poucos anos a aldeia vai desaparecer por causa da erosão provocada pelo rio Ninglick. Os seus 320 habitantes vão ser obrigados a abandoná-la: “Os nossos políticos dizem que não se passa nada! Quanta ignorância demonstram! Deviam vir aqui, viver aqui e dar-se conta da realidade”.




 “JÁ QUASE NÃO HÁ ÁGUA. OS NOSSOS BARCOS ESTÃO ENCALHADOS EM TERRA SECA"
Mama Saranyro é um pescador de 59 anos pertencente à tribo nómada Bonzo do lago Korientzé, no Mali. A vida é cada vez mais difícil para os pescadores desses povo nómada. Há menos água e menos pesca: “Nós, os bonzo éramos pescadores nómadas por tradição. Deslocávamo-nos em barcaças. Agora já quase que não há água .Os nossos barcos estão encalhados em terra seca”.


“QUANDO ERA CRIANÇA, TUDO FUNCIONAVA BEM, TODOS COMÍAMOS”
Gorro Modi, de 36 anos e o seu filho Dao, de 6, pertencem à minoria “Peul”, criadores de gado em Korientzé, no Mali. Os peul são uma tribo de vaqueiros nómadas. Mas as chuvas rareiam cada vez mais. Os seus animais estão mais débeis e algumas das suas vacas estão a morrer: “Quando era criança, tudo funcionava bem. Os animais comiam bem, as pessoas comiam bem e não tínhamos problemas”.



 “A ESPESSUA DO GELO PASOU DE TRÊS PARA DOIS METROS”
O canadiano Roy Friis, de 64 anos é especialista naval em guiar de barcos que atravessam o gelo do Árctico, nos territórios do noroeste do Canadá: “Quando aqui cheguei em 1977, o gelo tinha três metros de espessura. A camada polar não se rompia. Agora não chega a dois metros”.



“O PRINCIPAL PROBLEMA SÃO AS TEMPERATURAS EXTREMAS”
Miguel Angel Casares Camp, de 46 anos, e Miguel Casares Cortina, de 75, são agricultores em Mancofar, em Valência, em Espanha. As ondas de calor são cada vez mais frequentes em Espanha. Os pimentos cultivados por Miguel sofreram as consequências da onda de calor que afectou a região no passado mês de Julho: “O principal problema são as temperaturas extremas. Temos dificuldade em que as plantas se adaptem às mudanças de temperatura”.

sábado, 12 de dezembro de 2009

Rostos da Tragédia Climatérica (3)

Ontem fiquei a perceber como funciona a lógica dos cépticos defensores das “verdades” do “ClimaGate”.

No Programa da SIC-Notícias, “O Expresso da Meia-Noite”, apareceu um obscuro “engenheiro reformado”, cheio de “sabedoria” , “conhecimentos”, e arrogancia, dizendo-se herdeiro do pensamento científico de um Galileu ou de um Einstein, acusando todos os que acreditam que as mudanças climatéricas são potenciadas pelo homem como “aldrabões”, “ignorantes” e “anti-científicos”.
Com os modos de um Medina Carreira, mostrou uns gráficos rascunhados por si, sem indicar as fontes, para “provar” que a temperatura afinal estava a diminuir e o gelo dos pólos afinal, em vez de estar a desaparecer, estava em expansão.
Para ele tudo não passa de uma grande aldrabice vinculada por tenebrosos pseudo -cientistas, que controlam as universidades e as revistas científicas para inventarem “essa” história das mudanças climatéricas provocada pelo Co2, tudo, segundo ele, provado nos tais e-mails que estão na base do “ClimaGate”.
Aliás, as únicas fontes por si apontadas para sustentar as suas teses eram esses mesmos e-mails. Que exemplar atitude “científica”!
Não deixou ser curioso de observara que, por parte dos que defendiam a existência de alterações climatéricas dramáticas existia, apesar de tudo, uma dose de dúvidas sobre os valores previstos para essa mudança, atitude contrária ao dito engenheiro, que, considerando-se o único “cientista” ali presente, não tinha nem um pingo de dúvida sobre a sua tese.


Fiquei esclarecido sobre os tais “cépticos”.


Indiferentes a essa polémica, muitos já sofreram os efeitos da situação climatérica, e o seu testemunho vale muito mais do que centenas de livros “científicos”, como se revela na já citada reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer, e que aqui continuamos a divulgar.



 “O PIOR É A RAPIDEZ DA MUDANÇA”
Christian Kaufmann é um pastor Suiço, de 48 ano. Cresceu numa cabana junto ao imponente glaciar Grindewald. Nos últimos vinte anos esse glaciar retrocedeu a um ritmo muito rápido: “Isto não é natural. Das outras vezes o processo de mudança climatérico foi mais lento. Não se podia perceber numa geração. A flora e a fauna podiam adaptar-se. Isto é o Pior. A rapidez”.



“NO ANO PASSADO PERDEMOS TUDO”
Azizul Islam é um jornaleiro de Gabura, no Bangladesh. O dique que protegia a ilha de Gabura do mar rompeu-se várias vezes por causa das fortes tempestades dos últimos anos. De todas as vezes, os agricultores reconstroem os diques á mão: “No ano passado perdemos tudo quando ele se rompeu. As nossas árvores e as nossas casas. Perdemos tudo. De cada vez que o reconstruímos temos de construir um dique maior”.



“A MINHA CASA ESTÁ A DERRETER-SE”.
A Russa Konusheva Luiza Arkadievna, de 54 anos vive sob a ameaça de que a capa de gelo subterrânea sobre a qual construiu a sua casa se derreta: “Desde há treze anos aparecem grandes charcos à sua volta. A minha casa tem rachas e está-se a derreter. Penso que o gelo já começou a derreter-se”.



“TEMOS DE FAZER ALGUMA COISA PARA SALVAR A COSTA”
Marcello Plati, de 33 anos, é salva-vidas na praia italiana de Metaponto. A praia tem vindo a sofrer de rápida erosão devido ao aumento de violentas tempestades: “Temos de enfrentar uma situação climatérica que está sempre a mudar e temos de fazer alguma coisa para evitar a erosão da costa. Se não o fizermos ver-nos-emos com grandes dificuldades no futuro. A situação atingiu o limite em Dezembro do anos passado quando a água inundou o complexo turístico onde trabalho”.



 “ANTES CHOVIA DURANTE QUATRO MESES, AGORA SÓ CHOVE EM DOIS”
Hassin Abakar Khorai, de 71 anos, é agricultor no Chade. Em muitos sítios desse país a diminuição da precipitação está a causar graves problemas. Os agricultores não podem cultivar os seus campos e isso provoca a falta de alimentos. A maioria dos vizinhos de Hassin tiveram que abandonar as suas aldeias por causa da seca: “No passado a estação das chuvas durava de Junho a Setembro. Agora só chove em Julho e Agosto. Já não temos água suficiente”.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Rostos da Tragédia Climatérica (2)

Os cépticos do costume, inventaram agora um “ClimaGate”, num último esforço para impedir que a poluição deixe de dar lucro aos seus amigos do petróleo e derivados. Que pena a estupidez não pagar imposto!

Um dos argumentos usados por essa tendência intelectual é o de que “catástrofes climatéricas e ambientais sempre existiram” ou que “a Terra já conheceu noutros tempos mudanças climatéricas dramáticas”. Alguns usam até argumentos intelectualmente desonestos, como Helena Matos hoje no Público, comparando a reacção daqueles que se preocupam com a situação ambiental com a reacção do Malagrida em relação ao Terramoto de 1755.


Se não querem acreditar nos dados científicos que demonstram o perigo de uma acentuada subida da temperatura da terra provocado pelo aumento do co2, provando que as actuais alterações climatéricas são provocadas pela poluição humana, se não querem ver que as actuais alterações estão a desenrolar-se muito mais rapidamente do que as que tiveram lugar noutros período de forma natural, se julgam que as actuais catástrofes climatéricas são fenómenos naturais isolados iguais aos que sempre existiram, tudo bem, a ignorância e a má-fé ainda não pagam imposto e só ficam mal aos próprios.
Aliás, bastava sair à rua, ter memória e falar com os mais velhos, para perceberem que o clima está a mudar rapidamente e a poluição humana é a principal responsável por ela.
Talvez a catástrofe não esteja eminente, só ocorra daqui a trinta, cinquenta ou cem anos. É uma forma egoísta de encarar a situação. Provavelmente não têm filhos ou não estão preocupados com o seu futuro.


“Quem vier que se desenrasque que nós continuamos a querer viver no nosso confortável consumo, gastando e desbaratando energia. Se for preciso até construímos centrais nucleares e barragens por todo o lado, mas a energia não nos vai faltar. O que interessa a desflorestação da Amazónia, a desertificação de países do terceiro mundo, a subida do nível do mar, o desaparecimento de espécies? Nós somos a civilização superior, os pobres, os animais, os outros que se danem. Termos dinheiro e poder para construir casas em locais protegidos e para mantermos o nosso conforto, longe das lixeiras e protegidos das catástrofes naturais”. No fundo é isto que, lá no fundo, toda essa gente pensa, usando todo um arsenal retórico e de “conhecimento” para o dizer com palavreado bonito e “bem” fundamentado.


Para os outros, para os que ainda acreditam que é possível mudar alguma coisa, aqui ficam mais alguns testemunhos humanos, retirados da reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer, de pessoas que já sentiram na pele o desastre que se avizinha.
Para eles muito do que se fizer já vai chegar tarde (claro que não têm os dotes intelectuais de uma Helena Matos, mas ainda têm aquilo que lhe falta, a ela e a outros que pensam como ela: HUMANIDADE).


“SE NÃO HÁ QUE COMER, NÃO NOS RESTA OUTRA OPÇÃO QUE ARRISCAR A VIDA”
Hosnaara Khatun, de 22 anos, com o seu filho Chassan em Gabura, no Bangladesh: “Há sete dias um tigre matou o meu marido quando foi ao parque Suderbans para colher mel. Estou desesperada. O cultivo do arroz baixou. Quase não existem peixes no rio. A vida é muito dura. Ainda que ir a Suderbans seja muito perigoso, porque existem aí centenas de tigres, a gente tem de o fazer. Se não temos que comer, não temos outra opção a não ser arriscar a vida”.



“PODE VER-SE COMO A ÁGUA COMEU PARTE DA TERRA”
Karotu Tekita (54 anos), com a sua neta Akatitia (com um ano), a sua filha Retio Tataua (de 34), o seu filho Tioti (de 11 meses), a sua mulher Toakanikai Karolu (de 52) e a neta Bewtaa (de 6 anos). A Família vive numa povoação arruinada em Kiribati. A sua cbana estava a 10 metros da costa. Agora tem a àgua mesmo frente à casa: “Temos sido testemunhas das drásticas mudanças do nível do mar desde o ano 2000. Pode ver-se como a água comeu parte da terra”.


“ESPERAM-NOS SITUAÇÕES PIORES”
Rinchen Wangali de 38 anos, com a sua mulher Phuntsok Amamo, de 37 e o seu filho Tsewag Tobjor, com um ano, agricultores. Vítimas das inundações em Ladakh, na Índia. As chuvas torrenciais são um fenómeno novo em Ladakh. A casa desta família foi destruída por uma inundação. “Mete-me medo o aquecimento e que a neve dos glaciares se derreta. Nos futuro teremos de enfrentara situações ainda piores”.



 “A NOSSA TERRA ESTÁ DESAPARECENDO”
Sandy Adam, de 55 anos, é caçador de baleias. Esquimó de Touktoyaktut, no Canadá, região seriamente ameaçada pela erosão: “Mais de metade da nossa terra desapareceu. Está em erosão. Estou convencido que o mar já absorveu parte do nosso mundo. Não só aqui, mas em toda a parte”.


“PREACUPA-ME O QUE PODE VIR”
Bárbara Rodríguez Maura, de 45 anos, a sua mulher Yuisimi González Cotino, de 33, e a filha de ambos Yusimari Miranda González, em Pinar del Río em Cuba.Um furacão destruiu completamente a sua casa em 2008. Yusimari descreve aquele momento: “Foi como se pela minha mente passasse a película de toda a minha infância, já que quando era uma menina vivi sempre ali. Estou muito preocupada com os Furacões que podem voltar”.

(CONTINUA)

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Rostos da Tragédia Climatérica

Inicia-se hoje a Cimeira de Copenhaga, talvez a última oportunidade para a humanidade evitar a catástrofe ambiental.

Infelizmente, muita gente já sentiu na pele os efeitos das dramáticas mudanças climatéricas.
Foi delas que se lembraram a jornalista Mathias Braschler e a fotógrafa Monika Fischer, que percorreram o mundo para recolherem as histórias de gente anónima afectada, de várias maneiras, pelas mudanças climatéricas.
Desse trabalho resultou uma reportagem fotográfica, ontem publicada no El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, e da qual iremos dar conta hoje e nos próximos dias (os textos foram adaptados):



“QUANDO ERA PEQUENO, CHOVIA MUITO. AGORA APENAS CAÍ ALGUMA ÁGUA”
Chai Erquan, de 65 anos, agricultor e pastor na província chinesa de Ganzu sofre à muito com a desertificação que ameaça seriamente a agricultura da região. A multiplicação de tempestades de areia faz o deserto avançar rapidamente sobre as terras de cultivo: “Creio que a vida será cada vez mais difícil. Não temos muita esperança”, recordando que, quando era pequeno “chovia muito e tínhamos água por toda a parte”.



 “O TEMPO ESTÁ LOUCO E ISSO PREOCUPA-NOS MUITO”
Gumersindo Sutta Illa, de 54 anos, e o seu neto Richard Guerra Sutta, de 10, são agricultores que vivem em Chahuaytire, no Perú. A temperatura nos Andes peruanos aumentou muito e o tempo é cada vez mais imprevisível. As populações indígenas desta zona cultivam batatas há milhares de anos, mas este tubérculo já não se dá bem com as novas condições climatéricas: “O tempo está louco, muda constantemente e isso preocupa-nos muito. Não sei o que se passa, mas há muitas geadas e o aumento da temperatura está a afectar a terra”.



 “SE ISTO PIORA, O GADO DESAPARECE. E NÓS TAMBÉM”
Dogna Fofaza, de 66 anos, é caçador e agricultor em Dioumara no Malí. Na última década a precipitação nesse país diminuiu cerca de 40%. A Época das chuvas chega tarde e a más horas: “Não percebo porque razão agora faz mais calor que antigamente. Deu-se uma grande mudança. A água que cai não chega. Se a situação piora, o gado desaparecerá. E nós também”.



“NUNCA ESQUECEREI ESSES FURACÕES”
Yusnovil Sosa Martínez, de 33 anos, a sua mulher, Antónia González Cotino, de 41 e o seu filho Yosdany Miranda González, de 10, vivem em Pinar del Río, em Cuba. A intensidade dos furacões nas Caraíbas está a aumentar. Em 2008 o “Gustav” e o “Ike” provocaram chuvas intensas. A casa dessa família foi destruída e, um ano depois, Yusnovil e a sua família continuam a viver numa pequena cabana: “[os furacões] chegaram um a seguir ao outro. Nunca o esquecerei. Foi um desastre. Por onde passavam não ficava nada de pé”.



”OS CONFLITOS ENTRE AMIGOS SÃO PROVOCADOS PELA FALTA DE ÁGUA”
Tsering Tundup Chupko, de 51 anos é agricultor na região indiana de Ladakh, nos Himalaias. Aquele que era até há pouco um deserto de gelo, tem vindo a derreter-se rapidamente. Mas mesmo assim os agricultores daquela região sofrem e falta de água, pois neva cada vez menos: “Em geral, nós, a gente de Ladakh, vivíamos em harmonia com os nossos vizinhos, mas agora estão a aumentar as tensões, e acredito que essa situação se deve à falta de água”.

Ao longo destes próximos dias, aqueles durante os quais decorre a Cimeira de Copenhaga, iremos divulgando outros casos revelados nela excelente foto reportagem, que nos revela que já existem vítimas da catástrofe climatérica.
Se nada for feito, aquilo que agora parece distante e pontual irá tornar-se o nosso modo de vida.
É para isso que essas pessoas nos alertam.

(CONTINUA)