Os cépticos do costume, inventaram agora um “ClimaGate”, num último esforço para impedir que a poluição deixe de dar lucro aos seus amigos do petróleo e derivados. Que pena a estupidez não pagar imposto!
Um dos argumentos usados por essa tendência intelectual é o de que “catástrofes climatéricas e ambientais sempre existiram” ou que “a Terra já conheceu noutros tempos mudanças climatéricas dramáticas”. Alguns usam até argumentos intelectualmente desonestos, como Helena Matos hoje no Público, comparando a reacção daqueles que se preocupam com a situação ambiental com a reacção do Malagrida em relação ao Terramoto de 1755.
Se não querem acreditar nos dados científicos que demonstram o perigo de uma acentuada subida da temperatura da terra provocado pelo aumento do co2, provando que as actuais alterações climatéricas são provocadas pela poluição humana, se não querem ver que as actuais alterações estão a desenrolar-se muito mais rapidamente do que as que tiveram lugar noutros período de forma natural, se julgam que as actuais catástrofes climatéricas são fenómenos naturais isolados iguais aos que sempre existiram, tudo bem, a ignorância e a má-fé ainda não pagam imposto e só ficam mal aos próprios.
Aliás, bastava sair à rua, ter memória e falar com os mais velhos, para perceberem que o clima está a mudar rapidamente e a poluição humana é a principal responsável por ela.
Talvez a catástrofe não esteja eminente, só ocorra daqui a trinta, cinquenta ou cem anos. É uma forma egoísta de encarar a situação. Provavelmente não têm filhos ou não estão preocupados com o seu futuro.
“Quem vier que se desenrasque que nós continuamos a querer viver no nosso confortável consumo, gastando e desbaratando energia. Se for preciso até construímos centrais nucleares e barragens por todo o lado, mas a energia não nos vai faltar. O que interessa a desflorestação da Amazónia, a desertificação de países do terceiro mundo, a subida do nível do mar, o desaparecimento de espécies? Nós somos a civilização superior, os pobres, os animais, os outros que se danem. Termos dinheiro e poder para construir casas em locais protegidos e para mantermos o nosso conforto, longe das lixeiras e protegidos das catástrofes naturais”. No fundo é isto que, lá no fundo, toda essa gente pensa, usando todo um arsenal retórico e de “conhecimento” para o dizer com palavreado bonito e “bem” fundamentado.
Para os outros, para os que ainda acreditam que é possível mudar alguma coisa, aqui ficam mais alguns testemunhos humanos, retirados da reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer, de pessoas que já sentiram na pele o desastre que se avizinha.
Para eles muito do que se fizer já vai chegar tarde (claro que não têm os dotes intelectuais de uma Helena Matos, mas ainda têm aquilo que lhe falta, a ela e a outros que pensam como ela: HUMANIDADE).
“SE NÃO HÁ QUE COMER, NÃO NOS RESTA OUTRA OPÇÃO QUE ARRISCAR A VIDA”
Hosnaara Khatun, de 22 anos, com o seu filho Chassan em Gabura, no Bangladesh: “Há sete dias um tigre matou o meu marido quando foi ao parque Suderbans para colher mel. Estou desesperada. O cultivo do arroz baixou. Quase não existem peixes no rio. A vida é muito dura. Ainda que ir a Suderbans seja muito perigoso, porque existem aí centenas de tigres, a gente tem de o fazer. Se não temos que comer, não temos outra opção a não ser arriscar a vida”.
“PODE VER-SE COMO A ÁGUA COMEU PARTE DA TERRA”
Karotu Tekita (54 anos), com a sua neta Akatitia (com um ano), a sua filha Retio Tataua (de 34), o seu filho Tioti (de 11 meses), a sua mulher Toakanikai Karolu (de 52) e a neta Bewtaa (de 6 anos). A Família vive numa povoação arruinada em Kiribati. A sua cbana estava a 10 metros da costa. Agora tem a àgua mesmo frente à casa: “Temos sido testemunhas das drásticas mudanças do nível do mar desde o ano 2000. Pode ver-se como a água comeu parte da terra”.
“ESPERAM-NOS SITUAÇÕES PIORES”
Rinchen Wangali de 38 anos, com a sua mulher Phuntsok Amamo, de 37 e o seu filho Tsewag Tobjor, com um ano, agricultores. Vítimas das inundações em Ladakh, na Índia. As chuvas torrenciais são um fenómeno novo em Ladakh. A casa desta família foi destruída por uma inundação. “Mete-me medo o aquecimento e que a neve dos glaciares se derreta. Nos futuro teremos de enfrentara situações ainda piores”.
“A NOSSA TERRA ESTÁ DESAPARECENDO”
Sandy Adam, de 55 anos, é caçador de baleias. Esquimó de Touktoyaktut, no Canadá, região seriamente ameaçada pela erosão: “Mais de metade da nossa terra desapareceu. Está em erosão. Estou convencido que o mar já absorveu parte do nosso mundo. Não só aqui, mas em toda a parte”.
“PREACUPA-ME O QUE PODE VIR”
Bárbara Rodríguez Maura, de 45 anos, a sua mulher Yuisimi González Cotino, de 33, e a filha de ambos Yusimari Miranda González, em Pinar del Río em Cuba.Um furacão destruiu completamente a sua casa em 2008. Yusimari descreve aquele momento: “Foi como se pela minha mente passasse a película de toda a minha infância, já que quando era uma menina vivi sempre ali. Estou muito preocupada com os Furacões que podem voltar”.
(CONTINUA)
1 comentário:
Olá Venerando!!!!
Muito importante esta questão!!!! Pena as más consciências...que pululam por aí!!!!
Sempre importantes os teus posts!!!! TODOS!!!!
e já agora...
como tu tens um baú enorme...será que tens o vídeo de abertura da Cimeira de Copenhagen????
Ele passou, ou um excerto, nos telejornais cá do burgo...
eu já procurei tudo e "nicles"!!!! mas como não sei o nome, nem do realizador, continuo " à nora"!!!!!
Será que sabes algo a respeito????
Bom resto de dia!!!!
MC
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