A necessidade de realização da Cimeira de Copenhaga é a melhor prova da falência do capitalismo neo-liberal.
Afinal, ao contrário do que diziam os seus defensores, a economia de mercado não tem capacidade de se reequilibrar e de se regenerar, como o provam o terror ambiental com que a humanidade se confronta.
A Cimeira de Copenhaga só poderá chegar a bom termo e como uma nova esperança para a humanidade, se não se deixar enredar nos supremos interesses da versão neo-liberal do sistema capitalista.
Os estragos provocados no ambiente por esse modelo só podem ser travados aumentando o controle sobre a economia mundial, o que entrará em choque com a formação neo-liberal da maior parte dos economistas e políticos actuais, muitos deles presentes nessa cimeira.
Para acabar com a desflorestação, a poluição industrial, o excesso demográfico, a pressão sobre as terras cultiváveis, o urbanismo selvagem, o degelo e a extinção em massa de etnias humanas e espécies animais , é necessário tomar medidas de maior controle e fiscalização, o que não pode agradar aos defensor da selvajaria da economia de mercado.
Toda a gente sabe da ligação entre grandes empresas poluidoras com governos corruptos de países pobres, para onde deslocalizam as suas industrias poluidoras, ou com as máfias europeias e asiáticas para se “desfazerem” dos lixos que produzem. Será que os actuais dirigentes políticos ocidentais têm coragem para tomar medidas drásticas contra essa gente? Duvido!.
Por último, para combater a crescente degradação ambiental, temos de desistir de um modelo de consumo que nos é imposto todos os dias pelos valores hedonistas do “sucesso” , da “competitividade”, do “parecer”, social e publicitariamente impostos aos cidadãos ocidentais todos os dias. Será que estamos dispostos a deixar de valorizar o exibicionismo tecnológico em troca de uma outra relação mais “cultural” com o mundo que nos rodeia? Será que estamos dispostos a valorizar o esforço do conhecimento e da criatividade artística em oposição ao valor do dinheiro e do ter? Será que estamos dispostos a abandonar alguns confortos na defesa da melhoria das condições ambientais? Duvido que o façamos voluntariamente.
Nós, os ocidentais, fomos programados nesses valores. Os “outros” têm como sonho esse modelo, que lhes foi incutido como modelo de “desenvolvimento” a seguir pelas suas elites políticas corruptas .
Mais do que um conjunto de recomendações bem intencionadas e politicamente correctas, é preciso que, desta cimeira, saiam medidas concretas, criativas e práticas, a executar imediatamente, caso contrário é melhor passarmos ao “Plano B”: prepararmo-nos, a nós e, principalmente aos nossos filho, para a catástrofe.
Espero não vir a pertencer à geração da vergonha, aquela que não soube levar a bom termo aquela máxima índia, segundo a qual “não herdamos a Terra dos nossos pais, herdamo-la … dos nossos Filhos”.
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