Continuamos hoje a divulgar a excelente reportagem fotográfica do El País, denominada “A Mudança Climatérica na Primeira Pessoa”, da autoria da jornalista Mathias Braschler e da fotógrafa Monika Fischer.
Mais do que todas as teorias e palavras de retórica, os testemunhos na primeira pessoa de habitantes desta Terra ameaçada, que já sofreram as consequências daquilo que muita gente ainda ignora ou desvaloriza, são a melhor prova do que nos está a acontecer:
“DIZEM QUE NÃO SE PASSA NADA. OS POLÌTICOS DEVIAM VIR AQUI”
Margaret Aliurtug Nickerson, de 54 anos, vive em Newton, uma aldeia indígena a oeste do Alasca, nos Estados Unidos. Em poucos anos a aldeia vai desaparecer por causa da erosão provocada pelo rio Ninglick. Os seus 320 habitantes vão ser obrigados a abandoná-la: “Os nossos políticos dizem que não se passa nada! Quanta ignorância demonstram! Deviam vir aqui, viver aqui e dar-se conta da realidade”.
“JÁ QUASE NÃO HÁ ÁGUA. OS NOSSOS BARCOS ESTÃO ENCALHADOS EM TERRA SECA"
Mama Saranyro é um pescador de 59 anos pertencente à tribo nómada Bonzo do lago Korientzé, no Mali. A vida é cada vez mais difícil para os pescadores desses povo nómada. Há menos água e menos pesca: “Nós, os bonzo éramos pescadores nómadas por tradição. Deslocávamo-nos em barcaças. Agora já quase que não há água .Os nossos barcos estão encalhados em terra seca”.
“QUANDO ERA CRIANÇA, TUDO FUNCIONAVA BEM, TODOS COMÍAMOS”
Gorro Modi, de 36 anos e o seu filho Dao, de 6, pertencem à minoria “Peul”, criadores de gado em Korientzé, no Mali. Os peul são uma tribo de vaqueiros nómadas. Mas as chuvas rareiam cada vez mais. Os seus animais estão mais débeis e algumas das suas vacas estão a morrer: “Quando era criança, tudo funcionava bem. Os animais comiam bem, as pessoas comiam bem e não tínhamos problemas”.
“A ESPESSUA DO GELO PASOU DE TRÊS PARA DOIS METROS”
O canadiano Roy Friis, de 64 anos é especialista naval em guiar de barcos que atravessam o gelo do Árctico, nos territórios do noroeste do Canadá: “Quando aqui cheguei em 1977, o gelo tinha três metros de espessura. A camada polar não se rompia. Agora não chega a dois metros”.
“O PRINCIPAL PROBLEMA SÃO AS TEMPERATURAS EXTREMAS”
Miguel Angel Casares Camp, de 46 anos, e Miguel Casares Cortina, de 75, são agricultores em Mancofar, em Valência, em Espanha. As ondas de calor são cada vez mais frequentes em Espanha. Os pimentos cultivados por Miguel sofreram as consequências da onda de calor que afectou a região no passado mês de Julho: “O principal problema são as temperaturas extremas. Temos dificuldade em que as plantas se adaptem às mudanças de temperatura”.
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