Comemorando-se hoje o dia mundial da rádio, recordo o meio de
comunicação que mais me seduziu ao longo dos tempos.
Pertenço à primeira geração de portugueses que conheceram a televisão,
mas a rádio foi sempre uma presença mais assíduo nos dias da infância e da
juventude.
Foi através da rádio que segui os primeiros acontecimentos nacionais e
internacionais, desportivos, culturais e musicais, de que me lembro.
Já aqui escrevi que foi ao ouvir rádio que soube do assalto ao comboio
correio na Inglaterra, um dos mais rocambolescos assaltos de sempre, no verão
de 1963, ou da morte de Edith Piaf, em Setembro desse anos, e do assassinato de
Kennedy, em Novembro.
Foram as primeiras notícias do mundo de que me lembro.
Apesar de ter televisão em casa desde muito novo, esta só iniciava a
sua emissão no início da noite, e assim era através da companhia de um rádio
aceso na sala que íamos brincando, fazendo os trabalhos de casa e conversando
em família.
Lembro-me dos noticiários da Emissora Nacional ou dos Parodiantes de
Lisboa no Rádio Clube Português que nos acompanhavam à hora do almoço em família,
base de muitas conversas e comentários sobre o mundo e a vida.
Foi ainda através da rádio que todos seguimos avidamente as notícias do
25 de Abril.
O rádio portátil a pilhas veio revolucionar o meio, permitindo
transportar a musica e os acontecimentos do mundo para toda a parte.
Depois de Abril acompanhei as emissões do Rádio Clube Português em FM,
que foi onde muitos da minha geração tiveram contacto com a história do rock e
do pop, descobrindo as musicas que passaram pelas nossas vidas.
Tive o privilégio de ter conhecido por dentro os míticos estúdios do
antigo Rádio Clube Português, pois um projecto meu foi seleccionado para uma hora
de programação num programa do José Nuno Martins, isto no inicio da década de
80, tendo conhecido na ocasião outro mítico nome da rádio, o João David Nunes.
Pouco tempo depois envolvi-me nos projectos de lançamento das rádios
locais, andando de antena na mão, com microfone e gira-discos, com um grupo de
amigos, de casa em casa, a fazer as primeiras emissões de rádio pirata, actividade
formalizada depois em projectos como a Rádio Extremadura e a Rádio Oeste, ao
longo de mais de dez anos, acompanhando ainda, por afinidade pessoal, o
projecto da TSF, tendo conhecido os primeiros estúdios e alguns dos históricos
dessa rádio.
Ainda hoje prefiro a companhia da rádio à televisão.
Actualmente não começo o dia sem ouvir as notícias na Antena 1, aquele
que é actualmente o meu projecto de rádio preferido.
Apesar de todas as ameaças, nem o vídeo, nem os novos meios de
comunicação conseguiram “matar” o prazer de ouvir rádio.
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