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quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

O Respigo da Semana - Adelino Gomes escreve sobre o Haiti.




"A FATALIDADE DO LUGAR ONDE
"Outra vez. Tanta vez. Agora soube-o pela Sky. Em plena actividade nocturna de zapping. E lá veio a torrente de imagens dolorosas que sempre me assaltam quando leio, ouço, vejo nos títulos noticiosos referências à primeira terra do mundo em que escravos negros conquistaram a independência.

"Quando por lá andei ao serviço do PÚBLICO, no Verão de 1994, a tragédia era a continuação da ditadura dos Duvalier e seus tonton macoutes por interposto general Cédras. Espancamentos, prisões, assassinatos (camponeses, vendedores de rua, habitantes dos bairros pobres, jornalistas menos conformados) marcavam o quotidiano de Port-au-Prince, de Gonaïves. Testemunhei, numa manhã de meados de Setembro, esse momento inolvidável que foi a aterragem dos primeiros marines norte-americanos no aeroporto de Port au Prince. Em plena década da esperança, o poderoso vizinho do Norte voltava, 79 anos depois, mas desta vez numa "suave invasão" abençoada pela ONU, pela Ti Leglise (comunidades católicas crioulas, hostis aos compromissos da hierarquia com a ditadura) e pelo poderoso movimento popular Lavalas.

"A festa durou pouco, pá. Estragada - veja-se lá - também pelo próprio herói de ontem, Jean-Bertrand Aristide, cujo regresso comovente do exílio, após a renúncia de Cédras e a ilegalização dos grupos paramilitares, prometia o recomeço e a definitiva caminhada para a "nova Jerusalém".

"Penso nas ruas, nas casas, na bela praça do Champ de Mars, no Montana, onde me cruzei com as vedetas da informação internacional do tempo, no tradutor (Antoine, seria o nome?), nos missionários, padres e freiras, que me contavam, em encontros clandestinos, o que ninguém podia dizer em público. Mas penso acima de tudo, perante estas notícias de que pode haver mais de 100 mil mortos, nos meus entrevistados daquela incursão pelos bairros (mais pobres não há-de haver, no país mais pobre das Américas) da Cité Soleil, de Belair, La Saline, em cujas lixeiras não se passava um dia que os paramilitares não deixassem o corpo de alguém torturado até à morte.

"Os descendentes de Toussaint L"Ouverture e de Dessalines continuavam, 200 anos depois, a penosa luta pelo pão, a saúde, a habitação, a educação. A geologia veio recordar-lhes, uma vez mais, a "fatalidade do lugar onde", para repetir a expressão de Saramago (1972, Diário de Lisboa) sobre o peso injusto do factor geográfico na vida dos homens e na história dos países".

ADELINO GOMES
Jornalista, actual provedor do Ouvinte da RDP.

in Público – 14 de Janeiro de 2010.

Imagens para não esquecer o Haiti


Em momentos destes revela-se toda a nossa pequenez.

Ficámos preocupados com um abanão pequenino e uns ventos mais fortes e, do outro lado do Atlântico, num país fustigado por verdadeiros furacões, caio-lhe em cima, como se não lhe chegasse a pobreza e o terror político, um dos mais violentos sismos de sempre.
Em momentos destes a palavra solidariedade é pequena para tanto sofrimento.
O que podemos nós fazer?
Pela minha parte depositei algum dinheiro numa conta da Cruz Vermelha Portuguesa e registei um conjunto de fotografias, disponíveis em sites de vários jornais e agências, para que essa tragédia não seja esquecida e para que, quem neste mundo pode fazer alguma coisa, o faça com urgência e sem rodeios.
Seleccionei as fotografias “menos” terríveis, para não entrar na histeria “pornográfica” e sensacionalistas de alguns abutres da imprensa, sempre à procura da imagem mais chocante.
Aqui fica a minha selecção, com um grande abraço de solidariedade para com o povo desse pequeno e martirizado país.