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sexta-feira, 30 de maio de 2014

A Primeira Guerra em Banda Desenhada

A  da revista francesa de arte, "BeauxArts" dedica uma edição "fora de série" à forma coma a Banda Desenhada tem tratado o tema da Primeira Grande Guerra, da qual se comemora  agora o primeiro centenário.

Que uma revista de arte, como o prestígio daquela, dedique um número especial à Banda Desenhada é bem revelador do reconhecimento que, lá por fora, é dado à Banda Desenhada como um dos mais criativos géneros artísticos contemporâneos.

Sem preconceitos, em editorial, essa revista assume que a força visual e narrativa da 9ª arte é uma das formas artísticas mais eficaz para tratar uma tal "ópera de morte e de fogo" como o foi a Primeira Guerra.

Consideram ainda os responsáveis por aquela revista que a BD é "mais lirica que o cinema", capaz de reproduzir os ambientes dramáticos daquela guerra.

Um dos principais autores homenageados e citados é Tardi, que dedicou grande parte da sua obra a retratar este conflito, sendo da reprodução da sua obra que se faz a capa desta revista.

A revista percorre a história dos autores que retrataram o acontecimento, com a inclusão de histórias integrais dalguns deles, desde os históricos "les Pieds nickelés" até à obra do norte-americano Joe Sacco, que dá aqui uma rara entrevista, sem esquecer o luso-descendente Cyril Pedrosa, um dos mais destacados e inovadores autores da BD contemporânea.

O prisma da Primeira Guerra vista pela banda desenhada é um forma original e criativa de recordar o centenário desse acontecimento.

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Rolling Stones em Portugal: recorde aqui os cinco concertos [fotogaleria] - BLITZ

Hoje é dia de Rolling Stones, ou, como diz o genial título da notícia do Público ; "Hoje não é dia de Rock in Rio Lisboa, hoje é dia de Rolling Stones".

Em 1990 eles estiveram em Portugal pela primeira vez e actuaram no antigo Estádio de Alvalade.

Foi essa a única vez que os vi ao vivo e já então eram uma lenda.

Os videos que reproduzimos em baixo são todos dessa digressão, embora em concertos fora de Lisboa.

A recordação das suas passagens por Lisboa pode ser vista no site do Blitz que pode ser consultado em baixo.

Em 1990 a musica e a lenda ainda actuavam juntos.

Penso que hoje vai actuar mais a lenda do que a musica.

Mas a sua passagem por qualquer lado é sempre um acontecimento.

Eles já não trazem nada de novo à musica popular, mas a sua história confunde-se com a história do rock.

A minha admiração pelos Stones é evidente, até pelo título deste blog, que adoptei, ainda em 1979 quando comecei a escrever uma crónicas, com esse título, no suadoso jornal "Área", mas hoje já não me cativam ao ponto de me levarem ao concerto do Rock in Rio. 

Quem os viu em 1990 já não iria achar muita piada em revê-los hoje.

Mas quem nunca os viu, não deve perder esta oportunidade de estra junto da lenda.

Rolling Stones em Portugal: recorde aqui os cinco concertos [fotogaleria] - BLITZ (clicar para ver)

O SOM DO DIA - 745 - The Rolling Stones - (I Can't Get No) Satisfaction - Live 1990

O SOM DO DIA - 744 - The Rolling Stones Live in Barcelona 1990 . (full concert)

O SOM DO DIA - 743 - The Rolling Stones - Start Me Up - Live 1990

O SOM DO DIA - 742 - The Rolling Stones - Tumbling Dice - Live 1990

O SOM DO DIA - 741 - The Rolling Stones - Street Fighting Man - Live 1990

Começa hoje a 84ª Feira do Livro de Lisboa

Tem hoje início mais uma edição da Feira do Livro de Lisboa.

Nem que seja pelo passeio e pelo desfrute de um dos lugares com melhor vista sobre Lisboa, vale a pena visitá-la todos os anos:

84ª Feira do Livro de Lisboa (clicar para ver programação)

Hoje é Dia da Espiga

Hoje a tradições vão-se perdendo, mas lembro-me sempre, em miúdo,de percorrer os campos à volta,que então entravam pela vila a dentro, para recolher a papoila, o malmequer, a folha de oliveira, a espiga de trigo e a folha de videira (não era hábito apanhar o alecrim, talvez poque fosse raro por qui).

Era sempre uma emoção de cheiros e sons, estranhos para muitos de nós, miúdos da "cidade".

O texto que reproduzimos em baixo foi "respigado" do site da Câmara da Alenquer, um dos concelhos à volta de Torres Vedras, onde este dia é feriado municipal (os outros são Arruda dos Vinhos, Mafra e Sobral de Monte Agraço):



“ A Quinta-feira da Ascensão ocorre quarenta dias depois da Páscoa. Popularmente chamada de Quinta-feira da Espiga, é tida como “o dia mais santo do ano”. Em terras de Alenquer, era tradicional colher-se um ramo de espigas de trigo (sempre em número ímpar), um pequeno tronco de oliveira, papoilas, margaridas e varas de videira. Este ramo era depois colocado atrás da porta de casa, para que nela houvesse pão, azeite, dinheiro e alegria durante todo o ano.

 “(…) Dizia-se nas aldeias do sopé da Serra do Montejunto que “na quinta-feira de espiga há uma hora em que os pássaros não vão aos ninhos, as águas dos ribeiros não correm, o leite não coalha e o pão não leveda”. Em Atouguia “o leite não se vende, todo ele é dado”. Noutras localidades “não se faz pão em quinta-feira de espiga” e noutras tantas coze-se nesse dia pão “para guardar o ano inteiro”.

 “Concelhos cujo feriado municipal é a Quinta-feira da Ascensão: Alcanena, Almeirim, Alter do Chão, Alvito, Anadia, Ansião, Arraiolos, Arruda dos Vinhos, Azambuja, Beja, Benavente, Cartaxo, Chamusca, Estremoz, Golegã, Loulé, Mafra, Marinha Grande, Mealhada, Melgaço, Monchique, Mortágua, Oliveira do Bairro, Salvaterra de Magos, Santa Comba Dão, Sobra De Monte Agraço, Torres Novas, Vidigueira, Vila Franca de Xira”.


(Fonte: Página on-line da Câmara Municipal de Alenquer)

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Afinal quem ganhou as eleições? ...ou quando "Judas" entra na política...ou será Shakespeare?


Parece que a nossa classe política rapidamente se esqueceu do significado das eleições de domingo e, ajudada por uma comunicação social sedenta de “sangue”, voltou para o seu mundinho de intriguinhas rasteiras, longe da “populaça”.

Só assim se percebe o silêncio do Presidente da República, as afirmações demenciais do primeiro-ministro e a euforia do líder do PS.

Em democracia ganha quem…fica à frente, nem que seja por um voto…e quem ganhou foi o PS….venceu….mas não convenceu.

Parece que Coelho ficou contente com o resultado, apenas porque a fraca prestação do partido vencedor disfarçou  a abada da coligação governamental.

Se o PS, o partido de facto vencedor, apenas convenceu pouco mais de 10%  eleitorado, o PSD nem essa percentagem conseguiu convencer .

Essa abada seria mais visível se abstenção fosse menos.

Assim, até às legislativas, o PSD pode viver na ilusão de que até teve um resultado positivo, mesmo que mais de 90 dos eleitores se tivesse recusado a votar nos candidatos do governo…

Claro que, mais uma vez, a abstenção faz o jogo dos partidos responsáveis pela crise, pois permite que se obtenha uma vitória com pouco mais de 10  % dos eleitores e que o governo fique “perto” do principal partido da oposição, dando-lhe argumentos para continuar com a sua política de austeridade…afinal as pessoas “não estão assim tão descontentes” com as medidas do governo.
A indiferença geral em relação à democracia vai dando argumentos aos que defendem mais austeridade e mais autoritarismo e  desrespeito pela Constituição.

Pessoalmente não conheço outro modo de, em democracia, alterar a situação a não ser votando.
As pessoas estão descontentes como os políticos? Então mexam-se e actuem, nos sindicatos, dentro dos partidos, assinando petições, manifestando-se e…votando.

E não se podem queixar de falta de alternativas. Da esquerda radical, à extrema-direita, nestas eleições houve gosto para tudo, até para os meros partidos de protesto ou de causas. E há ainda a possibilidade do voto em branco.

Mas, voltando à questão inicial, assim que se conheceram os resultados, sendo notório que o PS não se conseguiu deslocar suficientemente da aliança governamental, a comunicação social, principalmente a televisiva que, aliás, prestou um mau serviço no próprio dia, ao substituir o jornalismo independente e o comentário de especialistas pelo debate esmagadoramente dominado por comentadores-militantes  dos partidos do “arco do poder”, sem o mínimo de respeito por uma opinião plural e independente, lançou-se na caça “às bruxas”, ou seja, na caça a António José Seguro…

Não deixa de ser curioso que António José Seguro, desde que lidera o partido, venceu todas as eleições a que concorreu, mesmo que não tenha sido de uma forma esmagadora. A razão para não obter vitórias esmagadoras deve-se, por um lado, à grande influência da propaganda governamental-austeritária junto da comunicação social (lei-se..televisão!), por outro à lembrança do que foi o governo de José Sócrates.

Contudo, Seguro foi, dentro do PS, dos poucos que, de forma inequívoca e coerente, enfrentou José Sócrates, ao contrário de António Costa, que andou sempre na corda bamba do “Nim” em relação a Sócrates.

Alguém comentava num fórum radiofónico que, se Costa age desta forma traiçoeira em relação a um amigo, Seguro, o que é que ele fará em relação aos cidadãos que pretende governar.
De facto na política não existem amigos nem lealdade. Esta forma de actuar é de facto um mau começo para a caminhada de Costa par o poder.

Claro que as intensões de Costa não apanham de surpresa que segue os seus comentário na televisão, sempre numa posição cautelosa e esguia, não se comprometendo com a defesa de posições firmes de condenação das medidas governamentais .

Além disso é bom não esquecer que, desde há muito, Costa é o homem de confiança, dentro do PS, da “máfia” do Clube Bilderberg (que aliás se vai reunir semi-secretamente no próximo dia 1 de Junho). Recorde-se já agora que o homem de confiança no PSD do grupo secreto que decide a política mundial é Rui Rio…

E já agora, alguém conhece as ideias de Costa para mudar a situação do país? Como é que vai enfrentar a Europa austeritária? Como pretende combater o desemprego jovem e de longa duração? Que propostas tem para baixar os impostos? Como vai combater o aumento da desigualdade? como vai respeitar os direitos laborais e a Constituição? Que ideias tem para combater a política de salários baixos? Como pretende combater a influência do poder financeiro?...

Costa pode garantir o poder, de forma mais rápida que Seguro, mas …o que interessa para o comum dos cidadãos o poder pelo poder?... só se for  os “boys” do PS.

Ao contrário de Seguro, Costa é um bom demagogo, com uma boa presença televisiva, bem aparentado, mas resta saber se não passa de mais um produto publicitário impingido pela televisão.

É bom recordar que, aqui há uns anos, um responsável por uma televisão se gabava de conseguir, através desse órgão de comunicação, “vender” políticos como vendia sabonetes.

Já tivemos a experiência de dois políticos “vendidos” pela imagem televisiva que vendiam: Santana Lopes e José Sócrates….arriscamo-nos agora a que nos venda mais um…

O que está em causa não são as pessoas. São as politicas. Enquanto as pessoas não se capacitarem disto o país continua entregue aos “pipis” do costume que só velam pelos seus interesses pessoais e pelo dos “amigos”  e a democracia aproxima-se perigosamente do seu colapso….

Quem se deve estar a rir com isto tudo devem ser Paulo Portas, Passos Coelho, Cavaco Silva e Durão Barroso…

terça-feira, 27 de maio de 2014

"Eurocépticos" somos todos…ou quase todos


As palavras “eurocéptico” e “anti-europeu” têm sido o rótulo mais utilizado para comentar o resultado das últimas eleições para o parlamento europeu.

Nessa designação misturam-se os conformistas que não foram votar (onde cabem, no mesmo saco, os mortos que não foram retirados dos cadernos eleitorais, os que emigraram e não alteraram o seu recenseamento, os anarquistas, os doentes graves que não se puderam deslocar à mesa de voto,  os indigentes de todo o género que nem sabem que há eleições, o chamado lúmpen proletariado, os que estão sempre contra tudo e contra todos, os que se acham tão acima de tudo e que só votariam num partido que os tivesse como líder, alguns nazis e fascistas que não se revêem no modelo democrático, acompanhados nessa intensão por alguns stalinistas puros, os indiferentes e conformistas de todo o tipo, e claro, muitos intelectuais que, à custa de complicarem tanto o seu pensamento, não sabem em quem votar, e ainda alguns ingénuos que passam a vida à procura do partido puro e ideal que represente a sua pureza e ainda muitos antigos salazaristas que, por uma questão de princípio, nunca votaram depois do 25 de Abril…), os que, ao fim de 40 anos de democracia, ainda não sabem usar um voto e vão parar ao monte dos votos nulos  dos que resolvem descarregar toda a sua raiva e frustração inutilizando o seu próprio direito de escolha e os que, num acto de consciência cívica, não abdicam do seu direito de voto, um direito que em Portugal custou a vida e o conforto de muita gente para que ele fosse obtido e, não se identificando com o actual sistema partidário, mesmo assim se dão ao trabalho de se deslocar à sua secção de voto e votam em branco, o único dos três casos que merecia resultar em consequência política (por exemplo, retirando lugares eleitos…).

Nesta designação os nosso comentadores e jornalistas também metem no mesmo saco os votantes nos partidos fascistas e neo-nazis que, pura e simplesmente, defendem o fim da União Europeia e o regresso a ditaduras antidemocráticas e nacionalistas, os partidos populista, das mais variadas matrizes, que se dividem entre os que defendem o fim da União Europeia,  os que “apenas” defendem o fim do “euro”, os que defendem simplesmente um novo caminho, mais próximo dos cidadãos, para a União Europeia, os partidos à esquerda que defendem a renegociação da dívida, subdividindo-se ainda, entre eles, entre os que estão contra a União Europeia, os que defendem a saída do euro,  os que defendem uma nova política em defesa dos cidadãos europeus e/ou os que defendem pura e simplesmente a manutenção do  Estado Social Europeu.

Ou seja, para muitos comentadores e jornalistas, eurocépticos e “antieuropeus” são todos os que defendem ideias diferentes daquelas que são defendidas pelos chamados partidos do arco do poder, isto é, os “liberais” do sr. Juncker ou os “socialistas” do sr. Schulz, que, no essencial, estão de acordo, ou seja, defendem as políticas de austeridade, com pequenas nuances , a “reforma” do Estado Social, a vontade dos “mercados” e a liderança alemã.

Se consideram que ser Europeu é apenas defender o que essas duas famílias políticas do “arco da austeridade” defendem, e reduzir as hipóteses de sobrevivência do projecto de União Europeia ao pensamento único neoliberal, então eu, e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”, e podem colocar todos no mesmo saco.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é considerar que o Estado Social não deve ser limitado, para agradar aos “mercados” e fazer as vontades ao dumping social praticado pelos países emergente, procurando “adaptar” esse mesmo Estado Social ao “modelo social chinês”, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu é questionar a forma antidemocrática das grandes decisões, tomadas nas costas dos cidadãos pelo Conselho Europeu, pela Comissão Europeia, pelo Eurogrupo, pelo BCE e pelo FMI da srª Lagarde, escolhendo para os cargos de presidente do Conselho Europeu e da Comissão Europeia e para outros cargos burocratas gente que não foi sujeita ao sufrágio dos cidadãos europeus, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é considerar que a União Europeia tem de tomar um novo rumo, alterando os errados modelos de austeridade impostos pelas troikas, combatendo as crescentes desigualdades no seu seio, o escandaloso número de desempregados, nomeadamente entre os mais jovens, e a pobreza crescente, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é defender que, para que o euro possa sobreviver como moeda única, é necessário corrigir os erros do seu nascimento através de uma aproximação dos preços, dos salários, das pensões, dos juros e no sistema fiscal (não se pode admitir que se exija um deficit igual, não ultrapassando os 3%, a todos os países do euro, e depois existam disparidades de preços, juros, pensões, salários e de impostos que ultrapassem em muito aquele valor…), então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Se ser antieuropeu e eurocéptico é defender o fim  de paraísos fiscais no seio da própria União Europeia,  defender a penalização de  um sistema financeiro corrupto , combater  a fuga aos impostos de grandes empresas e criticar uma política de baixos salários e de redução de direitos laborais, então eu e todos os atrás citados, somos “antieuropeus e eurocépticos”.

Seria bom que os senhores comentadores soubessem distinguir o trigo do joio, aqueles que querem mesmo destruir a Europa e o seu projecto, daqueles que querem “apenas” um rumo diferente para o projecto europeu, alguns apenas a reposição do seu ideário fundador, combatendo o actual sistema antidemocrático de decisão, que afasta os cidadãos do projecto europeu.

Se esses comentadores ou, mais grave ainda, os burocratas da União Europeia e os partidos do “arco do poder” não distinguirem as diferenças e o significado político destas eleições, vão ser eles, e não os “eurocépticos” e “antieuropeus”, os principais responsáveis pela falência do projecto europeu.

Infelizmente as primeira declarações de Durão Barroso, de Lagarde e de Draghi após estas eleições vão no sentido de continuarem a não perceber (ou fingirem que não percebem) que, como muito gostam de dizer, “o mundo [a Europa] mudou” no dia 25 de Maio.


segunda-feira, 26 de maio de 2014

Em Portugal e na Europa eles foram os verdadeiros derrotados:


 Em Portugal os chamados partidos do arco do poder sofreram uma estrondosa derrota.

A Aliança PSD/CDS foi derrotado de facto, perdendo quase 400 mil votos em relação às últimas eleições europeias.

Eles eram o rosto nacional das políticas “austeritárias” impostas pela troika (Comissão Europeia, BCE e FMI), responsáveis pela perda generalizada de direitos, rendimento e emprego.

Mas o PS, que venceu estas eleições, também não pode fazer o foguetório que fez com o resultado, já que não se descolou significativamente da aliança direitista.

A brutal abstenção e grande subida de votos nulos e brancos, embora sejam um forma pouco responsável e consequente de manifestar descontentamento em democracia, revelam contudo o grande descontentamento e o desprezo pelo projecto europeu por parte da grande maioria dos portugueses.

Ou seja, estas eleições, apontadas por alguns como a grande sondagem nacional e a primeira volta das legislativas que se seguem, revelaram-se uma falsa partida, deixando em aberto a possibilidade da maiorias de direita recuperar a iniciativa e bater o maior partido da oposição.

As pessoas perceberem que o PS tem responsabilidades no actual estado de coisas e por isso, apesar da gravosa e humilhante situação em que vive a maior parte dos portugueses, não deram um sinal claro de que querem o PS como alternativa, pelo menos sem que este se revela uma verdadeira alternativa às malfeitorias impostas ao país pela Comissão Europeia.

Por isso, o principal alvo do descontentamento revelado pelos portugueses,  não dando um cheque em branco ao PS, penalizando fortemente a Aliança PSD/CDS, desconfiando do piscar de olhos do PS ao Bloco de Esquerda, distribuindo os seus votos pelos partidos do protesto (MPT) ou da critica radical ao projecto europeu (CDU), ou virando as costas à Europa pela abstenção, voto em branco ou voto nulo, foi a "malta" da troika, Lagarde, Draghi, Barroso, Rhen, Constâncio , Gaspar….

Nesse protesto, os portugueses não ficaram isolados.

O crescimento dos partidos que se manifestam contra o poder da burocracia de Bruxelas,  explorando muitos a irracionalidade dessa revolta, como se comprova pelo crescimento da extrema-direita, que vence na Inglaterra, na França, na Hungria, na Dinamarca, na Bélgica e, com resultados significativos na Grécia, na Holanda e noutros estados, bem como o crescimento do populismo sem ideologia na Itália, ou da esquerda radical na Grécia, ou a derrota dos partidos do “arco do poder” em Espanha, onde o PSOE e o PP juntos obtiveram menos de 40%  dos votos, mostra quem foram os verdadeiros derrotados.

Devemos juntar a tudo isto o facto significativo de o partido liderado pelo tenebroso comissário finlandês Olli Rehn ter sido fortemente penalizado nestas eleições, obtendo um míseros 19%.

Não é desejável que o projecto europeu falhe. Mas quem levou a Europa para este beco sem saída foram as políticas que desprezaram os cidadãos europeus ao longo dos últimos anos, através de decisões não democráticas tomadas por organismos sem controle democrático como a Comissão Europeia, o BCE ou o Eurogrupo.

Pelos primeiros comentários que essa gente tem feito nas últimas horas aqui em Lisboa, é de temer o pior, pois parece que ainda não perceberam que foram eles os primeiros responsáveis por esta situação.

Se estivéssemos perante gente com o mínimo de vergonha e decência, estavam todo a demitir-se dos seus cargos pagos a peso de ouro.


Se eles não perceberam, é tempo de os cidadãos europeus lhes dizerem que, com estes resultados eleitorais. perderam toda a legitimidade para se manterem nos seus cargos e para nos imporem a sua política anti-social

sábado, 24 de maio de 2014

sexta-feira, 23 de maio de 2014

Eleições Europeias - uma decisão com muitas dúvidas:


O presidente da União Europeia, Herman von Rompeuy, tem “o carisma de um trapo velho” e a “aparência de um bancário”, “sem qualquer legitimidade para o cargo”.

Catherine Ashton é “uma inútil” que foi nomeada para o cargo de “ministra dos estrangeiros” da União Europeia “porque o marido é um dos principais financiadores do Partido Trabalhista”.

Bruxelas é governada “pelas piores pessoas que a Europa viu desde 1945”.

Quem não subscreveria por baixo estas afirmações?

O problema é que quem as proferiu foi Nigel Farange, líder da extrema-direita britânica e um dos previsíveis grandes vencedores das eleições europeias.

O problema da expansão do populismo da extrema-direita europeia é exactamente este.

Dizem a verdade, com ara respeitável, despidos das suas fardas negras, escondendo as suas verdadeiras intensões, aproveitando-se da desorientação da esquerda europeia, da traição social-democrata aos cidadãos e trabalhadores da Europa e da retórica neoliberal e neoconservadora da direita europeia que legitima o discurso dessa extrema-direita.

Um dos resultados possíveis nas próximas eleições europeias é o avanço eleitoral da extrema direita e do populismo, um pouco por todo o lado.

Ao esvaziar o parlamento europeu, único órgão democrático europeu, do seu poder, ao permitir que as grandes decisões sejam tomadas nas costas dos cidadãos europeus pela burocracia da União Europeia, com a Alemanha de Merkel a liderar, e ao se submeteram aos ditames do poder financeiro, retirando direitos sociais e reduzindo o bem-estar dos seus cidadãos, os partidos que dominam a Europa abrem caminho para a demagogia de extrema-direita.

A grande incógnita vai ser, assim, saber até onde vai o crescimento da extrema-direita e até onde vão ser penalizados os governos da “austeridade”.

Por cá esta é a grande sondagem onde se vai medir se o conformismo  da abstenção terá mais peso que a penalização dos partidos do “arco da dívida” com um aumento de votação à esquerda.

Pessoalmente estive inicialmente inclinado para me abster pela primeira vez, já que o Parlamento Europeu não passa de um mero verbo de encher, como expliquei AQUI .

Mas neste momento, e sendo provável que a abstenção não venha a chegar aos 65%, tornando-se assim irrelevante para fazer soar as campainhas de alarme dos burocratas europeus,  seria muito grave que os partidos do governo saíssem vencedores ou fossem derrotados por pouco.

O PS não me merece grande confiança, já que foi responsáveis pelo descalabro financeiro do país, com José Sócrates, de quem não de demarcou, e abriu as portas a muitas das medidas anti-sociais deste governo.

É por isso importante que os partidos à esquerda do PS ganhem fôlego nestas eleições, nomeadamente a CDU, o BE ou o Livre.

Seria também interessante que algum pequeno partido, como o PAN ou o Partido da Terra, conseguissem eleger um deputado.

Tudo, menos uma vitória da aliança PSD/CDS ou uma vitória expressiva do PS.

As Eleições Para o Parlamento Europeu - "Reflectir" com Cartoon´s:
























Filme sobre Sebastião Salgado exibido em Cannes


Julio Ribeiro Salgado, filho do fotógrafo Sebastião Salgado, juntamente com o cineasta alemão Wim Wenders apresentaram em Cannes um documentário, intitulado "O SAL DA TERRA", onde o fotojornalista brasileiro fala das experiências humanas das suas reportagens:  

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Quino, criador de Mafalda, recebe o "Premio Príncipe de Asturias de Comunicación y Humanidades" de 2014


A banda desenhada rompe cada vez mais as barreiras do preconceito cultural e artístico e, graças ao talento de grandes autores como o argentino Quino, revela todo o seu valor, mais uma vez reconhecido com este prémio atribuído ao pai da Mafalda.

Pessoalmente esta foi uma série que me acompanhou desde a juventude, bem como a carreira posterior ao abandono daquela série  por Quino, agora comocartoonista multifacetado.

Tive o privilégio de me cruzar uma vez, na feira do livro de Lisboa, como o próprio Quino, com quem troquei breves palavras e que me brindou como um desenho da Mafalda autografado por si.

Quino, creador de Mafalda, Premio Príncipe de Asturias de Comunicación y Humanidades 2014(clicar para ler).


Eduardo Gageiro : MEMÓRIAS DE MIM MESMO

Passou no passado Domingo na RTP 2 um excelente documentário sobre Eduardo Gageiro. Para quem não teve oportunidade de o ver, basta clicar em baixo para ver toda a reportagem.

Parabéns à RTP 2 e a Eduardo Gageiro e a António Victorino de Almeida, que realiza esta série documental.

MEMÓRIAS DE MIM MESMO (clicar para ver a reportagem sobre Eduardo Gageiro)

quarta-feira, 21 de maio de 2014

ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU - A GRANDE ALDRABICE : Merkel já decidiu a próxima Comissão Europeia, antes das eleições.


Prevendo uma enorme abstenção ou um voto em partidos euro cépticos, nomeadamente de extrema-direita ou populistas,  ou, à esquerda, nos críticos das opções "austeritárias" da UE e do BCE, os partidos do chamado arco do poder andam a tentar cativar os eleitores com a história de que, desta vez, os cidadãos europeus, ao elegerem os deputados para o PE, estão também a eleger o próximo Presidente da Comissão Europeia, apresentando os seus candidatos a esse cargo, o sr. Schultz e o sr. Juncker.

Ora a srª Merkel veio agora dizer quem é que manda e já escolheu o próximo Comissário Europeu, nada mais nada menos que a sua amiga, a srº Lagarde( a sua escolha é antiga, mas foi ontem confirmada por uma fonte do jornal on-line Euroactiv, dedicado aos assuntos europeus).

A srª Lagarde tem sido uma preciosa aliada, à frente do FMI, da austeridade imposta aos cidadãos europeus para salvar os desmandos do sector financeiro, que é quem realmente manda na Europa e na srª Merkel.

Ficamos assim esclarecidos sobre essa grande aldrabice que é a de votar para um Parlamento que, mais uma vez,em  nada vai mandar, pois quem vai continuara a mandar na Europa é um conjunto de altos burocratas escolhidos pela líder germânica e pelos bancos que a "financiam".

O único orgáo da UE com alguma legitimidade democrática vai continuar assim a ser um mero "verbo de encher".

terça-feira, 20 de maio de 2014

Observador : uma novidade com velhas idéias

Desde ontem que está on-line o projecto jornalistico OBSERVADOR.

Dirigido por José Manuel Fernandes, editado por David Dinis, gerido por António Carrapatoso (o rosto do "compromisso Portugal"), com um leque de colaboradores e comentadores escolhido a dedo ( Manuel Braga da Cruz, Manuel Vilaverde Cabral, Helena Matos, Rui Ramos, Fátima Bonifácio), vê-se que estamos perante um projecto da direita neo-liberal que, embora bem posicionada no conjunto de comentadores habituais da comunicação social portuguesa, encontram aqui o seu espaço próprio de divulgação.

De novo, tem a forma como se apresenta, o primeiro orgão de comunicação social nascido exclusivamente on-line e de acesso gratuito.

As idéias...essas são velhas de...dois século.

Apesar das divergências ideológicas, acreditamos na qualidade do seu jornalismo feito por uma equipa jovem, e pensamos que tem um espaço a preencher na comunicação social portuguesa.

Desejamos uma longa vida a esse novo projecto.



Tributo a Jack Brabham (1926 - 2014) - 1 -

Morreu ontem uma das ultimas grandes lendas da Fórmula 1, o australiano Jack Brabham.

Foi três vezes campeão do mundo (1959, 1960 e 1966), tendo prolongado o seu nome para lá do momento em que abandonou a Fórmula 1, já que foi o responsável pela construção de um monolugar com o seu nome, que correu até 1990.

Jack Brabham pertence a um tempo lendário da Fórmula 1, onde as corridas eram uma grande aventura e era necessária uma grande resistência física, onde a destreza do homem se sobrepunha ao poder da máquina.

Jack Brabham era um piloto, antigo mecânico de aviões , que não desdenhava sujar as mãos junto dos mecânicos dos seus carros, ajudando-os no seu trabalho.

No site oficial de Jack Brabham,  AQUI, podem consultar outras curiosidades e documentos sobre a sua vida.

Tributo a Jack Brabham (1926 - 2014) : F1 - 1959 Sebring GP - Highlights - 2

A prova norte-americana de Sebring, na Califórnia, ajudou a criar a lenda de Jack Brabham.

Era a última prova da temporada de Fórmula 1 de 1959 e tudo se decidiria nesse dia em relação ao título mundial. disputado por Stirling Moss e  Brabham.

Na última volta, quando comandava a prova, o seu Cooper ficou sem gasolina e Brabham teve de empurrar o carro até à linha da meta, terminando assim no 4º lugar, posição que lhe garantia a sua primeira consagração como campeão do mundo:






Tributo a Jack Brabham (1926 - 2014) The Repco-Brabham Story (ICMR) - 3 -

Tributo a Jack Brabham (1926 - 2014) - 4 -

Tributo a Jack Brabham (1926 - 2014) - 5 -

segunda-feira, 19 de maio de 2014

Sete cães envenenados em Torres Vedras - uma reportagem da SIC:

A APA de Torres Vedras é uma associação que se dedica a uma causa justa e honrada que é a protecção dos mais desprotegidos de entre todos os desprotegidos, os animais, que deviam ser estimados pela companhia, pela fidelidade  e pela  amizade de que nos dão provas todos os dias.

A APA é mantida diariamente, com muito esforço, por gente dedicada, e não funciona como uma simples canil ou um mero armazém de animais abandonados. 

Pelo contrário, tem como prática principal resgatar cães e gatos em perigo extremo de sobrevivência, maltratados e abandonados, proporcionando-lhes um espaço limpo e bem cuidado, distribuindo carinho e cuidados a esses animais, como posso comprovar pelo facto de ter comigo uma cadela, a Romã, que fui buscar àquela associação, e que todos os dias dá provas (pela sua descontracção e amizade, sem sinais de  traumas) do bom  tratamento  que lhe foi dado pelos responsáveis e voluntários da APA que a resgataram, ainda recém-nascida, a ela e a uma irmã, a Avelã, de uma situação dramática de sobrevivência.

Por isso, o que se passou há uns dias com alguns cães guardados por essa associação merece o mais veemente repudio. 

Alguém, sem o mínimo de escrúpulos, aproveitando-se cobardemente da calada da noite, cortou as vedações do espaço dos podengos, o que fica na zona mais extrema do espaço da associação, e a menos vigiada, roubou 10 cães e envenenou quase outros tantos, matando três cães, deixando outros em perigo de vida.

Os podengos, apesar de serem uma espécie tipicamente portuguesa, animais inteligentes, destemido, dedicados e independentes, são dos mais desprezados, por preconceito e ignorância.

Não se sabe qual vai ser o destino dos animais raptados, dos quais apenas um apareceu até agora, mas teme-se o pior, até pelo nível de violência demonstrada pelos raptores.

As bestas que assim agiram contra esta associação merecem ser punidas com toda a severidade pois incorreram em vários crimes, desde a invasão e destruição de propriedade privada até ao crime contra os animais, tudo previsto na lei.

Será também importante que os rostos e os nomes dos criminosos sejam de todos conhecidos, para se evitar assim que tal gente se possa alguma vez cruzar no caminho dos cidadãos honestos deste concelho.

Enquanto se espera o esclarecimento cabal desse crime hediondo e que se faça justiça, é importante que se dê toda a publicidade a este acontecimento, como o fez a SIC na reportagem que abaixo reproduzimos.

Para os responsáveis pela APA e para com os seus dedicados voluntários enviamos o desejo solidário para que não esmoreçam na sua louvável missão. 

Sete cães envenenados em Torres Vedras (clicar para ver reportagem)

Entretanto está a decorrer uma petição para levar à justiça os criminosos:

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O SOM DO DIA - 740 - Life Without Buildings - The Leanover


Os Life Without Building foram uma banda escocesa, formada por estudantes da escola de artes de Glasgow, dentro do chamado pós-punk.

Surgiram em 1999 e para além de alguns singles, apenas gravaram um álbum em estúdio, Any Another City, editado em 2001.

Em 2007 surgiu um segundo álbum gravado ao vivo, Live at the Annandale Hotel.

A banda foi inicialmente formada por Will Bradley (bateria), Chris Evans (baixo) e Robert Johnston (guitarra) juntando-se a eles a original vocalista Sue Tompkins .

Recentemente viram ruinidos esses seus trabalhos numa reedição intitulada A New Town What´s Your Rupture.

Por vezes não é preciso ser-se famoso nem editar uma imensidão de temas para se ser original e genial, como é o caso do grupo que hoje divulgamos.


O SOM DO DIA - 739 - life without buildings - new town (lyrics)



O SOM DO DIA - 738 - Life Without Buildings - Juno - Any Other City - Lyrics

Os verdadeiros Privilegiados - o que ganham os homens da Troika e os seus mandantes (Barroso, Constâncio e Gaspar) com o empobrecimento dos portugueses

Mais uma excelente reportagem da jornalista Sandra Felgueiras, da RTP, sobre os homens da troika, os seus mandantes e os privilégios de que beneficiam com a "crise financeira".

Por detrás das Troika estão os homens da Comissão Europeia (Barroso, Rhen e outros), do BCE (Victor Constâncio...) e do FMI (..como a sua "nova aquisição" Victor Gaspar).

Todos eles passam a vida a defender as decisões da troika em Portugal, contra os "privilégios" dos pensionistas e dos funcionários públicos, em favor do empobrecimento dos portugueses, da redução dos salários de quem trabalha, da perda de direitos sociais, da redução do "Estado Social" e do brutal aumento de impostos sobre os cidadãos.

O que pouca gente conhece é que tais figurões gozam de privilégios, em ajudas de custo, em salários e em benefícios fiscais, que ultrapassam em muito o admissivel.

O caso mais caricato é o de Victor Gaspar que, depois de ter feito o trabalho de casa da troika, beneficiou da nomeação para um cargo no FMI que o isenta do pagamento de impostos, tudo depois de ter anunciado um "brutal" aumento de impostos para os portugueses.

É caso para dizer que, cada vez mais, na União Europeia, todos os cidadãos são iguais, mas alguns são mais iguais que outros...