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quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

#MeToo...ou talvez não!

Sei que me vou meter num terreno movediço e me arrisco a sofrer as consequências.

Mas a forma com está a ser tratada a questão do assédio sexual pelo movimento #MeToo  parece-me estar a ultrapassar todos os limites do bom senso.

Confundir um reles piropo com o verdadeiro assédio sexual parece-me ser um mau contributo para combater a violência contra as mulheres.

Não distinguir a chantagem profissional usada no assédio sexual com um qualquer arrebatamento machista momentâneo sem outra consequências que não seja a de envergonhar o próprio, parece-me ser um mau contributo para a causa feminista.

Foi para voltar a por o debate nos carris que Catherine Deneuve e outras mulheres francesas ligadas ao mundo das artes, da literatura e do espectáculo vieram assinar um manifesto contra o fundamentalismo que se vive neste momento no debate sobre essa questão.

A resposta javarda de trinta "feministas" (???) francesas àquele manifesto em nada contribui para o debate e só vieram dar razão às primeiras.

(leia-se a propósito aqui o que sobre o assunto se escreve no jornal espanhol Publico , no francês  Liberation ou no português Publico ).

A violência doméstica, maioritariamente contra as mulheres ou a violação estão devidamente criminalizadas. É preciso apoiar a coragem de quem as denuncia e, até certo ponto, o movimento #MeToo deu um importante contributo.

A chantagem sexual exercida sobre mulheres no local de trabalho, chantageando-as com o desemprego ou na progressão da carreira, muito comum no mundo do cinema, das artes e do jornalismo, sendo mais difícil de provar, deve ser igualmente denunciada e criminalizada e foi por aqui que parece ter começado o movimento #MeToo.

Infelizmente rapidamente se passou do bom senso para o fundamentalismo puritano, onde tudo se confunde e onde quem grita mais alto é quem ganha a razão.

O movimento #MeToo  teve o mérito de por a questão na agenda, mas a opinião de Catherine Deneuve e das suas colegas subscritoras é importante para repor a discussão em termos éticos.


quarta-feira, 8 de março de 2017

Hoje, Dia Internacional da Mulher, o feminismo [ainda] continua actual


Estamos em 2017 e chegamos à conclusão, hoje dia 8 de Março, dia Internacional da Mulher, que o feminismo ainda faz sentido.

Olhando para os números divulgados frequentemente pela comunicação social, ser homem e mulher ainda faz a diferença quando se trata de progredir numa carreira profissional, de desigualdade salarial para o mesmo emprego, ou mesmo de desenvolver tarefas domésticas.

Claro que a situação actual evoluiu muitos nas últimas décadas.

Em  Portugal, antes de 1968, só as mulheres que fossem chefes de família (viúvas) e tivessem estudos médios ou superiores é que tinham direito a voto. Não que fizesse grande sentido no seio de uma ditadura onde se realizavam “eleições” manipuladas, mas mostrava bem a situação de inferioridade em que viviam as mulheres.
 
Outras situações eram bem piores. Homens e Mulheres tinham direitos diferentes face à lei, em prejuízo da mulher. São muitos os exemplos, desde o facto de só poderem sair do país com autorização do marido, até às condições vexatórias a que estavam sujeitas as mulheres que fossem professoras para se poderem casar.
 
Quanto aos valores sexistas e machistas que vigoravam nas relações socias, se até há bem pouco tempo não eram apanágio apenas de ditaduras como a portuguesa, mas até amplamente disseminadas em regimes democráticos, elas eram muito mais duras numa ditadura conservadora como a portuguesa.

Hoje em dia o sexismo e o machismo existem, mas de forma mais dissimulada, como se comprova pelos dados relativos a violência no meio da família ou, por exemplo, na forma subtil desempenhado pela mulher na publicidade.

Mais grave ainda é olhar para aquilo que se passa em certas regiões do mundo, dominadas pelo fundamentalismo religioso, uma realidade em expansão, com a ajuda de opções erradas do ocidente “civilizado” (veja-se o que se passa na Arábia Saudita, no Iraque pós- Saddan, na Líbia “libertada”, ou nas regiões “rebeldes” da Síria!!!).

Hoje, mais do que nunca, o feminismo, apesar da caricatura que alguns lhe pretendem colar e dos excessos que pouco o dignificam, a luta das mulheres pela igualdade ainda por conquistar plenamente, continua a ser um luta justa e necessária.
Cartazes anti-feministas do inicio do século XX








 

O sexismo e o machismo espreitam em cada esquina e para o recordar seleccionamos, em baixo, um conjunto de cartazes publicitários que nos fazem recordar o modo como a mulher era vista ainda não há muitos anos, e, embora cada vez mais raros na publicidade, por razões de mero cálculo, para não prejudicar o negócios, as mesmas ideias e valore que essa publicidade transmitiam ainda continuam presentes e enraizadas na cabeça de muita gente.






















 

terça-feira, 14 de julho de 2015

Laura Ferreira : A Coragem não tem cor Política

"Discuta-se Passos no plano político: na minha opinião, é responsável pela degradação do país. Insinuar que utiliza a sua tragédia pessoal é injusto, miserável e revelador de uma falta de inteligência e de compaixão assinaláveis".(Ana Sá Lopes in "i").

Embora conhecendo os factos, não me tinha apercebido da "polémica" que se se tinha gerado à volta da aparição pública de Laura Ferreira, esposa de Passos Coelho, assumindo o resultado da doença que era já era do conhecimento público.

Concorde-se ou não, é muito comum presidentes da república e primeiros-ministros comparecerem, em actos privados ou públicos, ao lado das respectivas esposas ou companheiras.

Por mim, desde que essas aparições não tenham custos para o erário público, nada tenho a obstar enquanto cidadão e contribuinte.

Tivesse Laura Ferreira aparecido sem sinais de doença, e ninguém se referiria ao facto.

Para mim, ao assumir a doença, uma figura pública revela, pelo contrário, uma atitude solidária para com muitas mulheres que sofrem a alteração violenta da feminilidade em resultado da doença.

Por tudo isso parece-me um autêntico disparate muitas das reacções que fiquei agora a conhecer por parte de muita gente que se diz de "esquerda".

Como toda a gente que lê o meu blogue sabe, detesto a política de Passos Coelho , acho o homem uma autêntica nulidade, penso que ele é um dos grandes responsáveis pela destruição dos equilíbrio social do país e um irresponsável, mas isso não me leva a misturar as coisas.

Também não me parece que o aparecimento público de Laura Ferreira nessas circunstâncias possa ser confundida com qualquer acção de propaganda política, pois os portugueses não são estúpidos ao ponto de confundirem as malfeitorias políticas de Passos Coelho com a atitude socialmente corajosa da sua esposa.

Por isso, daqui saúdo a atitude corajosa de Laura Ferreira.