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quarta-feira, 27 de novembro de 2019

A Vergonha da pobreza em Portugal( e na União Europeia).



Segundo os últimos números, mais de 17% dos portugueses vivem no limiar da pobreza, isto é, mais de 2 milhões!!!

Os números da pobreza em Portugal continuam a ser assustadores, para não dizer…vergonhosos!

Mais vergonhosos por esses números se referirem a um país da União Europeia e da zona euro.

Também vergonhosos, pelo facto de já se terem passado quase 45 anos após a implantação da democracia,  mais de 30 após a adesão à União Europeia e mais de 10 desde a implantação do euro, sem que número se reduza significativamente.

Ainda vergonhosos, quando esses números da pobreza coexistem no país da Expo98, do Euro 2004, onde os negócios do futebol envolvem milhões ou onde o Estado não se coíbe em salvar banqueiros com os milhões dos contribuintes.

Finalmente vergonhosos porque uma grande parte dos pobres portugueses trabalham, advindo a sua pobreza dos baixos salários que se pagam em Portugal.

Não deixa de ser igualmente significativo o título de quase todas a imprensa, tentando desvalorizar a gravidade da situação, dando realce à redução conjuntural daquela percentagem; “Risco de pobreza em Portugal é o mais baixo de sempre” (Diário de Notícias, título idêntico ao do Expresso e ao da Rádio Renascença), “Taxade pobreza e exclusão Baixou e Portugal alcançou a média da União Europeia” (Público, em vez de destacar a escandalosa média de União Europeia!!??)!!!

Claro que existe maior sensibilidade para o problema quando temos governos mais à esquerda, e nessas conjunturas aqueles índices conhecem alguma redução, mas essa é uma situação conjuntural. É fácil melhor esses números por comparação com os negros anos do "ir além da Troika" de Passos Coelho, mas não chega para combater eficazmente esse grave problema social.

É estranho que a divulgação desses números não provoque a mesma indignação, junto de comentadores, economistas, políticos  e burocratas de Bruxelas, que provoca qualquer aumento, ao nível da décima ou da centésima, do deficit!!!

Basta, aliás, ver a reacção que provocou, entre toda essa gente, o aumento miserável do já de si miserável ordenado mínimo que se paga em Portugal, comparando agora com a sua reacção à divulgação desses números .

E esses números estão muito aquém da realidade. “Apenas” são considerados pobres os que têm um rendimento inferior a 510 euros, quando se sabe que ninguém vive condignamente em Portugal com menos de mil euros, e mesmo assim com dificuldades para pagar as contas.

Aqueles números também não têm em conta a actual situação a nível do arrendamento, situação que agrava as condições de sobrevivência de quem vive com baixos rendimentos.

Mesmo para quem vive com menos de mil euros, a situação é diferente se tiver de pagar uma renda de 400 ou 500 euros, ou se vive em casa própria, se tem um problema grave de saúde, ou vive com saúde, se necessita ou não de transporte público para a sua vida ou se têm ou não familiares a seu encargo.

Se todos estes parâmetros fossem tomados em conta, aqueles números seriam bem mais elevados, no mínimo…para o dobro!

A Caridade pode ser uma panaceia conjuntural, que até pode servir para "limpar consciências, mas só medidas estruturais e consequentes, impostas pelo Estado, podem atenuar o problema



Sem se combater a precariedade no emprego, sem se aumentar pensões e salários, sem se aprofundar o Estado Social, nomeadamente a nível da saúde e da educação, sem uma intervenção forte na selvajaria do mercado de habitação, sem melhor o sistema de transportes públicos, nunca se vai conseguir reduzir a pobreza para níveis mínimos "aceitáveis" (abaixo de 5%).

quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Para acabar de vez com a situação de sem-abrigo



O Presidente da República voltou a alertar mais uma vez para a necessidade de resolver o vergonhoso problema da existência de tanta gente a viver nas ruas.

O que o Presidente não explicou foi que políticas defende para o fazer. Provavelmente não é ele que o tem de fazer.

A situação dos sem-abrigo em Portugal é um problema cujas causas e origens há muito que estão estudadas (ver AQUI e AQUI dois importantes estudos disponíveis, embora tenham sido elaborados há  mais de 10 anos).

Num estudo realizado pelo Instituto de Segurança Social feito em 2010, defendia-se o perfil do sem-abrigo como “homem” em idade activa, solteiro, com baixo nível escolar, vivendo do rendimento social de inserção.

A origem da degradante situação dessas pessoas residia no desemprego, na pobreza, em situações pessoais (alcoolismo,  pior que o consumo de droga, doenças mentais, conflitos familiares, principalmente a violência doméstica) e a dificuldade de acesso a instituições de saúde.

Esse conjunto de causas impedia os sem-abrigo de financiar um alojamento permanente.

Uma grande parte dessas pessoas, quase metade, vivem no distrito de Lisboa, e, destes, a maioria no concelho de Lisboa.

No principio deste ano a Câmara de Lisboa calculava que existiam cerca de 3 mil sem abrigo, dos quais cerca de 400 no concelho da capital.

Recentemente saiu a noticia que entre 2015 e 2017 o número de sem-abrigo no concelho de Lisboa teria sido reduzido em 50%. Recorde-se que, nos anos da Troika, chegaram a ser contabilizados mais de mil sem-abrigo no concelho de Lisboa.

Outro dado curioso é que os vários estudos revelam que 80% dessas pessoas são portugueses, desmentindo uma ideia feita que atribui à emigração a origem dessa situação.

Claro que o conceito de “sem-abrigo” não inclui outras situações degradantes, que se têm vindo a agravar desde os tempos da Troika ( ou do “ir além da Troika”) e desde a famigerada “lei Cristas” para a habitação.

São essas situações, que muitas vezes disfarçam a gravidade da real situação dos sem-abrigo, os “sem-casa”, isto é, aqueles que recorrem às casas abrigo ou a instituições, os que vivem em “habitações precárias”, ocupando espaços ilegalmente, abandonados em casa de amigos ou familiares, devido às dificuldades financeiras de manterem uma casa, os, a situação maioritária e nunca incluída nos números dos “sem-abrigo”, que vivem em “habitações inadequadas”, casas sem aquecimento, pequenas, velhas  e degradadas.

Se o Presidente quer ser consequente, assim como a ministra que o acompanhou na visita desta semana aos sem abrigo, só têm que agir no sentido de combater o desemprego e o emprego precário, reduzir a pobreza através da valorização salarial e das pensões, melhorar as ajudas socias e o acesso à saúde, em especial à mental, tomar medidas descomplexadas em relação ao consumo de drogas e ao combate ao alcoolismo, e, no topo de tudo, já que é um problema de direito à habitação, consagrado na Constiuição, que está na origem dos sem-abrigo, tomar medidas corajosas nesta área, como, por exemplo tabelar por lei as rendas de casa até ao T2 e combater a actual situação de total descontrole no sector da habitação.

Os estudos estão mais que feitos e as causas  detectadas .

Só é preciso ter coragem para avançar com medidas concretas…a não ser que se fique pela eterna caridadezinha, que remedeia no imediato, mas  adia a resolução dos problemas, embora limpe a consciência de muita gente!!

quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A Pobreza que produz (cada vez mais) Ricos



“Este crescimento [da União Europeia] não produz riqueza, mas ricos”.

A afirmação é de Sérgio Aires, presidente, desde 2012, da Rede Europeia Anti pobreza numa entrevista ao jornal “Público” (AQUI).

Tendo exercido o cargo voluntariamente, vai agora deixá-lo, revelando nessa entrevista uma enorme desilusão com a forma como a questão da pobreza tem sido encarada pelos burocratas de Bruxelas:

“A pobreza é um problema global.

“As causas da pobreza em Portugal, por exemplo, moram em muitos sítios (…).Mas nenhum Estado-membro [da União Europeia] consegue fazer isso [combater a pobreza] sozinho, sem tomar medidas que vão contra acordos europeus. O pilar [Pilar Europeu dos Direitos Socias, apresentado pela Comissão Europeia [!!!] e subscrito por todos os Estados [!!!!]] pede reforço dos direitos sociais para contrabalançar o desequilíbrio que a economia produziu.

“(…) Se [um país como Portugal, ou outro] diz que vai aumentar o salário mínimo, leva logo um puxão de orelhas. Imagine-se que resolve fazer coisas como reduzir o horário de trabalho ou promover programas específicos de combate à pobreza infantil… É uma grande ironia que se peça, no âmbito do pilar, investimento social aos países e se continue a insistir que o mais importante é cumprir as regras do pacto de estabilidade…”.

Sérgio Aires não pode ser acusado de ser um eurocéptico, até porque considera que, fora do quadro comunitário, o combate à pobreza ainda era mais complicado e a situação muito pior, mas avisa que “a pobreza e a desigualdade” na União Europeia “vão fazer explodir os paióis”.

Refere-se, concretamente, à forma como a extrema-direita populista tenta (e aqui é minha a interpretação) misturar o problema da emigração e dos refugiados com a pobreza dos cidadãos europeus e aproveitar-se da própria ambiguidade dos líderes europeus, que legitimaram o discurso da extrema-direita com a forma como impuseram uma austeridade que apenas aumentou a pobreza dos cidadãos para salvar os mais ricos, ao mesmo tempo que tentaram destruir direitos socias, substituindo-os por uma prática meramente caritativa.

Os “paióis” podem explodir já nas próximas eleições para o Parlamento Europeu, prevendo-se que a extrema direita populista se torne maioritária, o que seria um desastre para o verdadeiro combate à pobreza e para o futuro da União Europeia.

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Troika, pobreza e... eurostat...

É mais um estudo oriundo da Europa, desta vez da Eurostat.
E mais uma vez se comprova a falência do modelo "austeritário" imposto pela União Europeia aos cidadãos do continente, em especial aos portugueses.
Para além disso, viviam em risco de exclusão social 26, 6% dos portugueses, isto é, quase 1/3 da população.
O estranho disto tudo não são os dados revelados, que confirmam muitos outros estudos, mas a origem desse estudo vir de uma instituição que está integrada na "troika", a mesma que impôs o modelo de austeridade que agravou aqueles criminosos dados socias!!!
É caso para perguntar se os burocratas do politburo de Bruxelas lêem esses estudos, quando impõem o seu modelo aos países em dificuldades e quando chantageiam os governos (como o português, o grego, o espanhol, o irlandês e o italiano, ente outros) que procuram tomar medidas para combater as desigualdade e a pobreza!!!???
Se esses estudos não são lidos e aqueles burocratas da troika não agem em conformidade, das duas uma, ou são incompetentes, ou estão de má fé ou andam a gastar impunemente o dinheiro dos contribuintes europeus em estudo inúteis...por mim, é um pouco de tudo isto!!!

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

OLHA A NOVIDADE !!!!??? : Inquérito da OCDE encontra portugueses de bolsos vazios

Desculpem lá a ignorância, mas a OCDE não é aquela organização que passa a vida a dizer que  os salários e as pensões dos portugueses devem ser cortados?
 
E não é essa a mesma organização que acha um escândalo os miseráveis aumentos dos já de si miserável salário mínimo em Portugal?
 
Então, porquê tanta admiração?
 
Ou será que fazem estudos desses apenas para servir nos rolos de papel higiénico das casas de banho dos burocratas que produzem estes estudos e executam medidas que agravam a situação?

domingo, 19 de julho de 2015

Finalmente uma boa notícia do Parlamento Português : Sem-abrigo tomam a palavra na Assembleia da República

Temos vindo a assistir nos últimos tempos, quer na Europa quer em Portugal a acontecimento que em nada contribuem para dignificar as classes políticas europeias e desgastam e descredibilizam a democracia.

O Parlamento português tem sido palco ao longo destes últimos anos de demasiados episódios que só têm contribuído para desacreditar essa instituição, muito por culpa da má qualidade e oportunismo da maioria dos seus deputados, designadamente os dos "centrão" e pelos muitos casos de corrupção ética que têm vindo a lume.

Por isso é de realçar uma notícia que contribui para dignificar esse mesmo parlamento e que nos faz ter ainda alguma esperança no funcionamento dessa instituição que, sendo a casa da democracia, devia dar mais bons exemplos como o que é referido na reportagem de Maria João Lopes ontem editada no jornal Público, e que pode ser lido clicando no seu título em baixo.

Há contudo uma situação a manchar a boa notícia, o facto de a maioria dos partidos políticos com assento no parlamento não se terem feito representar, apesar de terem sido convidados.

A iniciativa foi realizada pelos grupo parlamentar do Bloco de Esquerda e contou com a presença de uma deputada eleita pela CDU, a líder da bancada dos Verdes Catarina Martins.

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Mais um exemplo do "êxito" das medidas de austeridade: Portugal foi o país com maior aumento da taxa de risco de pobreza em 2014 .

O tão apregoado "êxito" das medidas de austeridade são mais uma vez desmascarados pela realidade.

Desta vez é a Cáritas Europeia a denunciar o resultado das medidas de austeridade aplicadas em vários países da União Europeia, por imposição do FMI, do BCE, da Comissão Europeia e do corrupto sistema financeiro que está por detrás das decisões dessas instituições.

Num relatório que vai ser hoje apresentado, aquela organização humanitária revela que Portugal foi, entre os sete países mais atingidos pela crise, o que registou o maior aumento da taxa de risco de pobreza e exclusão social

A taxa de pobreza infantil em Portugal atingiu em 24,4%, taxa que cresceu, num só ano, 2,6 pontos percentuais.

Portugal regista ainda um valor de pobreza entre assalariados de 10,7%, valor que continua a subir (ainda hoje foi anunciado que, em Portugal, uma grande parte dos licenciados recebem menos de 600 euros de vencimento...).

Apesar de grande parte das medidas de austeridade serem justificadas pelo governo e pelas instituições europeia pela necessidade de equilibra as contas do país, tais medidas não impediram, ainda de acordo com o dito relatório, que Portugal seja o segundo país, a seguir à Grécia, a representar a pior dívida pública, 128% do PIB.


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Austeridade viola Direitos Humanos: Amnistia Internacional pede avaliação das medidas de austeridade em Portugal

Se dúvidas restassem sobre o facto, já aqui denunciado várias vezes, de que a austeridade imposto pela Troika é um problema de desrespeito pelos Direitos Humanos, aí está o mais recente relatório da Amnistia Internacional sobre Portugal a recordá-lo (ler link em baixo).

Ou seja, os senhores Victor Constâncio, Durão Barroso, Oli Rhen, Angela Merkel, Wolfgang Schauble, Passos Coelho, Paulo Portas, Christianne Lagarde, Maria Luís Albuquerque, e toda uma vasta legião de pequenos, médios e grandes figurões da política e das instituições europeias têm-se comportado, em relação a portugueses, gregos, irlandeses, chipriotas, espanhóis e italianos ao nível de outra gente que por esse mundo fora desrespeita igualmente outras normas da declaração dos direitos humanos.

Ou seja, comportam-se, nas áreas que dominam, com o mesmo desprezo pela humanidade e pelos seus direitos, como se comportam as autoridades da China em relação aos manifestantes de Hong Kong, as autoridades do governo Venezuelano em relação aos oposicionistas, os terroristas do Estado Islâmico em relação às populações que dominam ou os governos fascista-terroristas da Ucrânia e da Rússia em relação ao povo do leste da Ucrânia.

A diferença é apenas de “grau”, mas qualquer daqueles figurões acima referidos, noutras circunstâncias e noutras realidades estariam, sem qualquer hesitação, a disparar sobre populações indefesas ou a prender oposicionistas, já que lhes faltam qualidades éticas na defesa dos seus cidadãos e são eticamente corrompíveis.

Aliás, vimo-los, aqueles que ainda estão no activo, em actuação de meros fanáticos e extremistas ideológicos nas últimas semanas, nas negociações com o governo grego. Afinal não foi este que se comportou como “extremista”, mas sim aquelas “respeitáveis” e engravatadas figuras desta triste história europeia das últimas décadas.

O resultado da actuação daquela gente, nos últimos anos, está bem à vista: na Grécia, ao longo de cinco anos de intervenção, fizeram a sua economia recuar 26%, o seu desemprego disparar para os 27%, 40% da sua população ser empurrada para a linha de pobreza e a sua dívida pública aproximar-se do 200% e nunca se preocuparam com a corrupção e a fuga aos impostos dos mais ricos e privilegiados desse país (sé agora falam nisso, como se este governo democraticamente eleito tivesse alguma responsabilidade nessa situação); em Portugal, em menos tempo, fizeram disparar o desemprego para quase 15%, obrigaram os jovens qualificados a emigrar em massa, tornaram este país aquele onde o trabalho mal pago e precário mais subiu na Europa, os salários e as pensões, que já eram dos mais baixos da Europa, sofreram cortes gigantescos, os impostos sobre o trabalho não param de aumentar, fizeram aumentar o risco de pobreza da população para quase 20% e a dívida continuou a aumentar para quase 150% …e dizem que “não somos a Grécia”! (por este caminho lá chegaremos…ainda estamos com dois anos de atraso em relação à Grécia..).

Por isso é importante que uma organização independente e prestigiada como a Aministia Internacional nos venha apontar que, por cá,(o país “bem comportadinho”, o modelo apresentado pelos figurões da União Europeias como “exemplar”  do “êxito”(???!!!) da austeridade), na realidade….  “o rei vai nu”!

Amnistia Internacional pede avaliação das medidas de austeridade em Portugal - Portugal - DN

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Austeridade Aumenta a Pobreza infantil em Portugal


Segundo dados ontem revelados pelo INE, os portugueses casam cada vez menos e mais tarde e têm cada vez menos filhos e também mais tarde.

Mais grave, mas causado pela mesma situação, o efeito das medidas de austeridade, o mesmo relatório revela o aumento do risco de pobreza entre as crianças portugueses, que se aproxima dos 30%.

A situação, que tinha melhorado entre 2005 e 2011, agravou-se significativamente nos últimos anos, com a austeridade aplicada aos mais vulneráveis, ao retirar o abono de família a mais 500 mil crianças e ao provocar que mais 120 mil ficassem dependentes de ajudas para escapar à fome!!! É OBRA!!!

Num relatório recentemente publicado pela Convenção dos Direitos da Criança para Portugal concluiu-se que "a austeridade conduz à negação ou violação dos Direitos da Criança".

A questão da pobreza infantil em Portugal foi recentemente alvo de uma reportagem da Euronews, que em baixo pode ser vista:


Será que esta "má imagem" de Portugal também preocupa o sr. Cavaco? 

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Salário Mínimo - um caso de indignação


Toda a chantagem feita pelo governo, com o aval da troika e de algum patronato, sobre o aumento do salário mínimo nacional de 485 euros para 500 euros é, no mínimo, abjecta e reveladora do nível ético dessa gente.

É indigno que quase 500 mil trabalhadores em Portugal recebam esse salário mínimo, um salário que resvala a escravatura e, como se sabe, coloca na pobreza milhares de assalariados.

Tenho por mim que qualquer salário inferior a 700 euros é um roubo e uma vergonha nacional.

Em Portugal, o mínimo para se viver com alguma dignidade, mesmo se com horizontes limitados, é um rendimento mensal de mil euros por pessoa adulto, numa família com um máximo de um filho …

Basta fazer as contas. Por estes lados uma empregada de limpeza, uma actividade digna e honrada, mas com pouca qualificação exigida, é paga a 6 euros por hora, o que perfaz o equivalente a um ordenado mensal de 960 euros, tendo por base um horário de trabalho semanal de 40 horas, multiplicado por 4 semanas.

Por isso, ao avançar com um mínimo aceitável de 700 euros de salário , já estou a ser muito benevolente em relação ao pagamento por hora, e partindo do principio que um ordenado certo mensal é sempre mais seguro que um pagamento à hora.


Por isso a discussão sobre um aumento do salário mínimo de 485 para 500 euros é, como o diz Nicolau Santos, na crónica que pode ser lida em baixo, uma vergonha nacional que envergonha patrões, políticos, economistas e toda a burocracia da União Europeia…  

A vergonha dos 500 euros - Expresso.pt (clicar para ler)

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

A "TROIKA" E A UNIÃO EUROPEIA ESTÃO DE "PARABÉNS" . O "AJUSTAMENTO" ESTÁ A RESULTAR!!!Un indigente de 23 años, primera persona que muere de hambre en España .

Finalmente a Comissão Europeia de Barroso e o BCE de Constâncio podem esfregar as maõs..de "contentamento".

Finalmente, com as suas políticas de "ajustamento" e austeridade conseguiram o milagre de colocar cidadãos europeus  ao nível da Etiópia ou do Bangla Desh.

Graças às suas políticas um Europeu morre à fome.

Estão de "parabéns" o sr. Barroso, o sr, Rhen, a srª Merkel, o sr. Draghi, o sr. Constâncio e tantos outros, políticos, banqueiros, comentadores...

segunda-feira, 29 de abril de 2013

WALMART, PRIMARK , MANGO e C&A , marcas “assassinas”?




Nos anos 70 o Bangladesh entrou nas páginas dos jornais pelas piores razões, a fome que dizimava as suas populações. Em 1971 George Harrisonreuniu vários músicos e organizou um grande concerto de solidariedade que alertou o mundo para a dramática situação daquele país.

Mais de 40 anos depois aquele país volta às primeiras páginas dos jornais, mais uma vez pelas piores razões, a derrocada de um edifício de vários andares, o Rana Plaza, onde trabalhavam mais de dois mil operários, a maior parte mulheres, para a indústria do vestuário, que é a base da economia daquele pobre país.

A fome extrema de há quatro décadas deu lugar à miséria extrema da mais abjecta exploração da mão-de-obra barata daquele país.

Com salários a rondar os 29 euros… POR MÊS (!!!!) , a industria têxtil desse país emprega quase 4 milhões de trabalhadores.

A maior parte trabalha em situação humanamente degradante, sem o mínimo de condições de segurança. Acidentes como o registado na passada semana, que matou cerca de 400 trabalhadores, têm sido frequentes naquele país. Ainda no mês passado morreram 170 trabalhadores no incêndio noutra fábrica do sector.

A maior parte dessas fábricas que proliferam no Bangladesh foram subcontratadas para fornecer marcas ocidentais, como a norte-americana WALMART, a irlandesa PRIMARK e a espanhola MANGO ou a C&A. Pelo menos as três primeiras estão envolvidas neste acidente, já que as fábricas instaladas no edifício que ruiu trabalhavam para fornecer a roupa barata que aquelas marcas vendem no ocidente.

O rápido crescimento do desemprego e da pobreza entre os trabalhadores europeus é uma outra consequência directa desse “comércio livre” sem regras em que transformou a globalização. Aliás, muitas da falta de condições de trabalho existente nesses países é cada vez mais defendido como modelo “concorrencial” a aplicar no ocidente, nomeadamente nos países do sul da Europa.

É bom recordar que uma das partes da Declaração Universal dos Direitos do Homem é dedicada aos direitos de quem trabalha, desrespeitados na maior parte desses países, e cada vez mais ignorados no próprio ocidente dito “civilizado”.

Ao fechar os olhos ao dumping social ( e ambiental) praticado na maior parte dos países asiáticos, ditos “emergentes” (Índia, Bangladesh, China e tantos outros), os líderes políticos da Europa e dos Estados Unidos, bem como grande parte das suas grandes empresas multinacionais,  tornam-se conivente por tragédia como esta.

É tempo de exigir mudanças na falta de regras do comércio internacional, em prejuízo, obviamente, dos lucros chorudos dessas empresas, mas em proveito da melhorias das condições de vida de quem trabalha.


Empresário espanhol entre os principais suspeitos por desastre no Bangladesh - PÚBLICO(ler aqui as últimas notícias sobre a tragédia).

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Jonet, Ulrich e Coelho: a mesma luta ou… a banalização do mal..




Passo Coelho, com o seu apelo ao empobrecimento generalizado, Jonet em defesa da caridade como alternativa à segurança social ou o convite a uma vida de sem-abrigo feita pelo banqueiro Ulrich, tudo dito em contextos e tempos diferentes, enquadra-se na mesma “luta” política, que visa a aceitação passiva da dramática situação para onde todos estamos a ser atirados.


O objectivo é banalizar o mal do desemprego e da miséria que visa, exclusivamente, aumentar o rendimento do sector financeiro, reduzir direitos sociais, embaratecer o trabalho e, no fim, limpara consciências, substituindo a segurança social pela caridadezinha.


O que essa gente ainda não percebeu é que o seu entusiasmo pela miséria alheia se pode, um dia, virar contra os próprios. Como esse dia ainda está longe, vamos continuar a ouvir banalidades como aquelas , ditas por aquelas ou outras pessoas, que só nos oferecem como alternativa o desemprego, a pobreza e a caridade.


Para eles, sonhar com uma vida melhor é um objectivo “acima das nossas possibilidades”, pois só banalizando o mal dessa forma é que eles vão poder realizar os seus sonhos de poder político, de influência social ou de “riqueza”  financeira…

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

No Dia Mundial da Irradicação da Pobreza: a Comissão Europeia e o governo criam os pobres que depois vão "ajudar"...



A notícia talvez tenha passado despercebida a muitos.

Num canto da página 13 da edição do Público do passado dia 12 de Outubro, numa  notícia de dois parágrafos, anunciava-se que Portugal vai receber 19,5 milhões de euros “em ajuda alimentar da EU”.
Essa “esmolinha” vai ser atribuída no próximo ano ao abrigo de um programa de distribuição de géneros alimentares “aos cidadãos mais necessitados”. E quem o anunciou? Nada menos que a antidemocrática Comissão Europeia, que destina 500 milhões de euros a um programa de distribuição de géneros alimentares que visa “ajudar” cerca de 18 milhões (!!!) de pobres em 19 dos Estados-membros.

Ou seja, por um lado temos uma cínica Comissão Europeia, que nunca foi eleita por um único cidadão europeu ( a não ser por uns burocratas e alguns políticos), que apoia e incentiva medidas de destruição  de postos de trabalho, de  cortes nas ajudas sociais e apela ao empobrecimento geral da população europeia, além de os saquear com cargas fiscais pesadíssimas, recolhendo e poupando assim milhares de milhões de euros destinados ao seu próprio funcionamento, à ajuda do corrupto sector financeiros e garantindo mão-de-obra barata qualificada concorrencial com a mão-de-obra africana e chinesa , e, por outro lado, uma Comissão Europeia, caritativa, que destina uma quantia irrisória do seu orçamento para “ajudar” os pobres e miseráveis que eles criaram com as suas políticas.

Uma  situação que seria irónica, se não fosse trágica, e que hoje aqui recordamos, neste que é o DIA MUNDIAL DA IRRADICAÇÃO DA POBREZA, dia em que o Jornal de Notícias anuncia que as actuais medidas de austeridade vão levar a que mais de três milhões de portugueses  caiam na pobreza nos próximos tempos e no mesmo dia em que, esse jornal e o Público, revelam  um estudo que mostra que, até 2009, se conseguiu reduzir a pobreza, graças a medidas sociais que agora vão ser destruídas por este orçamento, abençoado pela mesma Comissão Europeia que nos vais dar um “esmolinha”, e se continua a agravar a situação do país, como um dos mais desiguais na Europa.
Não nos podemos esquecer que este governo e os seus “braços armados” na comunicação social insistem na defesa do  empobrecimento do país como terapia para se “sair” da crise, com a bênção daquela mesma Comissão Europeia.

Tanto cinismo e desrespeito pelos cidadãos já cansa…