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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

As “vitoriazinhas” e as “derrotazinhas” das eleições de ontem…


Parafraseando  a frase assassina de António Costa contra António José Seguro, a propósito do resultado eleitoral do PS nas eleições europeias, onde este ganhou por  “poucochinho” no primeiro embate contra a coligação, os resultados destas eleições deram muitas “vitóriazinhas” e muitas “derrotazinhas”.

Em primeiro lugar a coligação de direita, que obteve uma “vitóriazinha” porque, apesar de tudo, cortou a “meta eleitoral” em primeiro lugar e, em eleições, ganha quem chega à frente, mesmo que por “poucochinho” .

Foi uma “vitóriazinha” porque ele foi conquistada apesar da “derrotazinha” de ter perdido mais de seiscentos mil votos e  vinte e oito deputados, face àquilo que os partidos da coligação, no seu conjunto, tinham conseguido em 2011.

Enfim foi também uma “derrotazinha” da coligação de direita que, ganhando, perdeu a maioria absoluta e terá de governar contra a maioria “absolutíssima” “anti-austeritária” do eleitorado e do parlamento ….ou uma “vitóriazinha de Pirro”…

Também a CDU obteve uma “vitóriazinha” (que a costumada cegueira irrealista da sua direcção política procurou, em patéticas afirmações na noite eleitoral, transformar em “vitoriazona”…) porque ganhou menos de quatro mil votos e mais um deputado e contribuiu, embora “poucochinho”, para que a coligação de direita perdesse a maioria absoluta, disfarçando a “derrotazinha” de ter perdido esta ocasião única para se tornar na terceira força política do parlamento, de recuperar os dois dígitos na percentagem de eleitores e de ter deixado de ser, talvez de forma irreversível,  a grande referência da esquerda à esquerda do PS.

Por sua vez o PS sofreu uma assinalável “derrotazinha”, a primeira derrota eleitoral  depois de ter vencido, mesmo que por “poucochinho” , as últimas eleições pós – socráticas, as autárquicas e as europeias, em conjunturas bem mais complicadas de vencer do que estas.

Resta-lhe a consolação de ter obtido a “vitóriazinha” de ter recuperado menos de duzentos mil votos e mais onze deputados (tantos como o Bloco de Esquerda…) e de estar nas suas mãos a viabilidade das políticas austeritárias do governo. Foi assim que, na Grécia, o PASOK  se eclipsou…Enfim…outra “vitóriazinha de “Pirro”…

Mas nem tudo foram “vitóriazinhas”  ou “derrotazinhas”.

Houve também GRANDES VITÓRIAS e GRANDES DERROTAS.

Em primeiro lugar a Grande Vitória pessoal de  Paulo Portas, que ontem não disfarçava a sua euforia,  e do seu CDS, que  vão ser os grandes beneficiados da “vitóriazinha” da coligação, que lhe  pode permitir, em ganhos eleitorais, disfarçar a provável “derrocada” do seu Partido, caso tivesse concorrido sozinho a estas eleições, mas, mais do que isto, vir a ter um grupo parlamentar que se pode tornar na terceira força política parlamentar, tonando o PSD o segundo partido, com menos deputados que o PS,  e ser, no futuro, um partido charneira que pode dar muitas dores de cabeça a Passo Coelho.

Em segundo lugar, a real e verdadeira Grande Vitória nestas eleições , a do Bloco de Esquerda, que ultrapassou os 500 mil votos,  e conquistou onze novos deputados, tornou-se o terceiro político parlamentar (até ver o que se vai passar com a organização no parlamento dos partidos da coligação), ganhou em muitos distritos onde os partidos à esquerda do PS nunca tinham conseguido representação parlamentar e canalizou o voto dos descontentes.

Ainda por cima, reduziu a cinzas os partidos que tinham surgido de cisões internas que anunciavam o eclipse de BE.

 Uma outra Grande Vitória foi a do partido Pessoas, Animais e Natureza,  trazendo, pela primeira vez  ao parlamento, neste século XXI, uma nova formação política, ainda por cima uma formação que apresenta algumas questões inovadoras, tais como, para além da bandeira de longa data de acabar com os canis de abate, a defesa da  criação de um novo índice para aferir a qualidade de vida de um país, o “índice de Felicidade Interna Bruta”,  idéia que tem vindo a ganhar peso internacionalmente, ou uma jornada de trabalho de30 horas (há muito tempo aplicado na Suécia com excelentes resultados na produtividade e riqueza daquele país) Se souber usar o novo espaço de divulgação das sua ideias inovadoras e ambientais pode vir a ser, no futuro, muito mais que um epifenómeno político.

Quanto aos Grandes Derrotados, eles foram, em primeiro lugar Marinho e Pinho e a sua postura populista e arruaceira, ou o Livre que não conseguiu mostrar que tinha propostas diferentes das do Bloco de Esquerda ou que a sua razão de ser ía muito além das simples questiúnculas pessoais e de feitio, que ao longo do tempo tanto têm contribuído para minar a esquerda.

Mas , quem saiu verdadeiramente derrotado nestas eleições,  foi a Política austeritária imposta pela União Europeia e pela Troika e diligentemente aplicada pelo actual governo. Há que não esquecer que, mesmo a coligação fez toda a campanha eleitoral à volta da tentativa (que pelos visto resultou) de se demarcar da Troika e das medidas de austeridade…

Enfim, de “vitóriazinha” em “vitóriazinha” e de “derrotazinha” em “derrotazinha”, cá iremos andando até as próximas eleições parlamentares, que, quanto a nós, não tardarão mais de dois anos.


sexta-feira, 2 de outubro de 2015

Como vou votar num cenário de derrota pré anunciada da esquerda?


O QUE EU NÃO GOSTAVA…

As últimas sondagens dão uma vitória clara à coligação de direita.

Desta vez já são sondagens com uma base significativa de inquéritos, com menos indecisos e onde a diferença entre a coligação de direita e o PS ronda mais ou menos (quase sempre mais) os 5%. 

Convém recordar que, em Portugal, a nos últimos vinte anos, as sondagens nunca se enganaram por mais ou menos 2 ou 3%.

Se os resultados forem outros, esta seria a primeira vez  em Portugal que todas a sondagens se “espalhavam” de forma clamorosa.

Claro que ainda existe uma razoável margem de indecisos, mas o que tem acontecido é que, quanto mais o número de indecisos baixa, mais aumenta a diferença entre a coligação de direita e o PS, sem que se registe um grande avanço nos partidos mais à esquerda.

É contudo bom recordar que, um pouco por toda a Europa, nos últimos, anos, as sondagens se têm enganado redondamente.

Veremos se, pela primeira vez em Portugal, tal vai acontecer.

ENCONTRAR EXPLICAÇÕES PARA O INEXPLICÁVEL

Seja qual for o resultado final, o que parece significativo é que uma grande parte da população continue a confiar numa coligação que destruiu os equilíbrios sociais em Portugal, lançando portugueses contra portugueses, fomentando a inveja social, provocando  a emigração de  500 mil portugueses, a maior parte jovens qualificados, agravando a já de si grave situação demográfica do país, empobrecendo a generalidade da população trabalhadora e pensionista de Portugal, aumentando as desigualdades sociais, reduzindo os salários para o nível da indigência, aumentando a insegurança e a precariedade dos empregos, transformando  a alta taxa de desemprego , acima dos 10% (30% entre os jovens) num fenómeno estrutural, cortando drasticamente nas funções sociais do Estado, na saúde e na educação e deixando de investir na cultura e na investigação.

Ao mesmo tempo, aumentou drasticamente o número de milionários, manteve-se elevados o salário dos gestores das grandes empresas, manteve-se os chorudos lucros das mesmas empresas e bancos, continuou-se a garantir que a maior parte destas fuja aos impostos através do esquema de off-shores “legais” em pleno espaço da União Europeia.

Mas tudo o que este governo fez foi em nome de três objectivos falhado: reduzir o deficit, reduzir a dívida e aumentar a “competitividade” (seja lá isto o que for). O deficit mantem-se ao mesmo nível, a dívida aumentou e é impagável sem mais “sacrifícios” e austeridade, e na “competitividade”, o país piorou a sua situação no ranking mundial.

No fundo, a coligação de direita destruiu os ideais dos fundadores dos seus partidos, a social-democracia de Sá Carneiro e a democracia-cristã de Freitas do Amaral.

O mesmo fenómeno que justifica a resignação ou a aceitação do miserabilismo da política governamental levou a aceitação, durante 50 anos, da “ordem” salazarista.

Em toda esta situação, a esquerda não está isenta de culpas.

Em primeiro lugar o PS:

- o processo de sucessão de Seguro para Costa foi todo um jogo de manipulação propagandística e da mais suja táctica política. O “cheiro” a poder inebriou muita gente do PS. Afinal a principal justificação para afastar Seguro era que ele não tinha “carisma” ou que “ganhava  eleições, sim mas, por pouco!”. O PS arrisca-se agora a perder numa conjuntura que lhe era favorável.

- a colagem dos “socráticos” a António Costa, que precisou deles para ganhar o PS, mas dos quais nunca se soube demarcar. A prisão de Sócrates, um caso que levanta suspeitas pelos “timings” escolhidos, “entalou” de vez António Costa. Em muitas cabeças o que passou a estar em julgamento nestas eleições foi José Sócrates e não os últimos 4 anos de (des)governo…e Costa não conseguiu dar a volta a isto!

- as hesitações da campanha de Costa, entre o discurso “sério” e “realista” do poder, e a condenação firme da austeridade. Só que para se condenar com firmeza a “austeridade” ,imposta pela troika e alegremente aplicada pela coligação de direita, era necessário questionar a presença de Portugal no euro, defender com base sustentável a renegociação da dívida, e fazer frente às antidemocráticas instituições europeias, tudo aquilo para o qual falta coragem a este PS, muito apegado ao poder e com gente comprometidas com muitas malfeitorias feitas no governo de José Sócrates.

Em segundo lugar a esquerda com assento parlamentar, CDU e BE:

- a situação na Grécia veio retirar credibilidade àquilo que estes partidos defendem, veio dificultar uma saída negociada da crise e provocou medo em muitos eleitores que preferem o sossego das suas vidinhas, mesmo que seja o sossego dos cemitérios, a ter que passar por situações idênticas àquelas pelas quais passou a Grécia ao longo deste ano. O pior que pode acontecer ao português “médio” formatado pela ideologia “cavaquista” que criou a nossa classe “média”, e é aspiração de muito “pobre”, é tirarem-lhe a possibilidade de usar o cartão de crédito, mesmo que não tenha nada para levantar! ;

- a irredutibilidade de alguns princípios políticos, que impossibilitam qualquer aproximação a um governo minoritário do PS, ou pelo menos é esta a imagem que transmitem. A esquerda continua muito presa a divergências do passado, que já nada dizem às pessoas e revela uma enorme incapacidade pragmática de entendimento. Neste ponto deviam ter aprendido alguma coisa com o Syriza;

- a imagem de divisão que acabam por provocar à esquerda, principalmente no caso do Bloco de Esquerda, que tem, nestas eleições, mais dois partidos a concorrer na mesma área e que resultaram da incapacidade de ultrapassar as meras divergências pessoais;

-na sequência do que disse em cima, a idéia de que as outras duas “alternativas” à esquerda (Livre e Agir) dão de que apenas estão a concorrer contra o BE, por meras razões de incompatibilidades pessoais, não tendo para apresentar ideias muito diferentes das do BE.

Existem também outros fenómenos que podem justificar a situação de grande incerteza que se vive e uma previsível vitória eleitoral da direita:

- a abstenção elevada, que beneficia a direita, e que, nestas eleições conta com um fenómeno que só foi referido no início da campanha, mas rapidamente esquecido, o facto de 500 mil eleitores jovens e os mais revoltados com a política de direita, terem emigrado e se depararem com um “erro” do ministério da administração interna, que se “enganou” na  produção dos boletins por correspondência, impedindo assim muitos milhares de poderem vota em Portugal;

- a influência propagandística da comunicação social, especialmente a televisiva,  onde enxameiam comentadores de direita e onde os debates são orientado no sentido de justificar a austeridade, desvalorizar as más notícias para a coligação (como o escândalo da aldrabice na elaboração estatística do valor do deficit) e potenciar os erros da esquerda e as tendências das sondagens. Não é por acaso que são designados por “fazedores de opinião”. A “ informação “que se faz em Portugal é cada vez menos informação e cada vez mãos comentário…e isso influencia as escolhas politica do cidadão comum…

O QUE EU GOSTAVA!

Claro que gostaria que estas eleições tivessem outro resultado, diferente daquele que parece adivinhar-se.

Pessoalmente gostaria que o PS ganhasse, mas não por muito, mas em condições de poder negociar acordos pontuais com qualquer partido. O melhor governo do PS, o de António Guterres, funcionou assim.

Gostaria também de ver reforçada a votação da CDU e do BE e que, pelo menos um destes partidos tivesse maior representação parlamentar que o CDS.

Gostaria que entrassem no parlamento novas forças políticas, como o Livre, que tem as pessoas mais interessantes da esquerda, e o PAN (Pessoas Animais e Natureza), que pode representar uma lufada de ar fresco no parlamento.

Gostava que a CDU, o BE e os novos partidos no parlamento tivessem maior representação parlamentar do que o PSD no seu conjunto.

Gostava…Mas!!!!

O MEU VOTO

Se votasse com “utilidade”, votava no PS!

Se votasse com “coerência” votava no BE!

Se votasse com o “coração” votava Livre ou PAN.

Mas vou votar com a cabeça e de forma friamente racional, e por isso voto…CDU!


quinta-feira, 17 de setembro de 2009

A desorientação provocada por uma "Bússola Eleitoral"...

O meu amigo Moedas Duarte enviou-me esta Bússola Eleitoral.
Com base em 28 perguntas sobre economia, cidadania e sociedade e mais duas sobre os políticos e os partidos nacionais, é possível ver quais são os partidos que estão mais próximos das nossas opções.
O inquérito foi elaborado com a garantia de seriedade do ICS (Instituto de Ciências Sociais), e tem por base os programas dos partidos para este acto eleitoral.
Devo dizer contudo que o resultado que deu no meu caso, pôs-me perplexo e até desconfiado.
Da primeira vez que respondi, um pouco pela rama confesso, pôs-me como votante do… PS!
Desconfiado pus-me a responder com mais cuidado e o resultado que deu foi… no PS (mesmo colocando o Sócrates e o PS pelas ruas da amargura nas questões directamente relacionadas com eles).
Já estava desconfiado sobre a fiabilidade desse inquérito e ensaiei mais duas vezes, sendo mais coerente nas respostas e o resultado deu-me, da primeira vez, como votante no Bloco de Esquerda e da segunda como votante na CDU.
Finalmente, reflectindo mais aprofundadamente sobre as questões e sobre os equilíbrios mais coerentes comigo, na resposta às mesmas, o resultado final deu … Bloco de Esquerda, embora muito próximo da CDU.
Já aqui disse que, pelas razões apontadas, vou votar CDU, mas esta “bússola” eleitoral pode deixar-nos ainda mais desorientados. De facto, e na realidade, ninguém está a 100% ou a 0% com as ideias de um partido. Esta é uma virtude da democracia.
Por outro lado, os resultado, em relação ao PS, mostram o engodo com que este partido pretende enganar os eleitores: - apresenta um programa bem mais à esquerda do que aquilo que foi a sua realidade governativa nestes últimos penosos 4 anos e meio de “socratismo”.
É por isso provável que, uma ligeira diferença de gradação na resposta a 3 ou 4 perguntas deste inquérito, de 28+2, seja suficiente para se andar ali a variar entre a CDU, o BE ou o PS.
O problema não é do rigor do inquérito, mas dessa aldrabice do PS que nos pretender fazer esquecer os anos de governação neoliberal e de direita de Sócrates, com um programa realmente socialista, que depois voltará para a gaveta na primeira ocasião.