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segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Breve Análise do resultado das autárquicas em Torres Vedras

(fonte: Jornal de Mafra)

Em Torres Vedras o PS repetiu a maioria absoluta no executivo camarário, mesmo tendo perdido um vereador.

A grande novidade é Torres Vedras ter eleito, pela primeira na sua história, uma mulher, Laura Rodrigues, para presidente da Câmara.

O PS manteve o mesmo número de Presidentes de Junta, 11 em 13, conquistando 1 ao PSD e perdendo outra para esse mesmo partido. Contudo, não conseguiu reconquistar ao PSD a Junta da Ponte do Rol.

Embora tenha perdido votos, a situação não foi tão grave como se previa. Perdeu 1 vereador, dois deputados municipais e 5 membro das assembleias de freguesia (de 76 para 71), estes conquistados “directamente” pela Aliança.

O “Aliança” foi, aliás, um dos vencedores da noite, ganhando 1 deputado municipal, juntando àqueles 5 eleitos para assembleias de freguesia, e ultrapassando a CDU na votação para a CM, quase elegendo o seu primeiro vereador.

Com sabor “amargo e doce” foi o resultado dos Unidos por Torres Vedras, que, concorrendo pela primeira vez, foram a segunda força mais votada para a Câmara, ultrapassando o PSD e elegendo 2 vereadores, com mais de 8 mil votos, mas não conseguindo o resultado “espectacular” que muitos preconizavam. Para a AM ficou atrás do PSD, elegendo 6 deputados municipais.

O Chega conseguiu eleger, pela primeira vez, um deputado municipal, um resultado significativo para esse partido, se tivermos em conta que concorreu pela primeira vez e não concorreu às freguesias rurais, obtendo para a AM mais de 1700 votos, mais cerca de 200 dos que obteve para a CM, ficando ainda à frente do BE.

Nas eleições para a Câmara, a coligação “Afirmar” (PSD/CDS/PPM) foi a grande derrotada, tornando-se a 3ª força política, perdendo a liderança da oposição e elegendo menos 1 vereador.

Aliás, a derrota é resultado da má escolha do candidato e uma derrota pessoal do deputado Duarte Pacheco, pois se analisarmos os resultados mais à lupa, em relação a 2017 o PSD (que também concorria coligado com o CDS) perdeu para este órgão municipal, 4 409 votos, situação que confirma comparando o resultado dessa coligação para a Câmara com o resultado para a Assembleia Municipal, obtendo mais 602 votos, mesmo assim menos 3809 votos dos que obteve há 4 anos para este órgão.

A evidência da derrota pessoal do deputado torna-se ainda mais estrondosa, se compararmos o resultado dessa coligação para a CM com o resultado obtido na totalidade das Assembleias de Freguesia, menos 3 090 votos .

Embora com uma dimensão menor, tanto o PCP e, principalmente o BE, foram dois dos derrotados da noite eleitoral.

A CDU não conseguiu reconquistar a freguesia da Carvoeira, piorando até o seu resultado nesta, perdendo um mandato na assembleia da freguesia da cidade e 1 mandato na AM, não conseguindo regressar à vereação, perdendo também algumas centenas de votos em relação a 2017. Obteve o seu melhor resultado no nº de votos para as Assembleias de Freguesia, mais 1200 votos do que para a CM.

Já o BE perdeu o seu único representante municipal, o deputado que tinha na AM, perdeu votos de forma significativa e, pior, foi ultrapassado pelo CHEGA, como força política local.

Em baixo podem ver os resultados em mandatos, comparativamente com os obtidos em 2017, assim como comparar as “previsões” pessoais que fizemos.

De realçar que, num total de 61 resultados analisados, 52 se situaram na margem de erro que defendemos, só errando em 9. Para a AM e para a CM só errámos numa previsão de um partido e, no total de 13 freguesias, só errámos nos vencedores de 2 (na última coluna, a vermelho, assinalamos os resultados que saíram da nossa “previsão”.

 

 

Total Mandatos

Mandatos em 2017

 “previsões” pessoais

Resultado Final 2021

CM

9

PS -  6

PSD/CDS - 3

 

 

 

PS – (4-6);

UTV- (2-5);

PSD/CDS/PPM – (2-3);

Aliança – (0-2);

CDU – (0-1);

BE- (0-1);

Chega (0).

PS-5

UTV-2

PSD – 2

A – 0

CDU – 0

BE – 0

CH - 0

AM

27

PS – 14

PSD – 9

CDU – 2

BE - 1

TL - 1

PS – (9-12)

UTV – (7-14);

PSD – (6-9);

Aliança - (0-4);

CDU – (1-2);

BE – (0-2);

Chega (0-1).

PS -12

UTV – 6

PSD – 6

Aliança – 1

CDU – 1

BE – 0

CH - 1

Campelos/Outeiro

9

PS – 6

PSD - 3

 

PSD – (4-7);

PS – (2-6);

CDU – (0).

PSD- 5

PS – 4

CDU - 0

Carvoeira/Carmões

9

PS – 4

CDU – 4

PSD - 1

 

CDU – (3-5);

PS- - (3-4);

PSD – (0-1).

CDU – 3

PS – 5

PSD - 1

Cunhado/Maceira

13

PS – 6

PSD – 5

CDU – 1

TL - 1

 

PS – (4-6);

PSD- (3-5);

CDU – (1-2);

Aliança –(0-2).

PS – 7

PSD- 5

CDU – 1

Aliança- 0

Dois Portos/Runa

9

PS – 5

PSD – 3

CDU - 1

 

PS – (3-5);

CDU –(1-3);

PSD – (2-3)

PS-4

CDU – 1

PSD- 4

Freira

9

PSD – 5

PS - 4

 

PS – (4-6)

PSD – (4-5)

CDU – (0)

PS – 5

PSD – 4

CDU - 0

Maxial/M Red.

9

PS – 6

PSD - 3

PS – (5-7)

PSD – (2-3)

CDU – (0-1)

PS – 6

PSD – 2

CDU - 1

Ponte do Rol

9

PSD – 4

I – 3

PS - 2

 

PS-(4-6)

PSD-(3-5)

CDU – (0).

PS – 2

PSD – 7

CDU - 0

Ramalhal

9

PS – 5

PSD – 3

CDU - 1

PS- (4-5)

PSD- (2-3)

CDU – (1-2)

Aliança – (0-1).

PS – 5

PSD - 1

CDU - 1

A - 2

S.P.Cadeira

9

PS – 7

PSD - 2

 

PS- (6-7)

PSD-(1-3)

Aliança-(0-1)

CDU – (0)

PS – 6

PSD – 2

A – 1

CDU - 0

Silveira

13

PS – 9

PSD - 4

PS- (6-8)

PSD-(4-5)

Aliança-( 0-3)

CDU – (0-1).

PS – 8

PSD-4

Aliança – 1

CDU - 0

Turcifal

9

PS – 6

PSD - 3

 

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU – (0-1)

PS – 5

PSD – 4

CDU - 0

Ventosa

9

PS – 6

PSD - 3

 

PS- (5-7)

PSD- (2-3)

CDU- (0)

PS – 6

PSD – 3

CDU - 0

CIDADE (Sta Maria, S.Pedro, Matacães)

19

PS – 10

PSD – 6

CDU – 2

TL - 1

PS- (6-10)

UTV- (3-9)

PSD- (2-5)

Aliança- (0-3)

CDU- (1-4)

BE- (0-2)

Chega – (0-1)

PS – 8

UTV – 6

PSD – 3

Aliança – 1

CDU – 1

BE – 0

CH- 0

nota : as nossas “previsões” não tiveram base científica, apenas empírica, tendo por base o “histórico”, a novidade de algumas candidaturas, a conjuntura local, o “sentir” das dinâmicas locais e alguma intuição.

 

terça-feira, 21 de setembro de 2021

Autárquicas- O Tabuleiro Torriense


Há muitos anos que não se assistia, em Torres Vedras, a umas eleições autárquicas, tão disputadas.

Logo no início marcada pela tragédia, a morte dramática do ex-presidente Carlos Bernardes, que já tinha sido apresentado como recandidato e cabeça de lista do PS a estas eleições, assistiu-se também ao aparecimento de uma candidatura “independente” bastante forte, capaz, pela primeira vez desde os tempo da liderança de Ana Maria Bastos nas listas do PSD, de se bater de igual por igual com o PS, que lidera a Câmara de Torres Vedras desde 1976.

O PS viu-se obrigado, por força da trágica circunstância do falecimento de Carlos Bernardes, a alterar a sua candidatura à Câmara, liderada, pela primeira vez, nesse partido, por uma mulher, Laura Rodrigues, a qual, devido à situação, e seja qual for o resultado final, tornou-se a primeira mulher presidente desta Câmara.

Inicialmente a situação do PS parecia muito periclitante, devido ao desgaste dos anos e do próprio Carlos Bernardes, embora tenha recuperado alguma credibilidade na forma como enfrentou a crise provocada pelo Covid.

Com a renovação forçada da sua lista, beneficiando eventualmente do efeito dramático da situação vivida, a candidatura do PS, liderada por Laura Rodrigues, parece ter recuperado a iniciativa e, agora, o máximo que os seus opositores talvez consigam, pode ser retirar a maioria absoluta a esse partido, situação um pouco mais complicada na Assembleia Municipal, devido ao peso numérico da representação dos Presidentes de Freguesia, onde se espera que o PS mantenha a maioria.

Dizemos “talvez”, porque é uma incógnita o resultado nas urnas da dinâmica crescente da candidatura independente “Unidos por Torres Vedras”, a única capaz de se bater por uma vitória eleitoral . Pode até acontecer que consiga derrotar o PS na Câmara, mas muito dificilmente baterá esse partido na Assembleia Municipal, devido às circunstâncias, acima mencionadas.

Recorde-se que, não sendo a primeira vez que temos uma candidatura independente, esta ter surgido de uma importante cisão no sei do partido dominante na autarquia, mas alargando a sua influência à esquerda (PCP) e à direita (PSD). Esta abertura, a razão da força desta candidatura, pode ser, a prazo, a sua própria fraqueza, pois, quando se tiverem de tomar posições mais estruturais e mais politicas no futuro, virão ao de cima as divergências na visão do mundo de algumas das suas principais figuras. Mas esse não é o problema do momento e, de facto, esta é, pela primeira vez, em muitos anos, uma candidatura que pode unir o voto “útil” anti-PS ou dos eleitores cansados e descontentes com um tão longo domínio de um único partido no concelho.

Não deixa também de ser significativo, mais uma característica original deste acto eleitoral, que o PSD, pela primeira vez, não conte como alternativa de peso ao PS. Além de ter dado um “tiro no pé” ao apresentar, pela primeira vez na sua história, um candidato estranho à vivência e à realidade torriense, é um dos partidos que vais sair mais desgastado no seu eleitorado pela grande quantidade de novas alternativas ao centro e à direita. A única novidade pode ser a recuperação da freguesia de Campelos, onde se candidata aquela que podia ser a figura mais forte, e a mais natural, para uma candidatura camarária

Além de perder eleitores devido à opção que tomou na escolha do seu candidato, vai perder muitos votos para o “Unidos Por Torres Vedras”, mas também para uma candidatura bastante forte da direita, embora com apoio mais abrangente, a candidatura do Aliança, liderada por Paulo Bento, um dissidente do PSD, uma das figuras mais respeitadas e mais experientes dessa área, e aquele que, nas suas intervenções públicas durante esta campanha, se tem revelado mais consistente, mais bem preparado, mais original nas suas propostas, mostrando um grande conhecimento das realidades do concelho. O resultado da Aliança pode revelar-se, assim, outra grande surpresa nestas eleições.

Um outro partido que pode retirar votos à aliança PSD-CDS é o Chega, embora apresente uma candidatura muito fraca, com pouco conhecimento da realidade torriense, procurando apenas repetir o êxito que o seu líder André Ventura obteve nas presidências, como o segundo mais votado neste concelho. Contudo, a história hoje é outra e, pensamos, o Chega vai ter um mau resultado no concelho, embora possa contribuir para o previsível decréscimo eleitoral da candidatura “Afirmar Torres Vedras” (PSD-CDS-PPM).

À esquerda, a grande novidade vem da candidatura à presidência do Bloco de Esquerda, um bem preparado Jorge Humberto, uma das candidaturas mais credíveis das que se apresentam nestas eleições e neste concelho. Uma grande vitória seria conseguir que esse partido elegesse, pela primeira vez em Torres Vedras, um vereador.

Já a CDU não apresenta grandes novidades. Apesar de ter sondado vários candidatos, que pudessem reforçar a sua influência, acabou por apostar na continuidade. Curiosamente, onde a CDU apresenta candidatos mais fortes, e onde pode ser uma surpresa, é a nível de algumas freguesias, como a possibilidade de recuperar a Carvoeira, de obter um bom resultado em Runa, no Ramalhal e em A-Dos-Cunhados.

Perante este quadro, aqui revelamos a nossa opção eleitoral: Para a Câmara votamos no candidato do BE; para a Assembleia Municipal votamos no candidato da CDU; para a Assembleia de Freguesia, ainda estamos indecisos (entre CDU, BE e a candidata do Unidos por Torres Vedras).

Como previsão, pensamos que Laura Rodrigues vais ser a primeira mulher eleita para presidente, embora sem maioria absoluta, mantendo o PS a maioria absoluta na Assembleia Municipal.

Nas freguesias, vamos assistir a algumas mudanças, a favor do PS na Freira e na Ponte do Rol, do PSD em Campelos, e da CDU na Carvoeira, sendo uma grande incógnita o que se vai passar na grande freguesia urbana, disputada entre o PS e o Unidos Por Torres Vedras.

Gostávamos que a Câmara fosse mais diversificada, com vereadores eleitos de entre  o BE, a CDU, a Aliança e Unidos por Torres Vedras.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

“Torres Vedras Amordaçada”, na opinião de Duarte Pacheco


Foi preciso assistir a um programa humorístico na SIC, para ser confrontado com o absurdo das afirmações do candidato da coligação de centro-direita à Câmara de Torres Vedras, o deputado Duarte Pacheco.

Afirmou o candidato, na sessão de apresentação realizada a semana passada em Torres Vedras, qualquer coisa como “existir” medo em Torres Vedras de falar e fazer oposição ao poder “socialista”, que governa a Câmara local há 45 anos, e “existir” perseguição aos seus autores.

Sou muito crítico da governação “socialista” e só votei 2 ou 3 vezes no PS para a Câmara e outras tantas para a junta de freguesia, em quase uma dúzia de eleições autárquicas.

Já escrevi, por aqui e na imprensa local, muitas críticas ao poder autárquico do PS e fiz oposição ao mesmo, na Assembleia Municipal, por uma meia dúzia de anos, mas nunca me senti perseguido ou impedido de manifestar as minhas críticas ao longo poder “socialista”.

Fiquei surpreendido com a escolha do PSD para a candidatura, como se não houvesse por cá gente, dessa área política, com condições para disputar as eleições locais.

Essas afirmações veem confirmar a meu espanto por essa escolha.

Considero, aliás, que este é um autêntico “tiro no pé” do PSD e do CDS locais, num ano em que até existem condições para disputar, de forma renhida, o poder “socialista”, mas, se há novidades, elas não veem da coligação de centro-direita.

Parece que, desta vez, dominou o espírito provinciano e futebolístico de apostar em figuras públicas, da “rádio e da TV”, pouco conhecedoras da realidade local e com pouca ligação ao meio.

Ao que parece, o candidato andou a estudar por cá, nos tempos da juventude , tal como aconteceu a muito boa gente da sua geração dos concelhos vizinhos, sem que dele se conheça qualquer ligação posterior à vida do concelho, a não ser uns escritos no jornal “Badaladas”, a partir do seu lugar como deputado, mera propaganda política sem qualquer conteúdo de interesse local.

Mas, o pior de tudo, foram as tais afirmações, descrevendo este concelho como uma espécie de ilha totalitária, onde domina a perseguição e o terror político.

Quando não se apresentam ideias novas, argumenta-se com o absurdo.

Ainda bem, para quem é dessa área política,  que o centro direita tem duas alternativas credíveis a essa triste candidatura vazia de ideias.

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

AUTÁRQUICAS 2017 - o que é “ganhar” ou “perder”?


É abusivo fazer uma leitura nacional das eleições autárquicas, pois cada concelho e cada freguesia é uma realidade distinta que não encaixa na lógica partidária nacional.

Nestas eleições vota-se muito mais pela “obra feita” e pelo “valor” da personalidade dos candidatos do que por convicções políticas.

Contudo, se essa leitura é arriscada e abusiva, existem tendências que é possível detectar, pois, apesar de tudo, as listas partidárias continuam a ser dominantes, envolvendo os líderes nacionais na campanha, e  é a convicção dos candidatos que, em grande parte, os leva a candidatarem-se nas listas dos partidos políticos existentes e, principalmente nos grandes centros urbanos, onde o afastamento entre eleitores e eleitos é maior,  as opções politicas dos votantes são mais evidentes e marcantes.

O aparecimento de candidaturas independentes nos  últimos actos eleitorais é um dado novo a ter em consideração, mas o peso da máquina partidária ainda é dominante e o aparecimento de listas ditas “independentes” no acto eleitoral deste ano, onde dominam figuras que iniciaram a sua carreira nos grandes partidos do sistema e com uma atitude revanchista em relação aos partidos que os abandonaram, está a contribuir para destruir a imagem de isenção e independência de tais candidaturas.

Sendo abusivo e arriscado, aqui ensaiamos uma possível leitura nacional das próximas eleições autárquicas.

Assim, se em eleições democráticas, é óbvio que ganha quem tem mais votos, o significado destas eleições não é assim tão linear.

Para o PS ganhar as autárquicas é, no mínimo, manter a liderança da Associação Nacional de Municípios e garantir a vitória em Lisboa. No máximo é ultrapassar o resultado das últimas autárquicas, onde venceu em 149 municípios, ter um bom resultado no Porto e dominar a maior parte das capitais de distrito.

Se perdesse Lisboa, baixasse significativamente o número de Câmaras, ou tivesse um mau resultado no Porto (por exemplo não evitando uma maioria absoluta de Rui Moreira), este seria um mau resultado para o PS, mesmo que fosse o partido mais votado.

Quanto ao PSD, um bom resultado será, no mínimo, ultrapassar o número de 120 câmaras eleitas  e ser a segunda força mais votada em Lisboa. No máximo seria ultrapassar o número de Câmaras do PS, voltando a liderar a Associação Nacional de Municípios e ganhar Lisboa.

Se, pelo contrário, perder muitas câmaras, não conseguir ganhar em pelo menos metade das capitais de distrito, não ultrapassar as 100 câmaras eleitas e se for a terceira força política em Lisboa, este será um mau resultado e Passos Coelho estará condenado na liderança do partido.

Os sinais dados pelas sondagens, embora estas sejam muito falíveis no universo autárquico, revelam-se pouco animadores para Passos Coelho, dada a possibilidade de o seu partido ser ultrapassado pelo CDS em Lisboa e ter uma votação muito inferior à soma das candidaturas do BE e PCP no Porto.

O CDS, pouco representado em termos autárquicos, é o partido que menos tem a perder, e, por isso, mais pode ganhar com o seu resultado nestas eleições.

A situação do CDS é também menos clara, já que concorre em muitos lugares em coligação com o PSD.

Mas, se vencesse mais do que 5 Câmaras, conseguisse que a coligação com o PSD tivesse melhores resultados do que as candidaturas onde o PSD concorre sozinho e obtivesse um bom resultado em Lisboa (por exemplo, ultrapassasse o PSD), e se Rui Moreira vencer no Porto (candidatura apoiada pelo CDS), pode dizer-se que o CDS obtém um bom resultado.

Um mau resultado é gorarem-se as expectativas em Lisboa,  Rui Moreira ser derrotado no Porto e ser arrastado para um possível descalabro do PSD nas autarquias onde concorre em coligação.

A CDU, por sua vez, pode considerar um bom resultado manter cerca de 30 Câmaras , em especial as de Setúbal , Évora,  Beja e Loures, acrescentar novas conquistas e obter um bom resultado em Lisboa e no Porto.

Um mau resultado era conquistar menos de 30 câmaras, perder duas daquelas Câmaras emblemáticas e câmaras como Peniche ou Sobral de Monte Agraço ou outras de tradição comunista.

O BE pode cantar vitória se conseguir ganhar câmaras, eleger mais de 10 vereadores em todo o país, principalmente se estes forem fundamentais para formar maiorias em Câmaras de esquerda sem maiorias absolutas e eleger vereadores em Lisboa e no Porto.

Sai derrotado se eleger menos de 10 vereadores, nenhum em Lisboa ou Porto.

Quanto aos independentes, manter o Porto e ultrapassar as 10 Câmaras eleitas é a meta mínima para a credibilidade das mesmas, a não ser que essa subida seja feita à custa das vitórias dos “Isaltinos Morais” destas autárquicas. Neste caso até pode ter bons resultados mas ficam descredibilizados  para o futuro.

Um outro facto a ter em consideração é a abstenção. Uma abstenção inferior aos 45% fortalece e credibiliza este acto eleitoral.

Um aumento da abstenção, que ultrapasse os 50% é uma má notícia.

Veremos o que se vai passar.


domingo, 29 de setembro de 2013

Para seguir a noite das eleições em directo no PÚBLICO

 Já que os canais de TV prometem para hoje uma noite de "seca" informativa, destacando apenas Lisboa e Porto, estando mais interessadas em promover os seus "realty shows", (talvez apenas a RTP 1 valha a pena) , o melhor para seguir as eleições parece-me ser este site do Público, que promete acompanhar a noite eleitoral desde a freguesia ao país: 


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

76 sondagens autárquicas no site do Grupo Marktest :

Neste site da Marktest pode seguir várias informações estatísticas sobre as eleições autárquicas, e não só.

Também é possível acompanhar as sondagens feitas nalguns dos concelhos mais emblemáticos:

76 sondagens autárquicas no site do Grupo Marktest : Notícia - Grupo Marktest (clicar para aceder)

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O que está em jogo nestas eleições autárquicas:



(mapa eleitoral das últimas autárquicas de 2009)

As eleições autárquicas têm sempre duas leituras possíveis: uma leitura local e outra nacional.
Em relação à leitura local, estas eleições apresentam três novidades:

- uma nova composição a nível da organização das freguesias, que pode baralhar muita coisa, não só em relação à realidade da composição política dessas “novas” freguesias, mas também no novo equilíbrio que se vai gerar a nível das assembleias municipais, onde o peso dos representantes dessas freguesias é quase tão significativo com o dos eleitos directamente para esse órgão autárquico;

- o renovação forçada, por força da lei, dos cabeça de lista à presidência da câmara, o que poderá trazer também mudanças significativas, já que muitas vezes, neste tipo de eleições, nomeadamente em meios mais pequenos, há muita influência do carisma pessoal dos candidatos, que se sobrepõe à importância local dos partidos políticos;

- o aparecimento, pela primeira vez em larga escala, de candidaturas independentes, muitas delas, cerca de 50%,  tendo por base dissidências dos dois grandes partidos.

Nalguns casos temos também o aparecimento, pela primeira vez, de listas de partidos mais pequenos .

Tudo isso e um certo desinteresses generalizado por parte dos eleitores, detectado por quem tem andado no terreno, e que se pode contabilizar no aumento da abstenção, tornam o resultado destas  eleições imprevisíveis, principalmente nos meios mais pequenos, onde uma duzia de votos pode fazer a diferença .

Em relação à leitura nacional, para além do previsível alto nível de abstenção, vai haver um forte voto de protesto que vai penalizar os partidos do governo, tendência que será mais notória nos grandes centros urbanos, nas capitais de distrito e nos concelhos mais povoados do litoral. E é nestes, no seu conjunto,  que a leitura pode ser feita a nível nacional.

No geral há ainda outras diferenças que podem ter uma leitura nacional que é saber quem é o partido com mais votos,  o que elege mais câmaras e aqueles que, fora do “arco do poder” vão aumentar a sua representação.

Tendo em conta tudo isto, é expectável que o PS ganhe mais câmaras e mais votos, que o PSD tenha uma derrota histórica, principalmente nos municípios maiores e que a CDU obtenha um resultado melhor que o das últimas eleições, mantendo a maior parte das câmara e recuperando câmaras importantes perdidas anteriormente.

Contudo, para o PS, embora vencendo previsivelmente no global, pode ter algumas surpresas desagradáveis, nomeadamente perdendo câmara históricas com Matosinhos, Braga e Portimão, não se sabe ainda exactamente para quem, e podendo perder Loures, Évora e Beja para a CDU.
Por sua vez, uma grande derrota para o PSD seria perder muitas câmaras que são capitais de distrito, como o Porto, por exemplo, e câmaras simbólicas, como Gaia, Covilhã, Alcobaça, Mafra, Caldas, Oeiras e Sintra.

Vai ser ainda curioso ver se a lista independente de esquerda em Coimbra consegue sair vencedora. A mesma curiosidade reside também em ver que influência é que as listas independentes vão ganhar com estas eleições.

Há ainda curiosidade em seguir os resultados de partidos com pouca representação autárquica como o Bloco de Esquerda , que defende a sua única Câmara em Salvaterra de Magos e o CDS, defendendo a sua simbólica Câmara de Ponte de Lima.

Analisando agora distrito a distrito, em Aveiro o PS está em boas condições para retirar ao PSD as Câmaras de Aveiro, Espinho, STª Maria da Feira e Oliveira do Bairro.

Em Beja é a CDU que pode tirar câmaras ao PS, como Beja, Odemira, Cuba, Mértola, Ferreira do Alentejo e Aljustrel. Mas aqui o PS pode conquistar câmaras à CDU, como Alvito, Vidigueira, Serpa e Barrancos, e Almodôvar ao PSD.

Em Braga, o PS pode perder o seu bastião na capital de distrito, mas também Barcelos, eventualmente para o PSD ou para listas independentes. Por sua vez , o PS está em condições de tirar as Câmaras de Vila Verde, Famalicão e Celorico de Basto ao PSD. Há ainda a incógnita sobre Amares, governada por uma lista de independentes e que pode perder para o PS.

No distrito de Bragança o PS pode conquistar a sede de distrito, mas também Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Carrazeda de Ansiães, ao PSD.

Em Castelo Branco o PS está em condições de retirar ao PSD as Câmaras da Covilhã, Oleiros e Sertã.

Em Coimbra há uma grande incógnita sobre a sede de distrito que vai ser perdida pelo PSD, mas não se sabe se para o PS ou para um lista independente de esquerda. Neste distrito o PS pode vencer em Câmaras controladas pelo PSD, como Miranda do Corvo, Penela, Vila Nova de Poiares e Pampilhosa da Serra.

No distrito de Évora, a capital pode ser recuperada pela CDU, que pode tirar igualmente ao PS as Câmaras de Vila Viçosa e Viana do Alentejo.  Há ainda uma grande incógnita sobre as Câmaras de Estremoz, Redondo e Alandroal, governadas por listas independentes, podendo a primeira ser conquistas pelo PS e as outras duas pela CDU.

Em Faro o PS vai perder provavelmente Portimão, mas está em condições de retirar ao PSD as Câmaras de Monchique, Silves, Lagoa, Faro, Alcoutim e Castro Marim.

Na Guarda o PS corre o risco de perder na capital de distrito, mas, em compensação pode retirar ao PSD as câmaras de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de Castelo Rodrigo, Almeida, Pinhel, Trancoso, Aguiar da Beira, Fornos de Algodres e Gouveia.

Em Leiria o PS pode ganhar ao PSD as câmaras da Nazaré, Alcobaça, Caldas da Rainha e Bombarral, mas poderá perder a Marinha Grande para a CDU.

Em Lisboa o PS pode tirar à direita Mafra, Arruda dos Vinhos, Sintra, Cascais e Oeiras, mas pode perder Loures para a CDU. 

Em Portalegre o PS vai provavelmente retirar ao PSD a capital do distrito, bem como Castelo de Vide, Arronches, e Fronteira e vai disputar com a CDU Nisa e Monforte, podendo ganhar a primeira, mas perder a segunda.

No distrito do Porto, a capital vai ser disputada entre uma lista independente e o PS, que a podem conquista ao PSD. O PS pode perder Matosinhos, mas retirar ao PSD Câmaras como Póvoa do varzim, Gaia, Valongo, Paços de Ferreira e Felgueiras, podendo ainda conquistar Gondomar, governada por uma lista independente de direita.

Em Santarém o PS pode vencer o PSD na capital do distrito, em Rio Maior, em Ferreira do Zêzere, em Mação e no Entroncamento. Pode ainda retirar Chamusca e Constância à CDU e Salvaterra de Magos ao Bloco de Esquerda. 

No distrito de Setúbal a CDU pode recuperar Sines a uma câmara independente, mas corre o risco de perder Câmaras com Almada, Seixal e Moita para o PS.

Em Viana do Castelo o PS pode tirar ao PSD as Câmaras de Valença e Caminha.

No distrito de Vila Real o PS pode ganhar câmaras governadas pelo PSD, como a própria capital de distrito, mas também Ribeira de Pena e Vila Pouca de Aguiar, talvez ainda Chaves.

Em Viseu o PS pode ganhar ao PSD na capital, em Vouzela, em Santa Comba Dão, em Carregal do Sal, em Penalva do castelo, em  Sátão, em Sernancelhe e em Penedono.

Nos Açores, o PS pode ganhar ao PSDas Câmaras de Ponta Delgada, Nordeste, São Jorge, e S. Roque do Pico.

Na Madeira, embora seja mais complicado, pode acontecer uma surpresa em Porto Moniz, São Vicente, Santa Cruz ou, mais provavelmente, em Machico, onde o PS pode retirar o pleno do PSD nessa ilha.

Nas restantes Câmaras não mencionadas, nada deve mudar, embora possam acontecer surpresas.

 Para a semana aqui voltaremos para aferir esta leitura.