(mapa eleitoral das últimas autárquicas de 2009)
As eleições autárquicas têm sempre duas leituras possíveis: uma leitura
local e outra nacional.
Em relação à leitura local, estas eleições apresentam três novidades:
- uma nova composição a nível da organização das freguesias, que pode
baralhar muita coisa, não só em relação à realidade da composição política
dessas “novas” freguesias, mas também no novo equilíbrio que se vai gerar a
nível das assembleias municipais, onde o peso dos representantes dessas
freguesias é quase tão significativo com o dos eleitos directamente para esse
órgão autárquico;
- o renovação forçada, por força da lei, dos cabeça de lista à
presidência da câmara, o que poderá trazer também mudanças significativas, já
que muitas vezes, neste tipo de eleições, nomeadamente em meios mais pequenos, há
muita influência do carisma pessoal dos candidatos, que se sobrepõe à
importância local dos partidos políticos;
- o aparecimento, pela primeira vez em larga escala, de candidaturas
independentes, muitas delas, cerca de 50%,
tendo por base dissidências dos dois grandes partidos.
Nalguns casos temos também o aparecimento, pela primeira vez, de listas
de partidos mais pequenos .
Tudo isso e um certo desinteresses generalizado por parte dos
eleitores, detectado por quem tem andado no terreno, e que se pode contabilizar
no aumento da abstenção, tornam o resultado destas eleições imprevisíveis, principalmente nos
meios mais pequenos, onde uma duzia de votos pode fazer a diferença .
Em relação à leitura nacional, para além do previsível alto nível de
abstenção, vai haver um forte voto de protesto que vai penalizar os partidos do
governo, tendência que será mais notória nos grandes centros urbanos, nas
capitais de distrito e nos concelhos mais povoados do litoral. E é nestes, no
seu conjunto, que a leitura pode ser
feita a nível nacional.
No geral há ainda outras diferenças que podem ter uma leitura nacional
que é saber quem é o partido com mais votos,
o que elege mais câmaras e aqueles que, fora do “arco do poder” vão
aumentar a sua representação.
Tendo em conta tudo isto, é expectável que o PS ganhe mais câmaras e
mais votos, que o PSD tenha uma derrota histórica, principalmente nos
municípios maiores e que a CDU obtenha um resultado melhor que o das últimas
eleições, mantendo a maior parte das câmara e recuperando câmaras importantes
perdidas anteriormente.
Contudo, para o PS, embora vencendo previsivelmente no global, pode ter
algumas surpresas desagradáveis, nomeadamente perdendo câmara históricas com
Matosinhos, Braga e Portimão, não se sabe ainda exactamente para quem, e
podendo perder Loures, Évora e Beja para a CDU.
Por sua vez, uma grande derrota para o PSD seria perder muitas câmaras
que são capitais de distrito, como o Porto, por exemplo, e câmaras simbólicas,
como Gaia, Covilhã, Alcobaça, Mafra, Caldas, Oeiras e Sintra.
Vai ser ainda curioso ver se a lista independente de esquerda em
Coimbra consegue sair vencedora. A mesma curiosidade reside também em ver que
influência é que as listas independentes vão ganhar com estas eleições.
Há ainda curiosidade em seguir os resultados de partidos com pouca
representação autárquica como o Bloco de Esquerda , que defende a sua única
Câmara em Salvaterra de Magos e o CDS, defendendo a sua simbólica Câmara de
Ponte de Lima.
Analisando agora distrito a distrito, em Aveiro o PS está em boas
condições para retirar ao PSD as Câmaras de Aveiro, Espinho, STª Maria da Feira
e Oliveira do Bairro.
Em Beja é a CDU que pode tirar câmaras ao PS, como Beja, Odemira, Cuba,
Mértola, Ferreira do Alentejo e Aljustrel. Mas aqui o PS pode conquistar
câmaras à CDU, como Alvito, Vidigueira, Serpa e Barrancos, e Almodôvar ao PSD.
Em Braga, o PS pode perder o seu bastião na capital de distrito, mas
também Barcelos, eventualmente para o PSD ou para listas independentes. Por sua
vez , o PS está em condições de tirar as Câmaras de Vila Verde, Famalicão e
Celorico de Basto ao PSD. Há ainda a incógnita sobre Amares, governada por uma
lista de independentes e que pode perder para o PS.
No distrito de Bragança o PS pode conquistar a sede de distrito, mas
também Vimioso, Macedo de Cavaleiros, Mogadouro e Carrazeda de Ansiães, ao PSD.
Em Castelo Branco o PS está em condições de retirar ao PSD as Câmaras
da Covilhã, Oleiros e Sertã.
Em Coimbra há uma grande incógnita sobre a sede de distrito que vai ser
perdida pelo PSD, mas não se sabe se para o PS ou para um lista independente de
esquerda. Neste distrito o PS pode vencer em Câmaras controladas pelo PSD, como
Miranda do Corvo, Penela, Vila Nova de Poiares e Pampilhosa da Serra.
No distrito de Évora, a capital pode ser recuperada pela CDU, que pode
tirar igualmente ao PS as Câmaras de Vila Viçosa e Viana do Alentejo. Há ainda uma grande incógnita sobre as
Câmaras de Estremoz, Redondo e Alandroal, governadas por listas independentes,
podendo a primeira ser conquistas pelo PS e as outras duas pela CDU.
Em Faro o PS vai perder provavelmente Portimão, mas está em condições
de retirar ao PSD as Câmaras de Monchique, Silves, Lagoa, Faro, Alcoutim e
Castro Marim.
Na Guarda o PS corre o risco de perder na capital de distrito, mas, em
compensação pode retirar ao PSD as câmaras de Vila Nova de Foz Côa, Figueira de
Castelo Rodrigo, Almeida, Pinhel, Trancoso, Aguiar da Beira, Fornos de Algodres
e Gouveia.
Em Leiria o PS pode ganhar ao PSD as câmaras da Nazaré, Alcobaça, Caldas
da Rainha e Bombarral, mas poderá perder a Marinha Grande para a CDU.
Em Lisboa o PS pode tirar à direita Mafra, Arruda dos Vinhos, Sintra,
Cascais e Oeiras, mas pode perder Loures para a CDU.
Em Portalegre o PS vai provavelmente retirar ao PSD a capital do distrito, bem como Castelo de Vide, Arronches, e Fronteira e vai disputar com a CDU Nisa e Monforte, podendo ganhar a primeira, mas perder a segunda.
Em Portalegre o PS vai provavelmente retirar ao PSD a capital do distrito, bem como Castelo de Vide, Arronches, e Fronteira e vai disputar com a CDU Nisa e Monforte, podendo ganhar a primeira, mas perder a segunda.
No distrito do Porto, a capital vai ser disputada entre uma lista
independente e o PS, que a podem conquista ao PSD. O PS pode perder Matosinhos,
mas retirar ao PSD Câmaras como Póvoa do varzim, Gaia, Valongo, Paços de
Ferreira e Felgueiras, podendo ainda conquistar Gondomar, governada por uma
lista independente de direita.
Em Santarém o PS pode vencer o PSD na capital do distrito, em Rio
Maior, em Ferreira do Zêzere, em Mação e no Entroncamento. Pode ainda retirar Chamusca
e Constância à CDU e Salvaterra de Magos ao Bloco de Esquerda.
No distrito de Setúbal a CDU pode recuperar Sines a uma câmara
independente, mas corre o risco de perder Câmaras com Almada, Seixal e Moita
para o PS.
Em Viana do Castelo o PS pode tirar ao PSD as Câmaras de Valença e
Caminha.
No distrito de Vila Real o PS pode ganhar câmaras governadas pelo PSD,
como a própria capital de distrito, mas também Ribeira de Pena e Vila Pouca de
Aguiar, talvez ainda Chaves.
Em Viseu o PS pode ganhar ao PSD na capital, em Vouzela, em Santa Comba
Dão, em Carregal do Sal, em Penalva do castelo, em Sátão, em Sernancelhe e em Penedono.
Nos Açores, o PS pode ganhar ao PSDas Câmaras de Ponta Delgada,
Nordeste, São Jorge, e S. Roque do Pico.
Na Madeira, embora seja mais complicado, pode acontecer uma surpresa em
Porto Moniz, São Vicente, Santa Cruz ou, mais provavelmente, em Machico, onde o
PS pode retirar o pleno do PSD nessa ilha.
Nas restantes Câmaras não mencionadas, nada deve mudar, embora possam
acontecer surpresas.
Para a semana aqui voltaremos
para aferir esta leitura.
Sem comentários:
Enviar um comentário