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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

E se as “bocas parvas” pagassem imposto?


Sempre achei as opiniões dessa senhora um bocado "parvas", mas agora bateu no fundo.

Se calhar está a propor que sejam, mais uma vez, os mesmos do costume a "pagar a crise", retomando um velho slogan da extrema-esquerda.

Esquece-se a dita senhora que são os tais "burgueses" os únicos que pagam impostos realmente proporcionais ao seu rendimento, porque, os outros, ou fogem para os paraísos fiscais ou declaram o mínimo daquilo que realmente ganham, como acontece nalguns sectores que agora andam aí muito queixosos, porque "só" vão receber ajudas da "bazuka" em proporção com aquilo que sempre declararam ao fisco e não àquilo que estavam habituados a lucrar na realidade, não declarando ou recorrendo ao trabalho precário e mal pago.

Mas é exactamente a esses “queixosos” que a dita comentadeira pretende que se  pague, com a sua proposta  do assalto à classe média, como se depreende das sua palavras , defendendo que “as receitas perdidas nos restaurantes resolvem-se com dinheiro” , o tal que ela propõe tirar aos “burgueses”, talvez por sugestão de algum “chef” amigo, um dos tais que foge aos impostos, paga miseravelmente aos seus “colaboradores” e mantem-nos em trabalho precário.

Também se queixa da falta de generosidade do governo em relação a esse sector. Mas é apenas em relação a esse sector, e tem sido apenas este governo a ser pouco generoso?

Esquece-se a dita senhora que as chamadas "classes médias", as que já pagaram os desvarios de corrupção “socrática” e o "ir além da troika" passoscoelhista, para salvar o corrupto sector financeiro, não têm conhecido outra coisa, ao longo dos últimos 20 anos,  que não seja cortes nos seus rendimentos e aumento de impostos.

Para além disso,  o rendimento médio dessa "burguesia", a que sustenta o país com o pagamento regular de impostos, é miserável, comparado com os países do euro, já para não falar na situação da maioria da população, a do trabalho precário, a do salário mínimo e a das reformas miseráveis e vergonhosas.

Tenha juízo (provavelmente ganha mais num dia a comentar nos jornais e na televisão, do que um "burguês" do teletrabalho num mês).

Não há pachorra para o tempo de antena que a comunicação social dá a tais "comentadeiros", “achistas e  “tudistas".

O CHEGA agradece tais opiniões incendiárias.

E já agora, que estamos numa de fazer títulos com ideias parvas, aqui vai uma sugestão de graça: e que tal lançar um imposto para a parvoíce?

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

O Cartoon da Semana (um cartoon que diz tudo sobre a situação na Birmânia)

 

(Fonte : Charlie Hebdo) 

Entre militares assassinos e uma deplorável laureada com o Nobel da Paz, os Rohingyas são a moeda de troca

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Reprimir o acto musical, um acto comum aos mais diversos poderes instituídos.


O que têm em comum os Sex Pistols, as Pussy Rioy e Pablo Hasél ?

Todos foram parar à cadeia por desafiarem as autoridades, tenha sido a velha monarquia inglesa, a “nova monarquia” de Putin na Rússia ou a monarquia corrupta de Espanha.

Os Sex Pistols lançaram o tema “God Save the Queen” em 1977, tornando-se um ícone do punk, tema durante anos censurado nas rádios britânicas, e que levou à proibição da actuação da banda em solo de sua majestade, apesar de ter vendido 150 mil exemplares em apenas cinco dias e batido record´s de venda.


Uma actuação ilegal da banda, num navio no meio do Tamisa, nesse mesmo ano, para “comemorar” o Jubileu de Prata da Rainha, provocou a intervenção policial e a detenção dos músicos, que passaram algum tempo  na prisão.

Mais recentemente, o todo poderoso “czar” do Kremlin, Vladimir Putin, sentindo-se ofendido por uma tema da banda punk local Pussy Riot, que o criticava, mandou prender as jovens musicas, que passaram maus momentos na prisão (chamamos a atenção para a violência das imagens).

As mesmas Riot foram notícia recente por um tema anti-Trump,o amigo de Putin, escapando por pouco à prisão nos Estados Unidos.


Nos últimos dias, foi a vez da corrupta monarquia espanhola “mandar” prender o raper Pablo Hásel, devido à divulgação de um tema musical onde este denunciava, com palavras violentas, essa monarquia decadente.

Por ironia do destino, o 40º aniversário da única acção da monarquia espanhola em defesa da democracia, a repressão da tentativa de golpe militar da extrema-direita de 23 de Fevereiro de 1981, é comemorado debaixo da polémica devido à prisão do músico.

Hoje é também o dia em que passa mais um aniversário sobre a morte de Zeca Afonso, outro musico perseguido pela forma como fez da musica uma arma para denunciar a ditadura salazarenta.

Hoje, como ontem, e como sempre, a musica independente continua a incomodar muita gente, e quem diz a musica, diz a cultura independente em geral.

Talvez por isso, a cultura seja o parente pobre das medidas previstas para recuperar a economia e a sociedade no pós-pandemia.

 

domingo, 21 de fevereiro de 2021

A Força de Um Rio (Rio Sizandro)


 Esta manhã esta era situação no Rio Sizandro,  na sua passagem pela cidade:





sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Construção Civil Desconfinada

Nem todos os sectores da economia parecem estar a sofrer com a crise e o confinamento.

Um deles parece ser o da Construção Civil, um dos lobbies mais poderosos da economia, muito influente junto das autarquias e do poder político, principal sustento do sector financeiro e aquele que tem sido um dos sectores que mais tem canibalizado os fundos europeus desde os tempos do cavaquismo.

Esse sector, aliás, foi a principal “base de apoio” do cavaquismo e da generalizada corrupção socrática, sem esquecer que foi a pensar nos benefícios desse sector que se “inventaram” os célebres “Vistos Gold”, para além de ter sido o principal responsável pela dramática situação habitacional do  país e da desertificação das grandes cidades, em benefício do sector do turismo.

Claro que essa situação não é exclusiva de Portugal. Na Itália, por exemplo, esse sector está, desde longa data, associado às máfias locais.

Vem este desabafo a propósito de uma situação que o confinamento parece estar a tornar visível, a grande quantidade de obras estruturais em prédios onde estão em permanência muitos cidadãos obrigados ao confinamento, uns em teletrabalho, outros sem actividade, outros sem poderem sair à rua com a frequência habitual por causa do confinamento.

Obras em casas são habituais, mas tenho vindo a registar um grande aumento desse tipo de actividade, com todos os incomodos inerentes a uma situação como aquela em que vivemos, onde a casa se tornou o principal local para respeitar esse confinamento.



Numa situação como esta, era de esperar que se tomassem medidas mais restritivas em relação ao ruido.

No prédio ao lado do meu, durante três semanas, tiveram lugar, e continuam com menos ruido, obras de grande monta num andar, com berbequins e marteladas continuadas e agora, desde há uma semana, é a vez do mesmo acontecer no meu prédio.

Pensava que era apenas azar ou coincidência, mas comecei  a ver por aí que a situação parece ser generalizada, como se comprova, entre outras, por estas duas notícias, uma do Público (14 de Abril de 2020 Barulho das obras, a banda sonora indesejada para quem está em teletrabalho” ), e outra da TSF do passado dia 12 de Fevereiro, esta, aliás, marcada por afirmações incorrectas dadas pela poderosa Associação de Empresas de Construção e Obras Publicas e Serviços, procurando desvalorizar a situação.

A situação é de tal ordem que, no último decreto de confinamento proposto pelo Presidente da República, este propôs que fossem tomadas medidas concretas contra o ruido, sem que tenha encontrado eco junto do governo e do parlamento, mantendo-se em vigor uma legislação feita para tempos normais (Expresso de 14 de Fevereiro último).

A lei em vigo prevê que se possam efectuar obras e seja permitido o necessário ruido entre as 8 da manhã e as 8 da noite (embora existam limite de ruido e seja obrigatório avisar os condóminos sobre a duração das mesmas), e foi pensada para ciscunstâncias normais, num horário em que, quem trabalha está fora de casa, e quem está em casa pode aliviar a cabeça saindo à rua ou para outros locais.

Não é esta a situação, e algumas associações ambientalistas propõem que, durante o confinamento, se limite o ruido das obras a um período máximo de 4 hora por dia.

O aspecto positivo de tudo isto, é que o sector da construção civil continua dinâmico e, por isso, é menos um sector a precisar da ajuda da “Bazuka”… ou será que vai pedi-la???

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Ilegalizar o Chega? Expulsar Mamadou Ba? Onde estão agora os Indignados?


Parece que anda por aí uma petição para expulsar Mamadou Ba do país.

Esse tipo de iniciativas é equivalente a outra, de sinal contrário, a de ilegalizar o Chega.

AQUI dissemos o que pensamos sobre o assunto do Chega.

Vivemos em democracia e em liberdade e, desde que se respeite as leis da mesma democracia, cada um é livre de defender o que quiser, mesmo as ideias mais disparatadas, absurdas ou mesmo ofensivas.

Mamadou Ba é livre de fazer as polémicas afirmações que costuma fazer, embora não me identifique com a maior parte delas.

Aliás, olhando para os milhares de afirmações publicadas na imprensa, proferidas nas televisões, declaradas nas rádios ou postadas nas redes socias, encontro afirmações, do mesmo teor ou de sentido contrário, tão disparatadas, intolerantes e ofensivas como as que costumam ser proferidas por Mamadou Ba.

É curioso que ainda ninguém se tenha lembrado de propor ou assinar uma petição  para expulsar as centenas de “idiotas” ( epiteto que muitas vezes é aplicado apenas a quem não concorda connosco) que todos os dias postam, escrevem e publicam as mais alarves boçalidades, os mais disparatados insultos e as mais intolerantes e ofensivas idéias.

Será apenas porque são "portugueses bem”, cheios de "portugalidade" (!!!) e, de preferência, brancos?

Também me espanta que tantos “comentadores” , tão ofendidos e preocupados com a absurda ideia de ilegalizar o Chega, não venham agora debitar preocupação idêntica por um outro acto absurdo, o de propor a expulsão de um cidadão de pleno direito.

É o que se chama de “dois pesos e duas medidas”, conforme o peso e a medida da ideologia de cada um.

E eu termino a interrogar-me: onde param agora os indignados que se manifestaram tão preocupados com o acto, atentatório da democracia e da liberdade ,que era a proposta de ilegalizar o Chega?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

A SIC e o Carnaval de Torres ou...uma forma subtil de fazer Censura


 A Censura tem sido uma presença constante no Carnaval de Torres (ver AQUI o que escrevemos sobre o tema).

Costumamos estar habituados a uma censura feita "à descarada" e escapa-nos, muitas vezes, a censura mais subtil, muitas vezes exercida nos bastidores.

O que aconteceu este ano enquadra-se neste último caso.

Como todos sabem, o Carnaval de Torres deste ano ficou-se pela inauguração de um monumento, que procurou homenagear os profissionais que têm estado na linha da frente, para combater a epidemia ou manter o país em funcionamento (talvez com um esquecimento mais notado, o da actividade dos professores nesta conjuntura).

Para além do monumento, a crítica social e política habitual neste Carnaval foi, de forma inteligente, incluída no écran de um conjunto de "telemóveis" gigantes, uma referência ao meio de comunicação mais usado pelos cidadãos, obrigados ao confinamento e ao distanciamento físico.

A SIC, no passado dia 12 de  Fevereiro, realizou uma reportagem onde deu grande destaque aos "cartoon´s" incluídos num dos lados do tais "telemóveis" gigantes (ver AQUI) .

Ao visionarmos a reportagem, confirmámos o que já desconfiávamos, que não iriam mostrar  um desses "cartoon´s", aquele que reproduzimos em cima.

Porque é que não nos espantámos? Porque no dia em estivemos a fotografar o tal monumento estava lá uma equipa da RTP  (uma jornalista e um operador de Câmara) e, ainda antes de percebermos o alvo da conversa, ouvimos a jornalista a dizer para o operador :"vamos lá ver se nos deixam passar isto".

O "isto" era o mesmo "cartoon" "censurado" na reportagem da SIC.

Ou seja, o poder da SIC é tal na comunicação social que até  condiciona as opções editoriais de outros orgãos de comunicação.

E qual o motivo do subtil acto de censura, na televisão que se acha a campeã da liberdade de informação? Uma alusão à SIC, à TVI e à CMTV como metáfora de uma esquina de prostitutas.

Claro que é um acto subtil de censura, o de optar por  não reproduzir um cartoon de Carnaval, quando a reportagem reproduz quase todos, disfarçado de "opção editorial", uma forma civilizada e legal de censura em democracia, mas revelador da forma como se condiciona a informação nalguns órgãos de comunicação social, e até do poder corporativo de um classe profissional como a dos jornalistas.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Marcelino da Mata - nem "herói" nem "criminoso", talvez ...apenas Homem!!??

Não, não vou alinhar no histerismo pró e contra Marcelino da Mata.

A "onda" de Marcelino da Mata, uma espécie de Rambo à portuguesa, não é a minha.

Se cometeu "crimes de Guerra" foi porque participou numa Guerra criminosa, onde se cometeram crimes de ambos os lados (alguns, muito mais graves, até depois da Guerra terminar, como se pode ler na reportagem AQUI, publicada pela revista Sábado).

Marcelino da Mata foi apanhado pela História e acabou do "lado errado da História" (aconteceu-me o mesmo muitas vezes).

Goste-se ou não, a vida de Marcelino da Mata dava um filme, como se pode ler AQUI, num dos seus raros depoimento pessoais, onde relata a sua actividade militar.

Para além do relato das acções em que participou, algumas que resultaram em verdadeiros crimes de guerra, mas pelas quais ele não foi o principal responsável nem mandante, até porque a sua ingenuidade o levou a assumir esses crimes, para além das sevícias e da tortura a que foi sujeito, depois do 25 de Abril, por militares ligados em MRPP, há ma história menos conhecida que ele conta neste texto, o facto de ter trabalhado para o MPLA, muito depois da independência, para preparar militares desse movimento na Guerra Civil contra a UNITA e só saindo de Angola, a bem, e com as contas em dia, como o próprio confirmou, depois de terem surgido em Portugal notícias sobre essa actividade.

Marcelino da Mata foi, na Guiné independente, aquilo que Miguel de Vasconcelos foi para os portugueses de 1640, e maltratado como tal. Outros colegas seus tiveram menos sorte.

Para os comandos e outros militares que nunca resolveram os traumas da Guerra Colonial, ele era um herói.

Marcelino da Mata gabava-se, entre amigos, dos crimes que cometeu, como aconteceu no relato feito a um militar português sobre uma operação em que participou : "entrámos na tabanca, deitamos granadas incendiárias para as palhotas, as pessoas fugiam para o centro da tabanca, matámos todos, homens, mulheres, crianças" (ver AQUI) .

Um amigo meu, Joaquim Carlos Matos, ex-combatente na Guiné, a propósito de um texto perecido com este, que publiquei no facebook,  interrogava-se :"pergunto: só ele é que participou em massacres? Quantos militares, alguns deles dos Comandos, que participaram igualmente em centenas de operações repressivas, tiveram posteriormente um papel importante no MFA e foram glorificados por isso?. E o mesmo não se aplica a tantos "democratas do pós-25 de Abril" ? 

Numa Guerra, principalmente numa Guerra como foi a Colonial,  a fronteira ente os actos de cobardia, de heroicidade, ou criminosos é bastante ténue, muitas vezes, no mesmo combate, uma mesma pessoa consegue comete-los em simultâneo.

Os grandes criminosos, geralmente, nunca sujaram as mãos com os seus crimes, mandam os outros executá-los.

O "debate" sobre Marcelino da Mata acentua as características do mundo em que vivemos, um mundo a preto e branco, com bons e maus, sem possibilidade de diálogo civilizado, sem respeito pelas ideias dos adversários, sem tolerância pelas opiniões contrárias, e baseado na gritaria. 

Mamadou Ba e André Ventura revelam-se, neste tema, as duas faces da mesma moeda da intolerância (leia-se, a propósito, esta interessante opinião de Alberto Magalhães).

Como qualquer pessoa que se cruzou com uma História de violência, tragédia e de guerra, Marcelino da Mata foi, tanto "besta", como "herói", ou, parafraseando o conhecido filosofo espanhol José Ortega y Gassset, " homem (Marcelino da Mata) foi o homem e a sua circunstância".

Ou, como diria Charlie Chaplin, pela voz do seu personagem Sr. Verdoux, "quem mata uma pessoa é um criminoso, quem mata um milhão é um herói".

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Não se combatem aberrações, como o CHEGA, com proibições.

Em democracia não se combatem ideias aberrantes proibindo a sua difusão, mas combatendo-as e denunciando-as com argumentos sólidos.

Por isso, discordo totalmente da tentativa liderada pela ex-candidata presidencial Ana Gomes, de propor a ilegalização dessa aberração que é o Chega, até porque esse tipo de iniciativas, em democracia, tem o condão de vitimizar o alvo dessa medida e dar-lhe mais força.

A superioridade moral da democracia reside no facto de permitir que se manifestem e organizem todo o tipo de tendências políticas, representativas de todo o tipo de ideologias, mesmo  antidemocráticas.

Claro que existem limites e tudo o que ultrapasse a manifestação e divulgação de ideias, por mais aberrantes que sejam, como as representadas pelo Chega, cairá na alçada da justiça e da lei.

Tentativas insurrecionais, do tipo daquela a que assistimos recentemente no Capitólio, nos Estados Unidos, manifestações de violência racista ou politica, organização de milícias armadas, actos de terrorismo, devem ser punidos exemplarmente em qualquer democracia.

Apesar de esse tipo de acções serem preconizadas por algumas das figuras tenebrosas que lideram esse partido, havendo entre elas antigos terroristas do MDLP/ELP, criminosos condenados por violência racista,  figuras obscuras ligadas à corrupção financeira, uma coisa é  a condenação judicial desses crimes, outra coisa é ilegalizar um partido que, tendo gente dessa na sua liderança, oficialmente não defende nem organiza esse tipo de actos no seu programa.

É preferível ter esse tipo de gente a agir legalmente do que na clandestinidade. Pelo menos conhecemos  cara dos facínoras.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

O Jornalista que mordeu o cão

Recentemente fizeram-me chegar uma lista de conhecidos pivot’s e comentadores televisivos que não têm cartão de jornalista.

A ser verdadeira, ela explica muito daquilo a que temos assistido nalguma comunicação social, principalmente na televisiva, que é aquela que mais influencia a opinião pública.

A reportagem,  o recurso ao contraditório, a investigação da veracidade das fontes é cada vez mais substituída pelo “pé de microfone”, pela arrogância das certezas absolutas, pela provocação mais abjecta para rasteirar quem se pretende destruir, pelo espectáculo da vaidade quase pornográfico,  ou, na “melhor das hipóteses”,  pela mera opinião pessoal, muitas vezes eivada de preconceitos ideológicos, sociais e culturais, disfarçada de pretensa “objectividade”.

A “árvore” é exibida como “floresta”, se servir para a propaganda e para o espectáculo, valendo tudo  para “conquistar audiências”.

Claro que, correndo o risco de incorrer no mesmo erro, na minha opinião continuam a existir bons jornalistas e boas reportagens, mais na imprensa escrita do que na informação televisiva.

Pela minha parte, recomendo os noticiário da RTP2 e da  RTP3, os noticiários da Antena 1 e, na imprensa escrita, o Público, o Diário de Notícias, o Jornal de Letras e as revistas Visão, e alguns debates interessantes da RTP 1 e programas como a "Circulatura do Quadrado" na TVI24, sem esquecer o excelente trabalho da agência LUSA, infelizmente muito ignorado por alguma comunicação social.

O resto, ou é muito manipulado, obedecendo a uma agenda política dos seus donos ou…tem dias!

O problema, nalguma comunicação social, está na política editorial, dominada por “jornalistas” que muitas vezes só chegaram a essas posições depois de darem provas de submissão à “voz do dono”, seja ele a do dinheiro ou a da política. Muitos, aliás, fizeram o seu tirocínio na defesa das políticas da Troika e do ir além da Troika, outros veem mais de trás, do encobrimento da corrupção, dos grandes negócios, do cavaquismo e do socratismo.

É caso para dizer que há “jornalistas” que, do jornalismo, apenas aprenderam a levar a sério a anedota do “homem que mordeu o cão", confundido a parte com o todo, conforme a conveniência e a agenda política do “patrão”.

Há mesmo jornalistas que "mordem" eles mesmos o "cão", só para poderem explorar a reacção do "cão" e criarem "casos" para aumentar audiências.

É costume dizer-se que é nas curvas apertadas que se veem os bons condutores ou que as crises podem trazer o melhor e o pior de nós.

Estra crise está a revelar o pior de uma comunicação social ávida de “sangue” e audiências fáceis.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2021

COVID-19 – Outra Maneira de Olhar para os Números (22ª artigo)- evolução mensal [Janeiro] (entre 31 de Dezembro de 2020 e 31 de Janeiro de 2021).

Voltamos hoje à divulgação de dados sobre a evolução mensal do Covid-19 no mundo.

Depois de termos interrompido esta rubrica, durante 2 meses, tendo sido editada pela última vez no final de Novembro, voltamos, num período em que a situação epidemiológica se agravou bastante em Portugal e em grande parte da Europa.

Há pouco mais de um mês começaram a ser ministrada as primeiras vacinas, mas, por enquanto, a um número muito limitado de pessoas e sem reflexos na evolução da situação.

Os dados têm por base a informação da OMS referente ao dia 31 de Janeiro de 2021, com a excepção dos dados referentes à totalidade da União Europeia, estes incluindo a Grã-Bretanha e referentes apenas às 3 primeiras semanas de Janeiro e retirados do site do Centro Europeu para Controle e Prevenção de Doenças (ECDPS), dados estes menos actualizados e mais imprecisos, como veremos em baixo.

Tal com anteriormente, continuamos a ter por base o registo de dados de um grupo de 35 de países.

Sublinhamos todos os países deste grupo com uma população equivalente á portuguesa (entre 8 e 12 milhões de habitantes).

(Podem clicar AQUI para poderem consultar os 21 post’s anteriores).

Como veremos, este foi, até agora, desde o início da epidemia, o mês mais trágico, pelo menos no continente Europeu.

Começamos, como é habitual, pela lista do número de mortos registados até à data de 31 de Janeiro, embora os dados possam ter um atraso de um ou dois dias:

TOTAL DE MORTOS POR COVID-19 em todo o MUNDO – 2 205 515 (1 798 050 no final do ano de 2020).

União Europeia [27+RU] – 449 395;

Estados Unidos – 433 173;

Brasil – 222 666;

Índia – 154 274;

Reino Unido – 103 126;

Itália – 87 858;

Rússia – 72 697 (subiu 3 lugares);

França – 75 224;

Irão – 57 889;

Espanha – 57 806;

Alemanha – 56 545 (subiu 2 lugares);

África do Sul – 43 633;

Turquia – 25 736 (subiu 1 lugar);

Bélgica – 21 018;

Canadá – 19 801;

República Checa –16 221 (subiu 1 lugar)

Holanda – 13 872;

PORTUGAL – 11 886 (6 836 no final do ano) (subiu 2 lugares e ultrapassa a média mundial por país);

Suécia – 11 591 (mantem posição mas ultrapassa a média mundial por país);


MÉDIA MUNDIAL POR PAÍS – 11 310 (9 220 no mês anterior); 

 

Suíça – 8 601 (subiu 1 lugar);

Áustria –  7 605 (subiu 1 lugar);

Grécia – 5 764 (subiu 2 lugares);

Japão – 5 654 (subiu 2 lugares);

China – 4 823;

Israel – 4 562;

Irlanda – 3 214;

Dinamarca – 2 084 (subiu 1 lugar);

Palestina – 2 010 (subiu 1 lugar);

Coreia do Sul – 1 426 (subiu 1 lugar);

Austrália – 909 (= ao mês anterior);

Finlândia – 671;

Noruega – 563 (subiu 1 lugar);

Angola – 464;

Cuba – 213;

Islândia – 29 (= ao mês anterior).

Nova Zelândia – 25 (= há 4 meses);

A Vermelho assinalamos os países que registaram uma subida de posição no trágico “ranking” da mortalidade, nos dois últimos meses (entre 30 de Novembro de 2020 e 31 de Janeiro de 2021).

Apresentamos agora, pela primeira vez, o número de mortos registado em cada um desses países ao longo do mês de Janeiro, mostrando quais os mais atingidos no primeiro mês do ano, ate agora o pior pico desde que a epidemia se iniciou:

TOTAL MUNDIAL registado só no mês de Janeiro de 2021 – 407 465;

Estados Unidos da América – 97 384;

Reino Unidos – 30 578;

Brasil – 29 985;

Alemanha – 23 475;

União Europeia – 21 597 (?) (este número está incorrecto (bastando somar os números de alguns dos países da UE aqui registados. É o que temos);

Rússia – 15 678;

África do Sul – 15 600;

Itália – 14 254;

França – 11 220;

Espanha- 7 364;

Índia – 5 536;

Turquia – 5 094;

PORTUGAL – 5 036;

República Checa – 4 631;

Canadá – 4 423;

Suécia – 2 864;

Irão – 2 794;

Holanda – 2 542;

Japão – 2 240;

Suíça – 1 629; 

Bélgica – 1 577;

Áustria – 1 519;

Israel – 1 284;

Irlanda – 988;

Grécia – 976;

Dinamarca – 828;

Coreia do Sul – 520;

Palestina – 510;

Noruega – 127;

Finlândia – 115;

Cuba – 68;

Angola – 65;

China – 35;

Austrália – 0;

Nova Zelândia – 0;

Islândia- 0.

Portugal registou, no mês de Janeiro, o seu pior resultado de sempre. Mesmo assim está ligeiramente acima do meio da tabela dos 35 países de referência e não é o pior da Europa, em números absolutos.

O número acumulado de mortos não nos permite, só por si, observar o ritmo de crescimento da mortalidade.

Em baixo registamos o crescimento percentual de mortes registadas ao longo deste mês de Janeiro, podendo observar os países onde esse crescimento é maior, mais rápido e mais preocupantes e aqueles que registam um maior abrandamento (entre parênteses, velocidade de crescimento no último mês registado por nós, o de Novembro de 2020).

A vermelho assinalamos os países que passaram para um patamar pior do que aquele em que estavam no mês de Novembro, e, a verde, os que desaceleraram, descendo de patamar. A preto os que se mantiveram no mesmo patamar do mês anterior.

Situação “descontrolada”

(crescimento mensal da mortalidade acima dos 50%):

PORTUGAL – 73,96 (82,33);

Alemanha – 70,96 (57,02);

Japão – 65,61 (20,74) (subiu…16 lugares);

Dinamarca – 65,42 (15,78 );

Coreia do Sul –57,77 (13,36);

África do Sul – 55,64 (12,06);

Velocidade de crescimento “preocupante”

(entre 20% e 50%):

Cuba – 46,89 (4,68 );

Irlanda –44,38 (7,88 );

Reino Unido – 42,14 (26,74);

República Checa – 39,99 (184, 34);

Israel – 39,17 (12,96);

Palestina –  34 (45,93);

Suécia – 32,81 (12,58 );

Noruega – 29,12 (16,72);

Estados Unidos – 29,00 (16,18);

Canadá- 28,76 (18,88 );

Rússia – 27,49 (44,25);

Áustria – 24,95 (172,93 );

Turquia- 24,67 (34,25 );

Suíça – 23,36 (113,50);

Holanda – 22,43 (28,63);

“Velocidade” média MUNDIAL – 22,66 (23,16);

Finlândia – 20,68 (11,01);

Grécia- 20,38 (277,39);

Evolução “lenta”, mas ainda perigosa

(entre 10 e 20%):

Itália – 19,36 (44,02);

França – 17,53 (45,48);

Angola – 16,29 ( 25,81);

Brasil – 15, 56 (5,98);

Espanha- 14,59 (25,33);

Ritmo aceitável, mas ainda não controlado (crescimento entre 5 e 10%):

Bélgica – 8,11 (46,33);

Irão – 5,07 (38,85);

UNIÃO EUROPEIA – 5,04 (?) (46,87);

A caminho da “extinção” (abaixo de 5%):

Índia – 3,72 (12,74 );

China – 0,79 (0,08);

Islândia – 0 (116,66);

Austrália – 0 (0);

Nova Zelândia – 0 (0);

A mortalidade a nível mundial continua preocupante, com uma ligeira desaceleração.

Portugal lidera a lista, encontrando-se no pior patamar pelo 3ª mês consecutivo, embora regista uma velocidade ligeiramente menor que em Novembro, o que se pode explicar pela base de incidência de mortalidade ser menor em Outubro.

O pico vivido em Portugal já foi vivido por outros países, mas noutros períodos, e é um dado conjuntural.

Apesar da pressão desses picos sobre os sistemas de saúde dos países, o balanço final vai depender de uma análise mais estrutural, aquela que fazemos em baixo.

Começamos por  observar a percentagem de falecidos em relação ao total de infectados, que pode ser revelador da melhor ou da pior resposta do Sistema de Saúde de cada país, da melhor ou pior actuação das autoridades, sem esquecer ainda outros factores que podem interferir, como a capacidades imunológicas da população, hábitos, envelhecimento, clima ou genética.

Mesmo assim estes dados devem ser visto com alguma reserva, já que a forma correcta de aferir a resposta do sistemas de saúde era analisar a realação entre internados e falecidos e não aquela que é possível, a relação entre infectados registados e óbitos. O número de infectados depende em parte dos critérios de registo, que diferem entre países, podendo condicionar essa análise.

Situação “negativa e trágica”

(mortalidade acima dos 10% dos infectados):

Situação “preocupante”

(entre os 5 e os 10%):

(nenhum dos países observados está, por agora, nesta situação).

Situação “aceitável” (entre 5 e 2,5%) :

China – 4,78 de mortos em relação ao número de infectados registados;;

Irão – 4,10%;

Itália – 3,98;

Grécia – 3,70; BCG

Austrália – 3,15;

África do Sul – 3.02;

Bélgica – 2,98;

Reino Unido – 2,75;

Canadá – 2,56;

Alemanha – 2,56;

Situação “boa” (abaixo de 2,5%):

Brasil – 2,44;

França – 2,42;

Média da União Europeia (27+1 RU) – 2,38;

Angola – 2,35;

Média MUNDIAL – 2,16;

Espanha – 2,13;

Suécia – 2,04;

Rússia – 1,89;

Áustria – 1,86;

Coreia do Sul – 1,81;

PORTUGAL– 1,69; BCG

Irlanda – 1,65; BCG

Suíça -1,65;

República Checa – 1,65; BCG

Estados Unidos – 1,62;

Finlândia – 1,51;

Japão – 1,46;

Índia – 1,43;

Holanda – 1,42;

Nova Zelândia – 1,28;

Palestina – 1,12;

Dinamarca – 1,05;

Turquia – 1,04;

Noruega – 0,90; BCG

Cuba – 0,82;

Israel – 0,74;

Islândia – 0,48; BCG

Ao contrário dos quadros anteriores, este é um dos que, em média, a nível mundial, tem evoluído positivamente, mostrando que o aumento e aceleração de casos nesta terceira vaga não está a provocar tanta mortalidade como a primeira, na relação com o aumento de casos, talvez porque a média etária de infectados é agora mais baixa.

Este é um dos quadros que melhor consegue aferir sobre a eficácia na resposta à crise.

Neste caso é positiva a posição de Portugal, melhor que  a média Europeia e Mundial e do que muitos países com um sistema de saúde mais forte. Contudo, a situação pode agravar-se se, nos dois próximos meses, se mantiver a grave situação vivida desde Novembro.

Apesar de uma população envelhecida, de ilhas de pobreza, de um sistema de habitação em situação crítica, da tentativa de destruição do Sistema Nacional de Saúde nos tempos da Troika, do corporativismos das ordens dos médicos e dos enfermeiros, impedindo e dificultando o rápido reconhecimento de médicos e enfermeiros estrangeiros e a abertura de vagas em Universidades, comparativamente com a situação de países mais ricos e em situação mais favorável, é caso para dizer que, até agora, apesar de tudo, Portugal é um dos países mais resilientes ao efeito da pandemia.

Pensamos que será o resultado deste ranking, quando estiver tudo devidamente contabilizado e ultrapassada a pandemia, que nos vai mostrar a verdadeira dimensão da eficácia da resposta de cada país a esta crise, e Portugal, por enquanto, parece ser um dos que se está a sair melhor na resposta à crise.

Outro critério, o usado para classificar a situação conjuntural das regiões e dos países, é a evolução quinzenal da relação de infectados  por 100 mil habitantes.

Aqui propomos fazer um balanço dessa situação, mas em relação ao  acumulativo da mortalidade, isto é, o número de óbitos no conjunto de 35 países analisado, desde o inicio da pandemia, por 100 mil habitantes, o que dá uma perspectiva mais realista da gravidade da situação e da proporcionalidade entre países com dimensão demográfica diferente:

Bélgica – 183, 48 óbitos por 100 mil habitantes;

Reino Unido – 156,15;

República Checa- 151,59;

Itália – 145,48;

Estados Unidos – 131,78;

Espanha – 123,69;

PORTUGAL – 115, 49;

Suécia – 113, 37;

França – 112, 28;

Brasil – 105,95;

Suíça – 104,16;

UNIÃO EUROPEIA – 100, 47;

Áustria- 85,63;

Holanda – 79,47;

África do Sul – 74,23;

Irão – 70,41;

Alemanha – 68,14;

Irlanda – 66,17;

Grécia- 53,60;

Canadá – 52,08;

Israel-49,62;

Rússia- 49,53;

Finlândia- 42,15;

Palestina – 40,36;

Dinamarca- 35,89;

Turquia- 30,94;

MUNDO – 28, 62;

Índia – 11,32;

Noruega- 10,48;

Islândia- 7,92;

Japão – 4,48;

Austrália – 3,53;

Coreia do Sul – 2,74;

Cuba-1,90;

Angola – 1,49;

Nova Zelândia – 0,50;

China – 0,34;

A situação em Portugal agravou-se nos dois últimos meses. No geral é na Europa que se vive a pior situação. Mas esta situação pode alterar-se ao longo dos próximos meses. Este gráfico só voltará a ser por nós actualizado em finais de Março.

Sem mais comentários, fiquem com os dados e tirem as vossas conclusões.