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terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Reprimir o acto musical, um acto comum aos mais diversos poderes instituídos.


O que têm em comum os Sex Pistols, as Pussy Rioy e Pablo Hasél ?

Todos foram parar à cadeia por desafiarem as autoridades, tenha sido a velha monarquia inglesa, a “nova monarquia” de Putin na Rússia ou a monarquia corrupta de Espanha.

Os Sex Pistols lançaram o tema “God Save the Queen” em 1977, tornando-se um ícone do punk, tema durante anos censurado nas rádios britânicas, e que levou à proibição da actuação da banda em solo de sua majestade, apesar de ter vendido 150 mil exemplares em apenas cinco dias e batido record´s de venda.


Uma actuação ilegal da banda, num navio no meio do Tamisa, nesse mesmo ano, para “comemorar” o Jubileu de Prata da Rainha, provocou a intervenção policial e a detenção dos músicos, que passaram algum tempo  na prisão.

Mais recentemente, o todo poderoso “czar” do Kremlin, Vladimir Putin, sentindo-se ofendido por uma tema da banda punk local Pussy Riot, que o criticava, mandou prender as jovens musicas, que passaram maus momentos na prisão (chamamos a atenção para a violência das imagens).

As mesmas Riot foram notícia recente por um tema anti-Trump,o amigo de Putin, escapando por pouco à prisão nos Estados Unidos.


Nos últimos dias, foi a vez da corrupta monarquia espanhola “mandar” prender o raper Pablo Hásel, devido à divulgação de um tema musical onde este denunciava, com palavras violentas, essa monarquia decadente.

Por ironia do destino, o 40º aniversário da única acção da monarquia espanhola em defesa da democracia, a repressão da tentativa de golpe militar da extrema-direita de 23 de Fevereiro de 1981, é comemorado debaixo da polémica devido à prisão do músico.

Hoje é também o dia em que passa mais um aniversário sobre a morte de Zeca Afonso, outro musico perseguido pela forma como fez da musica uma arma para denunciar a ditadura salazarenta.

Hoje, como ontem, e como sempre, a musica independente continua a incomodar muita gente, e quem diz a musica, diz a cultura independente em geral.

Talvez por isso, a cultura seja o parente pobre das medidas previstas para recuperar a economia e a sociedade no pós-pandemia.

 

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