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sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Construção Civil Desconfinada

Nem todos os sectores da economia parecem estar a sofrer com a crise e o confinamento.

Um deles parece ser o da Construção Civil, um dos lobbies mais poderosos da economia, muito influente junto das autarquias e do poder político, principal sustento do sector financeiro e aquele que tem sido um dos sectores que mais tem canibalizado os fundos europeus desde os tempos do cavaquismo.

Esse sector, aliás, foi a principal “base de apoio” do cavaquismo e da generalizada corrupção socrática, sem esquecer que foi a pensar nos benefícios desse sector que se “inventaram” os célebres “Vistos Gold”, para além de ter sido o principal responsável pela dramática situação habitacional do  país e da desertificação das grandes cidades, em benefício do sector do turismo.

Claro que essa situação não é exclusiva de Portugal. Na Itália, por exemplo, esse sector está, desde longa data, associado às máfias locais.

Vem este desabafo a propósito de uma situação que o confinamento parece estar a tornar visível, a grande quantidade de obras estruturais em prédios onde estão em permanência muitos cidadãos obrigados ao confinamento, uns em teletrabalho, outros sem actividade, outros sem poderem sair à rua com a frequência habitual por causa do confinamento.

Obras em casas são habituais, mas tenho vindo a registar um grande aumento desse tipo de actividade, com todos os incomodos inerentes a uma situação como aquela em que vivemos, onde a casa se tornou o principal local para respeitar esse confinamento.



Numa situação como esta, era de esperar que se tomassem medidas mais restritivas em relação ao ruido.

No prédio ao lado do meu, durante três semanas, tiveram lugar, e continuam com menos ruido, obras de grande monta num andar, com berbequins e marteladas continuadas e agora, desde há uma semana, é a vez do mesmo acontecer no meu prédio.

Pensava que era apenas azar ou coincidência, mas comecei  a ver por aí que a situação parece ser generalizada, como se comprova, entre outras, por estas duas notícias, uma do Público (14 de Abril de 2020 Barulho das obras, a banda sonora indesejada para quem está em teletrabalho” ), e outra da TSF do passado dia 12 de Fevereiro, esta, aliás, marcada por afirmações incorrectas dadas pela poderosa Associação de Empresas de Construção e Obras Publicas e Serviços, procurando desvalorizar a situação.

A situação é de tal ordem que, no último decreto de confinamento proposto pelo Presidente da República, este propôs que fossem tomadas medidas concretas contra o ruido, sem que tenha encontrado eco junto do governo e do parlamento, mantendo-se em vigor uma legislação feita para tempos normais (Expresso de 14 de Fevereiro último).

A lei em vigo prevê que se possam efectuar obras e seja permitido o necessário ruido entre as 8 da manhã e as 8 da noite (embora existam limite de ruido e seja obrigatório avisar os condóminos sobre a duração das mesmas), e foi pensada para ciscunstâncias normais, num horário em que, quem trabalha está fora de casa, e quem está em casa pode aliviar a cabeça saindo à rua ou para outros locais.

Não é esta a situação, e algumas associações ambientalistas propõem que, durante o confinamento, se limite o ruido das obras a um período máximo de 4 hora por dia.

O aspecto positivo de tudo isto, é que o sector da construção civil continua dinâmico e, por isso, é menos um sector a precisar da ajuda da “Bazuka”… ou será que vai pedi-la???

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