Nem todos os sectores da economia parecem estar a sofrer com a crise e o confinamento.
Um deles parece ser o da Construção Civil, um dos lobbies mais
poderosos da economia, muito influente junto das autarquias e do poder
político, principal sustento do sector financeiro e aquele que tem sido um dos
sectores que mais tem canibalizado os fundos europeus desde os tempos do
cavaquismo.
Esse sector, aliás, foi a principal “base de apoio” do cavaquismo
e da generalizada corrupção socrática, sem esquecer que foi a pensar nos
benefícios desse sector que se “inventaram” os célebres “Vistos Gold”, para
além de ter sido o principal responsável pela dramática situação habitacional
do país e da desertificação das grandes
cidades, em benefício do sector do turismo.
Claro que essa situação não é exclusiva de Portugal. Na Itália,
por exemplo, esse sector está, desde longa data, associado às máfias locais.
Vem este desabafo a propósito de uma situação que o confinamento
parece estar a tornar visível, a grande quantidade de obras estruturais em
prédios onde estão em permanência muitos cidadãos obrigados ao confinamento, uns em teletrabalho, outros sem actividade, outros sem poderem
sair à rua com a frequência habitual por causa do confinamento.
Obras em casas são habituais, mas tenho vindo a registar um grande
aumento desse tipo de actividade, com todos os incomodos inerentes a uma
situação como aquela em que vivemos, onde a casa se tornou o principal local para
respeitar esse confinamento.
Numa situação como esta, era de esperar que se tomassem medidas mais restritivas em relação ao ruido.
No prédio ao lado do meu, durante três semanas, tiveram lugar, e
continuam com menos ruido, obras de grande monta num andar, com berbequins e
marteladas continuadas e agora, desde há uma semana, é a vez do mesmo acontecer
no meu prédio.
Pensava que era apenas azar ou coincidência, mas comecei a ver por aí que a situação parece ser
generalizada, como se comprova, entre outras, por estas duas notícias, uma do Público (14 de
Abril de 2020 “Barulho das obras, a banda sonora indesejada para quem está em teletrabalho”
),
e outra da TSF do passado dia 12 de Fevereiro, esta, aliás, marcada por
afirmações incorrectas dadas pela poderosa Associação
de Empresas de Construção e Obras Publicas e Serviços, procurando
desvalorizar a situação.
A situação é de tal ordem que, no último decreto
de confinamento proposto pelo Presidente da República, este propôs que fossem
tomadas medidas concretas contra o ruido, sem que tenha encontrado eco junto do
governo e do parlamento, mantendo-se em vigor uma legislação feita para tempos
normais (Expresso de 14 de Fevereiro último).
A lei em vigo prevê que se possam efectuar obras
e seja permitido o necessário ruido entre as 8 da manhã e as 8 da noite (embora
existam limite de ruido e seja obrigatório avisar os condóminos sobre a duração
das mesmas), e foi pensada para ciscunstâncias normais, num horário em que, quem
trabalha está fora de casa, e quem está em casa pode aliviar a cabeça saindo à
rua ou para outros locais.
Não é esta a situação, e algumas associações ambientalistas
propõem que, durante o confinamento, se limite o ruido das obras a um período
máximo de 4 hora por dia.
O aspecto positivo de tudo isto, é que o sector da construção civil continua dinâmico e, por isso, é menos um sector a precisar da ajuda da “Bazuka”… ou será que vai pedi-la???
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