Recentemente fizeram-me chegar uma lista de conhecidos pivot’s e comentadores televisivos que não têm cartão de jornalista.
A ser verdadeira, ela explica muito daquilo a que temos assistido
nalguma comunicação social, principalmente na televisiva, que é aquela que mais
influencia a opinião pública.
A reportagem, o recurso ao
contraditório, a investigação da veracidade das fontes é cada vez mais
substituída pelo “pé de microfone”, pela arrogância das certezas absolutas,
pela provocação mais abjecta para rasteirar quem se pretende destruir, pelo
espectáculo da vaidade quase pornográfico,
ou, na “melhor das hipóteses”,
pela mera opinião pessoal, muitas vezes eivada de preconceitos
ideológicos, sociais e culturais, disfarçada de pretensa “objectividade”.
A “árvore” é exibida como “floresta”, se servir para a propaganda e
para o espectáculo, valendo tudo para
“conquistar audiências”.
Claro que, correndo o risco de incorrer no mesmo erro, na minha opinião continuam a existir bons
jornalistas e boas reportagens, mais na imprensa escrita do que na informação
televisiva.
Pela minha parte, recomendo os noticiário da RTP2 e da RTP3, os noticiários da Antena 1 e, na
imprensa escrita, o Público, o Diário de Notícias, o Jornal de Letras e as
revistas Visão, e alguns debates interessantes da RTP 1 e programas como a "Circulatura do Quadrado" na TVI24, sem esquecer o excelente trabalho da agência LUSA, infelizmente muito ignorado por alguma comunicação social.
O resto, ou é muito manipulado, obedecendo a uma agenda política dos
seus donos ou…tem dias!
O problema, nalguma comunicação social, está na política editorial, dominada
por “jornalistas” que muitas vezes só chegaram a essas posições depois de darem
provas de submissão à “voz do dono”, seja ele a do dinheiro ou a da política.
Muitos, aliás, fizeram o seu tirocínio na defesa das políticas da Troika e do ir
além da Troika, outros veem mais de trás, do encobrimento da corrupção, dos
grandes negócios, do cavaquismo e do socratismo.
É caso para dizer que há “jornalistas” que, do jornalismo, apenas aprenderam a levar a sério a anedota do “homem que mordeu o cão", confundido a parte
com o todo, conforme a conveniência e a agenda política do “patrão”.
Há mesmo jornalistas que "mordem" eles mesmos o "cão", só para poderem explorar a reacção do "cão" e criarem "casos" para aumentar audiências.
É costume dizer-se que é nas curvas apertadas que se veem os bons
condutores ou que as crises podem trazer o melhor e o pior de nós.
Estra crise está a revelar o pior de uma comunicação social ávida de “sangue” e audiências fáceis.
Sem comentários:
Enviar um comentário