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quinta-feira, 16 de março de 2023

O regresso dos eternos pedintes

                                          

Parece que mais uma vez vamos ter de pagar pelos desvarios do criminoso mundo da alta finança.

Pela Europa, o todo poderoso BCE acaba de tomar mais uma medida suicida, aumentando as taxas de juro.

Foi exactamente a forma errada como o Banco Central dos Estados Unidos lidou com o aumento das taxas de juros que levou à bancarrota de vários bancos nesse país, com reflexo na Europa (lembram-se do velho ditado que diz que, quando os EUA se constipam a Europa apanha uma pneumonia?).

Aliás, ainda não percebi a lógica de aumentar as taxas de juro para controlar a inflação.

É que, ao contrário do que costuma acontecer, o actual aumento da inflação não tem origem numa maior concentração de riqueza por parte dos cidadãos ou pelo aumento do consumo devido ao aumento da riqueza, como os “inteligentes” do BCE e da União Europeia nos andam a impingir, mas devido à falta de produtos provocada pelas sanções que, em vez de prejudicarem o infractor, estão a fazer ricochete na economia europeia.

Claro que, nem  a sr.ª Lagarde, nem os burocratas de Bruxelas, se preocupam como o impacto da subida das taxas de juros na vida dos cidadãos que dizem defender, pois nada lhes vai cair em cima, a não ser a falta de vergonha dessa gentinha que nos (des)governa.

Só os grandes especuladores do sistema financeiro vão beneficiar com a situação, como aliás é timbre das decisões dos burocratas de Bruxelas. Estes estão ao serviço do sistema financeiro e não dos cidadãos que dizem representar. Já vimos isto várias vezes.

E, claro, quem vai pagar os maus negócios da alta finança (responsáveis pela grave situação na saúde, na habitação e no consumo vivida pelos cidadãos europeus, negócios esses que têm vindo a aumentar com a ligação desse “mundo”, os dos “famosos” “mercados”, com os negócios, legais uns, ilegais outros, do armamento, da droga, da especulação imobiliária …), vai ser o cidadão comum, com cortes nos salários e pensões, através da inflação, ou com aumento de impostos, e o que mais se verá da “engenharia social” em que essa gente é perita para nos “lixar” a vida.

A ver se, desta vez, não nos deixamos enganar mais uma vez.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

“Obrigado” Alexandra Reis!

                                   

A partir de agora, quando se discutirem salários, pensões  e a justa remuneração de quem trabalha, nada voltará a ser como dantes.

Vai passar a haver um antes e um depois de “Alexandra Reis”.

O caso Alexandra Reis foi a gota de água que veio desmascarar a lengalenga de comentadores, economistas,  governantes, e instituições europeias, quando algum sindicato, trabalhador ou pensionista revindicam por justiça salarial ou da pensão.

Lembram-se o que muita dessa gente disse quando se discutiu o cumprimento da lei para aumentar as pensões ou os salários?

A velha desculpa do “irrealismo” ou a nova desculpa do “passo à frente da perna” já não  vai pegar.

Também deixa de haver espaço, de uma vez por todas, para medidas de austeridade à custa dos salários e das pensões.

Quando um administrador de uma empresa pública, ao fim de 4 anos de trabalho, de onde sai de forma pouco clara, transitando ao fim de 3 meses para outra empresa pública e desta para um cargo governativo, funções pelas quais já beneficia de chorudo ordenado, ainda recebe uma indemnização de 500 mil euros, e quando se sabe que não foi caso único, e até já houve quem fosse indemnizados com o dobro, não se pode ouvir mais a desculpa do costume do “irrealismo” das revindicações  salariais de quem trabalha.

Ainda por cima num dos países da União Europeia onde os salários e as pensões já são dos mais baixas.

Ainda por cima quando essa empresa pública cortou nos salários dos seus trabalhadores e recebeu ajuda dos contribuintes para se reestruturar.

O que se soube sobre a escandalosa indemnização não é novo, é apenas a ponta do iceberg do que se passa com as administrações de empresas públicas, da banca, que recebeu ajuda pública dos contribuintes para sobreviver, e de muitas grandes empresas privadas em dificuldade, sempre à “mama” da ajuda estatal.

Recordo-me de uma empresa local, em dificuldades, que cortava nos ordenados dos seus trabalhadores, os despedia e acabou por encerrar mas que, durante anos, nas mãos da banca, os administradores nomeados por esta, sempre que chegavam, a primeira coisa que faziam era aumentar os seus próprios salários e renovar a frota automóvel da administração.

Nada do que se passou com Alexandra Reis é novo, mas foi a gota de água para todos, trabalhadores, pensionistas, cidadãos contribuintes,  dizermos basta e deixar de ir na cantiga “austeritária” que nos é vendida por economistas, comentadores,  governantes e instituições europeias.

Nem que seja por termos todos abertos os olhos de vez, até é caso para dizer: “Obrigado Alexandra Reis”!!!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

O Vandalismo antidemocratico dos bolsonaristas (...e o silêncio da "nossa" direita).


Goste-se ou não de Lula, ele foi eleito democraticamente, tal como, anteriormente, Bolsonaro tinha sido eleito democraticamente.

Contudo, desta vez os bolsonaristas mostraram o seu verdadeiro rosto, a sua aversão à democracia, a sua violência, a sua irresponsabilidade, que usam a aceitam apenas quando esta lhes é favorável.

Já tínhamos visto isso noutros lados, como há dois anos no Capitólio.

Que a extrema direita de Bolsonaro é constituída por arruaceiros, jagunços e vândalos, ficou ontem provado em definitivo.

Agora é aplicar a mão pesada da justiça democrática.

Além de arruaceiros e antidemocráticos, essa gente também é estupida, como se prova pelo facto de revelarem os seus rostos e os seus actos repugnáveis nas redes sociais, facilitando assim a missão das autoridades para os deter e os obrigar a devolver o que roubaram e pagarem o que estragaram, para além do terem de ser julgados por insurreição contra a democracia.

Um último reparo. Onde pára, por cá, a direita portuguesa, sempre tão pronta a indignar-se com outras “causas”, e que está tão caladinha com este atentado à democracia??.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Quem tem põe…quem não tem tira (ou – estão-me a ir ao bolso!)

Pessoa amiga, que conhecia alguém que frequentava uma “igreja” evangélica local,  contou-me que esse alguém lhe contou que, no final da “missa”, o “padre” circulava pela “igreja”, com um cesto na mão, a apregoar: “quem tem põe [dinheiro], quem não tem tira”.

Até que, certo dia, alguém resolveu tirar dinheiro do cesto, sendo imediatamente interpelado pelo “padre”, que, fixamente frente a essa pessoa ía repetindo “quem tem põe, quem não tem tira!”, ao que essa pessoa replicou : “mas eu não tenho (dinheiro), por isso estou a tirar!”.

Recebeu de imediato resposta do “padre”: “mas agora tem e por isso tem de pôr o que tirou”.

É assim que eu, como pensionista, me tenho sentido em relação ao actual debate sobre a actualização das pensões.

Tendo antecipado a minha reforma há 8 anos, depois de vários anos com cortes frequentes no ordenado, por imposição da “troika” e do “brutal” aumento de impostos do passos-coelhismo, recebi uma reforma que foi metade daquele que me garantiram quando comecei a trabalhar, com a agravante de ter sido empurrado para essa decisão, para não perder ainda mais e de, mesmo reformado, pagar de IRS e ADSE muito mais do que estava previsto, de acordo com a lei que ainda estava em vigor nos últimos anos da minha carreira.

Até, certo ponto, tudo bem, foi uma decisão minha, fiz contas ao que podia cortar, mas acreditava que a lei iria ser cumprida e não ía, mesmo com o rendimento mais baixo do que aquele que previa a poucos anos do final da carreira, perder o poder de compra que essa pensão me garantia.

Infelizmente vivemos no país onde a lei só é cumprida para “tramar” os cidadão e beneficiar o Estado e os poderosos, pois, quando essa lei beneficia o cidadão comum ( o que trabalha ou vive da pensão), logo se arranjam mil e um argumentos, ou para a não cumprir ou para mudar a lei, geralmente com efeitos retroactivos, se for para tramar o cidadão.

Ora é isso que se passa com a situação da actualização das pensões.

Os cortes que sofremos nos cálculos das pensões, de acordo com a lei de 2005,  são para toda a vida,  mas a lei que calcula a actualização das pensões já não conta para toda a vida.

Desde que me reformei, há 8 anos, a minha reforma nunca foi actualizada, como previa a lei, com o recurso às mais variadas desculpas “económicas”. A primeira vez em que havia possibilidade de cumprir a lei, como acontece agora, esta só é cumprida pela metade, falando-se até na sua alteração para “beneficiar o infractor”.

Note-se que a desculpa para não cumprir a lei, que é a de seguir as recomendações da União Europeia para não aumentar salários nem pensões de acordo com a inflação, não é seguida no que respeita às carreiras dos funcionários da União Europeia, como se lia ontem no artigo “A reforma encapotada da segurança social” do economista Ricardo Cabral, no jornal Público:

“Sabe-se que a Comissão Europeia recomenda aos governos dos Estados- membros que não indexem os salários dos funcionários públicos [ e as pensões] à taxa de inflação, para evitar uma “espiral inflacionista”. No entanto, de acordo com a revista Politico, os funcionários da Comissão Europeia (baseados na Bélgica e no Luxemburgo) vêem os “salários ajustados anualmente para compensar aumentos do custo de vida. Mas este aumento pode ocorrer duas vezes por ano e ser aplicado retroactivamente, se a taxa de inflação sobe acima dos 3% no período de referência, que foi o que ocorreu (…). A indexação é corrigida das alterações ao poder de compra de funcionários públicos em dez Estados-membros da União Europeia”, que perderam 1,1% do poder de compra nesse período (esses dez países não incluem Portugal). Assim, em Junho de 2022, os salários dos funcionários da Comissão Europeia foram aumentados em 2,4%, retroactivamente a janeiro de 2022. E serão aumentados de novo em dezembro de 2022”.

Assim é fácil à União Europeia pedir “sacrifícios” aos seus cidadãos e apoiar o discurso ilegal dos governos em relação à reposição do poder de compra dos trabalhadores e pensionistas.

Não sei porquê, mas tudo isto me faz lembrar a anedota com que comecei esta crónica.

sexta-feira, 2 de setembro de 2022

Abriu a Caça às Bruxas?


Esta pequena crónica também se podia intitular “porque é que decidi não ir à Festa do Avante,  mas agora até queria ir”.

De facto, revoltado e indignado com a postura do PCP em relação à Ucrânia, situação agravada pela disparatada intervenção da líder parlamentar daquele partido por ocasião da intervenção de Zelensky na nossa Assembleia da República, decidi que este ano, pela primeira vez em muitos anos, não ía à Festa do Avante.

Já expliquei a minha posição AQUI.

Contudo, não posso admitir a criação de um ambiente de caça às bruxas, provocado por comentadeiros televisivos ou por “jornalistas” “Expressivos”.

Um desses idiotas até publicou uma crónica, num jornal dito de referência, intitulada “A Festa de Putin”. Outro sugeria que os artistas a actuar na Festa dessem o que recebem para actuar na Festa, para acompra de armas para a Ucrânia, exemplo que os mesmos, que estão na ribalta a comentar a guerra e que só se tornaram famosos por isso, não fazem com o dinheiro que ganham à custa dos seus comentários de guerra.

Também não concordo com aqueles que dizem que o PCP, e por extensão, a Festa do Avante, se “puseram a jeito”, para justificar o clima intimidatório que se abateu sobre a Festa e os artistas que nela vão actuar. Vi argumentos parecidos para desculpar os ataques às Torres Gémeas ou ao Charlie Hebdo.

Claro que a actuação do PCP tem sido infeliz em relação à criminosa guerra de Putin, mas nunca ouvi ou li, por parte do PCP, qualquer apoio a essa guerra ou ao próprio Putin. Quem o afirma ou é ignorante, e portanto não devia ganhar dinheiro a comentar ou como jornalista, ou então não passa de um arruaceiro, que procura ganhar notoriedade com afirmações incendiárias.

Continuo muito zangado com o PCP, mas agora, face a estes apelos incendiários e criminosos contra a Festa do Avante e contra os artistas que nela vão actuar, até me apetecia ir à Festa.

Só não vou porque, entretanto, já tenho outros compromissos para este fim-de-semana.

Ao contrário da Rússia de Putin e, porque não dizê-lo  sem ambiguidades, da Ucrânia de Zelensky, em Portugal vivemos em liberdade e cada um é livre de ter as posições políticas que quiser, mesmo as mais absurdas, e de ir livremente à Festa do Avante. 

quarta-feira, 7 de julho de 2021

“Filas” e “Queixinhas”

 

Um dos desportos favoritos dos portugueses é fazer queixinhas, e, então, se lhes puserem um microfone à frente, é ver o entusiasmo com que se queixam, aproveitando bem os “15 minutos de fama” que as "queixinhas" lhes rendem.

Noutros tempos davam “bom uso” a esse “desporto”, transformando a “queixinha” em bufaria, nos tempos da Inquisição ou da PIDE.

Agora sobra-lhes o espaço que a comunicação lhes dá, até porque a “queixinha” dá audiência.

A mis recente “queixinha” dos “portugueses de bem” versa o tempo de espera na fila das vacinas.

Os mesmos portugueses, que são capazes de, alegremente e em festa,  acampar à porta e esperar em filas intermináveis junto de bilheteiras, para adquirirem ingressos, pagos com dezenas ou centenas de euro,  para os festivais ou para os jogos de futebol, são os mesmos que agora se insurgem, por terem de esperar uns dois pares de hora para levarem uma vacina que pode salvar a sua vida e a dos seus, e, a prazo, salvar a economia.

Ainda por cima, quando tivemos o vice-almirante Gouveia e Melo, antecipadamente, e com um pedido de desculpas, a explicar porque eram inevitáveis essas filas, neste momento, e que a alternativa seria atrasar o processo de vacinação.

Se é grave e indecente o aproveitamento político dos “queixinhas”, principalmente pelos mesmo que, em tempos, mandaram médicos e enfermeiros emigrar e cotaram nos serviços de saúde, sem se ouvir, então, um protesto de uma ordem profissional, é igualmente grave que, uma comunicação social, havida de audiências, promova os queixinhas em figuras públicas.

Entre “perder” umas horas numa fila, para ser vacinado, ou perder umas horas à porta da urgência de um hospital, ou dias em coma induzido nos cuidados intensivo, seria bom que os “queixinhas” pensassem duas vezes, antes…de fazerem “queixinhas”.

Mas...lá estou em, também...a fazer "queixinhas" dos "queixinhas" !!??

quarta-feira, 26 de maio de 2021

Israel e Bielorrússia, os dois pesos e duas medidas da União Europeia.


O desvio de um avião de passageiros é um acto de terrorismo.

Quando esse acto ignóbil é organizado pelo governo de um Estado, reconhecido internacionalmente, estamos perante um acto de terrorismo de Estado que tem de ter uma resposta firme da comunidade internacional.

Foi isso que fez, e bem, a União Europeia, com rapidez e firmeza, rapidez e firmeza pouco habitual noutras situações.

Ainda recentemente tivemos uma semana de acções criminosas levada a cabo por um Estado “amigo” da União Europeia, o Estado de Israel.

Aliás, essa acção criminosa levada a cabo por Israel, ao contrário do acto de pirataria promovido pelo ditador Lukashenko, provocou mais de duas centenas de mortos, a maior parte civis.

Ao contrário do que aconteceu agora, a União Europeia, e o mesmo podemos dizer da NATO,  foi demorada e tímida e parca a condenar os crimes israelitas.

O que nos leva a concluir que a União Europeia usa dois pesos e duas medidas, para tomar posição contra actos tresloucados de figuras repugnantes como um Lukashenko ou um Natanyahu, cada um à sua maneira, “exemplos” de  “democratas iliberais”.

Aliás, tanto a União Europeia, como a NATO, têm os seus telhados de vidro, como Viktor Orbán no seio da UE, que tem seguidores em todos os países do leste, e não só, ou Recep Erdogan, na Turquia, país este com um dos mais poderosos exércitos da NATO.

Lukashenko, Natanyahu, Erdogan, Órban , tal como Putin, Maduro, Bolsonaro e, cada vez mais, tantos outros por esse mundo fora, estão todos ao mesmo nível no desrespeito pelos Direitos Humanos, pala Liberdade e pela Democracia.

Mas na União Europeia parece que,se são todos autoritários e repelentes, …. alguns são mais autoritários e repelentes do que outros!!!

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Quem Estragou a Festa, pá!!???


Aquilo a que assistimos ontem, no exterior do Estádio de Alvalade, foi lamentável, a todos os níveis e levanta várias interrogações.

Sem distanciamento, com máscaras mal colocadas ou sem elas, com comportamentos a roçar o puro vandalismo, milhares de adeptos puseram em causa todas as medidas sanitárias recomendadas.

Veremos qual a situação epidemiológica na Grande Lisboa daqui a 15 dias, para percebermos melhor as consequências desse comportamento.

Existem, à partida, vários responsáveis pela grave situação a que assistimos ontem:

- em primeiro lugar a claque “Juventude leonina”, conhecida por agir acima da lei e de forma impune, com comportamentos arruaceiros no seu historial( tal como outras claques de outros clubes), instalando ilegalmente um sistema de som e imagem de grandes dimensões, quando um simples evento de rua tem grandes dificuldades em ser autorizado, nas actuais circunstâncias;

- em segundo lugar, as autoridades, em última instância o Ministro da Administração Interna, que, tendo olhos para ver como qualquer cidadão que passasse pelo local a partir das 15 horas ou visse as imagens televisivas, tiveram mais do que tempo para por cobro à situação ou, no mínimo, criar condições de segurança sanitária para os festejos. Aliás, só agiram na pior altura, no intervalo do jogo, quando já não era possível controlar a situação, a não ser da forma violenta e desproporcionada como acabou por acontecer ;

- em terceiro lugar, as televisões que, ao desculpabilizarem e desvalorizarem a dimensão da situação, “incentivaram” os adeptos a deslocarem-se em massa ao local;

- em quarto lugar, alguns “epidemiologistas” e comentadores , que se prestaram a essa desculpabilização e a essa desvalorização. Curiosamente alguns desses “especialistas” foram os mesmo a indignar-se com a realização das comemorações do 25 de Abril, do 1º de Maio, da Festa do Avante ou do Congresso do PCP. Contudo, qualquer comparação com estes eventos é puro absurdo, já que estes tiveram lugar de forma ordenada, com regras rigorosas de controle sanitário e com o distanciamento devido, em alturas,  pelo menos nalguns casos, em que a situação era menos grave;

- em quinto lugar, mas beneficiando da cumplicidade e complacência das entidades acima referidas, o comportamento arruaceiro de alguns adeptos, provocando a polícia e que muito contribuiu para o desfecho violento desses festejos.

E já agora, onde param os indignados das redes socias, sempre tão prontos a destilar o veneno da sua intolerância contra o 25 de Abril, o 1º de Maio, a Festa do Avante ou o Congresso do PCP??

Depois do que vimos ontem, o que dirão os organizadores de Festivais, os trabalhadores e empresários dos Circos, os donos de carrocéis, os donos de discotecas e bares?

De certeza que qualquer destes eventos se pode realizar em melhores condições de segurança sanitária do que os festejos de ontem.

Se a culpa voltar a morrer solteira, preparem-se para o que pode vir a seguir!!

sexta-feira, 30 de abril de 2021

Arruaceiros ao Poder…os outros já dirigem o futebol!

(caricatura de Herman José à candidata Suzana Garcia)

Parece que o que está na moda na política já não é debater projectos e ideias, mas sim ver quem grita mais alto ou diz o maior disparate ou a maior alarvidade.

É isso que dá direito a comentários nas redes socias ou a aparecer em programas de reality show e nos debates televisivos, para aumentar audiências e ganhar votos.

Suzana Garcia, a candidata à Câmara da Amadora do PSD, é a prova mais recente do grau zero a que chegou o debate político.

Confesso que não me recordo, nas últimas décadas, de ouvir alguém em Portugal, candidato num partido com representação parlamentar, ou mesmo noutros, defender a “exterminação” de adversários políticos.

Foi isso que a candidata afirmou, numa entrevista a um programa de reality show: “Eu espero mesmo que o Bloco de Esquerda seja EXTREMINADO”.

Depois, questionada pelo entrevistador sobre se defendia o mesmo para o CHEGA, acabou por dar a resposta “politicamente correcta”, para parecer independente : “Também”.

Confesso que, desde o nazismo, não me lembro de alguém defender em público a “exterminação” de adversários ou de quem quer que fosse (o que não quer dizer que não se tenha feito, mas raramente assumindo).

O nível arruaceiro a que já estamos habituados no meio futebolista, como tivemos ocasião de assistir ainda na última semana, parece ter agora descido de vez ao mundo da política, tanto mais que não estamos a falar de uma candidata de um qualquer grupo marginal, da direita ou da esquerda, mas da candidata de um partido responsável, fundador da democracia.

Estranho também é o silêncio das redes socias, sempre tão indignadas quando o disparate vem da esquerda, revelando o grau de infiltração e influência, nesse meio, do extremismo de direita, de onde é oriunda a boçal Suzana Garcia.

A arruaça, dominante nos debates das redes sociais, parece estra agora preparada para tomar conta do poder do debate político.

segunda-feira, 12 de abril de 2021

A Corrupção é “um lugar estranho”.

 


A leitura da decisão instrutória da “Operação Marquês”, ao contrário do que uma opinião apressada, ignorante, tendenciosa e cega pode fazer crer, foi uma autêntica lição sobre a forma como a grande corrupção em Portugal funciona e como a nossa lei e a  nossa justiça se mostram incapazes de a combater eficazmente.

Mostra também que aquilo que qualquer cidadão comum, gozando de plenas capacidades mentais, identifica como corrupção, está, muitas vezes, protegido pela lei ou pela impossibilidade da prova.

Muito do que consideramos como eticamente reprovável, vulgo “corrupção”, é “apenas” isso, eticamente reprovável, mas está  protegido pela lei ou pelo silêncio.

Aliás, a grande corrupção não é mais nem menos que a “ética do capitalismo” e da “economia de mercado”.

Como diz a voz popular, uma grande fortuna esconde um grande crime.

Olhando para a história do capitalismo, este desenvolveu-se, ao longo dos seus vários séculos de história, com base nos crimes mais hediondos: na pirataria e no saque da propriedade e dos recursos alheios, no esclavagismo, no genocídio, no crime organizado, na guerra, na destruição dos ecossistemas e, mais recentemente, no branqueamento de capitais, na fuga aos impostos, nos negócios de armamento e da droga.

A dificuldade em seguir as movimentações de dinheiro , obtido pela corrupção, agravou-se pela   forma como funciona a globalização e a circulação de capitais, e pela forma como o poder financeiro está, há muito, contaminado pela origem duvidosa da maior parte dos seu capital (branqueamento de capitais oriundo do crime organizado, da especulação financeira , da fuga de impostos, do negócio ilegal de armamento, alimento do terrorismo internacional e de regimes criminosos…), pela manutenção de paraísos fiscais, não deixando de ser “surpreendente” que a própria União Europeia, sempre pronta ao discurso “politicamente correcto” do “ataque à corrupção”, permita a existência, no seu seio, desses mesmos paraísos fiscais, como acontece, por exemplo, com a Holanda, cujos governos estão sempre prontos a defender a retirada de direitos socias aos países pobres da UE e a defender a austeridade dos outros, mas que é um país historicamente fundado nos lucros da pirataria, do esclavagismo e do colonialismo, devendo , actualmente, a sua prosperidade económica à forma como protege as grandes empresas de pagarem impostos no território onde operam, prejudicando países como Portugal. Mas não é caso único no seio da UE.

Infelizmente, as “alternativas” históricas ao modelo capitalista mostraram-se tão criminosas como este, nalguns casos ainda mais corruptas e desumanas.

Uma outra vantagem deste processo é mostrar que, apesar de tudo, a forma como a democracia enfrenta este tema da corrupção é sempre superior ao de qualquer ditadura. Pelo menos os cidadãos sabem agora com que justiça contam e podem agora exercer, com mais coerência, o seu direito de cidadania, que é o de exigir alterações na lei, principalmente no que respeita à obtenção de provas, na alteração ao escandaloso arrastamento dos processos e  ao ignóbil principio da “prescrição” da prova.

Acima de tudo, o cidadão tem o dever de não pactuar com a corrupção, que começa nos actos mais simples do dia a dia e termina no favorecimento de fortunas ilícitas.

Muitos dirão, do alto da sua ignorância e da sua intolerância, que na “ditadura” não havia corrupção.

“Não havia” porque não se podia falar nela, sob ameaça da censura ou de prisão, para além dos corruptos serem protegidos pelo poder, com leis, tribunais e uma polícia politica que obrigava ao silêncio

Mas a ditadura, qualquer uma, é a pior de todas as corrupções, que é a usurpação do poder sobre um país ou um povo, em benefício de uma pessoa, de uma elite, de uma religião, de uma ideologia, de  uma classe ou de um partido.

Por isso, apesar de a decisão instrutória da “Operação Marquês” poder não ser o que esperávamos, embora a história ainda não tenha terminado, ela teve o condão de nos alertar sobre os “caminhos da corrupção”, para as limitações da lei e da justiça no combate à grande corrupção, e para a necessidade de estarmos todos muito mais atentos ao que se passa à nossa volta.

Agora é a vez da cidadania.

quinta-feira, 29 de outubro de 2020

Pôr a “Ordem” [dos médicos] na ordem!



Reminiscências medievais, combatidas pelo liberalismo novecentista, recuperadas pelo corporativismo fascista e pelo Estado Novo, as Ordens profissionais são hoje poderosas e elitistas organizações que vivem à margem de um desejado relacionamento liberal e democrático de uma sociedade aberta .

Se algumas se adaptaram aos tempos modernos e à democracia liberal, prestando importantes contributos na investigação científica e na formação profissional, como tem acontecido, por exemplo, com a Ordem dos Psicólogos, outras mantiveram o seu estatuto de oposição não formal ao Estrado de Direito Democrático, funcionando como meros poderes  de influência subterrânea, à margem do poder democrático, substituindo-se à acção sindical,  e apêndices ao serviço  não formal de ideologias e facções políticas reacionárias.

É neste último caso que se enquadram, entre outras menos conhecidas ou actualmente mais silenciosas, a Ordem dos Enfermeiros e a Ordem dos Médicos.

Esta última, de forma oportunista, à “boleia” da grave crise sanitária que atravessamos, tem-se colocado diariamente ao serviço de uma comunicação social ávida de escândalos, também ela maioritariamente controlada por editores e directores “formados” na propaganda “austoritária” e na defesa do “ir além da Troika”, ressabiados com a “geringonça”.

É caso para perguntar onde estavam essas “Ordens” quando um primeiro-ministro convidou jovens médicos e enfermeiros a emigrar, ou quando um governo, para “ir além da Troika”, tratou de descapitalizar e enfraquecer todas as estruturas do Serviço Nacional de Saúde.

Também não deixa de ser contraditório que a Ordem dos Médicos, pela voz do seu bastonário, passe a vida a queixar-se da falta de recursos humanos, enquanto, por outro lado, impede a abertura de mais vagas para a formação de médicos, situação, aliás, comum à Ordem dos Enfermeiros.

Finalmente, assistimos à atitude corajosa de um grupo de médicos, que também pertencendo à Ordem dos Médicos, porque a isso, de forma não democrática, são obrigados para exercerem a sua profissão, recordam que o bastonário não fala por todos os médicos, dividindo a classe, em vez de ser o denominador comum, e usando a sua influência para fazer politica partidária (juntamente, acrescentamos nós, com um dos sindicatos médicos, o SIM, e a Associação dos médicos de saúde pública, instituições controladas pelas ala mais retrógrada do PSD, a do “cavaquismo-passos-coelhista”).

Se a célebre e propagada carta do bastonário e ex-bastonário à ministra da Saúde mereceram grande destaque na comunicação social e acolhimento no Palácio de Belém, não foi, infelizmente, o caso da Carta destes médicos, publicada hà dois dias nas páginas do Público, jornal que nem sequer se referiu a esse importante documento na sua primeira página, como o fez com a referida carta da “Ordem”.

Para colmatar a falta de pluralismo e sectarismo ideológico e dos “dois pesos e duas medidas”, cada vez mais evidente na comunicação social, mesmo na dita de “referência”, tentamos contribuir, junto da nossa modesta  audiência, para a divulgação desse importante documento, para que não cai no esquecimento, publicando-o integralmente:

“Em resposta à carta aberta à ministra da Saúde, subscrita por bastonários da Ordem dos Médicos

 In Público de  27 de Outubro de 2020

A carta dirigida à ministra da Saúde pelo bastonário da Ordem dos Médicos (OM) e cinco dos seus antecessores enquadra-se num movimento mais amplo de intervenções de “influenciadores” nos meios da comunicação social e em meios universitários, todas com a mesma orientação e a mesma substância.

“Começam por enunciar dificuldades reais do SNS, sobretudo derivadas da pandemia, ampliam-nas em tom alarmista e daí passam ao ataque político à ministra. Finalmente, e para culminar, chegam ao objetivo mercantil: perante tal “caos”, “desorganização” e “risco” há que recorrer aos serviços privados.

“Poderá haver médicos concordantes com essa carta, por coincidirem com os seus objetivos. Nós não. Não nos sentimos representados.

“A Ordem dos Médicos é uma entidade de direito público, de inscrição obrigatória. Portanto, as posições expressas pelos seus órgãos eleitos têm que corresponder ao máximo denominador comum.

“Todos os cidadãos têm o direito de, em grupo ou isoladamente, expressarem as suas opiniões. O que não é lícito é que a natural credibilidade da Ordem dos Médicos seja mobilizada para as posições pessoais de ex-bastonários e do seu bastonário atual.

“Descrevendo um ambiente de perigo iminente, vaticinando a falência do SNS e amplificando as suas dificuldades, desassossegando e perturbando a saúde mental das famílias e, sobretudo, das pessoas mais idosas e mais isoladas.

““(...) não há tragédia maior do que esta”, diz a carta dos (ex-)bastonários. É bom que se tenha respeito pelas verdadeiras tragédias. É bom que se contribua para a perceção de risco de forma racional e transmitindo a serenidade necessária a quem de facto tem de fazer escolhas todos os dias e tomar as precauções para prevenir o contágio. O alarme transmite pânico e bloqueia a capacidade de decidir racionalmente.

Sabemos que o financiamento para o Serviço Nacional de Saúde tem sido curto ao longo de anos e que os seus custos superam sempre os valores orçamentados. Sabemos também que o Orçamento do Estado para 2021 é insuficiente no que respeita à saúde e a única atenuante é que haverá outra perspetiva quando se discriminar a utilização do Fundo de Recuperação Europeu nesta área. Sabemos também que os concursos para médicos ficam com vagas por preencher porque os salários são baixos, porque a carreira não é atrativa, porque há um excesso de horas extraordinárias e porque é maior a recompensa remuneratória nos estabelecimentos privados.

“A resposta exemplar do SNS na primeira vaga não foi só devida à abnegação de médicos e outros profissionais. Deveu-se também à estrutura e ao espírito do SNS. Diz a carta: “É vital que haja uma mudança imediata de rumo na estratégia do SNS. O SNS está novamente exposto a uma disrupção grave no seu funcionamento, na altura em que ainda nem sequer foi capaz de recuperar o fortíssimo abalo sofrido ao longo dos últimos meses”. Era este também o tom de mais uma intervenção do atual bastonário da OM no jornal da RTP-2, às 21h30 de dia 21 de outubro.

“Curiosamente, cerca de 1 hora depois, na Grande Entrevista da RTP3, o diretor dos Cuidados Intensivos do Hospital de São João, Nelson Pereira, descrevia que logo a seguir ao confinamento tinham estado a preparar tudo para uma eventual segunda vaga e que, tendo recuperado de tal modo as listas de espera não-covid, até tinham ultrapassado a produção do período homólogo do ano anterior.

“Sabe-se que o País é heterogéneo. Não podemos, por exemplo, generalizar as dificuldades, por razões locais, do Vale do Sousa ou de Lisboa e Vale do Tejo para a região Centro onde, durante o ano 2020, têm sido feitos mais rastreios e vacinações que no ano anterior.

“Mas a carta e os “influenciadores” são claros no que propugnam: “Os setores sociais e privados podem ser mais envolvidos no esforço Covid e não-Covid para que a capacidade instalada seja efetivamente usada em vez de desperdiçada” e “(...) o momento do SNS liderar uma resposta global, envolvendo (...) os setores privado e social”.  Muito simplesmente, tratar-se-ia de levar o SNS a comprar (ainda mais) serviços aos estabelecimentos privados, aqueles que, no início da crise, praticamente fecharam, logo disseram que não recebiam doentes com covid-19 e enviaram grávidas positivas para os serviços públicos.

“Mas será que o SNS não está mesmo a utilizar privados em suplementação dos seus serviços internos?

“Bem pelo contrário. De acordo com o Jornal de Negócios de 26 de agosto, 41% do orçamento do SNS é para pagar a privados. Em 2018, últimos números a que temos acesso, 6657,7 milhões de euros foram para comprar serviços a privados (exames auxiliares de diagnóstico, hemodiálise, fisioterapia), num total de custos de 10.909,3 milhões de euros (Relatório e Contas, 2018 - Processo de Consolidação de Contas). E, no momento em que o SNS está a fazer cerca de 20.000 testes diários de RT-PCR ao SARS-COV-2, 55% dos quais nos privados, em muito aumentou (600 mil euros/dia) o fluxo financeiro que sai do Estado para o setor privado.

“A concretização da proposta de operacionalização do chamado “sistema” de saúde, com “normalização” da compra de serviços de saúde a prestadores privados, subverteria o conceito constitucional do Serviço Nacional de Saúde. Com esta proposta, só aumentariam as insuficiências que se apontam ao SNS, bem como o que os portugueses teriam de pagar pela sua saúde.

“O sentido da melhoria do SNS é exatamente o contrário: reforço da capacidade interna, para melhor servir a população em todas as necessidades de saúde e não apenas nas que dão lucro.

Nós, médicos que aqui assinamos, não nos sentimos representados por esta posição dos (ex-)bastonários”.

Aguinaldo Cabral, Álvaro Brás de Almeida, Ana Abel, Ana Jorge, Ana Raposo Marques, António Jorge Andrade, António Faria Vaz, António Rodrigues, Augusto Goulão, Bruno Maia, Carlos França, Carlos Silva Santos, Carlos Vasconcelos, Casimiro Menezes, Filipe Rosas, Graciela Simões, Henrique Delgado Martins, Isabel do Carmo, Jaime Mendes, João Álvaro Correia da Cunha, João Goulão. João Manuel Valente, João Marques Proença, João Oliveira, João Rodrigues, Joaquim Figueiredo Lima, José Labareda, José Manuel Boavida, José Manuel Braz Nogueira, José Ponte, Júlia Duarte, Luiz Gamito, Manuela Silva, Maria Deolinda Barata, Maria Isabel Loureiro, Mário Pádua, Patrícia Alves, Pedro Miguéis, Pedro Paulo Mendes, Rogério Palma Rodrigues, Sara Proença.

quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Salário mínimo, uma vergonha num debate vergonhoso

 


Mais uma vez, volta à baila o debate sobre o miserável aumento do já de si miserável salário mínimo.

Anda muita gente indignada com o miserável aumento, não por esse aumento ser miserável, mas porque acham muito e penalizador para as “empresas”.

Dando de barato a dificuldade em que vivem as micro ou pequenas empresas, não me parece que qualquer empresa possa ser viável, na Europa do euro e do Século XXI, a pagar salários tão baixos ou não conseguindo aumentar em cerca de 20 euros mensais os seus trabalhadores.

Nalguns casos é só adiar por uns tempos aquela viagem de sonho de volta ao mundo, a troca da “casinha” de 6 assoalhadas e piscina no centro da cidade por uma casa mais espaçosa, ou a troca do último topo de gama comprado há dois anos.

Vergonhosa é também a preocupação de alguns comentadores e “economistas”, tão “preocupados” com tão “dramático” aumento,( gente que não sabe, e muitas vezes nunca soube, o que é viver com menos de mil euros mensais, quanto mais com salário mínimo!!!), alguns ganhando vários salários mínimos só para manifestarem a sua “indignação” no noticiário ou na coluna do órgão de comunicação de “referência”, durante uns poucos minutos a debitar opinião.

Por mim, qualquer salário abaixo do 800 euros é indigno, e passo a explicar:

Por estas bandas paga-se, pelo trabalho de empregada doméstica, um trabalho digno e honroso, mas que é pouco qualificado, 6 euros por hora, existindo quem pague a cinco ou a sete.

Ou seja, o equivalente a um salário mensal de 876 euros, isto fazendo as contas a um horário de 35 horas mensais (140 horas em 4 semanas, mais 1 dia útil, no mínimo).

Sabemos, contudo, que a maioria dos salários mínimos é pago a  trabalhadores com um horário de 40 horas semanais, horário muitas vezes ultrapassado (dando 160 horas, mais, no mínimo, um dia de 8 horas).

Neste caso, o mesmo salário, se for pago a 5 euros à hora, dá 840 euros, e se for pago, como se paga por aqui o serviço doméstico, dá …1008 euros mensais.

E estamos a falar de salários não qualificados, já que nas médias e grandes empresas esse trabalho é qualificado.

Há quem argumente que os salários são baixos porque a produtividade é baixa.

Mas, já não sendo essa a realidade em muitas empresas, a baixa produtividade não é porque os trabalhadores trabalham menos, como se sabe pelas estatísticas (Portugal, ao contrário dos mitos lançados por aí, é dos países europeus onde a carga do horário de trabalho é mais pesada), mas por má gestão e falta de qualificação de muitos empresários ( também pelas estatísticas podemos saber que a qualificação média dos assalariados é superior à qualificação média dos empresários).

Recordo-me do caso de uma grande empresa local em dificuldades que, nos últimos anos de vida, era administrada por administradores nomeados pelos bancos, os credores, onde de cada vez que os credores nomeavam nova administração, com o objectivo de prepara despedimentos e o encerramento da empresa, as primeiras medidas que tomavam era aumentar os salários da administração e renovar a frota automóvel dos mesmos administradores (um deles é um conhecido economista, ex-ministro das finanças, que está sempre do lado dos indignados de cada vez que se fala do aumento de salário mínimo).

Ou seja, por em causa um aumento, já de si miserável, do miserável salário mínimo nacional é no mínimo, uma vergonha, reveladora da mentalidade miserável de muita gente.

terça-feira, 7 de abril de 2020

As palavras ocas da Sr. Von Der Lyen.

Na gestão da actual crise do Coronavírus, a actual presidente da Comissão Europeia tem-se destacado pela quantidade de palavras ocas de conteúdo, cheias de bonitos floreados, politicamente correctos.

De concreto, apenas o “aviso”, embrulhado na sua retórica bem falante, de que a “ajuda” com que os países da União Europeia podem contar é um “empréstimo”.

Todos sabemos o que significam os “empréstimos” da União Europeia: mais lucros fabulosos para a banca, que vai buscar dinheiro a taxa zero (ou ainda menos) ao Banco Central Europeu, emprestando-o a juros elevadíssimos e com pagamento de curta duração aos governos que precisam desse dinheiro par enfrentar a crise que se avizinha.

Também a mesma dita senhora “autorizou” os países em dificuldade a ultrapassarem o deficit e a endividarem-se, sem esclarecer que esses países, no futuro, ficarão à mercê da imposição de “reformas estruturais” para não serem penalizados.

E também todos sabemos o que significam essas “reformas estruturais” : salários baixos, cortes nas despesas sociais, cortes nas pensões, aumento de impostos, privatizações de sectores públicos essenciais e imposições predadoras para sujeitar o sector produtivo dos países à especulação financeira.

Tem ainda a mesma senhora o desplante de comparar essa “ajuda” ao  Plano Marshall.

Países como a Alemanha e a Holanda foram dos que mais beneficiaram com esse plano, beneficiando de empréstimos a fundo perdido, a juros baixos e pagos ao longo de várias décadas, tudo o contrário daquilo que sempre foi a ajuda da União Europeia a países em dificuldades ou com deficit de desenvolvimento.

Nada podemos esperar dessa elite de burocratas que destruí alegremente o sector produtivo Europeu, facilitando a sua "deslocalização" para países de mão-de-obra barata e sem direitos, pensando apenas nos lucros do setor financeiro, situação que está na origem da dramática falta de material médico, que tem de vir de países como a China ou a Rússia, a valores especulativos.

Mas o que é que os cidadãos europeus podem espera desses burocratas, a maior parte oriundos do predador sector financeiro ou que para lá irão quando terminarem a sua “comissão de serviço” nas instituições europeias?

Só assim percebemos, aliás, porque é que a União Europeia não fechou as bolsas, mantendo em funcionamento um sector onde se está a gerar um forte movimento especulativo, à custa da epidemia, gerando lucros fabulosos aos especuladores.

terça-feira, 31 de março de 2020

Rui Moreira, o “bolsonaro” português?



Uma coisa e “achar” ou “opinar”,  discordando ou questionando as decisões da Direcção Geral de Sáude ou da Organização Mundial de Saúde , sendo certo que o conhecimento científico reside, no final, ora na OMS, a nível mundial, ora na DGS a nível nacional, organizações que são assessoradas pelos mais reputados cientistas e investigadores .

Uma coisa é uma autoridade pública debater com a DGS determinadas decisões, discordando ou propondo decisões diferentes.


Seria bom que toda a gente percebesse, principalmente as instituições e as autoridades civis, que a máxima autoridade neste momento, para um combate eficaz à pandemia é, a nível mundial, a Organização Mundial de Saúde e, a nível nacional, a Direcção Geral de Saúde.

Infelizmente estamos a assistir às mais diversas atitudes irresponsáveis de líderes políticos mundiais, de Trump a Bolsonaro, ao aproveitamento político de outros, como Órban a aproveitar-se da situação para impor a primeira ditadura efectiva no espaço da União Europeia,  às palhaçadas de outro ditador europeu, o presidente da Bielorrússia, ou às conhecidas afirmações repugnantes do governo holandês.

Por cá, vemos muita gente a tentar pôr-se em bicos do pés,  ou a fazer chicana política, como a bastonária da Ordem dos Enfermeiros.

O que talvez não se esperasse era assistir a um líder político fazer apelos à desobediência como o fez Rui Moreira.

Num momento em que todos deviam a estar a remar para o mesmo lado, quer Rui Moreira ficar para a história como o Bolsonaro português?

sábado, 28 de março de 2020

Investigue-se o governo holandês!


(dados fornecidos pelo Dr. António Fiuza)

O governo holandês, seguindo o exemplo de Trump, Bolsonaro e Johnson, foi um dos países que rejeitou o principio do confinamento, promovendo, até há poucos dias, desrespeitando recomendações da OMS e da comunidade científica, a chamada “aquisição de imunidade colectiva”.

O resultado está a ser desastroso, como se revela pelo quadro acima e pelos dados revelados pela OMS.

Só no dia de ontem houve naquele país um aumento de mil infectados, perfazendo um total de 7 431 casos registados e …434 mortos!.

Sobre a superioridade do seu sistema de saúde em relação a outros países, o número de mortos e a estatística mostra o falhanço total das medidas desse governo.

A incompetência e a irresponsabilidade desse governo, uma aliança da velha direita neoliberal com a direita populista, é evidenciada pelo quadro acima publicado ( retirado de um post do Dr. António Fiúza), que revela a relação entre mortos e o número de habitantes.

Com base nessa relação, a  Holanda é já o terceiro pior caso a nível mundial, só superado pela Itália e pela Espanha, e aqueles dados já estão desactualizados.

É o governo desse país que vem agora dar lições à Espanha e à Itália?

Recorde-se, já agora, que foi uma turista holandesa que iniciou a propagação do vírus na ilha da Madeira, tudo porque a Holanda, já num momento de crise, se negava a impedir as viagens dos seus cidadãos, considerando estar tudo bem.

Provavelmente a Holanda vai precisar da mesma solidariedade que sempre negou aos países do sul.

Mas se houver alguém que deva ser investigado pela sua incompetência, o governo holandês é um deles.

domingo, 22 de março de 2020

MSC FANTASIA : O Navio ...dos irresponsáveis.

Apesar da proibição de atracarem em Lisboa navios de cruzeiro, foi aberta uma excepção, hoje ,para o navio MSC Fantasia, oriundo do Brasil e que tinha como destino...a cidade de Génova!!!

A irresponsabilidade dos cerca de 1300 passageiros, entre os quais uns 30 portugueses, bem como da companhia dona do barco e do governo brasileiro, que permitiu a sua saída de S. Paulo, não se fica pelo destino.

De facto o navio partiu em 9 de Março, data em que a situação na Itália já era caótica e dias depois de se terem registado os primeiros casos em Portugal.


domingo, 15 de março de 2020

COVID-19 : A irritante inoperância da União Europeia.



Afinal, a incapacidade da União Europeia em lidar com a grave situação do migrantes não tem a haver apenas com incompetência ou cedência ao “populismo” dos seus líderes.

É mesmo por falta de humanidade das instituições e dos líderes da União Europeia, como se vê agora com a crise do “coronavírus”.

A Itália, depois de apelar à União Europeia por ajuda, recebendo apenas respostas retóricas, acabou por receber a solidariedade de onde menos se podia esperar, da China, que enviou material e médicos para ajudar o país.

Da União Europeia apenas ouvimos a retórica habitual, do “deficit” para aqui, do cumprimento das regras financeiras para acolá, tudo regado em milhões “prometidos”, mas, com já sabemos de experiências anteriores, a pagar no futuro pelos cidadãos, com o “juro” habitual das “reformas estruturais” (cortes salariais e nas pensões, aumento de impostos, cortes nos direitos sociais e no Estado Social), pois os lucros do sector financeiro e os “mercados”, esses são intocáveis.

Não existe coordenação nas medidas, nem coordenação na ajuda, ou no controle de fronteiras. 

É cada um por si, apesar da bonita retórica, politicamente correcta do “somos todos italianos”!.

Por agora há que combater o vírus, apoiar os profissionais de saúde no seu trabalho esforçado, seguir as recomendações das autoridades nacionais e ajudar as pessoas em dificuldade.

Depois temos todos de “ajustar” contas com a burocracia de Bruxelas para que, mais uma vez, essa gente não nos venha cobrar para salvarem a face do sistema financeiro que alimentaram.

Espero que os cidadãos, passada a crise, ponham os burocratas de Bruxelas na ordem, de uma vez por todas, exigindo uma Europa para os cidadãos, mais humana, solidária e social, e não mais para os “cifrões” dos “mercados “ e dos especuladores financeiros.

Ponham-se a pau. Os cidadãos europeus estão a enfrentar o vírus, mas também estão atentos e fartos da inoperância dos burocratas de Bruxelas e não aceitam mais austeridade em nome da salvação do “mercados”.

Caros burocratas, nada vai voltar a ser como era!

quarta-feira, 4 de março de 2020

O Dia [ mais um…??] em que os líderes da União Europeia cederam ao Populismo e à Xenofobia.



As declarações dos principais líderes da União Europeia, com destaque para as proferidas pelo presidente do Conselho europeu, (velho conhecido nosso dos tempos da Troika),  com a honrosa excepção do Presidente do Parlamento Europeu, roçou a mais reles e vergonhosa cedência ao discurso xenófobo da extrema direita.

Defender o tratamento desumano dado pelas autoridades gregas aos desesperados migrantes, refugiados de conflitos alimentados militar, politica e financeiramente pelo Ocidente e por um país membro da NATO, como é o caso da Turquia, demonstra o total desnorte que reina pelas bandas dos líderes desta União Europeia sem rumo.

Ao negociarem com um ditador sanguinário como Erdogan, pagando-lhe com o dinheiro dos contribuintes europeus para conter, de forma desumana, os migrantes em solo turco, revela toda a cegueira e irresponsabilidade das lideranças europeias, incapazes de solucionar essa grave situação humana, pela qual são os principais responsáveis, dando ao ditador turco uma poderosa arma para chantagear os países europeus.

Desculpar-se da situação apenas pela chantagem do neofascista que governa a  Turquia é uma forma vergonhosa de limpar as mãos da responsabilidade europeia pelo caos vivido pelos desesperados migrantes.

Há momentos em que sinto vergonha de ser Europeu!!!

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

No 75º aniversário da libertação de Auschwitz


(Foto publicada pelo Spiegel, de um conjunto inédito de um "álbum de fotografias das SS", que pode ser visto AQUI


Passam hoje 75 anos sobre a libertação do campo de concentração da Auschwitz por parte do Exército Vermelho.

O Holocausto foi o maior crime praticado por “humanos”.

Não existe nenhum outro crime que lhe seja comparável, pela frieza, pela organização, pela pura desumanidade.

Comparar o Holocausto com qualquer outro crime contra a humanidade é vulgariza-lo.

Claro que, só nos últimos 100 anos, foram cometidos os mais hediondos e terríveis crimes contra gente indefesa, do Gulag soviético, aos massacres norte-americanos no Vietname, dos crimes de Pinochet e de outras ditaduras latino-americanas, aos crimes do governo sionista contra os palestinianos, dos crimes do Uganda aos crimes da guerra civil angolana, dos crimes do Apartheid aos crimes racistas nos Estados Unidos, dos crimes dos maoistas na China aos crimes dos japoneses na primeira metade do século XX , dos   crimes do colonialismo aos crimes do terrorismo islâmico.

A lista é interminável, mas, mesmo assim, qualquer desses terríveis crimes fica muito aquém do Holocausto, não apenas pelo número e pela concentração temporal dos crimes, mas pela frieza, violência, desumanidade, calculismo, organização  e imprevisibilidade deste último.

Muitos dos crimes acima referidos tiveram, “apesar de tudo”, a sua “lógica” ou foram perpetrados “no calor do momento”, por "excesso de zelo" ou "descontrole", e , ao contrário dos organizadores do Holocausto, os seus criminosos autores não se vangloriavam publicamente dos seus actos.

Sem que nada disto sirva para desvalorizar ou desculpar esses crimes, as vítimas daqueles crimes sabiam, muitas vezes, porque eram as vítimas: adversários políticos, combatentes, resistentes, populações em cenário de guerra…

Pelo contrário, no Holocausto, a maior parte das vítimas nunca tinham esboçado um acto de resistência, não tinham ideologia política, eram pessoas vulgares, nem percebiam muitas vezes a razão da sua detenção.

“Apenas” não pertenciam à “raça superior”, eram judeus (muitos não professavam), eram ciganos ou eram eslavos ( e, se os nazis vencessem, a lista estender-se-ia a latinos e africanos…).

Pior ainda, muitas das vítimas do Holocausto, nem sabiam ao que iam e, para evitar incontroláveis cenas de pânico, os nazis orquestravam a chegada aos campos, para disfarçar o destino dos prisioneiros.

Toda a organização dos campos obedecia à frieza de uma “simples” organização administrativa, com registos, “metas” de “produtividade”, e toda uma burocracia do horror.

Se a negação do Holocausto é crime, a sua evocação não pode ser vulgarizada com comparações ou, ainda menos, com o abjecto aproveitamento político por parte do sionismo.

A intolerância, o desrespeito pelos “adversários”, o fanatismo ideológico e religioso, a xenofobia foram as sementes desse grande crime, e são as sementes de outros crimes contra a humanidade.

Numa época em que essa intolerância, desrespeito pelos “adversários”, fanatismo ideológico e religioso e xenofobia estão em crescendo, mesmo nas sociedades mais estáveis e democráticas, mesmo em circunstâncias diferentes, será importante manter viva a memória desse crime ignóbil.

Holocaustos, nunca mais!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2019

Um país mal frequentado!??

Não se percebe muito bem porque é que dois dos mais patéticos e irresponsáveis líderes mundiais escolheram Portugal para preparar a guerra contra o Irão e contra os Palestinianos.

Não sei se viram esta manhã na televisão a chegada do sr. Pompeo a S.Bento. Parecia que ía sair no meio de uma rua de Cabul ou de Bagdad!!!

Enquanto o nosso ministro dos negócios estrangeiros esperava pacientemente na escadaria de acesso ao edifício, o carro que transportava o sr. Pompeo era rodeado de seguranças que olhavam meio aflitos para todo o lado e só depois sai essa seboso do governante de Trump, mesmo assim a medo, e subindo a escada a correr, deixando o nosso ministro para trás.

Era ridiculo e patético, se essa gente não causasse tanto sofrimento no mundo!